sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Teoria do gênero



 


Nos dias de hoje, pouco a pouco, a palavra "sexo" está sendo substituída pela palavra "gênero". Antes se falava em "discriminação de sexo"; agora se fala em "discriminação de gênero". Tudo parece muito inocente. Afinal, "sexo" possui um significado secundário, subentendendo relação sexual ou atividade sexual. "Gênero" parece mais delicado e refinado. Ledo engano, pois, por trás da palavra "gênero", agora adotada por muitos, para substituir a palavra "sexo", há uma teoria, um programa e uma política de atuação arquitetados para que venham a prevalecer certos conceitos acerca desse tema... Explico-me. 
A teoria do gênero é uma hipótese segundo a qual a identidade sexual do ser humano depende do ambiente sociocultural e não do sexo - homem ou mulher - que o caracteriza, desde o instante da concepção.
Assim, o nosso sexo biológico não seria mais importante do que o fato de alguém ser alto ou baixo, branco ou afrodescendente; a identidade, feminina ou masculina, teria pouco a ver com as características biológicas do nosso corpo, pois essa identidade seria, de fato, imposta pela sociedade. Sem outra escolha, desde a mais tenra idade cada pessoa interiorizaria o papel que supostamente deve desempenhar na sociedade, na condição de homem ou de mulher. Segundo essa teoria, o nosso gênero deveria ser alicerçado na nossa orientação sexual, a qual somos livres para aceitar. Essa orientação poderia ter formas diversas, bem como poderia alterar-se ao longo dos anos.
Em outras palavras: a teoria do gênero subestima a realidade biológica do ser humano. Valoriza, sim, a construção sociocultural da identidade sexual, opondo-a à natureza. Enquanto "sexo" designa a realidade biológica - menino ou menina -, "gênero" designa a dimensão social do sexo. De acordo com essa teoria, o termo "gênero" designa a masculinidade ou feminilidade construída pelo ambiente social e cultural (idioma, educação, modelos propostos etc.). O gênero não dependeria do sexo biológico: seria subjetivo, pois obedeceria à percepção que cada indivíduo tem de si mesmo e da sexualidade que escolheu viver.
As consequências dessa teoria são imensas. Nasce, assim, um novo "modelo" familiar. A família - formada a partir de um casal composto por um homem e uma mulher - não seria mais legítima do que outras formas de "família". 
Biologicamente, todo ser humano é homem ou mulher. Desde o nascimento, a educação e a cultura, absorvidas pelo ser humano em formação, interagindo com o meio social e, sobretudo, com a presença dos pais (pai e mãe) e das pessoas com quem a criança convive, permitem que ela construa, pouco a pouco, a sua identidade de menino ou menina. Assim, a criança forma a sua identidade sexual do ponto de vista psicológico, cultural. É natural que o comportamento social (o gênero) esteja em harmonia com o sexo biológico.
Os adeptos da teoria do gênero pretendem que, por um simples ato de vontade, poderíamos alterar a realidade do que somos, escolhendo a nossa identidade sexual: "Eu não sou o corpo que tenho". Desconectar o sexo do gênero e considerar que a identidade sexual repousa apenas sobre o gênero resulta em apagar uma evidência anatômica. O nosso corpo mentiria para nós? Adotar essa teoria significa querer uma sociedade baseada numa ilusão.
Sejamos realistas: nascemos menino ou menina. A procriação necessita de pai e mãe. A criança precisa de pai e mãe para se desenvolver, para construir a sua personalidade. Observamos que em casos de dificuldade os psicólogos apelam para o pai e a mãe para solucionar o problema relacional do filho. As respostas do pai e da mãe enriquecem umas às outras, complementam-se e permitem resolver os problemas.
Por fim, lembro o que poderia ter sido colocado no início do texto, e que está no começo da Bíblia: "E o Senhor Deus disse: `Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda´... Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne" (Gênesis 2,18.24).
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Passos firmes pelo Espírito Santo: 48 anos de Renovação Carismática Católica


A Renovação Carismática Católica completa 48 anos de existência. O Movimento inspirado por Deus para difundir a Cultura de Pentecostes tem uma história cheia de graças e bênçãos. Uma caminhada de mais de quatro décadas que está marcada com diversos testemunhos e experiências fervorosas com o amor de Deus através do Espírito Santo.
Entre 17 a 19 de fevereiro de 1967, sob a luz do Paráclito, mais de 30 pessoas, dentre elas jovens estudantes e professores, se reuniram em retiro na Universidade de Duquesne, em Pittsburg, na Pensilvânia, para orar e estudar a Bíblia. Neste evento, em dado momento, os participantes foram levados a se colocarem diante do Santíssimo Sacramento, mal sabiam o que o Senhor lhes propunha, mas foram dóceis ao que Ele lhes pedia.
Os jovens ali presentes tiveram a experiência do Batismo no Espírito Santo. Um Pentecostes pessoal acontecia na vida deles e o poder do Espírito se manifestava de diversas formas. Mas aquele ardor que havia sido infundido pelo Espírito Santo não acabou junto ao conhecido Retiro de Duquesne. Revigorados através do batismo no Espírito, os estudantes e professores começaram a difundir essa experiência para outras pessoas, tal como os apóstolos fizeram depois de Pentecostes (cf. Atos 4,31).
Após toda essa experiência, a Renovação Carismática Católica foi crescendo e se difundindo pelo mundo inteiro. Grupos de Oração foram formados, retiros realizados e a cada dia podia se ver que mais pessoas tinham seu encontro pessoal com Deus por meio do Batismo no Espírito Santo.
Com o seu crescimento, o Movimento foi confirmado e abençoado por diversos Pontífices. Papa Paulo VI afirmou que era necessária uma renovação no Espírito; João XXIII trouxe o Concílio Vaticano II; Papa João Paulo II desejou “vida longa aos carismáticos”, quando se encontrou com líderes da RCC; o Papa Bento XVI falou sobre a importância da propagação da Cultura de Pentecostes, “que é tão necessária”, e Papa Francisco chamou a RCC de “corrente de graça para a Igreja”.
Comemorando seus 48 anos, a RCC continua viva, apresenta-se cada vez mais missionária, mas sabe que ainda há muito a amadurecer e que precisa ser cada vez mais efetiva em suas ações de evangelização. Por isso, o ICCRS (Serviços Internacionais da Renovação Carismática Católica) propõe um aprofundamento da identidade do Movimento e intensificação de missões como preparação para o Jubileu de Ouro da RCC a ser celebrado em 2017, na Praça de São Pedro em Roma.
Celebrando os 50 anos da RCC
Em comunhão com o Movimento de todo o mundo, a Renovação Carismática Católica do Brasil se organiza para estar presente neste momento de profunda intimidade com o Espírito Santo e grande festa!
Por isso, a RCCBRASIL oferece um pacote especial de peregrinação para o Jubileu de Ouro. São oito dias de peregrinação por Roma, com saída em 29 de maio de 2017 e retorno no dia 5 junho. Aos interessados que adquirir o pacote até 28 de fevereiro o valor é de R$4.880,00 mais a taxa de adesão de R$180,00. Após esta data, o valor será de R$5.880,00.
Para saber sobre as formas de pagamento, conhecer os pacotes adicionais e outras informações, entre em contato pelo e-mailperegrinacao@rccbrasil.org.br ou pelo telefone (12) 3151-4155.
Ao relembrar todas essas maravilhas neste dia, queremos junto com a RCC do mundo, glorificar a Deus pelas inúmeras graças derramadas ao longo desses 48 anos, pelas incontáveis famílias que foram transformadas pelo Batismo no Espírito Santo, pelos muitos encontros pessoais com Jesus, pelos tantos corações que um dia foram impactados ao saber: “Jesus te ama!”.
Que pela intercessão da Beata Elena Guerra, nós, Renovação Carismática Católica, sejamos semeadores eficazes da Cultura de Pentecostes. Que sejamos tão apaixonados por Jesus, a ponto de colocar nossa vida em missão! E continuemos sempre atentos ao mover do Espírito, que nos conduz a caminhar sempre de acordo com sua vontade.
(www.rccbrasil.org.br)




domingo, 22 de fevereiro de 2015

O sentido cristão do sexo


Antes de tudo o casal cristão precisa conhecer bem o sentido do sexo no plano de Deus. Ele o quis. De todas as alternativas possíveis que Deus poderia ter empregado para gerar e manter a espécie humana, Ele escolheu a relação física e espiritual do amor conjugal. Deus quis que o casal humano fosse o arquétipo da humanidade, e que sua geração fosse por meio da via sexual.
Além disso, por meio deste ato, quis aprofundar o amor do casal. Então, a conclusão a que se chega, é que Deus não só inventou o sexo, mas o dotou de profunda dignidade e sentido, e por isso colocou normas para ser vivido de maneira correta, para que não causasse desajustamento e sofrimento.
Deus quis que o ser humano fosse material e espiritual, algo como uma síntese bela do animal que apenas tem corpo, com o anjo que apenas é espírito.
E dotando-o de corpo quis que o homem fosse sexuado como os animais; porém, a sua vida sexual devia ser guiada não pelo instinto, como nos animais, mas, pela alma, e iluminada pela inteligência, embelezada pela liberdade, conduzida pela vontade e vivida no amor.
A vida sexual é algo muito sublime no plano de Deus; por isso, jamais um casal deve pensar que Deus esteja longe no momento de sua união mais íntima; pois este ato é santo e santificador no casamento e querido por Deus.
O amor conjugal tem um sentido único; o amor entre dois seres do mesmo sexo, como, por exemplo, pai e filho ou dois amigos, não contém a complementação no plano físico. O uso do sexo no seu devido lugar, no casamento, bem entendido nos seus aspectos espiritual e psicológico, é um dos atos mais nobres e significativos que o ser humano pode realizar; pois ele é a fonte da vida e da celebração do amor. A virtude da castidade, mais do que consistir na renúncia ao sexo, significa o seu uso adequado.
Diz o Dr. Alphone H. Clemens, Diretor do Centro de Aconselhamento da Universidade Católica da América, Washington, D.C., sobre o ato sexual:
“É um ato de grande beleza e profunda significação espiritual, pois o amor conjugal entre dois cristãos em estado de graça, é uma fusão de dois corpos que são templos da Trindade, e uma fusão de duas almas que participam da mesma Vida Divina… Por outro lado, usado com propriedade, torna-se uma fonte de união, harmonia, paz e ajustamento. Intensifica o amor entre o esposo e a esposa, e funciona como escudo contra a infidelidade e incontinência. A personalidade humana integral, mesmo nos seus aspectos sobrenaturais, é enriquecida pelo sexo, uma vez que o ato do amor conjugal também é merecedor de graças” (Clemens, 1969, p. 175).
Afirma Raoul de Gutchenere, em “Judgment on Birth Control” que:
“Foi reconhecido há já bastante tempo, que […] as relações sexuais produzem efeitos psicológicos profundos, especialmente sobre a mulher”, uma vez que o esperma absorvido por seu corpo, desempenha um papel dinamogênico, promovendo o equilíbrio. De modo geral, o ato de amor conjugal provoca o relaxamento, vigor, autoconfiança, satisfação, sensação geral de bem estar, sensação de segurança e uma disposição que conduz ao esquecimento de atritos e tensões de menor importância entre o casal” (Apud Clemens, p. 177).
Não é à toa que São Paulo, há 2000 anos já recomendava aos cônjuges cristãos: “não vos recuseis um ao outro… afim de que Satanás não vos tente” (1Cor 7,5).
A recusa do sexo sem motivo pode representar não apenas uma injustiça para com o cônjuge, mas também o perigo de o expor à infidelidade e o casamento ao fracasso. Isso mostra que os casais não devem ficar muito tempo separados quaisquer que sejam os motivos, especialmente por razões menores. O afastamento prolongado deles pode gerar uma situação de estresse especialmente para o homem. Alguns conseguem superar essa abstinência sexual forçada com uma sublimação religiosa, mas nem todos tem a mesma disposição.
No entanto, é preciso dizer que os especialistas mostram em suas pesquisas que “outros fatores que não o sexo são mais importantes para a felicidade matrimonial”, uma vez que muitos casais superam seus problemas e angústias com um amor autêntico.

Prof. Felipe Aquino  (Trecho retirado do livro: A vida sexual no casamento – Editora Cléofas)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O amor pode terminar?


Quando tempo pode durar o casamento? Ou ainda, quando é que ele começa a desmoronar? Até há pouco, pensava-se que as primeiras crises chegassem depois de sete anos de “feliz” convivência. Em seguida, o tempo se abreviou, e o prazo de sua validade foi reduzido para cinco anos. Ultimamente, um levantamento feito pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, com aproximadamente 10.000 casais, descobriu que o amor não sobrevive mais de três anos – dado que coincide com outro estudo feito no Reino Unido, entre 2.000 casais.
«Paixão eterna só existe na ficção», afirma o psicólogo Bernardo Jablonksi, autor do livro: “Até que a vida nos separe: a crise do casamento contemporâneo”. Contudo, as diversas separações que ele atravessou podem provir do fato de ter identificado o amor com a emoção: «Na paixão, você sofre, deixa de se alimentar, não consegue dormir. Não poder durar!».
Dessa confusão não escapa outro psicólogo de renome, Aílton Amélio. Fundamentado no princípio de que tudo na vida precisa ser alimentado para não morrer, ele conclui: «O amor pode terminar, porque precisa ser nutrido por fatos. É como andar de motocicleta: se parar, cai».
Apesar da dificuldade de distinguir as coisas, o cineasta Roberto Moreira consegue descortinar uma luz no fundo do túnel: «O amor pode ser eterno, mas a probabilidade é pequena. Relacionamento que dure mais de dez anos é um sucesso». Referindo-se ao seu filme “Quanto dura o amor?”, lançado em 2009, Moreira apresenta a solução do enigma: «Talvez o melhor título fosse “Quanto dura a paixão?”, porque o amor só existe quando o parceiro deixa de ser uma projeção nossa».
Como já se tornou lugar-comum afirmar, amor é a palavra mais inflacionada do planeta. Diz tudo e não diz nada! Pode ocultar um egoísmo tão atroz que seu fruto é o desespero e a morte.
Contudo, para os cristãos, sua realidade resplandece como o sol. Quem encontrou seu pleno significado foi o evangelista São João. Por que ele é o único dos apóstolos que, por mais vezes, se declara o “discípulo amado” por Jesus? A resposta é simples e… deslumbrante: porque foi ele quem escreveu a página mais comovedora da Bíblia e fez a descoberta mais revolucionária da história: «Deus é amor. Quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele» (1Jo 4,16).
Mas, o que é o amor? Eis a resposta de São João: « Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. O amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e nos enviou o seu Filho para nos libertar de nossos pecados» (1Jo 4,9-10).
Para São João, amar é dar o que de melhor existe no coração humano – sem dúvida, fruto do sacrifício – para que a pessoa que está ao lado tenha uma vida digna e plena. Assim como faz Deus, que oferece o que de mais precioso tem: seu filho Jesus.  Amar é sair de si mesmo, é esvaziar-se de seus interesses para que o outro se liberte e se promova, em seu sentido mais verdadeiro e profundo. Por isso, o amor exige autodomínio e heroísmo, ao pedir que nos coloquemos diante de cada pessoa sem levar em conta as emoções, as mágoas, os apegos e os preconceitos que se aninham em nosso coração. Amar é tomar sempre a iniciativa: «Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho».
O amor humano, embora bonito, misterioso e arrebatador, não é suficiente para preencher o espírito humano. Se é indispensável para iniciar um casamento, é insuficiente para mantê-lo de pé a vida inteira: «O fato de sermos amados por Deus enche-nos de alegria. O amor humano encontra sua plenitude quando participa do amor divino, do amor de Jesus que se entrega solidariamente por nós em seu amor pleno até o fim» (Documento de Aparecida, 117).
O que pode acabar – às vezes, com uma rapidez tão espantosa que se transforma em seu contrário – é a emoção, o sentimento, a emotividade. Mas o amor verdadeiro nunca termina, simplesmente porque se identifica com Deus. Nessa simbiose divina, ele passa a ter a fisionomia de Deus: paciente e prestativo, humilde e perseverante, misericordioso e gratuito: «Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (Cf. 1Cor 13,4-7).
Dom Redovino Rizzardo, cs - Bispo de Dourados – MS


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Viver e caminhar no Espírito


“Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (Gl 5,25). Este versículo bíblico foi tema do ENF 2015 – Encontro Nacional de Formação para coordenadores e ministérios da RCC Brasil). Mais que tema, que motivação, foi moção para todo o ano 2015. Indo além, mais que tema, mais que moção, é ordem de Deus para toda a vida. Enquanto caminhamos nesta terra, andemos de acordo com aquilo que o Espírito Santo coloca em nosso coração; caminhemos com ele, guiados por Ele, para que ao chegar a plenitude de nosso tempo sejamos levados por Ele, através de Jesus, ao Pai.
No texto bíblico onde o versículo acima está inserido, no verso 18, Paulo nos diz que quem vive sob a ação do Espírito Santo não está sob o jugo da lei. O que isso significa para nós hoje? Estamos largados, a revelia da lei? Podemos fazer o que quisermos? Não! Isso significa que quem vive e caminha com o Espírito Santo não transgride a lei, seja tanto a lei civil (dos homens) como a lei de Deus (os mandamentos). Isto se faz naturalmente, em decorrência da ação do Espírito Santo mesmo que desconheçamos as leis.
Todos batizados temos o Espírito Santo, até o pior bandido. Uma frase de um famoso escritor me chama a atenção; diz assim: “No pior homem do mundo existe algo de cada um de nós; em cada um de nós existe algo do pior homem do mundo”. O que seria esse algo? Podemos fazer alusão ao Espírito Santo. Então, ter o Espírito Santo e caminhar no Espírito são coisas diferentes. Viver no Espírito é experimentar, sentir a presença; é obra de Deus. Andar no Espírito é agir, deixar-se levar; é dever do homem. Viver no Espírito é estado de Graça. Andar no Espírito é obediência.
Somos batizados, somos filhos de Deus e como tal, sejamos obedientes nos abrindo a ação do Espírito Santo, nos deixando conduzir por Ele, conhecendo e amando esse Deus maravilhoso que nos ama intensamente. Deus digno de todo louvor, Deus apaixonado!  Deus apaixonado por cada um de nós, apaixonado por você. Não confundamos com paixão humana, um sentimento intenso, porém efêmero. A paixão de Deus é uma paixão de sacrifício, de sangue derramado. A paixão de Deus por nós é perene. No sacrifício salvifico de Jesus pela humanidade fica claro seu imenso amor, sua paixão desmedida. Podemos dizer sim, com toda certeza, Deus é um Deus apaixonado.
Abramo-nos a ação do Espírito Santo, sintamos no coração esse amor ardente e possamos ouvir sua voz suave a nos dizer: Sou apaixonado por você, sou seu Deus.  




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Por que um católico não deve consultar horóscopo?


O diabo não busca outra coisa senão fechar e obstruir a estrada de nosso retorno a Deus
A astrologia pretende definir a vida humana a partir da posição ocupada pelos astros no dia do nascimento da pessoa. A astrologia e o horóscopo são cultivados desde remotas épocas antes de Cristo, ou seja, desde a civilização dos caldeus da Mesopotâmia, por volta de 2500 a.C.. Nessa época, os estudiosos pouco sabiam a respeito do sistema solar e dos astros em geral.
Segundo o grande mestre D. Estevão Bettencourt, tal “ciência” é falsa por diversos motivos:
1 – Baseia-se na cosmologia geocêntrica de Ptolomeu; conta sete planetas apenas, entre os quais é enumerado o Sol;
2 – A existência das casas do horóscopo ou dos compartimentos do zodíaco é algo de totalmente arbitrário e irreal;
3 – Os astros existentes no cosmo são quase inumeráveis; conhece-se interferências deles no espaço que outrora se ignorava. É notório também o fato de que os astros modificam incessantemente a sua posição no espaço. Por que então a astrologia leva em conta a influência de uma constelação apenas?;
4 – A astrologia incute uma mentalidade fatalista e alienante, que deve ser combatida, pois não corresponde aos genuínos conceitos de Deus e do homem. Registram-se erros flagrantes de astrólogos. (Revista PR, Nº 266 – Ano 1983 – Pág. 49).
Uma pesquisa realizada nos EUA mostra que seguir os horóscopos “pode fazer mal à saúde mental”. O estudo foi publicado na revista “Journal of Consumer Research” e descobriu que pessoas que leem o horóscopo diariamente são mais propensas a um comportamento impulsivo ou a serem mais tolerantes com seus “desvios” quando a previsão do zodíaco é negativa. Cientistas das universidades Johns Hopkins e da Carolina do Norte recrutaram 188 indivíduos, que leram um horóscopo desfavorável. Os resultados mostraram que para as pessoas que acreditam que podem mudar o seu destino, um horóscopo desfavorável aumentou a probabilidade de elas caírem em alguma “tentação”. “Acreditava-se que, para uma pessoa que julga poder mudar o seu destino, o horóscopo deveria fazê-la tentar modificar alguma coisa em seu futuro”, disseram os autores da pesquisa. No entanto, viu-se o oposto: aqueles que acreditam no horóscopo, quando veem que a previsão é negativa, acabam cedendo às suas “tentações”, levando-os a um comportamento impulsivo e, eventualmente, irresponsável.( Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/horoscopo-faz-mal-saude-mental-11063132)
Uma prova do erro da astrologia é a desigualdade de sortes de crianças nascidas no mesmo lugar e no mesmo instante, até mesmo dos gêmeos. Veja por exemplo caso de Esaú e Jacó (Gen 25). Se os astros regem a vida dos homens, como não a regem uniformemente nos casos citados? Quem conhece os gêmeos sabem muito bem disso.
Santo Agostinho, já no século IV, combatia veementemente as superstições e a astrologia. No seu livro ‘A doutrina cristã’ escreve: “Todo homem livre vai consultar os tais astrólogos, paga-lhes para sair escravo de Marte, de Vênus ou quiçá de outros astros”.
Querer predizer os costumes, os atos e os eventos baseando-se sobre esse tipo de observação, é grande erro e desvario. O cristão deve repudiar e fugir completamente das artes dessa superstição malsã e nociva, baseada sobre maléfico acordo entre homens e demônios. Essas artes não são notoriamente instituídas para o amor de Deus e do próximo; fundamentam-se no desejo privado dos bens temporais e arruínam assim o coração.
Em doutrinas desse gênero, portanto, deve-se temer e evitar a sociedade com os demônios que, juntamente com seu príncipe, o diabo, não buscam outra coisa senão fechar e obstruir a estrada de nosso retorno a Deus.”
“Os astrólogos dizem: a causa inevitável do pecado vem do céu; Saturno e Marte são os responsáveis. Assim isentam o homem de toda falta e atribuem as culpas ao Criador, àquele que rege os céus e os astros” (Confissões, I, IV, c. 3).
“Um astrólogo não pode ter o privilégio de se enganar sempre”, dizia o sarcástico Voltaire.
“O interesse pelo horóscopo como também por Tarô, I Ching, Numerologia, Cabala, jogo de búzios, cartas etc. é alimentado por mentalidade que se pode dizer “mágica”. Quem se entrega à prática de tais processos de adivinhação, de certo modo, acredita estar subordinado a forças cegas e misteriosas; o cliente de tais instâncias se amedronta e dobra diante de poderes fictícios – o que não é cristão.” (D. Estevão)

São Tomás de Aquino, em sua obra “Exposição do Credo”, afirma que o demônio quer ser adorado, por isso se esconde atrás dos ídolos. E São Paulo diz que “as coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam aos demônios e não a Deus” (1 Cor 10,21). Então, é preciso cuidado para não prestar um culto que não seja a Deus.                                                                                                                               Prof. Felipe Aquino

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Efeitos da Graça na nova vida em Cristo


'Manifestou-se, com efeito, a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Veio para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos sóbria, justa e piedosamente neste mundo, aguardando nossa esperança feliz e a vinda gloriosa do grande Deus e Salvador nosso, Jesus Cristo. Ele, que se entregou por nós a fim de nos resgatar de toda iniquidade e adquirir para si um povo exclusivamente seu e zeloso na prática do bem.' (Tito 2, 11-14) 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

LIBERDADE DE CULTO


SOMOS TODOS CHAMADOS A VIVER A LIBERDADE E A FIDELIDADE EM CRISTO JESUS



O Concílio Vaticano II, através da Declaração Dignitatis Humanae, ensina que "a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa. Esta liberdade consiste no seguinte: todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência, nem impedido de proceder segundo a mesma, em privado e em público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites. O direito à liberdade religiosa se funda realmente na própria dignidade da pessoa humana, como a palavra revelada de Deus e a própria razão a dão a conhecer. Este direito da pessoa humana à liberdade religiosa na ordem jurídica da sociedade deve ser de tal modo reconhecido que se torne um direito civil" (DH 2).
A Constituição do nosso país consagra como direito fundamental a liberdade de religião. A Constituição também reza que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. A intolerância e o fanatismo religiosos não podem ser tolerados.

A liberdade de culto, consequência da liberdade religiosa, se dá no contexto social e, por isso, deve ter em conta os direitos alheios, o dever para com os outros e o bem comum. A Igreja nos ensina que para com todos devemos proceder com justiça e bondade, e, no uso de qualquer liberdade, deve ser sempre respeitado o princípio da responsabilidade pessoal e social.
O Papa Francisco lembrou, em 2014 no Oriente Médio, que a liberdade religiosa é um direito humano fundamental que deve ser considerado em todo mundo. Em matéria religiosa, este direito abrange tanto a liberdade individual como a coletiva de seguir a própria consciência, como é a liberdade de culto.
A liberdade de evangelizar é um princípio fundamental da Igreja. Nós, cristãos, temos a liberdade, o direito e o dever de levar a mensagem da salvação a todos os povos, a toda pessoa humana, respeitando a liberdade pessoal e social de cada pessoa. Jesus nos incumbiu desta missão: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade" (Mc 16,15). Através do culto e do testemunho, expressamos o dom da fé que recebemos da Igreja. Com caridade e respeito somos chamados a ser bons instrumentos para que "todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (ITm 2,1-4).
A liberdade para nós é fruto da Verdade que conhecemos e experimentamos em Cristo Jesus. Nele, nossa maior alegria, a liberdade abraça a fidelidade.
"Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Portanto permanecei firmes..." (Gl 5,1).
A Igreja, por obra do Espírito, cresce por atração. Livres, respeitosos e fiéis sempre.

DOM JOÃO INÁCIO MULLER-Bispo da diocese de Lorena-SP