quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Evangelizadores com Espírito


 


  Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que se abrem sem medo à ação do Espírito Santo. No Pentecostes, o Espírito faz os Apóstolos saírem de si mesmos e transforma­-os em anunciadores das maravilhas de Deus, que cada um começa a entender na própria lín­gua. Além disso, o Espírito Santo infunde a for­ça para anunciar a novidade do Evangelho com ousadia (parresia), em voz alta e em todo o tempo e lugar, mesmo contracorrente. Invoquemo-Lo hoje, bem apoiados na oração, sem a qual toda a ação corre o risco de ficar vã e o anúncio, no fim de contas, carece de alma. Jesus quer evange­lizadores que anunciem a Boa Nova, não só com palavras mas sobretudo com uma vida transfigu­rada pela presença de Deus.

   Evangelizadores com espírito quer di­zer evangelizadores que rezam e trabalham. Do ponto de vista da evangelização, não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoro­so compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração. Estas propostas parciais e desagregadoras alcançam só pequenos grupos e não têm força de ampla pe­netração, porque mutilam o Evangelho. É pre­ciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso e à atividade.  Sem momentos prolongados de adoração, de en­contro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de significado, quebrantamo-nos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor apaga-se. A Igreja não pode dispensar o pulmão da oração, e alegra-me imenso que se multipliquem, em todas as insti­tuições eclesiais, os grupos de oração, de inter­cessão, de leitura orante da Palavra, as adorações perpétuas da Eucaristia. Ao mesmo tempo, «há que rejeitar a tentação duma espiritualidade inti­mista e individualista, que dificilmente se coadu­na com as exigências da caridade, com a lógica da encarnação».  Há o risco de que alguns momen­tos de oração se tornem uma desculpa para evitar dedicar a vida à missão, porque a privatização do estilo de vida pode levar os cristãos a refugia­rem-se nalguma falsa espiritualidade.

(Papa Francisco – Evangelii Gaudium/Cap. V-§259 e 262)

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário