quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dias Santificados – Preceitos


Conforme o Código de Direito Canônico, tempos sagrados, são aqueles que, por disposição da autoridade eclesiástica, se destinam de modo especial ao culto divino e à santificação própria. São os chamados dias de festa e dias de penitência. E somente a Santa Sé é competente para instituir e abolir os dias de festa e de penitência comuns para toda a Igreja. Ao bispo diocesano compete estabelecê-los, unicamente para um dia ou dias determinados, só ocasionalmente. Já as Conferências Episcopais podem abolir ou transferir para o domingo algumas festas de preceito, com prévia aprovação da Sé Apostólica.
                Assim, na Igreja Universal, temos os seguintes dias de festa ou dias de preceito, além do domingo, no qual se celebra o mistério pascal e que deve ser observado como festa primordial de preceito: Natal, Epifania, Ascensão, Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, Santa Maria Mãe de Deus e sua Imaculada Conceição, e sua Assunção, São José, Santos Apóstolos Pedro e Paulo, e Todos os Santos. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a aprovação da Santa Sé, estabeleceu como festa de preceito (no Brasil): Natal (25/12), Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (variável: quinta feira após o domingo da Santíssima trindade), Santa Maria Mãe de Deus (01/01) e sua Imaculada Conceição (08/12). As outras festas de preceito foram transferidas para o domingo de acordo com as normas litúrgicas. A festa de preceito de São José foi abolida, permanecendo a sua celebração litúrgica.

                Nestes dias de festa, os cristãos católicos têm a obrigação de participar da missa; e devem abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do dia do Senhor e o devido descanso da pessoa humana. É esta a forma de santificar os dias de festas, como um preceito que está em vigor na Igreja, desde os seus primeiros tempos.

sábado, 26 de abril de 2014

Uma fé viva vence a superstição


Vi ou ouvi, não lembro quando, a frase: quando a chama da fé enfraquece, acende a lâmpada da superstição. Fé é a iluminação interior que nos faz crer naquilo que não vemos e/ou ainda não aconteceu. Superstição é crendice, ideia falsa a respeito do sobrenatural. Pela fé, nós cristãos cremos e aceitamos a encarnação da Palavra Viva, Jesus; também pela fé cremos que sua morte de cruz é penhor de salvação para todos; cremos na sua ascensão aos céus e no seu retorno. Ainda pela fé, nós católicos acreditamos na presença real de Jesus na Eucaristia. Portanto, Jesus e seu sacrifício salvífico são o centro da fé cristã.  
Nós católicos cremos também na intercessão dos santos e dos anjos, mas isso não invalida a premissa de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Isso porque essa intercessão passa por Jesus, ou seja, é efetuada em nome e através de Jesus; de outra forma seria ineficaz, na realidade impossível. Jesus é a ponte que faz chegar ao Pai a súplica dos intercessores, sejam os santos no céu ou nós na terra.
Aqui está de maneira super resumida o âmago da nossa fé. Não é questão dogmática nem doutrinária, é pura e simplesmente questão fundamental da fé cristã. O que estiver fora disso intrinsicamente é contrário aos ensinamentos da Igreja.
A superstição onde entra? Já mencionamos aqui a respeito dos folhetos contendo correntes de oração, novenas às almas aflitas, orações (ditas) poderosas – não de intercessão, mas de atuação efetiva de santos populares – deixadas na matriz paroquial. Quando as encontro, rasgo-as e jogo no lixo. Certa vez ao fazer isso, fui interpelado por alguém que deixara tais correntes; com paciência e afabilidade, apesar de certo destempero inicial da pessoa, expliquei-lhe que aquilo não era o modo adequado de culto, aproveitando a ocasião para anunciar o querigma. Tal pessoa acalmou-se, ouvindo com atenção a explanação que culminou numa catequese básica.  
Por que relato este episódio? Porque muitas pessoas não conhecem sequer o básico, os fundamentos da fé.  Sua fé é fraca, incipiente; não há luz suficiente, apenas um lusco fusco. Aí então, como diz o ditado, a lâmpada da superstição se acende e acende forte. O tipo de superstição comentado é apenas o mais leve. Há piores, totalmente contrários à doutrina da Igreja, tais como a crença em horóscopos, benzedeiras, quiromancia, cristais energéticos, sem citar as falsas doutrinas.
Amados irmãos e irmãs, nos esforcemos para aprender ao menos o mínimo necessário para professar a nossa fé com autoridade e segurança. Sejamos íntimos da Palavra de Deus na leitura diária da Bíblia, aumentando assim a intensidade da fé; consultemos regularmente o CIC (Catecismo da Igreja Católica) para conhecer melhor o que nos ensina a Igreja a respeito dos dogmas e da escritura sagrada.   Assim a chama da fé é intensamente aumentada, iluminando mais e mais nosso coração, nossa mente, e apagando de vez a lâmpada da superstição.



quarta-feira, 23 de abril de 2014

Leigos no Coração da Igreja


Na evangelização, uma parceria que dá certo é o trabalho dos sacerdotes e dos fiéis leigos. Sem nunca competir, mas em espírito de cooperação e unidade, os leigos podem chegar aonde nós padres não podemos. Estão presentes em realidades que, muitas vezes, não alcançamos, por isso são uma ferramenta importante na ação evangelizadora.

Leigos bem formados e conscientes de sua identidade cristã fecundam as diversas realidades da vida secular onde estão inseridos, a partir de seus lares até o trabalho, o comércio, a política, entre outros. Evangelizam pelo seu testemunho de vida, que fermenta toda a massa com a força do Evangelho.


"Homens da Igreja no coração do mundo" – homens e mulheres batizados, atuantes, influenciando a vida do mundo, transformando realidades e construindo comunhão pela retidão de sua vida, pela luta constante do dia a dia para serem melhores uns para os outros.

"Homens do mundo no coração da Igreja" – pessoas de carne e osso, plenamente humanas, sintonizadas com o tempo presente, porém, orientadas por valores cristãos e alimentadas pelo Evangelho. Pessoas que, permanecendo no mundo e acompanhando sua transformação, continuam firmes na orientação de Deus e na vivência do Evangelho.

Como o fermento, que, sem aparecer, tem a força de fermentar toda a massa, os fiéis leigos contribuem diretamente para a construção do Reino de Deus, a partir de realidades muito concretas. São verdadeiros discípulos e missionários do Evangelho, promotores da vida e comunicadores dos valores evangélicos.

Reconheço, com alegria e humildade, que muito do que pude fazer, na minha vida pastoral como sacerdote, aconteceu graças à saudável parceria com diversos leigos – homens e mulheres, jovens solteiros e diversos casais –, que aceitaram o desafio de serem, no mundo, uma extensão da missão da Igreja para a construção de um mundo novo. A Canção Nova é uma prova concreta dessa parceria que dá certo. Você pode somar com a nossa missão ou também na sua paróquia, com o sacerdote que aí está. Certamente, vocês farão juntos muito mais.

Deus seja louvado pela vida de todos os fiéis leigos, pois eles são um dom de Deus e um instrumento eficaz para a ação da Igreja. Chegar aonde nós padres não conseguimos chegar e ser uma testemunha viva do Evangelho, eis uma linda missão com um vasto campo de ação: o mundo.

Com minha bênção, Monsenhor Jonas Abib - Fundador da Comunidade Canção Nova.

sábado, 19 de abril de 2014

Busque o reconhecimento de Jesus!


É muito triste um discípulo de Jesus querer ser aplaudido e reconhecido, porque anuncia o Senhor!

”É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela é completa. É necessário que Ele [Jesus] cresça e eu diminua” (João 3, 29-30).

João, aquele que é o precursor do Senhor, mostra e aponta para nós qual é o sentido do discipulado e da espiritualidade daquele que segue Jesus e O reconhece como Senhor e Salvador. Convém que o Senhor cresça e, à medida que Ele cresça, que nós diminuamos, que nós desapareçamos; e que somente Ele apareça por nosso intermédio. Depois São Paulo diz: ”Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!”

Meus irmãos, nós, muitas vezes, no caminho do Senhor, buscamos reconhecimento, aplausos, dignidade, títulos e tantas outras coisas. É muito triste um discípulo de Jesus querer ser aplaudido e reconhecido porque anuncia o Senhor! É muito triste a cultura em que se vive para o anúncio do Reino de Deus, quando, muitas vezes, pregadores se fazem de ídolos; quando, muitas vezes, cantores e pessoas que vivem para anunciar o Reino de Deus aparecem mais do que o Senhor.

Não, nós não podemos permitir que o nosso nome, a nossa pessoa e o que nós fazemos sejam mais importantes do que o nome de Jesus! Não podemos virar ídolos nas mãos e na boca do povo,  Jesus, o Senhor, fugiu disso. E nós que somos Seus discípulos não podemos ceder a esta terrível tentação, que o próprio demônio levou Jesus a querer ser seduzido por ela: a tentação do poder, a tentação do prazer, de ser exaltado, reconhecido e louvado entre as pessoas.

Quando nós nos aproximamos de Jesus, quando a nossa espiritualidade com Ele é concreta, o que menos importa é o nosso nome; e o que mais importa é o nome de Jesus e o Reino de Deus. Muitas vezes, o nosso nome vai ser apedrejado, desprezado. Louvado seja Deus à medida que não tenhamos títulos nem reconhecimento por aquilo que  fazemos. Louvado seja Deus quando anunciamos o Seu Reino e Jesus passa ser amado e nós desaparecemos.

Que Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo (Sacerdote da Comunidade Canção Nova) 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A Comunhão dos Santos – O Reino dos Céus II


                     “Irmãos, não queremos que vocês ignorem coisa alguma a respeito dos mortos, para não ficarem tristes, como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que aqueles que morreram em Jesus serão levados por Deus em sua companhia. Eis o que declaramos a vocês, conforme a palavra do Senhor: nós, que ainda estaremos vivos, por ocasião da vinda do Senhor, não teremos nenhuma vantagem sobre aqueles que já tiverem morrido. Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, que estivermos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.” (1 Tessalonicenses 4, 13 –18)
                        Existe um lugar, um estado mais que espiritual onde aqueles que durante a vida neste mundo agradaram a Deus, e morreram em sua amizade, serão levados para junto de todos os santos que igualmente estão na companhia do Altíssimo. Isto é, o Reino dos Céus.
                       “Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas o brilho dos celestes difere do brilho dos terrestres. Uma é a claridade do sol, outra a claridade da lua e outra a claridade das estrelas; e ainda uma estrela difere da outra na claridade. Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível; semeado no desprezo, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso; semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual. Como está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente (Gn 2,7); o segundo Adão é espírito vivificante. Mas não é o espiritual que vem primeiro, e sim o animal; o espiritual vem depois. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo veio do céu. Qual o homem terreno, tais os homens terrenos; e qual o homem celestial, tais os homens celestiais. Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno, precisamos reproduzir as feições do homem celestial.” (1 Corintios 15, 40 – 49)
                       O divinamente inspirado autor é claro ao afirmar que haja corpos celestes, no plural, pouco depois de dizer que Cristo foi o primeiro a entrar no Reino dos Céus. E reafirma que, o mesmo acontece, no presente, com a ressurreição dos mortos, no plural.
                        Por sua vez, é feita a separação, o corpo terrestre fica aqui na terra e o corpo celeste vai para o celestial. Destacando que, mais uma vez o plural aparece em homens celestes. Se há homens celestes é porque são humanos e não os anjos, que são chamados pela Bíblia de seres gloriosos ou simplesmente anjos, mas nunca são chamados de homens. 

                     Quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito.” (1Corintios 6, 17)

                        Se alguém morre na graça e na amizade com Deus, esta pessoa está unida ao Espírito. Portanto, é com Deus um só Espirito no céu.
                        “Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é. E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro.” (1 João 3, 2 –3)
                      Quanto a nossa união plena com o Senhor, nossa vida eterna após a morte nesta tenda passageira que habitamos agora, seremos filhos do Pai Eterno que não quer se separar de nós, porque nos ama. Assim nos ensina O Catecismo da Igreja Católica:
                     “Essa vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominada "o Céu". O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.” 1024
                    “Viver no Céu é "viver com Cristo". Os eleitos vivem "nele", mas lá  conservam - ou melhor, lá  encontram – sua verdadeira identidade, seu próprio nome.” 1025
                    “Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.” 1026

                   “Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo supera toda compreensão e toda imaginação. A Escritura fala-nos dele em imagens: vida, luz, paz, festim de casamento, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, Paraíso. "O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam" (1Cor 2,9).” 1027

sábado, 12 de abril de 2014

Amai os vossos inimigos



A lei do Talião foi um salto qualitativo diante da simples vingança desmesurada; ela indicava que não se deveria retaliar além da ofensa recebida; neste sentido, buscava uma convivência baseada na justiça. O que seria de alguém indefeso, cujo inimigo poderoso resolvesse retribuir uma palavra que lhe desagradara com a força das armas?
Jesus, no entanto, vem superar a justiça dos homens. Para ele não basta retribuir na mesma medida aquilo que nos fizeram, aquilo que “outro fez a você, faça a ele”; mas sim aquilo que Deus fez com  você, faça ao outro. A referencia agora, para o cristão, não será mais o mal que nos fizeram, mas o bem que Deus nos faz. Sinceramente, seria possível colocar isso em prática, oferecer a outra face a quem nos esbofeteou? Humanamente falando, não! Então Jesus nos pediria o impossível? Jesus na cruz já nos deu o seu exemplo, perdoando seus inimigos e pedindo por eles; não nos pede apenas, mas nos dá a graça, a força  para realiza-lo com a efusão do Espírito Santo em Pentecostes e em nosso batismo. Por mais difícil que possa ser perdoar, sabemos que o que importa não é aquilo que sentimos, mas o que do fundo do coração queremos. É a vontade, não o instinto que nos deve mover. Se queremos perdoar de coração, por mais difícil que seja para nós, já perdoamos.

Muitos há que, diante disso, nos perguntam o que seria da humanidade se realmente todos agissem desse modo; não seria o triunfo da injustiça?  Certamente se todos vivessem esta disposição, não haveria que dar a outra face, porque não haveria quem esbofeteasse a face de ninguém. Se o mundo vivesse as palavras de Jesus não haveria injustiça, nem guerras. Quando um cristão procura viver os ensinamentos do Senhor, isso não significa que ele deverá abrir mão da justiça, sem a qual não há paz, mas sim da vingança feita com as próprias mãos, fruto estéril e venenoso de um coração sem Deus.

Toda a vez em se dá lugar à sede de vingança e não ao desejo de justiça, o homem mergulha naquilo que em nossa natureza temos de mais selvagem. Sabemos, por experiência, até onde pode ir uma sociedade que na prática, vive a lei de Talião. Em conflitos como aqueles que caracterizam a convivência entre hebreus e palestinos, por exemplo, quanto sofrimento de ambas as partes... Que o Bom Deus nos ajude a construir na justiça um mundo onde realmente reine a verdadeira paz.    

(do folheto A Missa – Arquidiocese do Rio de Janeiro)                                                             

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Se não houver amanhã


A Palavra de Deus nos alerta para estarmos sempre vigilantes, pois não sabemos dia nem hora da vinda do Senhor. Seu retorno é iminente, pode vir a qualquer momento; pode ser hoje, amanhã, semana que vem, daqui a um mês, um ano, uma década. Não importa, Ele virá, ou iremos ao encontro dele inevitavelmente. “Quem é, pois, o servo prudente que o Senhor constituiu sobre os de sua família, para dar-lhes o alimento no momento oportuno? Bem aventurado aquele servo a quem seu Senhor, na sua volta, encontrar procedendo assim! Em verdade vos digo, ele o estabelecerá sobre todos os seus bens. Mas se é um mau servo que imagina consigo: ‘Meu senhor  tarda a vir’, e se põe a bater em seus companheiros e a comer e beber com os ébrios, o senhor desse servo virá no dia em que ele não espera e na hora em que ele não sabe e o despedirá e o mandará ao destino dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes”  (Mt 24,45-51).

O texto bíblico em referência tem quase dois mil anos, mas é atualíssimo. Quantos têm o procedimento do servo mau; são desobedientes, omissos, desonestos, violentos. Quanta gente quer aproveitar a vida – ela é curta, dizem – de maneira frenética. Vivem frivolamente, descompromissados com o próximo, levando a vida de forma egoísta e hedonista. Não importa que o outro passe fome, desde que ele esteja saciado. Buscam uma vida de prazeres, sem se preocupar com o bem estar dos demais. Se for bom para ele, ótimo, mesmo que prejudique os outros; “tô nem aí!” Assim muitos vivem de maneira dissoluta, sem pensar no amanhã, sem pensar nas consequências. “De que vale ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a vida eterna?” (cf. Mt 16,26a).

Há gente que diz: “vou viver a vida do meu jeito enquanto sou jovem e posso aproveitá-la; vou fazer o que quero, vou me permitir tudo. Mais tarde, na velhice, procuro uma igreja, peço perdão a Deus e fica tudo bem.” Hipócrita, faz planos pensando iludir a Deus e na verdade se ilude. Não imagina a possibilidade de findar a vida antes de envelhecer. Aí morre em pecado (...o servo virá no dia em que ele não espera, na hora em que ele não sabe e o despedirá e o mandará ao destino dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes). Mesmo envelhecendo, se a busca por Deus tiver essa intenção; fez o que fez, tudo quanto podia, agora velho, limitado, convenientemente “se converte”. Ledo engano; Deus vê o coração e conhece nossas intenções. Não há perdão dos pecados sem arrependimento, sem a reta intenção de mudança. Isso não significa que pessoas que têm, ou tiveram, uma vida desregrada possam se arrepender sinceramente a qualquer tempo, não importando a idade.

Não sabemos o dia de amanhã, não sabemos sequer se haverá um amanhã. Ontem passou, já o vivemos; hoje é agora, estamos vivendo. O amanhã é futuro, é incógnita, e em Deus haveremos de vivê-lo. Portanto, como não conhecemos o amanhã – podemos no máximo conjecturar – vivamos de tal modo que se Cristo voltar agora, ou se Ele nos chamar, que nos encontre preparados, tal qual o servo fiel e honesto em quem Ele confiou. 

sábado, 5 de abril de 2014

Se Jesus voltasse agora?


Se Jesus voltasse agora, nesse momento, como nos encontraria? Estaríamos prontos para esse encontro, ou tentaríamos nos esconder? Se você ouvisse a noticia: Jesus está aqui, voltou revestido de glória para resgatar os seus, para separar os justos dos pecadores, o que você faria? Correria para Ele e se prostaria em adoração, ou fugiria como Balaão?

Se Jesus chegasse agora por certo não encontraria paz na terra. Encontraria fogo. Não o fogo que Ele gostaria de encontrar, a chama viva e ardente do Espírito Santo, mas o fogo devorador, as chamas do ódio, das desavenças, da desunião entre os povos, da desunião entre aqueles que se dizem seus, os cristãos. É certo, há também os de boa vontade, os que semeiam amor, os que têm o coração abrasado pela chama de amor do Espírito Santo. Em que fogueira você está? Na fornalha ardente do coração de Jesus ou no fogo devorador do pecado?

Devemos fazer tudo para estar e permanecer nos caminhos do Senhor, caminhar no Espírito, viver segundo a Palavra de Deus, experimentar as obras de misericórdia, e assim estarmos prontos (ou quase) para a volta gloriosa de Cristo. Se assim Ele nos encontrar, por certo ao nos prostrarmos em adoração, nos tomará pela mão e nos levará com Ele em Sua Glória. E aquele que está longe Dele, dos seus caminhos? “Quem me segue não andará nas trevas...” logo, sendo a recíproca verdadeira, quem não o segue estará nas trevas. Quem o segue titubeante, um pé nas trilhas Dele, outro no mundo, estará na penumbra; um passo em falso cai nas trevas, no entanto, um passo bem dado o retorna à luz. Se estamos vacilantes, em ziguezague, cai não cai, não desanimemos, busquemos a luz, e luz do mundo é Jesus. O mundo nos oferece caminhos demais – reza a canção – choramos, rimos, mas nem sempre somos felizes; as coisas do mundo não nos satisfazem. Isso porque nossa alma é grande demais e só Deus pode enchê-la. Por isso a mesma canção nos adverte: “Hoje seus passos se perdem na estrada; nem sempre você tem chegada. Entregue seu caminho a Deus, entregue seu caminho a Deus”.

Como está seu coração? Firme na fé, porém tenro e afável na misericórdia e no amor, ou está como porcelana, fina e delicada, mas quebradiça e que se esfacela ao menor impacto? Seja como for, que esteja em Jesus. Pois em Jesus, seu coração se fortalece, se consolida na fé, no amor e na misericórdia.

Se Jesus voltar agora que nos encontre assim, caminhando firmes na fé, de coração manso e humilde como o Dele; trilhemos esse caminho; caminho difícil, às vezes lacrimoso, mas seguro, pois caminhamos com o Mestre Senhor de tudo e de todos, o guia seguro de nossa vida, pois que Ele mesmo é o Caminho; caminho que leva a santidade, a vida eterna na glória celestial.  Assim seja!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Ele me amou e se entregou por mim



As palavras do Apóstolo dão sentido pessoal a obra da Redenção efetuada por Jesus Cristo: Ele fez por cada um o que fez por todos. Ele o fez com amor gratuito, existente desde todo o sempre e concretizado no momento histórico próprio. “Entregou-se (…)”. Entregou-se à Paixão e à morte de Cruz, após o que ressuscitou. Pergunta-se; por que se entregou a tão doloroso desfecho?  O Pai gosta de sangue e sofrimento?

A resposta exclui de Deus todo tipo de sadismo, como bem se compreende. Ele ressalta que o Filho de Deus quis sofrer para identificar-se com os homens e salvá-los; assumiu as consequências do pecado (não o próprio pecado) a fim de lhes dar sentido novo: “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus” (2 Cor 5,21). O Filho de Deus se fez solidário com os homens pecadores, a fim de tornar os homens solidários com a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. São Paulo explana enfaticamente esse jogo da história da salvação: fala do primeiro Adão, que foi também até a morte, mas por obediência e amor; Ele assim quis resgatar o caminho da morte, santificando-o e furando finalmente a morte pela sua ressurreição (cf. Rm 5,12-19).

A Paixão de Jesus, com tudo o que ele tem de cruel e ignominioso, evidencia aos homens o que é o pecado: é destruição, é perda da dignidade, é morte do homem. Especialmente a cena do horto das Oliveiras é eloquente: apresenta Jesus como homem, acabrunhado pela previsão da dor e da indiferença da humanidade à sua Paixão, a ponto de suar sangue: “Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E, cheio de angústia, orava com mais insistência ainda, e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caíram por terra” (Lc 22,43s). O pecado prostra e esmaga o homem, embora, por sua força sedutora, pareça momentaneamente ser a resposta aos anseios do indivíduo.

Estas verdades retornam à mente do cristão no mês de março, mês de Quaresma ou de reflexão sobre a Paixão de Cristo. Cada ano a Quaresma, embora utilize sempre os mesmos textos bíblicos, assume significado novo: em 1995 vemos o mundo flagelado por guerras, fratricidas em diversos continentes e pelo libertinismo de costumes no Ocidente: os grupos de música e dança rock, apelando para o Maligno e suscitando a sensualidade baixa e blasfema nas multidões, vêm a ser indiretamente um apelo aos cristãos para que procurem participar mais conscientemente da expiação prestada por Cristo. Afinal que resposta podem os cristãos dar ao mundo desvairado? Mais eficaz do que o recurso à violência é o que Elizabeth Leseur formulava nos seguintes termos: “Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”. Eis a GRANDE RESPOSTA, a ser dada em união com Aquele que nos amou e se entregou por nós!

D. Estevão Bettencourt, osb - Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” - Nº 394 – Ano: 1995 – p. 97

terça-feira, 1 de abril de 2014

Segunda etapa do Projeto Kareebi leva crianças para escola


Depois de quase 18 meses de missão no país de Uganda, parte do sonho da RCC do Brasil iniciado pelas missionárias, Rita de Cássia e Fabiany de Souza, começa a se realizar. As 50 crianças ugandeses visitadas há quatro meses pelas nossas missionárias já estão matriculadas nas escolas e com material escolar em mãos.
O momento da matrícula e da entrega do material foi muito esperado pelas crianças e seus pais, que ainda pareciam não acreditar no que presenciavam: “Estavam todos nos esperando na paróquia, pais e crianças, conforme havíamos combinado com o pároco local. Não estavam sentados em cadeiras ou aguardando em uma sala confortável de espera. Estavam ali, sentados no chão mesmo, em volta do lugar que foi possível organizar para atendê-los. Que alegria vê-los outra vez! Ficamos sabendo que não estavam acreditando que era verdade que seus filhos seriam ajudados e que chegaram a pensar que talvez nós não fôssemos voltar mais”, relatam as missionárias.
Durante a partilha com os pais das crianças, as missionárias pediram compromisso com seus filhos na escola e disseram que a ajuda não foi provida por elas, mas por padrinhos e madrinhas que se sentiram tocados através de uma campanha realizada pela Renovação Carismática Católica do Brasil.
Elas passaram por quatro escolas orientando os pais, fazendo a matrícula das crianças e entregando parte do material necessário para este início das aulas, para que pudessem iniciar os estudos o mais rápido possível.
Tocadas pela felicidade estampada no rosto de cada um, as meninas aproveitaram o momento da entrega para evangelizar os pais: “Tudo isso foi possível porque Deus os ama. E porque Ele os ama, somos capazes de amar as vossas crianças”.
Em retribuição, os familiares agradeceram a todos os padrinhos e madrinhas, pelo amor expressado em atos às suas crianças.
A felicidade em poder ver o projeto se concretizar já pode alcançar os padrinhos e madrinhas no Brasil que acompanham a página oficial da Missão África no Facebook. A pedagoga de 28 anos, da cidade de Sorocaba/SP, Juliana Lima é uma delas:
“Ao ver o Projeto Kareebi na segunda etapa o sentimento que tenho é de profunda alegria. Primeiro por ver o quão grande é a ação do Espírito Santo que vem agir em nosso meio realizando os sonhos do coração de Deus. Segundo, por poder colaborar e pelos irmãos e irmãs que possuem o coração tão dócil ao mover dEle dando-o liberdade e levando em frente este convite mais do que especial de apadrinhar uma criança. Mesmo com suas dificuldades, não se calaram e não abafaram a voz de Espírito Santo. E em terceiro lugar, o quanto o pouco pode ser muito na vida destas crianças! O Senhor com certeza está muito feliz ao contemplar tudo aquilo que Ele tem sonhado se realizando, não só lá na África, mas também aqui na nossa realidade. Isso é apenas o começo de um lindo projeto, porque nós podemos ir além divulgando em nossas Paróquias, Comunidades, universidades... para que mais crianças possam desfrutar deste direito. Eu, que sou professora, imagino a felicidade destes pais ao poderem ver esta graça chegando para seus filhos. Uma graça que talvez eles pensassem que não viveriam e estes pequenos sejam um dos primeiros passos de suas trajetórias. Que sejam pessoas guerreiras e nunca desistam de seus sonhos. Eu os amo!”.

Fonte: www.rccbrasil.org.br