sábado, 27 de outubro de 2018

Luar sobre a colina



Imagine Jesus orando no alto dum monte. Imagine o luar incidindo sobre o Senhor em oração. Isto muito provavelmente acontecia, porque era costume de Jesus retirar-se, subir um monte e lá colocar-se em profunda oração, numa vigília durante toda a noite. Jesus Deus e homem.  A natureza humana de Jesus rezava e rezava muito. O Filho orava fervorosamente ao Pai, num diálogo de amor.
Da janela vejo a Capelinha de São José no alto do morro em frente. Em noites de lua cheia, a capela iluminada ao luar se torna uma bela visão. Que belíssima visão seria a de Jesus, envolto pelo luar, irradiando sua própria luz e mesclando-a à da lua. Caríssimos, quando estamos em Deus, com o Espírito Santo, somos mergulhados na sua luz, e como a lua reflete a luz do sol, refletimos também nós, a luz imensa do sol radiante da justiça que é Jesus.
O mundo tenta ofuscar nossa vista, tenta nos cegar com o brilho falso das luzes feéricas que nos cercam; brilho falso de joias falsas. O mundo corrompido, sedutor, não o mundo imaginado e criado por Deus; o mundo paradisíaco entregue a nós como habitáculo e manancial, o qual degradamos pela nossa desobediência e mal proceder. Esse mundo corrompido, dominado pela concupiscência humana exacerbada pelo maligno, dirigido pela iniquidade é que nos tenta, é que nos oferece lixo camuflado em belas embalagens, cavalos de Tróia, presentes de grego.   Não nos deixemos enganar, desarmemos as armadilhas, fixemos nosso olhar em Cristo, esse sim, a luz verdadeira. Um caco de vidro pode brilhar tanto quanto um diamante, mas continua sendo um caco de vidro. Ademais, se apertarmos na mão um diamante nada acontece, mas se apertamos um caco de vidro nos ferimos seriamente.  
Não permita que a falsa luz te inebrie, reanima-te com a luz verdadeira, fonte de vida e santidade. Não te firas com cacos de vidro, enriqueça tua vida com o diamante verdadeiro, com a joia preciosa, com o tesouro celestial: Jesus de Nazaré, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

A Pessoa do Espirito Santo



A Pessoa do Espírito Santo sempre acompanhou a historia da salvação, desde o inicio da revelação Divina no Antigo Testamento. No inicio de maneira velada, implicitamente: “O Espírito de Deus pairava sobre as águas.” (Gn 1,2); “Por ventura não clama a Sabedoria e a inteligência não eleva a sua voz? Eu, a Sabedoria, sou amiga da prudência, possuo uma ciência profunda” (Pr 8,1.12); “A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado; o Espirito Santo educador (das almas) fugirá da perfídia, se afastará dos pensamentos insensatos. Sim, a Sabedoria é um espírito que ama os homens, mas não deixará sem castigo o blasfemador pelo crime dos seus lábios. Com efeito, o Espirito do Senhor enche o universo e ele que tem unidas todas as coisas, ouve toda voz” (Sb 1,4-7); “Dentro de vós colocarei   meu Espirito, fazendo com que obedeçais as minhas leis e sigais e observais os meus preceitos” (Ez 36,27); Depois disso acontecerá que derramarei o meu espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos e vossos jovens terão visões” (Jl 3,1). Nestes tempos o Espirito Santo só era dado aos Profetas, homens especialmente eleitos por Deus.
O Espírito Santo como pessoa Divina só foi plenamente apresentado no Novo Testamento, através de Jesus Cristo, com a revelação da Santíssima Trindade: “Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espirito de Deus. e do céu baixou uma voz: ‘Eis meu filho muito amado em quem ponho minha afeição” (Mt 3,16). A partir daí o Espirito Santo nos é apresentado tal como o conhecemos.
Entretanto o Espirito Santo só se manifesta nos fiéis em pentecostes. Aí também inicia a missão evangelizadora e catequética da Igreja. No episódio narrado em Atos dos Apóstolos 2, versículos 1 a 4, o Espirito Santo é derramado sobre os discípulos de Jesus, por extensão à Igreja, confirmando as profecias de Ezequiel (Ez 36,27) e Joel (Jl 3,1). A partir daí o cristianismo, guiado pelo Espirito Santo, cresceu em número e em graça, difundindo-se pela pregação dos Apóstolos e seus enviados por todo o mundo.
  Assim até hoje a igreja em seu múnus apostólico difunde a doutrina da salvação por todo o mundo, daí sua catolicidade, ou seja, universalidade. Isso só se torna possível com a assistência, com a inspiração, a direção, o agir do Espirito Santo. Sem ele, qualquer palavra ou ação, por bonita e envolvente que fosse não surtiria o efeito desejado, pois seria atitude meramente humana que tocaria somente a superficialidade da alma, o emocional. Contudo, na ação do Espirito todo testemunho alcança o âmago, as profundezas do espírito humano, provocando as transformações que levam à conversão, à metanóia, ao caminho da salvação, à ascese, enfim, à santificação.
Quem afinal é essa pessoa com atributos tão notáveis? É Deus. Simples assim. Teologicamente podemos dizer que é a terceira pessoa da Trindade. Terceira não significa ordem de importância, hierarquia; as Pessoas Divinas são iguais em tudo, pois são um único Deus. Primeira, segunda e terceira representam a ordem em que foram reveladas: Pai (o Criador), Filho (Jesus) e Espirito Santo. Podemos dizer que o Pai é Deus por nós (YAHWE – Aquele que É), o Filho é Deus conosco (Emanuel) o Espirito Santo é Deus em nós (nos foi infundido no batismo sacramental, tornando-nos sua morada). Assim apresentamos o Espirito Santo na Santíssima Trindade.
No Antigo Testamento o Espirito de Deus era representado pelo termo hebraico ‘ruah’ – em latim ‘spiritus’ – que significa vento, brisa, tempestade. Esta palavra está associada a ideia de vida, portando ‘ruah’ significa força vivificante de Deus. É este Espirito que fortalece os homens, capacitando-os a ações extraordinárias (Sansão, Elias), ouvir e falar com Deus (Isaias, Jeremias, Ezequiel). O Messias prometido seria portador do ‘ruah’, portanto pleno de poderes.  No Novo Testamento Jesus explicitou o Espirito Divino, ao falar do Pai e do Espirito, que com o Filho formam o único Deus Uno e Trino. Na anunciação do anjo a Maria (Lc 1,26-38) o Espirito Santo é apresentado como força que fecunda e gera vida. Na visita de Maria a Isabel, o Espirito inspira e fortalece (Lc 1,39-45). No diálogo com Nicodemos Jesus apresenta o Espirito Santo como fator de renovação, de renascimento (Jo 3, 1-8). O Espírito Santo confere autoridade (Jo 20,22-23). O Espirito Santo é força do alto, que revigora, encoraja (At 1,8). Finalmente é quem nos move, nos concede os dons e carismas, nos anima, nos transforma em anunciadores audazes de Sua Palavra (At 2,1-13)
   O Espírito é concedido aos batizados, quando sacramentalmente recebemos o Espírito Santo no batismo e posteriormente confirmado no crisma, conferindo-nos os sete dons infusos. No “batismo no Espírito Santo” ou efusão do Espírito nos são concedidos os dons carismáticos, os quais nos levam a uma renovação espiritual tão intensa que somos realmente regenerados (o zelo pela doutrina da Igreja, o amor a Maria, a leitura orante da Bíblia, a oração e o louvor são nitidamente intensificados).
     Concluindo podemos afirmar que o Pai nos trouxe o Filho Jesus. Jesus nos dá o Espirito Santo, para que através desse mesmo Espirito Ele seja apresentado e possa nos levar ao Pai, num circulo virtuoso de amor.
(Carlos Nunes)

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A humilde Serva do Senhor



Hoje celebramos o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Também é o dia especialmente dedicado às crianças. Como cristãos o que podemos dar de maior valor a nossas crianças? A fé em Deus. Ensina-las a amar Nosso Senhor Jesus Cristo e sua mãe Maria, aqui representada como N. S. Aparecida. Transmitir a elas os valores morais, hoje tão aviltados, ensinando-as a respeitar os mais velhos, a partilhar com outras crianças, educando-as segundo os preceitos da nossa fé. Ensinando-as principalmente a ser humildes, sendo para elas exemplos e testemunhos vivos de uma educação salutar. Humildes como Maria, serva do Senhor: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim conforme a Tua Palavra” (Lc 1,38). Maria é simples, humilde ao extremo e quer que sejamos também simples. Nas aparições Maria se apresentou a pessoas muito simples – a um índio no México (N.S. Guadalupe), a crianças em Portugal (N.S. de Fátima), a pescadores no Brasil (N.S. Aparecida). Maria, mãe de Jesus Nosso Salvador, não se prevalece de sua condição de primeira cristã, de ser mãe do Messias, ao contrário, se mantém simples e humilde durante toda a vida. Por tudo isso, sejamos simples e humildes, seguindo o testemunho de Nossa Mãe do Céu.  Sejamos exemplo para todas as crianças, sejam nossos filhos, netos, sobrinhos ou afilhados.
Nossa Senhora Aparecida rogai por nós!

sábado, 6 de outubro de 2018

Transformar o mundo



O mundo – a mídia em geral – vive uma hipocrisia crônica. O povo brasileiro saiu da letargia e acordou (desperta tu que dormes...). Houve excessos, vandalismo; baderneiros e malfeitores infiltrados promoveram distúrbios. A imprensa criticou; as forças de segurança agiram. A imprensa criticou.  As mesmas organizações jornalísticas que criticaram a baderna “caíram de pau” na policia quando esta agiu. Pode ter havido excessos, é bem possível que sim, mas agiu legitimamente para defender o patrimônio das cidades, como também a própria integridade pessoal. Aqui pode ser aplicada, metaforicamente, a lei da estática (física): a toda força corresponde uma força de mesma intensidade e em sentido contrário. Assim caminhamos; cobram providências e quando providências são tomadas, as criticas são severas. Criminosos são mortos em confronto com policiais; a policia é violenta e assassina. Facínoras covardes matam friamente uma criança, e não há um jornalista ou defensor dos direitos humanos que sequer digam uma palavra, uma palavra apenas, em defesa de famílias enlutadas ou da sociedade.
Assim caminhamos, num mundo de gente que aboliu Deus de sua vida. Sem Deus não há amor fraterno, sem amor não há justiça, sem justiça não há paz. A pregação do mundo é o hedonismo, o consumismo, o ter cada vez mais, a ambição do poder, da fama, da notoriedade. Por isso cada vez mais há pessoas sem escrúpulos, violentas, insensíveis. Não respeitam nada nem ninguém. Também por isso, há pessoas depressivas, angustiadas, frustradas, emocionalmente abaladas; pessoas inferiorizadas, traumatizadas, obsessivas. Nesse mundo enfermo por falta de amor estamos inseridos. Não importa se você ”é do bem”, está no turbilhão como todos. Já discorremos em outras ocasiões, que no mundo há de tudo: bons, maus, indiferentes. Os maus espalham o mal; os bons promovem o bem; os indiferentes não se importam com nada que não seja seu, na verdade são egoístas. Se você esta entre os de bom coração, não se omita, faça alguma coisa, por menor que seja. Martin Luther King dizia: “Pior que a atitude dos maus, é o silêncio dos bons”.
Como cristãos não podemos ficar omissos. Se o mundo ataca, contra ataquemos.  Se o mundo grita, gritemos mais alto. Se o mundo prega a iniquidade, preguemos a paz, a justiça, o amor. Restauremos o mundo; a perversão dê lugar à perfeição, do jeito que Deus criou, do jeito que Deus quer que sejamos, do jeito original: à Sua imagem e semelhança. Estamos mal, mas não é o fim. Com Deus temos fé; fé que leva à esperança; esperança que leva à caridade. Caridade que é amor; amor que pode transformar o mundo.