sábado, 20 de março de 2010

Cores Liturgicas

Quando vamos à Igreja, notamos que o altar, o tabernáculo, o ambão e até mesmo a estola usada pelo sacerdote combinam todos com uma mesma cor. Percebemos também que, a cada semana que passa, essa cor pode variar ou permanecer a mesma. Se acontecer de, no mesmo dia, irmos a duas igrejas diferentes comprovaremos que ambas utilizam as mesmíssimas coisas. Dessa forma, concluímos que as cores possuem algum significado para a Igreja. Na verdade, a cor usada em um certo dia é válida para toda a Igreja, que obedece um mesmo calendário litúrgico. Conforme a missa do dia - indicada pelo calendário - fica estabelecida determinada cor. Mas o que simbolizam essas cores?

VERDE
Simboliza a esperança que todo cristão deve professar. Usada nas missas do Tempo Comum.

BRANCO
Simboliza a alegria cristã e o Cristo vivo. Usada nas missas de Natal, Páscoa, etc... Nas grandes solenidades, pode ser substituída pelo amarelo ou, mais especificamente, o dourado.

VERMELHO
Simboliza o fogo purificador, o sangue e o martírio. Usada nas missas de Pentecostes e santos mártires.

ROXO
Simboliza a preparação, penitência ou conversão. Usada nas missas da Quaresma e do Advento.

ROSA
Raramente usada nos dias de hoje, simboliza uma breve "pausa" na tristeza da Quaresma e na preparação do Advento.

PRETO
Também em desuso, simboliza a morte. Usada em funerais, vem sendo substituída pela cor Roxa.


Ano Litúrgico
A Estrutura do Ano Litúrgico

Ciclo do Natal
O Ciclo do Natal começa com o Advento, inclui o Natal propriamente dito, passa pela Epifania e termina na festa do Batismo de Jesus, após o que será iniciado a primeira semana do tempo comum.

Advento
É o ponto de partida e de chegada do Ano Litúrgico. É o tempo de expectativa diante do Cristo que irá nascer. A espiritualidade está focalizada na Esperança e Purificação da Vida. O ensinamento da Igreja Católica está direcionado para o anúncio da vinda do Messias e lembra a espera da humanidade, escrava do pecado, pelo libertador. Por isso é tempo de penitência e conversão. A cor predominante é a Roxa, mas recomenda-se a rósea no III domingo do advento. A cor rosada no altar, na mesa da palavra e nas vestes litúrgicas lembra-nos uma espera alegre, enche nossos corações de esperança e nos ajuda a distinguir do tempo quaresmal, marcado pelo roxo de penitência. São as quatro semanas que antecedem o Natal.

Natal
Lembra o nascimento de Jesus em Belém, em que celebramos a humanidade do nosso Deus e festejamos a Salvação que entra definitivamente em nossa história. Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo é comemorado no dia 25 de todo ano. A cor utilizada é a branca ou amarela. A festa do Natal começa com a vigília do Natal, no dia 24 de dezembro, e se prolonga até o dia 6 de janeiro.

Epifania
Celebrada no dia 06 de Janeiro de cada ano. É uma festa que lembra a manifestação de Jesus como Filho de Deus. Aqui aparecem os reis magos para mostrar que esta manifestação é a todas as nações da Terra. Além da solenidade da Epifania existem outras manifestações do Senhor celebradas no Ciclo de Natal, como, por exemplo, a festa da Apresentação do Senhor, no dia 2 de Fevereiro. É conhecida também como Festa de Nossa Senhora das Candeias. A cor predominante é também a branca.

Tempo Comum
(1ª Parte)
O início do tempo comum acontecerá por volta de todo dia 14 de Janeiro após o Batismo de Jesus e o término da comemoração ocorrerá na véspera da quarta-feira de cinzas. A espiritualidade visa a esperança e escuta da palavra e o ensinamento baseia-se no anúncio do Reino de Deus. A cor usual é verde.

Ciclo da Páscoa
A primeira parte do Ciclo da Páscoa começará pela Quaresma, cujo espiritualidade tem como foco a Penitência e Conversão . O ensinamento estará voltado para a Misericórdia de Deus. A segunda parte diz respeito à Páscoa propriamente dita. A Alegria de Cristo Ressuscitado constitui a espiritualidade da Páscoa. Tem-se como ensinamento a Ressurreição e vida eterna e a cor usada é a branca.

Quaresma
Começa com a quarta-feira de cinzas e se estende até o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Sendo tempo de penitência e conversão, a Igreja se exercita de maneira especial no jejum, esmola e oração; nesse período omite-se o canto do glória na eucaristia. É a preparação para a Páscoa do Senhor. Os quarenta dias da quaresma lembram a caminhada de quarenta anos do povo de Deus no deserto. A cor usada é a Roxa; como no tempo do Natal, a cor rósea pode ser usada no quarto domingo da quaresma, representando tristeza. O ponto alto desse tempo é a Semana Santa.

Páscoa
Começa com a Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa. Neste dia é celebrada a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. A cor utilizada é a branca, que representa a ressurreição, vitória, pureza e alegria; é a cor dos batizados. Pela manhã, acontece a missa do crisma, que reúne todos os padres da (arqui) diocese em torno do bispo. Na sexta-feira, celebra-se a paixão e a morte de Jesus sendo que a cor utilizada é a vermelha. É o único dia do ano que não tem missa em nossas igrejas. Acontece apenas uma Celebração da Palavra. No sábado acontece a solene Vigília Pascal. Este é o tríduo pascal que prepara o ponto máximo da páscoa: o domingo da ressurreição. A palavra páscoa significa passagem. Para nós, cristãos, é a passagem do pecado e da morte para a graça e para a vida. A Festa da Páscoa não se restringe ao Domingo da Ressurreição. Ela se estende até a Festa de Pentecostes.

Pentecostes
É celebrado 50 dias após a Páscoa. Jesus ressuscitado volta ao Pai e nos envia o Paráclito. É o Espírito Santo que anima a Igreja na caminhada em direção à casa do Pai. A cor utilizada é a vermelha que lembra o fogo do Espírito Santo. Ele nos dá força para testemunhar a verdade e nos socorre com seus dons.

Tempo Comum
(2ª Parte)
Na segunda-feira, após o Pentecostes, será iniciada segunda parte do Tempo Comum, cujo término só ocorrerá na véspera do primeiro domingo do Advento. A vivência do Reino de Deus é o tema da espiritualidade e o ensinamento está voltado para a assertiva de que os cristãos são o sinal do Reino de Deus. A cor a ser utilizada será a verde.

domingo, 14 de março de 2010

Deserto interior


Há dias em que nos sentimos vazios, como uma cisterna seca. Dias em que nosso pensamento vagueia sem direção nem sentido. Não conseguimos concatenar nosso pensamento; há um vazio de idéias, nada nos anima, nada nos apetece. É como se fosse uma prostração intelectual, emocional, ou mesmo espiritual.
Este estado de alma é o que podemos chamar de preguiça mental, em nível do intelecto, e aridez ou deserto espiritual, no nível das emoções ou mais profundamente no espírito.
Ao contrário do que muitos crêem o deserto é um tempo rico, muito rico. É um tempo em que somos chamados a sairmos das observações exteriores e adentrarmos a uma vida interior.
Aqui o Senhor nos toma pela mão e nos conduz a uma arrumação, a uma faxina interior. Mais que uma simples pintura externa, somos convidados a por ordem na casa interior, na alma, no coração. Esta desordem é causada pelos ressentimentos, medos, mágoas, falta de perdão, ciúmes, rancores. Todo este fardo nos leva a um estado de prostração, angustia, melancolia, depressão.
Arrumar esta confusão dentro do nosso coração é tarefa árdua, que só executamos auxiliados, conduzidos pelo Espírito Santo em nossa vida de oração, no Sacramento da Reconciliação, na vida na Palavra de Deus, no Sacramento da Eucaristia. É tarefa árdua e cheia de dificuldades, obstáculos, mas se perseverarmos sairemos mais fortalecidos.
Precisamos aderir ao plano de Deus, nos conFORMARmos à sua vontade, pois nosso coração, esta casa em desordem é a Morada de Deus. E Deus quer arrumar a sua casa. Peçamos o auxilio do Espírito Santo nesta missão:
Vinde Espírito Santo renovar nossas forças.
Concedei-nos Espírito Santo estarmos abertos à obra de Deus em nossas vidas.
Livra-nos de nos amedrontarmos diante das dificuldades.
Conceda-nos perseverar sem nos fatigarmos.
Amém.

sábado, 6 de março de 2010

Secularismo



Abordaremos o tema secularismo vs. Religião. O que vem a ser secularismo? Secularismo é o mundo em oposição a Igreja. É o ateísmo que confronta a religiosidade. Tudo que o mundo prega que contraria a existência de Deus. Mas o que somos sem Deus? O homem se esquece que Deus sem o homem continua Deus, e no entanto o homem sem Deus é nada.
O texto do livro de Macabeus em 1Mac 1,33-37 nos mostra Jerusalém tomada por Antioco Epifanes, um rei de origem macedônica, um dos herdeiros do império de Alexandre o Grande. Lembra-nos também a apostasia de alguns judeus aliados ao opressor.
Hoje nos deparamos com um mundo semelhante ao descrito, virado de pernas para o ar, cercado de toda sorte de iniqüidades, oprimido pelo mal. O mundo criado por Deus para nosso deleite, transformado em fonte de pecado. Mundo que por causa da nossa desobediência, como Jerusalém, foi entregue ao inimigo.
Às vezes somos considerados “chatos”, falamos sempre a mesma coisa, batemos na mesma tecla, advertimos sobre os mesmos perigos; mas não podemos calar ante a iniqüidade; devemos denunciar sempre, assim Deus quer que façamos. Lembremo-nos do rolo queimado, em Jeremias 36. O rolo contendo as profecias contra Joaquim, rei de Judá, que mandou queimar o rolo. Porém Deus suscitou a Jeremias que providenciasse outro rolo, ao qual foram acrescentadas novas profecias. De nada adianta tentar deter os desígnios de Deus, simplesmente os ignorando ou calando a voz do profeta.
Nos dias de hoje, lamentavelmente, jornais populares exaltam atitudes erradas, mormente da juventude. Psicólogos incentivam sexo, infidelidade, adultério e até, mesmo que veladamente, o aborto! Propagam escandalosamente falsas doutrinas, esoterismo. Deturpam deliberadamente a imagem da Igreja, enfatizando o misticismo, as crendices populares, nunca a verdadeira doutrina. Somos bombardeados constantemente por uma rede de desinformação!
Diz o versículo 33: (...). A muralha que nos cerca é o pecado, a desobediência, tudo que nos afasta de Deus. Quem pactua com o mundo ajuda a levantar essa muralha. Se você meu irmão pactua com o mundo, deixa-se levar, propaga o que o mundo oferece, com certeza você está se cercando, se afastando de Deus.
O mundo oferece muitos caminhos; coisas que trazem dor e morte. Sempre haverá dor nas coisas do mundo, mas não é por saber disso que iremos nos desesperar. O homem bom, justo, procurará levar consolo, tirar a dor; o homem mau a espalhará e a levará consigo aonde quer que vá e o homem tolo, egoísta, nem mesmo a notará, a não ser em si próprio. Mas o mau, assim como o tolo e o homem bom não vieram do nada e não estão sozinhos; vieram de Deus e estão numa multidão juntos, partilhando o mesmo mundo. O homem mau, quase sempre não sabe que é mau e deve portanto, ser perdoado todos os dias.
Deus não nos obriga a nada, somos livres para escolher nosso caminho; Deus não nos obriga a servi-lo, não nos obriga sequer a segui-lo. Somos livres até para pecar. É certo que Deus não fica feliz com nosso pecado, pelo contrário, nosso pecado ofende a Deus. Quando pecamos ferimos o coração de Jesus; crucificamos Jesus a cada dia com o nosso pecado. Mas mesmo assim ele não nos obriga a nada! Ele poderia mudar tudo, a hora que quisesse, quando quisesse, como quisesse, mas não o faz. Porque nos ama; e porque nos ama nos deixa livres para escolher o caminho.
A permissão divina para tudo que acontece é um grande mistério e não nos cabe buscar o entendimento. Mas não devemos esquecer que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus.
O mundo está aí, vivemos nele; estamos no mundo, mas não somos do mundo, ou ao menos não devemos ser. Somos de Cristo! Vamos lutar para transformar o mundo, que sejam como nós.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Olho por olho - Coração por coração


“Dói muito ser queimado vivo, dói muito. Dói no corpo, dói na alma” (vitima de facínoras no ônibus incendiado no Rio de Janeiro em 03/03).

Dói na alma... Dói na alma tomar conhecimento da barbárie que assola nossa cidade, nosso pais, a terra inteira. Crimes hediondos, atentados terroristas, massacres de inocentes em guerras insanas mundo afora, tudo isso nos afronta. No Brasil a impunidade generalizada, no mundo a insolência dos fortes tripudiando sobre os fracos.
No livro dos Salmos 12(13), o salmista num lamento questiona: “Até quando Senhor, de todo vos esquecereis de mim? Até quando aninharei a angustia em minha alma, até quando se levantará o inimigo contra mim?” (vv. 2-4), para logo após exprimir confiança: “Iluminai meus olhos com vossa luz (...) antes possa meu coração regozijar-se em vosso socorro!” (vv. 5-6).
Somos passiveis de sentimentos de vingança tipo olho por olho; afinal somos seres carnais. Contudo, não podemos deixar que a carne e o sangue falem mais alto. Não é coerente indignar-se com a crueldade sendo cruéis. Somos seres carnais, no entanto também espirituais. O ser humano é constituído de corpo, alma, espírito. O espírito iluminado pela fé e enlevado pela graça; a alma, a vida sensível e também a razão sem a graça, e o corpo a área material, nossa parte visível, palpável, receptáculo da graça. Se a carne clama por vingança, a alma deve sobrepujá-la e clamar por justiça. Acima de tudo, enlevado pela graça, o espírito se doa em perdão. Entenda-se, perdoar não é aceitar resignadamente o que se fez contra nós, isentando o agressor de culpa (afinal a alma clama por justiça). Ao contrário, perdoar é reconhecer que fomos feridos, que alguém nos ofendeu e mesmo assim não lhe desejar o mal. Imputando culpa sim, porém sem imprimir ódio nem desejo de vingança no coração.
Em vista de toda maldade imperante no mundo, coloquemos nossa confiança no Senhor que fez o céu e a terra e a todos ama igualmente, mereçam ou não. Dói, dói muito; mas do mesmo modo como Deus concede-nos gratuitamente a misericórdia, aprendamos também a perdoar. Talvez assim o mundo fique melhor.
Perdoar é ir além, é dar mais (per + donare = doar mais). Portanto só perdoa quem é generoso, caridoso, ama e por amor é capaz de se doar. O outro passa dos limites e nos tira algo; nós ultrapassamos nossos próprios limites e lhe damos o que ele não mereceria. Isso é perdão.