domingo, 30 de março de 2014

Quaresma e Confissão

O sacramento da Penitência ou Confissão é sinal da graça divina para a restituição do pecador na comunhão da Igreja. O objetivo deste sacramento é a reconciliação: reconciliação com Deus, reconciliação com os semelhantes e reconciliação consigo mesmo. O sacramento da penitência é, em primeiro lugar, um anúncio e uma atuação da misericórdia de Deus.


Jesus deu a toda a Igreja o poder de perdoar os pecados. É ela que é ministra da reconciliação. Mas é o Bispo, como sucessor dos Apóstolos e Pastor da Igreja, quem tem primariamente o poder e a autoridade de perdoar os pecados em nome de Cristo e da Igreja. Pelo sacramento da Ordem, ele recebeu este poder em nome da Igreja toda (Jo 21,22). Este poder – que é um serviço ao desígnio do Pai de reconciliar a humanidade com Ele pelo Filho no Espírito – o Bispo compartilha com os presbíteros (= padres), que receberam também o sacramento da Ordem no grau de sacerdotes.
É importante compreender que o padre não é dono do sacramento da Penitência; é ministro (= servidor): ele somente pode perdoar em nome de Cristo e da Igreja. Então, não pode extrapolar o poder a autoridade que a Igreja lhe concedeu. Em relação aos ministros: eles estão sujeitos à lei do sigilo sacramental. Jamais, direta ou indiretamente, o confessor pode revelar algo que ouviu em confissão. Mesmo que não seja pecado, se a informação foi obtida no sacramento, não pode ser utilizada. Um confessor que viole este sigilo está sujeito a severas penas.
Quanto aos efeitos do Sacramento da Penitência, recordemo-nos que o pecado é uma ruptura da comunhão com Deus que nos desarruma interiormente e nos faz romper com os irmãos na fé. O pecado provoca sempre uma ferida não só em nós mesmos, mas também em todo o Corpo de Cristo, que é a Igreja: eu me torno um membro ferido do Corpo de Cristo, prejudicando todo o Corpo do Senhor.
O perdão nos restitui a amizade de Deus, a sua graça em nós, dando-nos a verdadeira paz interior, sendo uma verdadeira ressurreição espiritual. É um renovar a veste branca batismal. É importante notar que essa paz é dada mesmo quando eu não a sinto de modo sensível. Não se trata de sentimentos, mas da realidade do Sacramento, que é ação de Cristo e da Igreja.
O Sacramento também nos reconcilia com a Igreja, comunhão dos irmãos em Cristo, de quem o pecado nos separa. Assim, eu me torno mais forte, pois novamente estou em comunhão com meus irmãos e com a vida da Igreja, que é dada na Palavra do Senhor e nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia. É importante notar ainda que a Reconciliação fortalece também a Igreja, pois cada membro seu que é curado de seu pecado fortalece todo o Corpo de Cristo. Todos os pecados têm repercussão na Igreja toda!
A Igreja pede que pelo menos uma vez ao ano, na Páscoa do Senhor, nos confessemos e comunguemos. Aqui, é necessário deixar claro que a Igreja nos pede que “façamos Páscoa” e que essa norma não é quantitativa, mas sim a experiência pascal. Não é uma questão de mínimo! Quem ama não dá o mínimo; procura dar o máximo. Assim, para um cristão consciente e que deseja ter uma vida cristã séria, a celebração da misericórdia deve ser constante e muito mais ainda a participação na Eucaristia, que deveria ser ao menos semanal, pelo domingo, dia do Senhor.
Faço um apelo veemente aos caríssimos sacerdotes, párocos, administradores paroquiais e vigários paroquiais para que intensifiquem a oferta de tempo necessário para o atendimento das confissões auriculares em todo o tempo quaresmal. É função primordial do sacerdote atender as confissões para que os fiéis reencontrem a graça santificante. Isso, além dos “mutirões de confissões” que existem por toda a Arquidiocese, quando os padres vizinhos se ajudam mutuamente nessa ocasião.
Portanto, neste tempo Quaresmal somos chamados à conversão e a anunciar a reconciliação, pois esta deve ser acolhida no coração humano para que possa dar frutos. A resposta do homem é chamada comumente de conversão, ou seja, de volta. Não há reconciliação sem a iniciativa de Deus, mas também não há sem a resposta do homem. O sacramento da Penitência supõe essencialmente um diálogo. Por isso, eis que convido você a renovar sua vida cristã e, neste tempo de conversão, a manifestar o acolhimento da misericórdia ao se aproximar deste belo Sacramento da Penitência.
Cardeal Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 
FONTE: CNBB



quarta-feira, 26 de março de 2014

O Decálogo nas Sagradas Escrituras


Ensina o Catecismo da Igreja Católica:

2056 - A palavra “Decálogo” significa literalmente “dez palavras” (Ex 34,28; Dt 4,13; 10,4). Deus revelou essas “dez palavras” a seu povo no monte sagrado. Ele as escreveu “com seu dedo” (Ex 31,18; Dt 5,22), à diferença de outros preceitos escritos por Moisés. São palavras de Deus de modo eminente. Foram transmitidas no livro do Êxodo e no do Deuteronômio. Desde o Antigo Testamento os livros sagrados se referem às “dez palavras”. Mas é em Jesus Cristo, na Nova Aliança, que será revelado seu sentido pleno.

2057 - O Decálogo deve ser entendido em primeiro lugar no contexto do êxodo, que é o grande acontecimento libertador de Deus no centro da Antiga Aliança. Formulados como preceitos negativos, como proibições, ou como mandamentos positivos (como: “Honra teu pai e tua mãe”), as “dez palavras” indicam as condições de uma vida liberta da escravidão do pecado. O Decálogo é um caminho de vida: Se amares teu Deus, se andares em seus caminhos, se observares seus mandamentos, suas leis e seus costumes, viverás e te multiplicarás (Dt 30,16). Esta força libertadora do Decálogo aparece, por exemplo, no mandamento sobre o descanso do Sábado, destinado igualmente aos estrangeiros e aos escravos: Lembrai-vos que fostes escravos numa terra estrangeira. O Senhor vosso Deus vos fez sair de lá com mão forte e braço estendido (Dt 5,15).

2058 - As “dez palavras” resumem e proclamam a lei de Deus: “Tais foram as palavras que, em alta voz, o Senhor dirigiu a toda a vossa assembléia no monte, do meio do fogo, em meio a trevas, nuvens e escuridão. Sem nada acrescentar, escreveu-as sobre duas tábuas de pedra e as entregou a mim” (Dt 5,22). Eis  por que estas duas tábuas são chamadas “O Testemunho” (Ex 25,16). Pois contêm as cláusulas da aliança entre Deus e seu povo. Essas “tábuas do testemunho” (Ex 31,18; 32,15; 34,19) devem ser colocadas “na arca” (Ex 25,16; 40,1-2).

2059 - As “dez palavras” são pronunciadas por Deus no contexto de uma teofania (“Sobre a montanha, no meio do fogo, o senhor vos falou face a face”: Dt 5,4). Pertencem à revelação que deus faz de si mesmo e da sua glória. O dom dos mandamentos é dom do próprio Deus e de sua santa vontade. Ao dar a conhecer as suas vontades, Deus se revela a seu povo.

2060 - O dom dos mandamentos e da Lei faz parte da Aliança selada por Deus com os seus. Segundo o livro do Êxodo, a revelação das “dez palavras” é dada entre a proposta da Aliança, e sua conclusão depois que o povo se comprometeu a “fazer” tudo o que o Senhor dissera, e a “obedecer” (Ex 24,7). O Decálogo sempre é transmitido depois de se lembrar a Aliança (“O Senhor nosso Deus concluiu conosco uma aliança no Horeb”: Dt 5,2).

2061 - Os mandamentos recebem seu pleno significado no contexto da Aliança. Segundo a Escritura, o agir moral do homem adquire todo o seu sentido na Aliança e por ela. A primeira das “dez palavras” lembra o amor primeiro de Deus por seu povo: Tendo o homem, por castigo do pecado, decaído do paraíso da liberdade para a escravidão deste mundo, as primeiras palavras do Decálogo, voz primeira dos divinos mandamentos, aludem à liberdade: “Eu sou o Senhor teu Deus, que lhe fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,2; Dt 5,6).

2062 - Os mandamentos propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à iniciativa amorosa do Senhor. É reconhecimento, submissão a Deus e culto de ação de graças. É cooperação com o plano que Deus persegue na história.

 2063 - A Aliança é o diálogo entre Deus e o homem são ainda confirmados pelo fato de que todas as obrigações são enunciadas na primeira pessoa (“Eu sou o Senhor…”) e dirigidas a um outro sujeito (“tu…”)  em todos os mandamentos de Deus, é um pronome pessoal singular que designa o destinatário. Deus dá a conhecer sua vontade a cada um em particular ao mesmo tempo que o faz ao povo inteiro: O Senhor prescreveu o amor para com Deus e ensinou a justiça para com o próximo a fim de que o homem não fosse nem injusto nem indigno de Deus. Assim, pelo Decálogo, Deus preparou o homem para se tornar seu amigo e ter um só coração para com o próximo… Da mesma maneira, as palavras do Decálogo, continuam válidas entre nós [cristãos]. Longe de serem abolidas, elas foram levadas à plenitude do próprio significado e desenvolvimento, pelo fato da vinda do Senhor na carne.                                                                                                                 
Prof. Felipe Aquino

sábado, 22 de março de 2014

Até que a morte os separe


Ao criar o homem, Deus disse: - É bom que não viva só; façamos para ele uma companheira. Estava constituído pelo Criador o primeiro casal, e assegurada, a partir desse núcleo social, a propagação da espécie humana. Vivendo em sociedade, os homens educariam retamente sua prole, preparariam os caminhos para a salvação, e gozariam por fim da eterna bem-aventurança na pátria celeste.
Com efeito, este primeiro casal simbolizava a família monogâmica e indissolúvel criada por Deus, a qual se tornaria o fundamento indispensável e nobilíssimo da sociedade na qual os homens deveriam viver. E o próprio Cristo Nosso Senhor recordou aos judeus que, com a Sua vinda, as coisas voltariam a ser como no início - ou seja, um homem e uma mulher.
Se Moisés, à época, deu permissão ao libelo de repúdio dos homens às suas mulheres foi em razão da dureza daqueles corações, pois não separe o homem aquilo que Deus uniu. Na verdade, a convivência entre um homem e uma mulher pelo matrimônio indissolúvel exige de ambos um completo domínio, pois o casamento é para sempre, ou seja, até que a morte os separe.
Tendo Jesus Cristo elevado tal união à dignidade de sacramento, os cônjuges devem se comprometer a conviver juntos. Eles são assistidos com as graças necessárias para permanecerem fiéis uns aos outros e cumprir os deveres de seu próprio estado, educando dignamente sua prole para a vida presente e futura. Sendo o casamento de instituição divina e santificado pelo próprio Jesus Cristo nas bodas de Caná, ele representa precioso instrumento de santificação para a maior parte dos homens.
Com tais atributos, o matrimônio deve ser edificado sobre a rocha inabalável da fé, dos bons costumes, da prática de nossa santa religião, da frequência constante e persistente dos sacramentos - sobretudo da confissão e da comunhão -, e da devoção a Sagrada Família, modelo de virtudes para todos os membros da família.
Caso contrário, o casamento desmoronará no primeiro obstáculo que sobrevier ao casal, como vem acontecendo de maneira crescente em nossa sociedade neo-pagã, onde ele passou a ser construído sobre a areia movediça do sentimentalismo romântico, uma paixão desordenada que priva a pessoa da visão clara e objetiva das coisas.
Pe. David Francisquini 
Igreja do Imaculado Coração de Maria-Cardoso Moreira/RJ 



terça-feira, 18 de março de 2014

Coragem


A coragem não consiste em arriscar sem medo. Ao contrário! É preciso estar convicto do que se quer para se ter coragem de agir. Coragem, também, não se traduz por agressividade, ou atitudes intempestivas. Na verdade, a coragem tem no seu bojo virtudes como serenidade, paciência, amabilidade e solidariedade.
Para entender melhor, podemos classificar a coragem em vários tipos:
A coragem física, para enfrentar situações de perigo que coloquem sua vida em risco.
Coragem de convicção; não ter medo de aceitar e propagar as suas crenças.
Coragem moral é aquela capaz de fazer você optar pelo que é ético e justo, mesmo contrariando pessoas influentes ou até o seu circulo de amizades.
Coragem solidária é a coragem de se envolver com as necessidades dos outros. Isso mesmo: Amar o próximo requer muita coragem, sim!
Existe ainda a coragem emocional, para lidar com circunstancias dolorosas e adversas da vida.
A coragem de criar, sem medo de inovar, de quebrar a rotina, de mudar a maneira de ver as coisas.
E o mais elevado grau de coragem, a coragem de perdoar, difícil de ser encontrada em qualquer pessoa. Dar a outra face para o inimigo é um ato que requer coragem e amadurecimento.
E você aí, é uma pessoa de coragem? Então, acorde menina, acorda menino... Porque vida, em si, já é um ato de coragem...
(autor desconhecido)





sábado, 15 de março de 2014

Oração: quanto tempo dedicar por dia?


Duas pessoas que se amam dedicam quanto tempo por dia a conversar? O maior tempo possível!

Hoje em dia, os casais costumam manter uma comunicação constante: buscam tempo para ver-se, mas, quando isso não é possível, ligam, ficam mandando torpedos um para o outro, conversam online, enviam e-mails, tuítes, mensagens no Facebook…

O que acontece quando um dos dois interrompe a comunicação, deixa de atender às ligações, para de enviar torpedos? O relacionamento começa a enfraquecer.

Pois bem, com Deus acontece algo semelhante. Sua relação com Ele será tão sólida quanto for a comunicação entre vocês.

E, para que tal comunicação seja sólida, ela precisa ser contínua. Assim, por exemplo, pela manhã, antes de sair da cama, você pode dedicar uns minutinhos a agradecer-lhe e colocar os dias nas suas mãos.

Ao longo dia, mantenha o que São Francisco de Sales chamava de “constante consciência da presença divina”. Sinta como Ele está com você; dirija-lhe, de vez em quando, uma frase, um olhar interior, um “tuíte espiritual”…

Em algum momento do dia, você pode dedicar pelo menos meia hora a ter um encontro exclusivo com Ele, no qual você lhe dedique toda a sua atenção. Por que meia hora? Porque é o tempo mínimo para que você possa se acomodar em algum lugar, livrar-se das distrações e dispor-se para estar presente de corpo e alma, e então dedicar pelo menos uns quinze minutos à oração propriamente dita.

Por último, antes de dormir, dirija novamente seu olhar a Ele e agradeça-lhe pelo dia, peça-lhe perdão, coloque em suas mãos o que você pretende fazer no dia seguinte.

Isso é o mínimo. Se você puder ir à Missa durante a semana e orar um pouco diante do Santíssimo, melhor ainda.

Há pessoas que dizem aos padres: “Já que o senhor está tão perto de Deus, reze por mim”. Mas por que essa pessoa se resigna a estar longe? Toda pessoa pode estar muito perto de Deus; basta querer dedicar-lhe tempo de qualidade.

(Alejandra María Sosa Elízaga – Fonte: RCC RJ)

 

quarta-feira, 12 de março de 2014

A Tenda Celeste - O Reino dos Céus I



                     “Importa que me glorie? Na verdade, não convém! Passarei, entretanto, às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei; Deus o sabe. E sei que esse homem - se no corpo ou se fora do corpo, não sei; Deus o sabe - foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir. Desse homem eu me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, a não ser das minhas fraquezas. Pois, ainda que me quisesse gloriar, não seria insensato, porque diria a verdade. Mas abstenho-me, para que ninguém me tenha em conta de mais do que vê em mim ou ouve dizer de mim. Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas ele me disse: ‘Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. ’ Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.” (2 Corintios 12, 1- 10)
                         A revelação extraordinária mostra que no menor dos apóstolos não há superioridade, porque o mesmo diz ser o menor dos cristãos e mesmo assim foi levado ao céu em vida e trazido de volta. A Santa Caminhada segue-se com perseguições, tidas pelo apóstolo como glória, é então que a força de Deus se manifesta. 
                    Andamos na fé e não na visão, não vimos a morada celeste, mas por esta passagem sabemos que ela existe e nos espera, porque a graça é eterna.
                   “Nós sabemos: quando a nossa morada terrestre, a nossa tenda, for desfeita, recebemos de Deus uma habitação no céu, uma casa eterna não construída por mãos humanas. Por isto, suspiramos neste nosso estado, desejosos de revestir o nosso corpo celeste, e isso será possível se formos encontrados vestidos, e não nus. Pois nós, que estamos nesta tenda, gememos oprimidos: desejamos ser não despojados, mas revestidos com uma veste nova por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela vida. Aquele que nos formou para este destino é Deus, o qual nos deu a garantia do Espírito. Por essa razão, estamos sempre cheios de confiança. Sabemos que enquanto habitamos nesse corpo, estamos fora de casa, isto é, longe do Senhor, pois caminhamos pela fé e não pela visão. Sim estamos, repito cheio de confiança, e preferimos deixar a mansão deste corpo para irmos morar junto do Senhor. É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe.”
(2 Corintios 5, 1-9)
                       O céu encontrado pelos santos se revela com nitidez extrema neste argumento de São Paulo Apóstolo. Alguém que já foi arrebato e conheceu o céu em vida e voltou para contar, não poderia estar equivocado em afirmar que assim que se deixa esta vida somos revestidos por outra vida. O querer ser revestido com o brilho celeste é tanto que o apóstolo se sente oprimido no corpo humano e ansioso para conquistar o corpo celeste. Afirma e reafirma sua confiança em morar com o Senhor após a morte. E ainda indaga os corações dos cristãos quando diz que, vivos ou mortos nos esforçamos para agradar o Senhor.
                    “O que os olhos não viram os ouvidos não ouviram e o coração humano não imaginou (Is 64,4), foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam.(1Corintios 2, 9)
                     Antes mesmo de existir tempo, Deus planejou nos levar à sua glória. Graça esta que não é possível para a mente humana compreender.
                    “O que desejo e espero é não fracassar, mas, agora como sempre, manifestar com toda a coragem a glória de Cristo em meu corpo, tanto na vida, como na morte. Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se eu ainda continuar vivendo, poderei fazer algum trabalho útil. Por isso é que eu não sei bem o que escolher. Fico na indecisão: meu desejo é partir dessa vida e estar com Cristo, e isso é muito melhor. No entanto, por causa de vocês, é mais necessário que eu continue a viver.” (Filipenses 1, 20-24)
                      Mais uma extrema evidência é revelada pelo apóstolo que, afirma glorificar o Senhor na vida e na morte. Afirma que viver é com Cristo, então morrer nesta vida terrestre é lucro! E fica indeciso, porque quer ir ao encontro de Deus, certo e confiante que entrará no céu, mas precisa ficar na terra e anunciar o Evangelho.

                    “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem "tal como ele é" (1Jo 3,2), face a face (1Cor 13,12): Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem o santo Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de fazê-lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face a face, sem a mediação de nenhuma criatura.” 1023

sábado, 8 de março de 2014

Tempo de Louvor



“Eu vos louvarei Senhor, de todo o coração; todas as vossas maravilhas narrarei. Em vós estremeço de alegria; cantarei vosso nome, ó Altíssimo!” (Sl 9,2).

Hoje é tempo de louvar a Deus. Todo dia é dia de louvar a Deus. Todo tempo é tempo de louvor. O louvor liberta, pois é no louvor que Deus age. O louvor é como fumaça de incenso que sobe aos céus; quando louvamos o céu se abre, e Deus do seu trono de glória derrama sobre nós chuvas de graças, abundantes bênçãos.

Louvamos sempre e sempre incentivamos ao louvor nas assembleias carismáticas. Nos Grupos de oração o louvor é oração quase obrigatória. Então, no que consiste o louvor? Agradecer a Deus pelo que Ele nos faz? Também, mas essencialmente agradecer pelo que Ele representa e pelo que Ele efetivamente é. Louvor é mais que ação de graças. Louvor é elogio sincero e descompromissado ao Senhor nosso Deus.

Louvamos a Deus não pelo que Ele nos faz, mas pelo que Ele é. Apreciamos suas qualidades, sua bondade, sua divindade e seu senhorio, aquilo que Ele é capaz. Por isso o louvor é adequado a qualquer situação que estejamos vivendo. Louvar não pelo sofrimento, mas apesar do sofrimento.  Louvar pelo que de ruim nos acontece é masoquismo, no entanto louvar mesmo que coisas ruins nos acometam, é confiança. E em Deus confiamos sempre. Louvar na alegria, e mesmo na dor, louvar nos bons e maus momentos. Quem louva é como uma árvore fecunda; frutifica sempre, mesmo em tempos difíceis.  Louvemos:

Senhor nosso Deus, louvamos a Ti pela Tua misericórdia infinita, pelo Teu incontido amor. Louvamos e agradecemos por tudo de bom que proporcionas em nossa vida. Louvamos Senhor, mesmo que a tribulação venha nos alcançar e o sofrimento se faça iminente. Louvamos Senhor, pois sabemos que tudo podes, e no final a vitória contigo é certa, pois em Ti somos mais que vencedores. Glórias e louvores a Ti Senhor!

sexta-feira, 7 de março de 2014

Papa Francisco envia mensagem para a Campanha da Fraternidade 2014




Por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2014, que aborda o tema "Fraternidade e Tráfico Humano" e o lema "É para a liberdade que Cristo nos libertou", o papa Francisco enviou mensagem aos bispos da CNBB e a todos os fiéis das dioceses, paróquias e comunidades do Brasil. No texto, o papa afirma que o tráfico de pessoas é uma “uma chaga social”.

“Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano!”, destacou Francisco. 

Ao final da mensagem, Francisco concedeu bênção apostólica a todos os brasileiros desejando uma Quaresma de vida nova em Cristo.

Confira a íntegra da mensagem:

Queridos brasileiros,

Sempre lembrado do coração grande e da acolhida calorosa com que me estenderam os braços na visita de fins de julho passado, peço agora licença para ser companheiro em seu caminho quaresmal, que se inicia no dia 5 de março, falando-lhes da Campanha da Fraternidade que lhes recordo a vitória da Páscoa: (Gal 5,1). Com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras da morte e do pecado. Durante os próximos quarenta dias, procuraremos conscientizar-nos mais e mais da misericórdia infinita que Deus usou para conosco e logo nos pediu para fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem: . Neste sentido, visando mobilizar os cristãos e pessoas de boa vontade da sociedade brasileira para uma chaga social qual é o tráfico de seres humanos, os nossos irmãos bispos do Brasil lhes propõe este ano o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”.

Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! (Discurso aos novos Embaixadores, 12/XII/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada?

Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens materiais... E isso – pasmem! A troco da minha dignidade de filho e filha de Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito Santo que clama dentro de nós: (cf. Gal 4,6). A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando piso-a no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado, quando estive junto de vocês afirmei que o povo brasileiro dava uma grande lição de solidariedade; certo disso, faço votos de que os cristãos e as pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf. Evangelii gaudium, 75).

Com estes auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros, para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 21), despertando em cada coração sentimentos de ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de bom grado lhes envio uma propiciadora Bênção Apostólica.


Vaticano, 25 de fevereiro de 2014. 
Francisco
Fonte: CNBB


 
 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quem São os Anjos?


Anjo não é história nem conto de fadas. Anjo é um espírito celeste e com personalidade própria. Eles são muitos e diferentes uns dos outros; exatamente como nós, que, como pessoas, somos diferentes uns dos outros e temos personalidades distintas. Porém, são superiores a nós, pois não precisam de um corpo e, assim, não estão sujeitos às limitações que nosso corpo nos impõe.

A existência dos anjos é uma verdade de fé. O Catecismo da Igreja Católica traz esse título no número 328: “A Existência dos anjos – Uma Verdade de Fé”. “A existência dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito deles é tão claro quanto a unanimidade da Tradição”. (ver CIC, p.328)

Etimologicamente, anjo significa "mensageiro", o que, como afirma Santo Agostinho, indica a função e não a natureza. Os anjos podem ser definidos como “substâncias intelectuais, puramente espirituais, criadas por Deus e superiores aos homens”. Sendo “puros espíritos”, não possuem um corpo, embora alguns padres e escritores eclesiásticos tenham lhes atribuído certa corporeidade.
Quase todas as páginas da Bíblia atestam a existência desses puros espíritos. Basta recordar os querubins que guardam o Paraíso terrestre (Gn 3,23); os três anjos que aparecem a Abraão (Gn 18,19); o Arcanjo Rafael, que acompanha Tobias e o liberta (Tb 5,1ss); o Arcanjo Gabriel, que anuncia a Encarnação do Verbo; os anjos que anunciam o nascimento de Jesus aos pastores, Sua Ressurreição (Lc 1;9,28;24,1ss); os inúmeros anjos do Apocalipse (1;11;8,4ss).

Com base na Escritura e na Tradição, a Igreja definiu como “verdade de fé” não apenas a existência dos anjos, mas também sua criação. Comumente, considera-se que eles foram criados antes dos homens, em número indeterminado. A Sagrada Escritura, especialmente São Paulo, que evoca a tradição, informa-nos que os anjos são distribuídos em nove hierarquias: Querubins, Serafins, Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos.

Depreende-se das Sagradas Escrituras que os anjos não são iguais em dignidade; há anjos superiores e inferiores. Suas funções também são diferentes. A Bíblia fala em anjos da guarda (Mt 18,10; At 12,15); de guias das criaturas (Tb 12); de protetores de cidades e nações (Dn 12,1); de anjos que louvam a Deus e executam Suas ordens (Lc 2,13ss); de anjos que estão diante do trono de Deus (Tb 12,15). Fala também, diversas vezes, de fileiras inumeráveis, de imensos exércitos celestes. Tudo isso faz pensar em uma ordem, uma hierarquia celeste – como mencionado acima – no topo da qual se reconhece o Arcanjo São Miguel (Ap 12,7-9).

No próprio ato da criação, os anjos foram “elevados à ordem sobrenatural”, mas nem todos perseveraram nela. Muitos abusaram de sua liberdade e, num ato de soberba, rebelaram-se contra Deus, sendo, imediatamente, punidos e condenados ao inferno. Santo Tomás de Aquino ensina que cada anjo não apenas é diferente dos outros, mas também constitui, por si, uma “espécie”. Ainda de acordo com ele, os anjos estão presentes em determinados lugares, onde executam sua ação específica.
 (Tema extraído do livro “Anjos companheiros do dia” – fonte: Canção Nova)



sábado, 1 de março de 2014

Viver pra mim é Cristo


O filósofo chinês Confúcio (sec. V A.C) deixou um aforismo que nos faz refletir: “Quando nascestes todos riam só tu choravas. Viva de tal modo que quando morreres  todos chorem, só tu rias”. Como o pensamento de um filósofo pagão pode ser aplicado a minha vida, sendo eu cristão? Pode sim ser aplicado, pois apesar de cristãos, não devemos ser fideístas extremados. No mais, este pensamento não fere nem interfere negativamente na doutrina cristã.

Como rir com, ou diante da própria morte? Se vivemos em Cristo, em Cristo e com Cristo morremos, é motivo mais que suficiente para não temer a morte e passar para a vida eterna em paz, na certeza da plenitude na companhia dos santos e dos anjos, da contemplação da face de Deus. 

Viver de tal modo que ao morrer todos chorem, só tu rias... Rir, sorrir, enfim alegrar-se, não temer. O cristão autêntico não teme a morte, pois crê na vida eterna, na ressurreição. Cristo ressuscitou, ascendeu ao Pai e há de voltar para resgatar os seus. Neste dia que há de vir não sabemos quando, mas virá, todos serão contemplados; os vivos sobre a terra terão seus corpos transformados e as almas dos que se foram, ressuscitarão num corpo incorruptível. Uns para a glória, outros para a condenação. Esta é a nossa fé.  Se vivermos de modo a conquistar a glória eterna, não teremos o que temer.

Jesus Cristo morreu, ressuscitou, subiu aos céus. Morreu morte de cruz para que pudéssemos viver, ressuscitou para nos dar vida eterna, e na ascensão nos abriu as portas do paraíso. Isto Jesus fez por nós; é promessa de Deus para nós a vida eterna com Ele na Glória. É nosso direito, mas não podemos afirmar que é garantido. Por parte Dele por certo, mas de nossa parte nem tanto. O céu é direito nosso, nos espera, mas temos que conquistá-lo. Se vivermos de modo a conquistar... Está escrito acima. Então o que fazer? Aquilo que Jesus Cristo nos pede, ou seja: amar a Deus sobre tudo; amar ao próximo como a si mesmo; respeitar o outro, ainda que esse outro seja diferente de você; perdoar sempre; fazer o nome de Jesus conhecido e amado. Em suma, vivenciar as virtudes teologais: fé, esperança e amor.

Em outra oportunidade dissemos que cristão é alguém que imita Cristo e por extensão aqueles que no lo apresentaram: Maria, os Apóstolos, os Santos. Se quisermos viver conforme a palavra, os ensinamentos de Cristo, os mandamentos de Deus, imitemos aqueles que doaram suas vidas, alguns literalmente, pela causa do Evangelho. Possamos realmente dizer como São Paulo Apóstolo: “Não sou mais eu que vivo, mas cristo que vive em mim”. (Gl 2,20) E ainda: “Viver para mim é Cristo, morrer para mim é ganho” (Fl 1,21).  Imitemos pois aqueles por cujas virtudes valem ser imitados.