domingo, 28 de agosto de 2011

Pecado e Conseqüências

Tobit clama a Deus e o Louva por sua bondade e justiça, apesar de suas tribulações (Tb 3,1-6). Tobit sofria as conseqüências do pecado. Não tanto de seu pecado pessoal, mas dos pecados do mundo, dos pecados de seu povo. Como hoje em dia sofremos também as agruras, não somente de nossos pecados, mas do pecado que assola o mundo, suas mazelas, maldade, falta de amor. Também nós, como Tobit, devemos reconhecer que acima de tudo isso, nosso consolo, fé e esperança estão em Deus e seu infinito amor.

            Deus nos ama apesar do que somos e fazemos. Ele nos criou para a perfeição, à sua imagem e semelhança. Mas o pecado nos desfigurou; por vontade própria nos afastamos do Criador e perdemos a graça, rejeitamos o amor de Deus, trocando-o pelo pecado.

            O pecado surgiu com a desobediência, insuflado pelo diabo em forma de serpente, como relatado no Gênese. Com o pecado veio ao mundo a dor, o sofrimento, a doença, a morte. O mundo é pecador por causa do diabo. Não que as pessoas estejam endemoniadas, não é isso; porém o diabo influencia, espalha suas armadilhas e nós, ingenuamente caímos nelas, nos deixamos seduzir por seus engodos. Ele é um predador, um caçador e nós, sua caça, suas vitimas. O diabo sutilmente infiltra-se entre nós e nos apanha em nossas fraquezas, capturando-nos. Mas Jesus é nosso Salvador e vem em nosso socorro, pois Ele já nos resgatou com seu sangue (Cl 2, 13ss). Jesus já rasgou a carta condenatória na qual o diabo nos acusa.

            Devemos aceitar e reconhecer a remissão oferecida por Jesus, através o arrependimento e o pedido de perdão, a fim de nos reconciliarmos com Deus. Devemos buscar a confissão, não somente a confissão direta a Deus na intimidade de nosso coração, ao reconhecermo-nos pecadores, como também a confissão sacramental, para que tenhamos reconhecidamente o perdão de Deus através do sacerdote. Devemos sim, buscar a confissão sacramental, onde encontra-se o perdão, a cura das angústias e a libertação das cadeias do pecado. Como ouvi certa vez numa pregação do Prof. Felipe Aquino: “O confessionário é o único tribunal do mundo onde confessamos-nos culpados e saímos inocentes”.

            O Senhor nos fala em profecia: “Filhos, quero vos colocar em meu colo. Quero afagar vossa fronte, afagar vosso coração. Vos dou a paz. Vos dou o que procurais no mundo e não encontrais, porque só Eu posso dar. Despojai-vos das coisas exteriores, vinde para meus braços. Vossas lágrimas, vosso sofrimento, não me aprazem. Vinde para meus braços”. O pecado só te faz sofrer, só te causa angústia e desolação. Por isso Deus te quer junto a Ele. Só Ele tem o que você precisa, só Ele pode te livrar do pecado. Só junto dele podemos resistir às tentações. Por isso Ele pede que deixemos as coisas exteriores. Coisas exteriores são as coisas do mundo, tudo aquilo que precisa e deve estar fora de nossos corações.    

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

JMJ 2011


Geralmente imaginamos uma juventude perdida, vagando ao léu pelo mundo, irresponsável e desprovida de valores cristãos. Mas nosso coração se enche de alegria ao ver jovens (milhões) comprometidos com a verdade evangélica, unidos num só coração, o coração sagrado de Jesus.

Encerrou domingo, 21, a XXVI Jornada Mundial da Juventude, em Madri, com a Santa Missa presidida por S.S. o Papa Bento XVI.  Esta missa ocorreu simultânea com a celebrada no Rio de Janeiro ao final da vigília pela jornada, no Maracanãzinho. Ao final da missa, Bento XVI anunciou o Rio de Janeiro como sede da próxima jornada mundial da juventude, em 2013. Uma explosão de alegria dos jovens católicos cariocas sacudiu o estádio do Maracanãzinho. O que vimos em Madri e no Rio de Janeiro foi maravilhoso!

Jovens bonitos e saudáveis (brancos, negros, asiáticos – lindos!). Jovens sarados (em todos os sentidos). Jovens que não carecem de drogas para se alegrarem; jovens que não precisam de sexo livre e irresponsável para serem felizes; jovens que não se entregam ao desvario que a sociedade moderna tenta impor.

Há tempos atrás dizíamos aqui que o mundo não estava perdido. Estava apenas doente e que tinha cura. Aí está nossa esperança: uma juventude cristã livre, alegre, perseverante. A juventude enraizada em Cristo tem futuro; um belo e promissor futuro.

sábado, 20 de agosto de 2011

Igreja Noiva de Deus

Jesus gostava de ensinar por parábolas. Fazia parte de sua pedagogia, seu método de ensino. Parábolas são pequenas estórias com um fundo moral. Através das parábolas Jesus transmitia a sua verdade. Algumas parábolas de Jesus eram simples, de fácil entendimento, outras muito difíceis; e isso tinha um propósito. Para os que estavam próximos, seus discípulos, o próprio Jesus as explicava. Por isso dizia: “a vós será dado o entendimento das parábolas, aos outros porém, estes ouvirão e não entenderão”. Refere-se aos que estão longe dele, afastados e não querem aproximar-se.

            Em nossa reunião semanal o Senhor mostrou, em visão, uma vela apagada e virada para baixo. Discernimos que isso significava apagamento da fé e distanciamento de Deus, da igreja. Estamos arrefecendo nossa fé, esfriando nosso ardor. Urge retornar ao primeiro amor, às promessas do batismo. É preciso, repito, retornar ao primeiro amor; ajoelhar-se diante do Santíssimo; abraçar a cruz. Reavivar a chama, soprar as cinzas sobre a brasa; sim, há uma brasa viva sob as cinzas. Deus não nos chamou à toa! Por isso Ele nos deu essa Palavra do livro dos Cânticos como uma parábola para nós (Ct 2,1-4)  

            O livro Cântico dos Cânticos é um belo poema de amor. Retrata o amor entre homem e mulher, mas podemos ver também como o amor de Deus por seu povo, de Cristo por sua Igreja. O noivo, o próprio deus; a noiva, a Igreja. Ao lermos o versículo 4 (...) Numa casa onde se bebe vinho em sinal de amor. Onde o vinho é oferecido e o pão repartido? Na Eucaristia, presença real de Jesus que se doa a cada um de nós por puro amor. Na igreja nos reunimos para louvar a Deus, para receber os sacramentos, para avivar a chama do amor, para receber e apresentar Jesus ao mundo. Entretanto, tantos católicos perdem a identidade cristã, esfriam a fé, esquecem as promessas do batismo. Quantos católicos estão bebendo dos dois cálices! E não refiro aqui à idolatria das falsas doutrinas – isso é outro assunto – refiro-me às coisas do mundo mesmo. Quantos deixam a Igreja, deixam de participar das atividades comunitárias para ficar em casa refestelados em suas poltronas vendo TV, assistindo novelas. Quantos trocam a missa por futebol, por churrasco. Por isso, “... acorda tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (cf. Ef 5,14). Volte para a casa de Deus, como diz S. Paulo: “A Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade”. (cf. 1 Tm 3,15). Que Igreja é essa? Não é a Igreja Protestante, eles não estavam lá. É a igreja de Paulo, nossa Igreja! A Igreja Católica Apostólica Romana, presente na face da terra desde aqueles tempos.

            Desperta, levanta-te, afasta-te dos mortos pelo pecado, reacende a chama, coloca-te à luz de Cristo! Amém.   

sábado, 13 de agosto de 2011

Promessas de Deus


Todas as promessas de Deus se realizam, porém temos que fazer por onde, ou seja, fazermos a nossa parte, colaborar com a ação de Deus. Procurar Deus, buscar a Sua face e assim, buscar o bem, evitar o mal, fugir das ocasiões de pecado.


Todas as reais promessas de Deus se realizam, repito; porém Deus não opera em nós contra nossa vontade. Quando pensamos de uma maneira e agimos de outra, estamos sendo incoerentes, e a nossa vontade é o que transparece, o que é mostrado nas nossas atitudes. De que vale frequentar regularmente o grupo de oração e ao chegar em casa a primeira coisa a fazer é pegar o telefone, ligar para a comadre e falar mal da vizinha?  


Na nossa piedade, muitas vezes nos deixamos enganar, mas Deus, na Sua justiça, não. – Ah, mas Deus é misericordioso. – É misericordioso, mas não é bobo! Ele releva o pecado sim; Ele leva em conta nosso pecado. Contudo na Sua infinita misericórdia, quando nos arrependemos e deixamos para trás uma vida de pecados, Ele nos perdoa e apaga todos os pecados. Pois que a justiça de Deus é a misericórdia, não a lei.


Ao preço da cruz, Jesus já nos libertou. Cabe a nós sair do fundo da jaula - O pecado é como uma jaula, onde ficamos expostos ao escárnio do maligno. - e saindo, gozar da liberdade plena que Cristo nos oferece.


“Pedis e recebereis, buscai e achareis, bati e se vos abrirá. Tudo que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vos concederá”.  Assim disse Jesus. Mas Ele também disse: “Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus”.    

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Quo Vadis


Há várias maneiras de apresentar-se um caminho, ou melhor, uma conduta de vida com a inevitável dicotomia bem ou mal, certo ou errado, virtude ou pecado. Escolhamos três exemplos figurativos:

                Um bem simples, tal como a bifurcação de uma estrada, onde somos colocados e devemos escolher o caminho a seguir.

                Outro um pouco mais complexo, mais elaborado, onde nos encontramos no meio de uma multidão num pátio ou salão repleto.

                Por último, não tanto uma figura, na verdade um modelo de credo e fé: a doutrina.

                Comecemos pelas estradas:

                Em algum momento da vida somos colocados diante de duas estradas, uma reta e limpa, outra tortuosa e obscura. Não nos é imposto seguir uma ou outra, nos é facultada a escolha. Estas estradas são divergentes, vão para direções opostas, mas são interligadas por trilhas que levam de uma a outra, portanto é possível mudar o destino a qualquer momento.

                Vejamos as opções: A estrada reta leva a Deus, a tortuosa à perdição.

                Quem escolhe uma ou outra e fica mudando constantemente o caminho, alternando reto e sinuoso, tende a se perder. Aquele que muda de estrada e fica pouco tempo na outra tende a permanecer na estrada original, ou seja, se havia escolhido o bom caminho e num mal momento mudou mas refletiu e retornou, tenderá a ficar sempre na retidão. O contrário também ocorre, há quem conheça a estrada reta mas retorna à perdição.

                Quem muda e permanece longo tempo no caminho oposto dificilmente retorna ao caminho original.

                Saliente-se que isto não é um postulado, é uma constatação.

                Dizem os que preferem a perdição: A estrada reta é bonita, mas sem agitação. Da estrada tortuosa: cheia de curvas, muito perigosa, mas assim é que é bom, muita adrenalina! Se justificam desse modo os que a seguem.

                Agora um exemplo mais complicado que requer uma explicação prévia:

                Na indústria farmacêutica existe um setor chamado bloco estéril ou sala estéril. Tentemos descrevê-lo sumariamente: é um local asséptico, bem iluminado, temperatura amena e constante, livre de qualquer impureza e protegido contra contaminação externa. Inexiste aí qualquer resíduo de germes ou sujeiras do ambiente natural que o cerca. Para penetrar nesse ambiente, pessoa ou objeto deve ser submetido a um processo de limpeza ou esterilização. Objetos e utensílios são introduzidos após esterilização em autoclaves. As pessoas só podem adentrar a sala estéril através da ante sala especial, onde são despojadas de suas vestes, por mais limpas que aparentam estar. Após um banho e limpeza com sabonete antiséptico, vestem-se da cabeça aos pés, cobrindo todo o corpo, com um traje previamente esterilizado. Este procedimento é executado rigorosamente como um verdadeiro ritual, por medidas de segurança óbvia. Desta forma, completamente “puro”, o funcionário pode entrar na sala estéril e assumir seu posto de trabalho.

                A analogia com o Céu e purgatório é evidente, sem nenhum esforço.

                Convém salientar que a comunicação com o ambiente externo é feito através de interfones e paredes envidraçadas.

                Pois bem, em nosso exemplo figurado, esta sala limita um grande salão onde no lado oposto existe uma cortina negra que esconde uma grande fossa ou poço de rejeitos (Depósito semelhante existe realmente na indústria, onde são lançados os resíduos para posterior descarte).  

                A sala estéril representa o paraíso e o poço de rejeitos o inferno.                                   

                O grande salão ocupado por uma multidão é o mundo.

                Na região junto as vidraças ocupa um povo pacífico, fraterno e solidário. Dos vidros emana uma luz clara e repousante. Ouvem-se sons suaves, chamamentos, bela música.

                As pessoas apreciam esportes lúdicos (futebol e outros jogos). Têm prazeres moderadamente, sem excessos. O sexo é natural, no matrimônio (“O homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á a sua mulher e serão dois numa só carne”. - Gen 2,24). Muitos procuram guardar-se na fé. A família é respeitada e valorizada.

                A outra parte do salão porém, é ocupada por uma gente desordeira e egocêntrica. As luzes são feéricas, coloridas, estroboscópicas. Há sons ruidosos, muito barulho, pouca música. Gostam da brutalidade dos esportes violentos. ( luta livre, vale tudo) onde se aprazem com a aniquilação e humilhação do adversário, em contraste com a elegância dos esportes salutares onde vencidos e vencedores se confraternizam. A promiscuidade sexual impera, homossexualismo, orgias, aberrações. O vicio domina muitas pessoas. A fé é quase nula. Pouca ou nenhuma importância dão a preservação da família.

                Apesar de aparentemente separados, não há limite físico entre esses grupos; eles se entrecruzam, notadamente na parte central do grande salão. Pessoas do lado tranqüilo passam para o outro lado e vice-versa. Há pessoas boas que tentam resgatar os desgarrados e também buscar alguns de lá que possam mudar de lado. Como também o lado tranqüilo do salão é freqüentemente visitado por um sujeito bonitão, bem falante, sempre acompanhado de belas mulheres: a intenção dele é levar consigo algumas pessoas, tentando quebrar a resistência com este tipo de argumento:

                - Isto aqui é um marasmo. Vocês devem ir para o outro lado; lá tudo é festa. Porque só comer feijão com arroz se lá tem filé mignon? Venham, venham, venham...

                Se alguém pergunta o que há atrás da cortina, o tentador dissimula: - Nada demais, só uma lixeira; o que não presta jogamos lá.

                Infelizmente ele consegue convencer e leva consigo muita gente.  A verdade porém, é que ao acabar a festa, os participantes são atirados no poço e ficam para sempre mergulhados numa lama putrefata, fétida e causticante. (“Porque o salário do pecado é a morte”... Rom 6,23).

                Muitos julgam o lado mundano mais atraente devido a promessas enganosas. Entretanto o lado tranqüilo do salão, aparentemente monótono, é cheio de vida e alegria, mesmo que o neguem os ímpios e descrentes.

                A questão está colocada, cada um escolha o seu lado e destino final: a sala estéril ou o poço de rejeitos.

                Por fim abordemos o credo e a fé presentes nos tempos atuais: doutrina verdadeira, doutrina falsa e falta de doutrina.

                A doutrina verdadeira, correta, tem no cristianismo seu centro de fé: Cristo como redenção. A Igreja Católica é sua maior expressão.

                A doutrina falsa, errada, não prega a redenção através de Cristo. Jesus seria um ser santificado, mas não divino, ou seria a “reencarnação de um Ashtar”, ou apenas um profeta, etc. É uma apostasia.

                A não doutrina nega todo e qualquer tipo de crença. Jesus seria apenas um homem, um líder do seu tempo, um revolucionário. É a descrença total.

                Concluímos que a doutrina certa nos leva ao lado sereno do salão, à estrada reta, enfim a busca da santidade. (“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que eu hei de dar é a minha carne pela vida do mundo”. – João 6,51 / “... Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morto, viverá”. – João 11,25).

                A falta de doutrina e a doutrina falsa levam ao lado mundano do salão ou à estrada sinuosa, enfim, a perdição (“Os iníquos não possuirão o reino de Deus.” – I Cor 6,9-10).
Carlos Nunes





               



               



               

sábado, 6 de agosto de 2011

O infarto do novo século

Problemas emocionais e ambientais, associados à predisposição genética, são gatilhos para doenças cardíacas





     Uma forte dor no coração, como se ele rasgasse por dentro, subitamente. A frase parece apenas uma metáfora clichê, sempre acessível para descrever uma mágoa profunda, mas não física. O coração partido, porém, no auge do século 21, deixou de ser muleta dos sofredores e passou a fator de risco para problemas cardíacos. Dor de amor também pode matar.
                           
Depressão e problemas emocionais, associados a uma predisposição genética, estão entre as causas de infartos em pacientes jovens, alerta Marcelo Ferraz Sampaio, cardiologista do Hospital Oswaldo Cruz, chefe do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo e especialista no tema.

     
     O médico revela que nos últimos anos, o índice de infartos atípicos no setor de emergência do hospital foi surpreendentemente alto. Além do fator numérico, os pacientes tinham características clínicas semelhantes: jovens, em sua maioria mulheres, saudáveis, mas com incidentes cardíacos severos.

    “Observávamos, ao fazer a identificação da artéria, que o coração tinha infartado, mas não havia lesão. Começamos, então, a desvendar como essa artéria poderia ter provocado a restrição de fluxo por mais de 20 minutos, sem ter nenhum comprometimento.”

      Ao confrontar os pacientes com pesquisas internacionais, o especialista constatou que essas artérias sofrem um Sistema de Restrição Dinâmica ao Fluxo. A consequência e o processo são semelhantes ao que ocorre em um infarto tradicional, provocado pela conhecida lista de fatores de risco: obesidade, diabetes, hipertensão e cigarro. Neste caso, no entanto, o gatilho é emocional.

     Como ocorre

      A passagem de sangue é obstruída não pelas placas de gordura, mas por um estreitamento das paredes da artéria, responsável por interromper o fluxo. O mesmo evento é diagnosticado em casos de overdose de drogas como cocaína e crack, ou no uso de anabolizantes.

    "Também é possível que as plaquetas do sangue fiquem como se fossem 'tresloucadas', interrompendo o fluxo subitamente, gerando os infartos. Descobrimos que esses pacientes têm alteração da formação das plaquetas”, explica o especialista.

      Esse mesmo processo ocorre em pacientes com depressão. “A doença emocional, em tese, não é fator de risco pra doença cardíaca, mas pode ser, em determinadas circunstâncias, o fator principal”, endossa Sampaio.

     Coração rasgado

       Magra, saudável, ativa e aparentemente feliz. Os três adjetivos costumeiramente usados para definir a professora de física Iris Galetti também a mantinham fora do grupo de risco de mulheres com problemas cardíacos.

Em janeiro de 2008, durante uma reunião no colégio onde trabalhava, primeiro dia após as longas férias de verão, a professora sentiu um mal-estar pungente. Uma forte dor no peito e braços dormentes. A pressão, porém, ao ser medida na enfermaria do local de trabalho, estava normal.

Com náuseas e dores no peito, ao chegar ao hospital, Iris descobriu que tinha infartado. Foram oito dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e mais uma semana no quarto, até receber alta. Aos 49 anos, ela tinha perdido boa parte do coração – o ventrículo esquerdo ficou com o músculo praticamente morto.

“Jamais pensei que eu poderia enfartar. Minha família tem histórico de câncer, não de problemas cardíacos. Achei que os médicos estavam errados. Nunca fui hipertensa, sedentária, e tenho uma verdadeira obsessão por alimentação saudável.”

No entanto, há mais de quatro meses Iris tentava digerir, sozinha, uma mágoa muito profunda. Nas palavras da professora, que prefere reservar a história, a decepção foi difícil de suportar. Por meses, o problema emocional ocupou boa parte de sua vida pessoal.

“Depois do infarto eu me dei conta do que tinha ocorrido. Lembro que o médico que me atendeu quando fiz o segundo cateterismo disse que minha artéria tinha rasgado, como se uma lâmina a tivesse cortado, literalmente.”

O estresse da vida profissional e o excesso de responsabilidades, dentro e fora de casa, somados aos conflitos e decepções pessoais, transformaram-se em um coquetel venenoso para um coração normal, sem problema algum.

O fator genético

A literatura médica mundial aponta que 15% dos infartos sem os fatores de risco tradicionais – cigarro, diabetes, obesidade e hipertensão – foram desencadeados por processos que começaram no âmbito psicológico. A matemática, porém, não é simplista e imediata. Para que o coração partido ultrapasse a metáfora é preciso que exista uma série de combinações genéticas e ambientais.

A analogia da chave e da fechadura é a maneira como Sampaio consegue traduzir os preceitos da medicina genética a seus pacientes. Nas palavras do médico, a predisposição dos genes nada mais é do que uma fechadura. “A porta está fechada. A chave é o estresse emocional, e a fechadura sua carga genética. Quando a chave certa encontra a porta certa, a doença aparece.”

O mapeamento genético, porém, não seria uma forma de prevenção. Embora o Projeto Genoma tenha mapeado todos os genes que existem no organismo humano, a medicina ainda não conseguiu antecipar quais combinações entre esses genes são responsáveis por desencadear as mais variadas doenças. A única forma de manter-se longe dos infartos, tradicionais ou atípicos, seria a manutenção da saúde, tanto mental quanto física, defende o médico.

“Hoje os alimentos não são mais saudáveis, passam por agrotóxicos para conservação. Não só comemos mal, como recebemos o alimento em pior estado. A falta de tempo é desculpa para tudo. A pressão do dia a dia faz com que o artifício de relaxamento e prazer seja uma comida calórica, gordurosa. O chocolate nos dá o prazer que não temos no trabalho, na família, na relação sexual. Esse comportamento social do mundo moderno gera pessoas mais expostas.”

A experiência individual não serve apenas de alerta. Para contornar os problemas emocionais, Iris trocou a lousa pelos pincéis – ministra aulas de pintura em faiança para mais de 30 alunos, produz peças para venda e toca o próprio ateliê. O coração bate devagar, quase ao som suave da música fundo de suas aulas, mas ela se define clinicamente como ótima: controla a alimentação, toma uma taça de vinho nos dias mais agradáveis, pratica atividade física regularmente - uma caminhada leve de 60 minutos - e aposta que ultrapassará a casa dos 100.

Na receita médica, as indicações permanecem universais, e cabe a cada um achar seu componente pessoal: alimentação balanceada, atividade física regular, lazer, tranquilidade e terapia – esvaziar a mente dos problemas e não permitir que eles consumam o organismo – podem ajudar a blindar o coração

Fonte: Portal iG

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nossa Missão



Aonde mandar eu irei; seu amor eu não posso ocultar. Quero anunciar para o mundo ouvir que Jesus é nosso Salvador!