sábado, 26 de maio de 2018

Investimento seguro



Quando falamos em investimento, pensamos em investimento financeiro. Imaginamos aplicar determinada quantia hoje para obter lucro no futuro; quanto mais lucro em menos tempo, melhor. Pensamos também em empreendimento; investir dinheiro em algum negócio rentável. Mas investir a vida visando gozar a eternidade algum de nós pensou?
Investir dinheiro (quando se tem) é fácil. E a vida? Como é possível investi-la, como aplicá-la visando lucrar na eternidade? Dinheiro se aplica em instituições financeiras. A vida se aplica no caminho do Senhor, seguindo Jesus Cristo guiados pelo Espírito Santo. Dinheiro é aplicado visando usufruir riquezas e bens no campo material.  Vida é aplicada na intenção de usufruir riquezas espirituais: bem estar, paz interior, dons de santificação, carismas, fé expectante, esperança, caridade; isto ainda nesta vida. A longo, muito longo prazo, viver as delicias da Comunhão dos Santos, eternamente na presença da Glória de Deus.
Monetariamente um investimento mal feito ou rende pouco, ou perde dinheiro. Menos mal. No cotidiano da vida, um passo mal dado, um passo em falso, um descaminho, pode representar a perda da vida eterna na companhia do Senhor. Um investimento fora da senda divina pode levar ao abismo. Muito, muito mal. Acentuamos viver a vida – investir – no caminho do Senhor. Como fazer? Será fácil? Em verdade não é fácil, mas é seguro e garantido, pois o retorno é certo e prazeroso. O lucro pode não ser imediato, mas há de vir por certo.
Investir no caminho do Senhor é segui-lo e segui-lo é fazer a Sua vontade. Ouvi-lo e obedecê-lo; viver conforme Seus mandamentos, sua lei; vivenciar os ensinamentos da Sagrada Escritura; orar sempre, num diálogo de amor com Ele. O apresentado é apenas um roteiro básico; o Espírito Santo há de incutir nos corações outras moções, conforme nossa abertura, nossa disponibilidade para caminhar com Ele, nossa boa vontade. A grande dificuldade no caminho em busca da santidade são os apelos do mundo ao redor e também de nossa concupiscência. A realidade mundana instigada pelo maligno e muitas vezes alimentada pela nossa tendência natural ao pecado (a tão falada concupiscência) nos atrai e muitas vezes nos rouba a direção correta. Daí a necessidade de uma vida de oração e perseverança na fé. Só assim somos capazes de permanecer no caminho da salvação. Como foi dito, o investimento é seguro, mas não é fácil mantê-lo. A Palavra nos assegura: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mt 6,33).




sexta-feira, 18 de maio de 2018

Ódio – câncer da alma



  “Errare humano est”. Errar é humano, perdoar é divino. Quem nunca ouviu essa frase? É verdade; mas também o perdão deve ser um atributo humano. Sabemos que Deus na sua infinita misericórdia nos perdoa sempre, assim sendo, até mesmo por gratidão a Deus (que nos perdoa sempre) devemos também nós perdoar aqueles que com ou sem motivo aparente tenham nos ofendido.  O modelo de oração ensinado por Cristo, o Pai Nosso, nos interpela nesse sentido: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.   A Palavra de Deus em diversas passagens vem nos exortar em relação ao perdão; aqui escolhemos Eclesiástico: “Perdoa ao teu próximo o mal que te fez e teus pecados serão perdoados quando o pedires. Um homem guarda rancor contra outro homem, e pede a Deus a sua cura! Não tem misericórdia para com seu semelhante e roga o perdão dos seus pecados! Ele, que é apenas carne, guarda rancor e pede a Deus que lhe seja propicio! Quem então lhe conseguirá o perdão de seus pecados? Lembra-te do teu fim, e põe termo às tuas inimizades.” (Eclo 28,2-6).  
O maior mandamento, a regra de ouro do cristianismo, autenticada por Cristo Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda tua alma, de todas as tuas forças, de todo teu pensamento, e a teu próximo como a ti mesmo” (cf. Lc 10,27), é a chave para nos abrirmos ao perdão. É impossível amar a Deus se não amamos o irmão, mesmo que ele esteja longe, tenha se desgarrado, seja desprezado, seja arrogante, orgulhoso e presunçoso. É impossível amar ao outro se não amamos a si próprio. Se tivermos amor próprio somos pessoas bem resolvidas; somos bem amados, resolvidos interiormente e com autoestima elevada quando fugimos do pecado, amando a Deus, seguindo-o e obedecendo-o com docilidade.
Nesse contexto o perdão é imprescindível. Quem ama perdoa sempre e sempre será perdoado. A falta de perdão e como consequência o rancor, o ódio, são causas de muitas enfermidades psicossomáticas – aquelas causadas por distúrbios psíquicos que agridem o corpo – a hipertensão arterial, úlceras, doenças gastro intestinais, entre outras. Mas o grande mal é mesmo a psique alterada, o emocional abalado, a insônia, a depressão.  Quem odeia se maltrata e fere o coração desejando o mal do desafeto. Como recentemente ouvi: odiar é como tomar veneno esperando que o outro morra. Em suma, o ódio é o câncer da alma. Perdoe e tua vida será plena, sadia e abundante de paz e tranquilidade.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Eis-me aqui Senhor



Chamaste-me Senhor, eu ouvi a tua voz e atendi a teu chamado. Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir. Senhor, não fui eu que te escolhi, mas tu que me escolheste – escolhi o teu caminho, mas tu me escolheste para o serviço – ensina-me então, Senhor, a dar os primeiros passos. Adestra-me para o teu serviço. A messe é grande e os servidores são poucos, tu já disseste; então aqui estou a teu dispor.
Espírito Divino vem sobre mim, vem fazer-me instrumento de ti. Vem falar em mim, vem falar por mim.  Sopra sobre mim, Senhor, o teu Espírito e renova-me por inteiro; preenche minha vida com tua luz, tua sabedoria, teu destemor, teu arrojo, tua fortaleza, tua misericórdia, teu amor. Fazei de mim instrumento vivo de ti, que eu possa servir-te sempre, que eu possa estar sempre disponível a ti, despojando-me, Senhor, e entregando-me a ti sem reservas.
Quero proclamar a tua glória, levar o teu Santo Nome àqueles que não te conhecem. Fazer o teu nome conhecido e amado, levar-te, Senhor, onde tu não és reconhecido como Senhor e Salvador. Mas para tanto, Senhor, não posso contar com minhas habilidades, minha capacidade pessoal, meus próprios talentos. Para te anunciar com poder e autoridade, preciso muito mais de ti; preciso dos teus talentos (os dons carismáticos), da tua autoridade (o teu mandato), do teu poder (a unção do Espírito Santo). Tu mesmo nos disseste: ninguém pode clamar teu nome se não estiver sob a ação do Espírito Santo; ninguém pode caminhar reto em teu caminho se não estiver conduzido pelo Espírito Santo, muito menos proclamar-te. 
Vinde Senhor ungir-me, vinde Senhor, fazei de mim um servo teu; servo imperfeito, eu reconheço, mas jamais um servo inútil.  Vinde e enchei-me com o fogo abrasador do teu Espírito. Eis-me aqui Senhor. 
“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis com o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra!”   


sexta-feira, 4 de maio de 2018

Viver a Vida



Jesus disse: Eu sou o caminho, a verdade, a vida. Jesus é verdadeiramente caminho, verdade e vida. Jesus é o caminho que conduz à verdade, verdade libertadora, liberdade que produz vida e como diz o próprio Jesus, vida plena, vida abundante. Vida plena porque repleta no tempo e na eternidade. Vida abundante porque podemos viver aqui na terra o reino de Deus; a abundância das maravilhas Divinas que nos são proporcionadas.
            Muitos erram o caminho, desconhecem a verdade e não vivem a plenitude da vida. Ao errar o caminho – às vezes até mesmo deliberadamente, optando conscientemente – a verdade é escamoteada; mentiras são plantadas e colhidas ao longo do caminho. Assim, vive-se falaciosamente; a vida torna-se um jogo, um drama, uma comédia, enfim, uma farsa. Quantos vivem essa farsa: uma aparência saudável, um rosto jovial, esbanjando alegria. No entanto é só aparência, só uma casca. Quantos jovens ao voltarem da “balada”, das noitadas de sexo livre, da bebedeira, encontram a tristeza, o vazio existencial, na solidão de seus quartos ou no banheiro aos vômitos com a cara na privada, na “fossa” como se dizia no passado.
            Somos livres para escolher o nosso caminho. Deus não nos obriga a servi-Lo; Não nos obriga sequer a segui-Lo. Somos livres para escolher o nosso caminho, somos livres até para pecar. É certo que Deus não fica feliz com nosso pecado, pelo contrário, quando pecamos ferimos cada vez mais o coração de Jesus; Crucificamos Jesus a cada dia com o nosso pecado. Mas mesmo assim Ele não nos obriga a nada! Ele poderia mudar tudo a hora que quisesse, como quisesse, mas não o faz. Porque nos ama, e porque nos ama nos deixa livres para escolher o nosso caminho.
            Ao longo da vida somos formados por valores e filosofias do mundo que nos cerca, influências tanto boas, como más. Quando conhecemos Cristo tudo começa a mudar. Na verdade há um conflito interior. Recebemos um novo coração, uma nova unção, mas de várias maneiras continuamos a nos comportar como antes. Por isso S. Paulo nos diz: “Renunciai a vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.(Ef 4,22ss) Temos que renovar nossos pensamentos, nossas atitudes; temos que nos renovar por inteiro. No entanto, não nos renovamos por nós mesmos, somos renovados pela ação do Espírito Santo. Essa renovação ocorre quando nos abrimos e deixamos o Espírito Santo agir, nos conduzir. Deus nos renova a medida em que nos entregamos a Ele.
            Como vimos, a renovação acontece quando liberamos nosso coração para Deus, quando deixamos Deus ser Deus e agir em nossa vida. Aí o caminho se abre, a verdade surge, a liberdade é concedida, a vida é vivida como Deus planejou para nós: Caminhar no Espírito, viver em Cristo, despojar-se nos braços do Pai!