sábado, 29 de fevereiro de 2020

Rancor e Mansidão


Rancor – mágoa profunda, ódio.
Mansidão – brandura de coração.


Há muito, muito tempo, existiu um homem muito bom. Ele era amigo de todo mundo e gostava de ensinar coisas boas aos outros. Esse homem era manso e humilde de coração, mas mesmo assim era odiado por algumas pessoas que tinham inveja dele.
O homem vivia num lugar que era quase um deserto, as cidades eram pequenas e ficavam longe umas das outras. Naquele tempo não haviam carros, ônibus, avião. Só haviam carroças, camelos e jumentinhos. Mas o homem andava a pé. Ia de uma cidadezinha à outra a pé! E não reclamava, não resmungava, ao contrário, agradecia a Deus por tudo. Em cada vila que chegava ele reunia as pessoas em volta dele e começava a ensinar tudo que ele sabia e o que ele sabia era muito importante para as pessoas. Ele também ajudava as pessoas doentes, as pessoas tristes, enfim as pessoas que sofriam de algum mal. Ele rezava para que as pessoas ficassem boas e elas ficavam!
Por causa disso as pessoas gostavam dele e sempre que ele chegava a algum lugar reunia uma multidão para ouvi-lo e serem curadas. Mas outras pessoas más, de coração duro e invejosas não gostavam dele, exatamente por que ele gostava das pessoas e tudo que fazia era por amor. Essas pessoas más sentiam ódio por ele e mesmo assim, ele não sentia ódio por eles nem tinha nenhum rancor.
Num certo dia, os maus arranjaram um jeito de acusar o bom homem de um monte de mentiras; disseram que ele era um mentiroso, que tudo que fazia era falso e que blasfemava (explicando às crianças: blasfemar é falar mal de Deus, é dizer mentiras de Deus). Então ele foi preso, julgado e condenado injustamente.
Vocês pensam que ele ficou zangado por causa disso? Não!!!!!  Ele ficou um pouco triste, mas não ficou zangado, nem com raiva, nem reclamou. Ele não abriu a boca, ele ficou quietinho. Os homens maus maltratavam ele, batiam nele, cuspiam nele e ele lá, quietinho. Os maus demonstravam toda sua raiva e ele demonstrava toda sua mansidão. Ele não guardava mágoa nem rancor. Ele estava sofrendo, sendo maltratado, e caladinho pensava: “Meu Pai, perdoa essas pessoas, eles não sabem o que estão fazendo”.
Este homem era manso, tinha brandura de coração e não odiava, não guardava mágoa, não tinha rancor.
Sabem o nome desse homem? 
(Texto base para pregação infantil)



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Deus cuida de nós



Quem cuida de mim? Quem cuida de nós? Deus. É Deus quem nos segura, nos ampara, quem nos fortalece, quem zela por cada um de nós. Deus com seu amor de pai, de mãe, de amigo.
Quando choramos é Ele que nos consola, conforta e enxuga nossas lágrimas. Quando padecemos Ele nos ampara, nos dá forças na tribulação. Ele nos sustenta nos tempos difíceis, nos compreende em nossos momentos de fraqueza; até quando nossa fé está arrefecida, até mesmo quando pomos em dúvida seu amor por nós.
Como não reconhecer e amar esse Deus que é misericórdia, amizade, justiça e acima de tudo, amor. Amor imensurável, incondicional, amor personificado. Personificado, pois Deus é o próprio amor, o ‘agapoe’, o ‘hessed’.
Mesmo que não o reconheçamos como Deus, mesmo que duvidemos de sua presença viva em meio a nós, mesmo não crendo na sua existência, mesmo não o amando, Ele nos ama mesmo assim, do jeito que somos: ingratos ou amorosos, incrédulos ou fiéis, injustos ou afáveis pecadores ou piedosos... Seu amor é para todos. 
Deste modo, caríssimos, em Deus somos fortalecidos, pois “tudo posso naquele que me fortalece”. Podem vir tempestades, noites traiçoeiras, dias nevoentos, turbulências no dia a dia – que venham; em Deus tudo posso, com Deus sou forte e vencedor. Não que as mazelas sejam bem-vindas, não é isso, mas se acaso vierem – e muitas vezes vêm – não é motivo de desespero para quem confia em Deus. Como afirmamos acima, Ele nos consola, nos conforta, nos sustenta, nos ampara.
Aos que não confiam, aí vai a palavra auxiliadora: mesmo assim (repetindo dois parágrafos acima) ele os ama. E os consola e conforta; mas esses não creem e sendo assim, não aceitam o carinhoso e caridoso alívio divino.
Os que confiam no Senhor reconhecem seu grande amor e num preito de gratidão, rendem ação de graças e louvores. Os que não confiam, saibam, Deus os ama, ama de tal modo que deu seu Filho para doar a vida por todos, indistintamente.  Como o bom pastor da parábola, Deus deixa as noventa e nove ovelhas em segurança e vai em busca da desgarrada.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Importa apreender mais que memorizar



Um homem católico, mas nem tanto, queixava-se que frequentava a igreja havia mais de trinta anos e nesse período embora tenha ouvido cerca de três mil sermões, palestras e pregações, não se lembrava de nada que tivesse ouvido. Dizia que fora infrutífera sua frequência à igreja e que havia perdido seu tempo. Segundo ele as pregações não haviam servido para nada, não obstante reconhecer que algo em sua vida mudara, segundo ele devido a sua própria força de vontade e, reconhecendo, em parte devido as orações que ouvia e fazia.
Este mesmo homem, casado há mais de trinta anos, serviu-se de aproximadamente trinta mil refeições preparadas com carinho por sua esposa e certamente não se lembrava do cardápio de cada uma delas.  Mesmo assim era bem nutrido e saudável.
 Não se lembrava do que havia comido, mas independente disso estava muito bem alimentado; se não o fosse teria morrido a míngua, seu corpo, sua carne sucumbiria. Não se lembrava de uma palavra que havia lhe sido pregada, porém algo em si mudara. Por certo essa mudança foi por força da palavra anunciada. Sem o que havia ouvido e não guardara na memória seu espírito teria fraquejado, minguado.
Da mesma forma que o alimento ingerido age em nosso físico, a Palavra anunciada age com poder em nossa área espiritual, independentemente de ser lembrada por toda a vida ou esquecida no dia seguinte. O que importa aí é a receptividade do coração. Se nos abrimos ao novo do Senhor em nossa vida, se os ouvidos conduzem ao coração a mensagem recebida mesmo que a memória falhe, a ação de Deus pelo Espírito Santo se efetuará em nós, pois somos templos vivos do Espírito.
Se vamos a igreja de coração fechado, endurecido, capengas na fé, por certo a palavra, seja qual for, não penetrará nosso coração. Assim, sem nenhuma abertura à ação do Espírito Santo nada edificante ocorrerá em nossa vida. Se comemos nossa refeição e ela não fica retida no estômago, se em seguida vomitamos, de nada serve o alimento.  Assim acontece com as pregações que ouvimos e não apreendemos; é como se fosse uma bulimia espiritual.
Portanto não é tão importante lembrar-se de cada palavra, cada frase, decorar uma pregação que ouvimos (até porque só conseguimos guardar cerca de trinta por cento do que é falado); o que importa é estar atento, interiorizado para se apossar da proclamação e do anúncio no interior, no mais fundo do coração.  Se a memória for boa, ótimo. Se não, que o coração esteja aberto, receptivo a Boa Nova. Isso é o que importa.   



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sofrimento não é de Deus



Sabemos que o mundo não é perfeito. Não o mundo idealizado e criado por Deus, mas o mundo deturpado, corrompido, aviltado pelo homem instigado pelo maligno. Por isso a dor e o sofrimento nos acompanham como uma nuvem sombria que não poucas vezes nos alcança e nos envolve. No entanto, ao ser acometido pelo mal não devemos nos desesperar; entreguemos nosso sofrimento a Deus, ofertando-o, como aquilo que falta ao sofrimento de Cristo para nossa redenção. Isso não significa conformismo, é na verdade resignação, ou seja, estar animoso mesmo na tribulação. Ter animo sabendo que a dor é passageira. “Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações, pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade comprovada produz a esperança” (Rm 5,3-4).
O Senhor Deus de toda consolação nos conforta, para que com sua força possamos nós consolar aqueles que sofrem e que muitíssimas vezes não têm onde se apoiar.
Diante da dor e do sofrimento é costume de muitos dizer: é vontade de Deus. Que imagem distorcida trazemos de Deus em nosso coração! A verdade é que não agrada a Deus o sofrimento do mundo. Quando dizemos que o sofrimento é vontade de Deus, estamos dando uma desculpa para continuarmos instalados em nosso egoísmo, apegados a nossos bens, nosso imobilismo, nossas idéias. Não, Deus não quer o sofrimento. A via crucis não é obra sua, mas nossa. Se tirarmos do mundo as consequências das nossas ações, o que é causado pelo nosso coração; coração tantas vezes cheio de ódio, ganância, libidinoso, apegado ao ter e ao poder, sobraria o que é do Senhor: alegria, bondade, perdão, fidelidade, amor irrestrito. 
O que estamos fazendo? Ficamos esperando, parados debaixo da nuvem, rezando para que ela não desabe sobre nós? Ou, rezando, nos movemos, nos desinstalamos e procuramos abrigo para não sermos atingidos pela tempestade? Mova-se, desfaça-se do excesso de carga, deixe no seu coração apenas o que é do Senhor: um fardo leve, suave, sem arestas; um coração como o dele próprio, manso e humilde.  




sábado, 1 de fevereiro de 2020

Avivar ou Reavivar?



Certa vez ouvi de alguém (que certamente não pertence a nossa igreja) que estaria em oração pedindo um avivamento para a igreja católica. Essa pessoa com toda certeza desconhece os movimentos eclesiais e as novas comunidades surgidas após o Concilio Vaticano II. Talvez nem tenha sequer ouvido falar dos Cursilhos de Cristandade, dos Fo colares, e de outros movimentos comprometidos com a nova evangelização; talvez vagamente tal pessoa já tenha ouvido a respeito da RCC e da Comunidade Canção Nova, pois estes têm maior exposição. Mesmo sem levar em conta este renovar do Espírito Santo na Igreja, esse mesmo Espírito estaria “dormindo”?  Por dois mil anos a Igreja estaria estagnada?  Pensar assim é desconhecer, ou pior, talvez desconsiderar que Jesus fundamentou sua Igreja sobre rocha firme, que essa igreja mantem inalterada a sucessão apostólica e que Jesus prometeu a esses apóstolos que estaria com eles – consequentemente com a Igreja – até o fim dos tempos. Descumpriria Jesus sua palavra? Jamais. A palavra de Deus é irrevogável.
Renovar sim é necessário. Renovar, movimentar, reavivar (dar vida nova) é diferente de avivar (dar vida). Reavivar, ou seja, renovar, dar novo ímpeto à vida, avançar. Por isso a Igreja é comparada a uma grande embarcação capitaneada por Jesus, cujo timoneiro é Pedro (por conseguinte, o Papa) que navega por mares revoltos às vezes, mas sempre em frente, avançando com destemor rumo a porto seguro. Por isso a Igreja sempre viva, estará sendo constantemente renovada e conduzida pelo vento do Espírito.      
Na postagem anterior comentamos a respeito de comunidade de fé. Da importância de reunirmo-nos para partilhar nossas alegrias e também, principalmente, nossos problemas. Fora dito que haveria sustento, amparo, reconforto. Verdadeiramente há tudo isso, mas não por atributos meramente humanos. O verdadeiro, grande responsável por tudo isso é somente um: Jesus Cristo. Juntamente com Maria, os anjos e os santos de Deus nos reunimos em torno de Jesus e colocamos em prática nossa fé, abrimo-nos a ação do Espírito Santo; então a benção é derramada, a graça é alcançada e os milagres acontecem. Isso é consequência de uma igreja viva, atuante. Isso acontece nas Celebrações Eucarísticas, nos grupos de oração dos diversos movimentos, nas comunidades de base, nas reuniões de partilha e nos círculos bíblicos, enfim, em diversos movimentos, comunidades e pastorais da Igreja. É ou não uma Igreja viva? Certamente sim!