sábado, 30 de junho de 2012

Cidade nua


Com o incremento do consumo de “crack” revela-se a nudez da sociedade e portanto a  da metrópole onde esta sociedade é formada. Nus ficamos expostos, nos mostramos como realmente somos; marcas, cicatrizes, gordurinhas localizadas, pequenos defeitos, tudo enfim aparece. Com a visibilidade do consumo “skankarado” do crack e outras drogas, a cidade fica nua. Então se revelam as feridas abertas, as manchas da sujeira mal lavada, os podres.

A incoerência então impera. Os mesmos que pedem providência e ação, quando isso é feito – e tem que ser feito com autoridade e energia – denunciam abuso de autoridade, maus tratos, preconceitos. Mais uma chaga aberta: a hipocrisia. Isso sem falar de corrupção e da cooptação de jovens de classe média pelo crime.

A Rio+20 desnudou a cidade. Promovidas pelos eventos paralelos, manifestações esdrúxulas agitaram o Rio de Janeiro. Mulheres seminuas reinvidicavam seus direitos – que direitos? Matar? (aborto). Índios armados de arco e flecha ameaçavam motoristas atônitos em pleno centro da cidade. Ativistas do MST (sem terra no Rio?) tumultuavam o já caótico trânsito. Tudo isso diante da passividade e inércia das autoridades constituídas.

A cidade está nua. Por trás da incontestável beleza do Rio de Janeiro escondem-se chagas abertas e pútridas. A grande e bela São Sebastião do Rio de Janeiro está enferma. Em verdade a nação está enferma, o mundo inteiro está enfermo. A Conferência Rio+20 ofereceu a solução para o mundo – o físico, o material – mas quem pode se levantar para curar o âmago, as chagas abertas pela nudez?  Somente outras chagas, mas estas, chagas de amor: “Tomou sobre si nossas enfermidades, carregou nossos sofrimentos. O castigo que nos salva pesou sobre Ele; fomos curados graças as suas chagas” (Isaias 53,4s). Façamos o que nos cabe: denunciar a iniquidade, agir de acordo com os preceitos legais e deixemos Deus fazer a Sua parte; onde não podemos ir Ele com certeza irá. Daí quem sabe, a cidade, o mundo, não precisarão mais esconder sua nudez.

sábado, 23 de junho de 2012

A Igreja e os Batismos

No Código de Direito Canônico publicado em língua portuguesa pela ed. Loyola, encontramos uma nota de rodapé referente ao cân. 869, que aborda os casos aceitos de rebatismo, podemos encontrar a resposta esta sua questão. É o que transcrevemos a seguir:

A. Diversas Igrejas batizam, sem dúvida, validamente; por esta razão, um cristão batizado numa delas não pode ser normalmente rebatizado, nem sequer sob condição. Essas Igrejas são:

a) Igrejas Orientais (”Ortodoxas”, que não estão em comunhão plena com a Igreja católico-romana, das quais, pelo menos, seis se encontram presentes no Brasil);
b) Igreja vétero-católica;
c) Igreja Episcopal do Brasil (”Anglicanos”);
d) Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB);
e) Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB);
f) Igreja Metodista.

B. Há diversas Igrejas nas quais, embora não se justifique nenhuma reserva quanto ao rito batismal prescrito, contudo, devido à concepção teológica que têm do batismo – p.ex., que o batismo não justifica e, por isso, não é tão necessário -, alguns de seus pastores, segundo parece, não manifestam sempre urgência em batizar seus fiéis ou em seguir exatamente o rito batismal prescrito: também nesses casos, quando há garantias de que a pessoa foi batizada segundo o rito prescrito por essas Igrejas, não se pode rebatizar, nem sob condição. Essas Igrejas são:

a) Igrejas presbiterianas;
b) Igrejas batistas;
c) Igrejas congregacionalistas;
d) Igrejas adventistas;
e) a maioria das Igrejas pentecostais (Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Deus é Amor, Igreja Pentecostal “O Brasil para Cristo”);
f. Exército da Salvação (este grupo não costuma batizar, mas quando o faz, realiza-o de modo válido quanto ao rito).

C. Há Igrejas de cujo batismo se pode prudentemente duvidar e, por essa razão, requer-se, como norma geral, a administração de um novo batismo, sob condição.

Essas Igrejas são: a) Igreja Pentecostal Unida do Brasil (esta Igreja batiza apenas “em nome do Senhor Jesus”, e não em nome da Santíssima Trindade);
b) “Igrejas Brasileiras” (embora não se possa levantar nenhuma objeção quanto à matéria ou à forma empregadas pelas “Igrejas Brasileiras”, contudo, pode-se e deve-se duvidar da intenção de seus ministros; conforme Comunicado Mensal da CNBB, setembro de 1973, p. 1227, c, nº 4; cf. também, no Guia Ecumênico, o verbete “Brasileiras, Igrejas”);
c) Mórmons (negam a divindade de Cristo, no sentido autêntico e, consequentemente, o seu papel redentor).

D. Com certeza, batizam invalidamente:

a) Testemunhas de Jeová (negam a fé na Trindade);
b) Ciência Cristã (o rito que pratica, sob o nome de batismo, tem matéria e forma certamente inválidas. Algo semelhante se pode dizer de certos ritos que, sob o nome de batismo, são praticados por alguns grupos religiosos não-cristãos.


sábado, 16 de junho de 2012

A matéria jamais poderia tornar-se viva por si mesma


O cientista Ernest Mayr, morto aos cem anos de idade, alemão de nascimento, nos longos anos de sua existência escreveu 26 livros sobre ornitologia, taxonomia, biogeografia e evolução. Em 1942 deixou a Alemanha assumindo a direção do Museu Americano de História Natural.
Ainda jovem havia passado dois anos pesquisando nas montanhas Ciclopes, da Nova Guiné. Vários cientistas escreveram elogiosamente sobre sua pessoa, pesquisas e escritos. Entre os livros mais conhecidos que escreveu estão “Sistemática e Origem das Espécies” e “O Que é Evolução”.
Em anos difíceis para a teoria do darwinismo, Ernest Mayr apresentou novos argumentos a favor da evolução das espécies animais. Transformou-se no “Darwin do Século XX”, sem dúvida um cientista renomado. Seus estudos o levaram, com outros evolucionistas, a formar a Escola conhecida como Moderna Síntese Evolucionista, unindo os estudos de Charles Darwin (1809-1882) com a Genética, a Biologia e a Paleontologia. Em certa oportunidade quando lhe perguntaram quando se tornara evolucionista respondeu que “nascera darwinista”.
Por uma coincidência que, pessoalmente, tenho como providencial, nos dias em que Ernest Mayr agonizava, o criacionismo retornava ao debate público nos Estados Unidos e entre nós, sob a liderança de cientistas como o físico Marcelo Gleiser, da Universidade Dartmouth, de New Hampshire, a geóloga Elaine Kennedy, do Instituto Geoscience Research, o biólogo Stephen Jay Gould, o norte-americano Michael Behe, este a estrela do “design inteligente”. Todos voltaram a repropor o criacionismo o último sem recorrer ao texto bíblico, como costumam fazer os evangélicos fundamentalistas e tantos outros.
Sintetizando as coisas, segundo os darwinistas a partir do livro “A Origem das Espécies”, do inglês Charles Darwin, animais inferiores, durante milênios, foram evoluindo para espécies superiores, passando pelos primatas, dando no homem e na mulher, nesta seqüência: Homo erectus, Homo faber e Homo sapiens. Como os darwinistas, também os criacionistas dividem-se em dois grandes grupos.
O primeiro fazendo uma exegese literal do texto do livro do Gênesis, afirmando ser Deus, por ação direta, o Criador de todas as espécies vivas e, de modo especial, da espécie humana. O primeiro casal humano não resultou, portanto, de uma longa milenar evolução das espécies animais, mas surgiu de uma ação onipotente e sábia do próprio Deus. O segundo grupo vem se afirmando como uma corrente científica que, sem apelar para a Bíblia, nega a evolução das espécies dizendo que “grande parte das estruturas biológicas humanas são complexas demais para terem surgido de acordo com o modelo darwinista de acúmulo gradual de modificações aleatórias”.
Acrescentam eles haver muitos “buracos” na teoria evolutiva “como o súbito aparecimento de formas de vida espantosamente variadas no período cambriano”. Sem a interferência de um “Projetista inteligente” (= Deus), não se explica nem a impressionante diversidade das espécies vivas e muito menos, da espécie humana.
Os opositores do darwinismo que defendem o criacionismo, insistem que a evolução não é senão uma teoria ou hipótese cientificamente ainda não comprovada. Acrescentam que é muito improvável e até impossível que estruturas altamente diferenciadas, como uma proteína ou uma célula viva apareçam por acaso, que as mutações a que apelam os evolucionistas não produzem novos traços e, finalmente, que a Biologia Molecular não confirma a evolução das espécies. O darwinismo é pois uma teoria que, no atual estágio das ciências, não passa de uma possível hipótese.
Oficialmente, a Igreja Católica e o Magistério dos Papas não excluem a possibilidade da teoria evolucionista, desde que o início do processo evolutivo tenha tido origem partindo de Deus. Ele, o Criador, seria o autor das possíveis leis da evolução que, atuando durante milênios e milênios teriam resultado no primeiro casal humano.
Assim, a hipótese darwinista da evolução das espécies, até dos primatas de que teria surgido o homem, é uma possível explicação ao lado do criacionismo que, também, tem a seu favor fortes razões filosóficas e não apenas religiosas ou bíblicas.
No momento em que teria havido o salto do animal irracional para o racional, tornou-se necessária uma nova intervenção divina no processo evolutivo, se é que houve! Nesse momento Deus interviu no processo criando e infundindo uma alma humana, racional, na nova espécie superior a todas as demais, a espécie humana, inteligente, consciente e livre.
O evolucionismo não materialista, mas mitigado ou “espiritualista”, conduzido pelo próprio Deus, entendido dentro desses limites, poderá ser admitido pelos que professam a fé católica. Em todo caso, Deus é o Criador de tudo e, portanto, também do homem e da mulher.
A esse respeito, leia o interessado a encíclica “Humani Generis”, do Papa Pio XII, do ano de 1950. Se desejar mais informações poderá, também, ler o substancioso livro do culto beneditino Dom Estevão Bittencourt “Ciência e Fé na História dos Primórdios”, editado pela AGIR em 1955. Ficaria honrado se pudesse merecer a leitura do capítulo “Gênesis: Origem do Homem”, do meu livro “Iniciação à Leitura da Bíblia”, já com cinco edições (Editora Santuário, 2004, páginas 33 a 36).
Filosoficamente, o acaso nada explica sendo a “razão dos que não têm razões!”. A todo efeito sempre deve corresponder uma causa adequada que o explique. Inerte como é, a matéria jamais poderia tornar-se viva por si mesma e é impossível que seres irracionais, por mais evoluídos e perfeitos que sejam, como os primatas, expliquem sem uma interferência de um Ser inteligente e pessoal, livre, onipotente e vivo, a origem da espécie humana.
Chame-se o primeiro casal humano Adão (=feito do pó) e Eva (=mãe dos viventes) ou desse-lhes outros nomes, a espécie humana, todas as raças humanas, descendem desse par de protoparentes. Feitos “à imagem e semelhança” de Deus (Gn 1,26) somos todos irmãos e irmãs entre nós, chamados a vivermos em fraternidade e solidariedade.



(D. Amaury Castanho)


quinta-feira, 14 de junho de 2012

BES - Graça de Pentecostes

  “O Batismo no Espírito Santo é a experiência concreta da graça de Pentecostes, na qual a ação do Espírito torna-se realidade na vida do individuo e da comunidade de fé. É um dom de Deus gratuito e imerecivel, fruto de uma decisão livre, de um passo de conversão, um ato de confiar tudo a Cristo, de entregar nossa vida a Ele. É também a decisão de se entregar ao Espírito Santo sem estabelecer limites para a ação divina, decisão de receber na fé a plenitude da Graça Divina” (Cardeal Paul J. Cordes).

sábado, 9 de junho de 2012

Em busca de Deus


Desde tempos imemoriais a humanidade tem buscado o transcendental, contato com a divindade, o sobrenatural. “Tomaram o fogo, ou o vento, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros do céu por deuses, regentes do mundo. Se tomaram essas coisas por deuses, encantados por sua beleza, saibam quanto seu Senhor prevalece sobre elas, porque é o criador da beleza quem fez todas essas coisas. Se o que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam por meio delas que seu criador é mais forte; pois é a partir da beleza e da grandeza das criaturas que por analogia se conhece o seu autor” (cf. Sb 13,2-5).  Era dessa forma que buscavam Deus. Alguns verdadeiramente o encontraram e foram eleitos seu povo. Outros continuaram a adorar a criação ao invés do criador e pior, caindo na obscuridade, fizeram a si mesmo deuses.

Ainda hoje é assim. As seitas esotéricas louvam a natureza, a “mãe terra”, as forças cósmicas, as divindades ecológicas. “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus e através dos bens visíveis, não souberam conhecer aquele que é, nem reconhecer o artista, considerando suas obras” (Sb 13,1). Mas, desejando que assim seja, queremos crer que muitos desses busquem realmente o deus verdadeiro, ou seja, o único Deus; como citado a seguir: “Contudo, estes só incorrem numa ligeira censura, porque talvez eles caíram no erro procurando Deus e querendo encontrá-lo: vivendo entre suas obras, eles as observam com cuidado, e porque eles as considerem belas, deixam-se seduzir pelo seu aspecto. Ainda uma vez, entretanto, eles não são desculpáveis, porque se possuíram luz suficiente para poder perscrutar a ordem do mundo, como não encontraram eles mais facilmente aquele que é  seu Senhor?” (Sb 13,6-7).

E os que se fizeram deuses? Aqueles que se auto idolatram? Pode parecer exagero, mas não é; a egolatria é muito comum hoje em dia. Pessoas que se julgam autossuficientes, que prescindem de Deus e de todos: eu sou o mais inteligente, o mais sábio, o mais forte, o mais bonito, o mais isso e aquilo, etc, etc, etc... Até o dia em que suas supostas inteligência e sabedoria o levarem a desgraça, sua força e beleza sucumbirem diante de uma enfermidade. Da mesma forma que estes, arrogantemente e com indisfarçável sarcasmo, questionam um temente a Deus que sofre tribulações com a indefectível pergunta: “Onde está seu Deus?” poderia se perguntar: “e agora, cadê você?” O que eles por certo não percebem é que a diferença entre as duas situações é abissal. Onde está seu Deus? – Apesar de tudo que passei, meu Deus está a meu lado, me amparando, me confortando, me fortalecendo. Eis nossa resposta. E você onde está? Com certeza absoluta, longe de Deus, está num sofrimento atroz, revoltado contra tudo e contra todos, amaldiçoando ao Deus que você diz que não existe. Mas para estes há um consolo, o Deus em que cremos não é só meu Deus, é nosso Deus, Deus de todos! Portanto, se eles se quebrantarem, reconhecerem sua fraqueza e interdependência, por certo nosso Deus há de também restituir-lhes a dignidade e saúde plena. 

“Virão dias – oráculo do Senhor – em que enviarei fome e sede sobre a terra; não uma fome de pão, nem sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor” (Am 8,11).

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Desperta tu que dormes

“Desperta, desperta, põe teus adornos Sião: veste teus trajes de gala Jerusalém, cidade santa! Porque não mais verás penetrar em tua casa nem incircuncisos nem impuros. Sacode a poeira que te cobre, levante Jerusalém e reina; desvencilha-te das cadeias que te prendem o pescoço, filha cativa de Sião”.(Is 52,1s).






O






Senhor está tocando as trombetas em Sião; desperta, acorda desta letargia espiritual. A Palavra diz: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (Ef 5,14). E o Senhor está dizendo: sacode a poeira, desvencilha-te das cadeias! Isto é seriíssimo! Existem cristãos envolvidos com ocultismo, usando cristais para dar sorte e outros procedimentos que desagradam profundamente a Deus; entretanto, dentro da igreja conservam uma aparência de perfeição. Um povo cuja palavra não converte e as obras não geram frutos de vida; sua oração é fogo estranho diante do trono de Deus; fala de santidade, mas não a vive: escuta a palavra, mas nada retém; busca a face de Deus em pecado e rejeitando as correções, atribuem a Deus coisas que não disse; passam horas diante da televisão, mas como Eutico (At 20,9), dormem quando a Palavra é pregada. É para esta gente de coração e comportamento duplo que Sto. Agostinho dirigiu estas palavras: “Muitos consideram-se cristãos, mas certamente não o são. Eles não são o que o nome indica nem na vida que levam, nem na moral que os conduz. Não em sua fé, não em sua esperança e não em sua caridade.”






L






evanta-te, resplandece, pois já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascer sobre ti” (Is 60,1). Acorda depressa Sião, pois esta geração precisa de uma Igreja viva, intrépida, dinâmica, santa, “... para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Deus está fazendo um chamado por toda a terra para que não durmamos enquanto o demônio investe pesadamente na massificação de conceitos, ideologias e valores malignos a fim de cauterizar o homem deste século em relação a tudo que vem de Deus. Ele tem atacado duramente a Igreja e seus servos. Por isso é hora de revestir-se, ela, da armadura de Deus, seu verdadeiro traje de gala, para defendermos o que por direito é de Deus, e por herança, nosso. Mas também não podemos nos esquecer dos “adornos” da santidade de vida, da pureza de coração, da fé fervorosa, do amor fraterno, da palavra de encorajamento e de tantas outras virtudes que precisamos ter para atrair o homem machucado desta época em que vivemos; pois o verdadeiro despertamento tem sempre dois sentidos: nossa própria vida e a dos irmãos.






A






estratégia para estes dias de decisão e intenso combate espiritual é: “... não durmamos pois como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios.”(I Tes 5,6). Mas há muitos irmãos dopados espiritualmente; sonâmbulos tropeçantes; ébrios do vinho da descrença; dormindo acordados, sonhando em acumular tesouros e ganhar a vida. Tudo isso é tão estranho! Parece que Jesus “virou a curva” e muitos cristãos “seguiram reto”. Desaprenderam a amar o próximo; já não partilham mais seus bens; negligenciam os momentos de oração, de leitura da Palavra de Deus, de adoração ao Senhor. São pessoas que não aceitam qualquer coisa que exija renúncia; que gastam muito tempo diante do espelho cuidando do embelezamento do corpo, mas por dentro há um coração que não ama Deus acima de todas as coisas. Participam de festas, bingos, chás, mas não se “sentem chamadas” às vigílias, ao jejum, à adoração ao Santíssimo; gostam de chamar a atenção para si, de estarem lá na frente, mas não suportam ser corrigidos, nem têm coração ensinável; quando solicitadas não se comprometem; querem ver trabalhos, mas não trabalhar; querem ser pastoreadas, mas não pastoreiam ninguém; são servos sem tempo; indiferentes, críticos, impenitentes, cheios de rodeios teológicos, mas desprovidos de espiritualidade santa. Como diz S. Caetano para estas pessoas: “Cristo espera e ninguém se mexe”.






N






o presente século os homens andam como mortos vivos a caminhar pelas ruas de nossas cidades. Parece que os túmulos se abriram e múmias vivas, envoltas em fachas, dormem o sono da ignorância sobre Deus. Para despertar do sono da morte esta geração, o Senhor exige uma condição: tirai a pedra! E esta pedra cabe a Igreja retirar. Sem removermos a pedra da incredulidade, os milagres que Jesus quer operar em nossas vidas não acontecerão; sem removermos a pedra dos pecados incorrigíveis, o Senhor não poderá nos levantar do sono das trevas; sem retirarmos a pedra das idolatrias, Deus não nos livrará do sono da morte eterna; sem removermos a pedra das nossas convicções, o Senhor não conseguirá nos despertar do pesadelo da racionalização das coisas de Deus. Assim também os homens deste tempo estão do lado de fora da tumba, mas continuam a exalar o cheiro desagradável que existe do lado de dentro. Mas é incrível encontrar morte dentro da fonte de vida, a Igreja. É por isso que vemos hoje, como na igreja de Éfeso, cristãos abandonando o primeiro amor. Formados em mornidão espiritual na escola de Laodicéia; pós-graduados em iniqüidade na escola de Tiatira; experientes na arte de enriquecer na escola de Pérgamo; que terminam na escola fúnebre de Sardes, onde finalmente encontram a morte espiritual. Daí não encontrarem razões para viver, nem felicidade em coisa alguma.






M






as Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo que vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11,24s). E Jesus não disse isto referindo-se tão somente à ressurreição dos últimos dias, mas a nossa ressurreição hoje, agora! É por isso que as trombetas estão ecoando exatamente no meio daqueles que deveriam ser os arautos de Deus. O Espírito está nos chamando a nos conformarmos com a vida nova em Cristo e despertarmos muitas pessoas que estão vivendo num estado de sono profundo.






O






Espírito está dizendo à Igreja: Eu preciso de você para atear fogo a este mundo! Desperta Saul, do sono da imprudência na hora da adversidade (I Sm 24,4); desperta Sansão, do sono da imprudência na hora da sedução (Jz 16,19); Desperta Davi, do sono da indulgência diante da tentação (II Sm 11,2); desperta Jonas, do sono da desobediência em tempo de missão (Jn 1,1ss); desperta discípulos, do sono da tristeza na hora do sofrimento do Mestre (Mt 26,43); desperta povo de Deus, pois o Senhor espera que façamos não o trivial, o possível, mas o impossível. Sim, nossa incapacidade unida a onipotência dele é a alavanca que vai mover os poderes deste mundo. Chamados a reinar com Cristo, compete a Sião de Deus influenciar este mundo com o nosso viver. Precisamos viver a nossa vida nova. É tempo de realizarmos a maior revolução que este mundo já viu: vamos dar um golpe duro no inferno! Vamos povoar o céu! A Jesus toda a glória; a nós o Espírito que nos capacita e com Jesus leva ao Pai.

(texto copiado de arquivo - sem autor especificado)


sábado, 2 de junho de 2012

Existe uma Palavra para cada momento

''Está escrito: 'Não só de pão é que se vive, mas de toda palavra que sai da boca de Deus ''. (Mt 4,4)

Essa é a resposta de Jesus à primeira das três tentações que ele sofreu no deserto, depois de ter jejuado "quarenta dias e quarenta noites". E é a mais elementar das tentações, a fome. Justamente por isso, o tentador aproveita a ocasião para propor a Jesus que se utilize de seus próprios poderes para transformar as pedras em pão. Que mal existiria no fato de satisfazer uma necessidade própria da condição humana?

Jesus, porém, percebe a armadilha que está por trás daquela proposta: a sugestão de instrumentalizar Deus, pretendendo que Ele se coloque somente a serviço das nossas necessidades materiais. No fundo, o tentador quer levar Jesus a uma atitude de autonomia e não de abandono filial ao Pai. Eis, portanto, a resposta de Jesus, que é também uma resposta a todos os nossos porquês diante da fome no mundo, e também à reivindicação cada vez mais dramática de milhões de seres humanos que necessitam de alimento, de casa, de roupas. Ele, que alimentará as multidões com o milagre da multiplicação dos pães, e que fundamentará o juízo final também no ato de dar de comer aos que têm fome, nos diz que Deus é maior que a nossa fome e que a sua Palavra é o nosso principal e essencial alimento.
"Está escrito: 'Não só de pão é que se vive, mas de toda palavra que sai da boca de Deus'“.

Jesus apresenta a Palavra de Deus como pão, como alimento. Este pensamento, esta comparação de Jesus nos ajuda a entender como deve ser o nosso relacionamento com a Palavra. Mas, afinal, como podemos nos alimentar da Palavra? Se, antes de ser o que é, o grão é semente, depois se torna espiga e finalmente pão, assim a Palavra é como uma semente plantada em nós que deve germinar; é como um pedaço de pão que é comido, assimilado, transformado em vida da nossa vida.

A Palavra de Deus, o Verbo pronunciado pelo Pai e que se encarnou em Jesus, é uma presença de Deus entre nós. Cada vez que acolhemos e procuramos colocar a Palavra em prática é como se nós nos alimentássemos de Jesus. Se o pão nos alimenta e nos faz crescer, a Palavra nos nutre e faz crescer o Cristo em nós, nossa verdadeira personalidade. Uma vez que Jesus veio à Terra e se fez nosso alimento, não pode ser mais suficiente um alimento natural como o pão. Precisamos do alimento sobrenatural que é a Palavra para crescer como filhos de Deus.
"Está escrito: 'Não só de pão é que se vive, mas de toda palavra que sai da boca de Deus'“.

A natureza deste alimento - a Palavra - é tal que se pode dizer dele o que se diz de Jesus na Eucaristia que, quando dele nos alimentamos, ele não se transforma em nós, mas somos nós que nos transformamos nele, porque somos, de certo modo, assimilados por ele. Portanto, o Evangelho não é um livro de consolação onde nos refugiamos unicamente nos momentos dolorosos, mas sim o código que contém as leis da vida, leis que não devem ser apenas lidas, mas assimiladas, "comidas" com a alma e, assim, elas nos fazem semelhantes a Cristo em cada momento da vida. Podemos nos tornar outros Jesus atuando plenamente e ao pé da letra a sua doutrina. As suas Palavras são Palavras de um Deus, cheias de uma força revolucionária, inimaginável.

Logo, devemos nos alimentar da Palavra de Deus. E, assim como hoje o alimento necessário para o corpo pode ser concentrado numa única pílula, também nós podemos nos alimentar de Cristo vivendo a cada momento uma única Palavra do Evangelho, porque em cada uma de suas Palavras Jesus está presente. Existe uma Palavra para cada momento, para cada situação da nossa vida. E é a leitura do Evangelho que poderá nos revelar cada uma delas. Então, por amor a Deus, vivamos agora o amor ao próximo que é um concentrado de todas as Palavras.

Chiara Lubich
Fundadora do Movimento Focolare
Fonte: www.focolares.org.br