quarta-feira, 30 de julho de 2014

Cântico dos Cânticos

Eis um breve comentário a respeito do livro Cântico dos Cânticos:


“O mais belo dos cânticos de Salomão.

Ah! Beija-me com os beijos de tua boca!
Porque teus amores  são mais deliciosos que o vinho,
E suave é a fragrância de teus perfumes;
O teu nome é como um perfume derramado:
Por isto amam-te as jovens.
Arrasta-me após ti; corramos!
O rei introduziu-me em seus aposentos.
Exultemos de alegria e de jubilo em ti.
Tuas caricias nos inebriarão mais que o vinho.
Quanta razão há de te amar!”(Ct 1,1-4)

O titulo do livro é um superlativo de perfeição que poderia ter sido traduzido como ‘O mais Belo dos Cânticos’. Trata-se de uma compilação de canções de amor de alta qualidade literária e teológica. O amor que se exalta é purificado de todo transviamento, seja de tabus puritanos, seja de licenciosidades eróticas. O amor feito por Deus, do homem e da mulher – amor esse feito de um para o outro – aqui os leva a uma completude humana de grande beleza; é realmente esse amor tema de grande interesse sapiencial e teológico. Os profetas, de modo especial Oséias, se firmavam nesse amor humano para representar o amor de Deus que une seu povo. O povo de Deus como esposa unida a Deus, o esposo. Esse amor humano, esponsal, é paradigma do Amor Divino que culmina em Jesus Cristo. Em Cristo ele se inverte: o amor de Cristo por sua Igreja é agora o modelo do amor humano. Cântico dos Cânticos, um belíssimo poema de amor, de Deus para todos nós.


sábado, 26 de julho de 2014

Investimento seguro

  



Quando falamos em investimento, pensamos em investimento financeiro. Imaginamos aplicar determinada quantia hoje para obter lucro no futuro; quanto mais lucro em menos tempo, melhor. Pensamos também em empreendimento; investir dinheiro em algum negócio rentável. Mas investir a vida visando gozar a eternidade algum de nós pensou?
Investir dinheiro (quando se tem) é fácil. E a vida? Como é possível investi-la, como aplicá-la visando lucrar na eternidade? Dinheiro se aplica em instituições financeiras. A vida se aplica no caminho do Senhor, seguindo Jesus Cristo guiados pelo Espírito Santo. Dinheiro é aplicado visando usufruir riquezas e bens no campo material.  Vida é aplicada na intenção de usufruir riquezas espirituais: bem estar, paz interior, dons de santificação, carismas, fé expectante, esperança, caridade; isto ainda nesta vida. A longo, muito longo prazo, viver as delicias da Comunhão dos Santos, eternamente na presença da Glória de Deus.

Monetariamente um investimento mal feito ou rende pouco, ou perde dinheiro. Menos mal. No cotidiano da vida, um passo mal dado, um passo em falso, um descaminho, pode representar a perda da vida eterna na companhia do Senhor. Um investimento fora da senda divina pode levar ao abismo. Muito, muito mal. Acentuamos viver a vida – investir – no caminho do Senhor. Como fazer? Será fácil? Em verdade não é fácil, mas é seguro e garantido, pois o retorno é certo e prazeroso. O lucro pode não ser imediato, mas há de vir por certo.
Investir no caminho do Senhor é segui-lo e segui-lo é fazer a Sua vontade. Ouvi-lo e obedecê-lo; viver conforme Seus mandamentos, sua lei; vivenciar os ensinamentos da Sagrada Escritura; orar sempre, num diálogo de amor com Ele. O apresentado é apenas um roteiro básico; o Espírito Santo há de incutir nos corações outras moções, conforme nossa abertura, nossa disponibilidade para caminhar com Ele, nossa boa vontade. A grande dificuldade no caminho em busca da santidade são os apelos do mundo ao redor e também de nossa concupiscência. A realidade mundana instigada pelo maligno e muitas vezes alimentada pela nossa tendência natural ao pecado (a tão falada concupiscência) nos atrai e muitas vezes nos rouba a direção correta. Daí a necessidade de uma vida de oração e perseverança na fé. Só assim somos capazes de permanecer no caminho da salvação. Como foi dito, o investimento é seguro, mas não é fácil mantê-lo. A Palavra nos assegura: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mt 6,33)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Como combater a preguiça espiritual?


A preguiça é considerada uma doença espiritual. Com toda doença, para que possa ser curada, é necessário saber o que a motivou, ou seja, a sua causa. O Catecismo da Igreja Católica ensina que ela é também uma tentação e provém de uma outra doença, a presunção; segundo ele, os “Padres espirituais entendem esta palavra [preguiça ou acídia] como uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, à diminuição da vigilância, à negligência do coração”. Em outras palavras, “quanto mais alto se sobe, tanto maior é a queda. O desânimo doloroso é o inverso da presunção. Quem é humilde não se surpreende com sua miséria. Passa a ter mais confiança e a perseverar na constância”. (CIC 2733)
O Catecismo está ensinando que o cristão pode viver dois extremos negativos em sua vida de oração: a presunção, cuja filha é a preguiça, e o desânimo. O primeiro faz com que a pessoa julgue ter alcançado o grau máximo de comunhão com Deus, ou seja, presunçosamente já se considere santa. O segundo está relacionado à aridez espiritual e ocorre quando ‘… o coração está desanimado, sem gosto com relação aos pensamentos, às lembranças, aos sentimentos, mesmo espirituais’ (CIC 2731) e a pessoa acaba prostrada, sem forças, desanimada.
A presunção é a mãe da preguiça espiritual. Jesus sempre insistiu na necessidade de o cristão estar acordado, vigilante, esperando pela volta do seu Senhor. A presunção relaxa ou mesmo acaba com a vigilância. Quem nela se acomoda corre o sério risco de se perder.
A fé exige um esforço porque existe uma tendência no homem de sair da realidade e entrar nas falsas promessas de felicidade contidas em cada tentação, em cada pecado. Por isso, é uma luta a vida do homem sobre a terra (Cf. Jó 7,1).
A preguiça espiritual deve ser combatida com a ascese, a vigilância e o cuidado do coração que se exerce sobretudo na oração, no ouvir a Deus, deixá-Lo falar, mesmo quando o ouvir não seja agradável.
Padre Paulo Ricardo


domingo, 20 de julho de 2014

Em nome de Deus


Aprendemos muito cedo a não usar o nome de Deus em vão, cumprindo o segundo mandamento, que se liga aos outros da primeira tábua, cuja finalidade é criar uma sintonia profunda com o Senhor, que nos criou por amor e nos sustenta no mesmo amor, neste mundo e na eternidade. "Amar a Deus sobre todas as coisas" é o primeiro e fundamental mandamento. Respeitar o nome de Deus e guardar o dia do Senhor são expressões da escolha que fazemos, em resposta ao amor infinito que dele recebemos. Uma das consequências é a gravidade da blasfêmia, com a qual se desrespeita o Senhor e a tudo o que a Ele se refere. Toda autêntica e sincera compreensão religiosa conduz aos três primeiros mandamentos e nos faz voltar à fonte de nossa felicidade, que se encontra em Deus.

O nome de Deus já foi usado para destruir pessoas e povos. Muito se pretendeu ao usá-lo em proveito do poder do enriquecimento ilícito de muitos. A fragilidade humana levou também cristãos a tal comportamento avesso ao Evangelho. No Concílio Vaticano II, foram claras as afirmações a respeito da liberdade religiosa: Deus chama realmente os homens a servi-lo em espírito e verdade; eles ficam, por esse fato, moralmente obrigados, mas não coagidos. Pois Deus tem em conta a dignidade da pessoa humana, que deve guiar-se pelo próprio juízo e agir como liberdade. Isto apareceu no mais alto grau em Jesus Cristo, manso e humilde de coração, atraiu e convidou com paciência seus discípulos. Confirmou com milagres sua pregação, para despertar e confirmar a fé, e não para exercer qualquer coação. Censurou a incredulidade dos ouvintes, reservando para Deus o castigo, no dia do juízo.

Ao enviar os Apóstolos, disse-lhes: “quem acreditar e for batizado, será salvo; quem não acreditar, será condenado” (Mc 16,16). Mas, sabendo que a cizânia tinha sido semeada junto com o trigo, mandou deixar que crescessem até à ceifa, no fim dos tempos. Não querendo ser um Messias político e dominador pela força, chamou-se “Filho do homem”, que veio para servir e dar a sua vida para redenção de muitos (Cf. Mc 10, 45). Ele é o Servo esperado pelos profetas, que “não quebra a cana rachada, nem apaga a mecha fumegante” (Mt 12, 20). Reconheceu a autoridade civil e seus direitos, mandando dar o tributo a César, lembrando claramente os direitos de Deus: “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus” (Cf. Mt 22, 21). E realizando na cruz a obra da redenção, dá a salvação e a verdadeira liberdade, completou a sua revelação. Ele deu testemunho da verdade, mas não a quis impor pela força. O seu reino, que não vem pela violência mas se implanta pelo testemunho e pela verdade, cresce pelo amor com que Cristo, elevado na cruz, a si atrai todos os homens" (Cf. Declaração "Dignitatis humanae", 11). E São João Paulo II fez ressoar estas afirmações quando pediu publicamente perdão por todas as culpas com que se mancharam os cristãos, na memorável Jornada do Perdão, no Ano Santo de 2000.

Graças ao amor de Deus que conduz a história, cresce em nossos dias a sensibilidade para os direitos das pessoas e sua liberdade. Com o ensinamento social da Igreja, especialmente a partir do Papa Leão XXIII, com a Encíclica "Rerum Novarum", passando por todos os pontífices dos séculos XX e XXI, até chegarmos ao Papa Francisco, a Igreja tem primado pela luta em favor da liberdade religiosa e dos direitos humanos, oferecendo sua contribuição para um mundo mais justo, de acordo com o plano de Deus.

Mas também somos edificados pelas muitas pessoas que professam a fé no Deus único e que se reportam a Abraão, o pai da fé. Chama nossa atenção a iniciativa do Papa Francisco, com o apoio do Patriarca Bartolomeu, de convidar líderes de Israel e da Palestina, feitos hóspedes há poucos dias na Casa do Papa, em Roma, para a oração pela paz. É sinal de que a raiz comum pode conduzir as pessoas e o mundo a darem passos antes impensáveis em vista do bem. E como com Deus não se brinca, temos a certeza de que o clamor pela paz chega ao Céu. Ele leva a sério nossas opções e nossa oração.   

Entretanto, vale aproveitar a oportunidade para perguntar-nos sobre a novidade da mensagem cristã, em tempos de diálogo e busca de cooperação com grupos religiosos diferentes e com pessoas sem convicção religiosa, mas sensíveis aos valores humanos. O que podemos oferecer de nosso, para buscar a Deus e ousar falar em seu nome, pedindo que Ele mesmo purifique nossas mentes, corações, palavras e ações? O que Papa Francisco e os cristãos do mundo inteiro podem oferecer aos outros homens e mulheres da mesma raiz abraâmica, ou a toda a humanidade?

Depois de clamarmos pela ação do Espírito Santo, no Pentecostes,  a Igreja nos oferece os elementos necessários à resposta respeitosa a esta pergunta, com a Solenidade da Santíssima Trindade. A ação de Deus no mundo e na história humana é entrada de todas as criaturas na unidade perfeita da Trindade. Através do amor de Deus que nos amou por primeiro (Cf. 1 Jo 4, 19) e ação do Espírito Santo (Cf. Rm 5, 5), que faz de todos nós filhos de Deus voltados para Deus Pai (Cf. Rm 8, 15), a vida verdadeira se realiza desde já no amor fraterno, pois "sabemos que passamos da morte à vida porque amamos os irmãos" (1 Jo 3, 14). Aqui se revela a vocação dos seguidores de Cristo, que é participar da vida da Santíssima Trindade, viver de Deus e em Deus, no vínculo que Jesus estabeleceu com cada pessoa humana, pela sua encarnação. Olhar para a Trindade é ter certeza de Deus ama a todos e envolver a todas as pessoas no único abraço de amor. Ninguém seja excluído ou se sinta excluído!

João Paulo II chegou a afirmar que "nosso Deus, no seu mistério mais íntimo, não é solidão, mas uma família, dado que tem em si mesmo paternidade, filiação e a essência da família, que é o amor. Este amor, na família divina, é o Espírito Santo" (Homilia na Missa no Seminário de Puebla - México, 28 de janeiro de 1979). Passando pela porta que é Jesus Cristo (Cf. Jo 10, 7), é possível entender e viver o jeito próprio da Trindade. Somos chamados a não só adorar e louvar a Trindade Santa, mas a experimentar no dia a dia a mesma vida. Quem professa a fé cristã dá sempre o primeiro passo para amar o próximo, valoriza as legítimas diferenças, constrói pontes no relacionamento com os outros, oferece a própria casa, pede e oferece o perdão, prefere o que une em vez salientar o que separa, empenha-se em ser sempre fonte de amor fraterno. Em poucas palavras, vive em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém do Pará/ Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Como preparar-se para a Comunhão?

“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra”, por isso devemos nos preparar para recebê-la.

Jesus, na noite de Sua Paixão, instituiu o sacramento da Eucaristia, a comunhão. Este é o sacramento dos sacramentos, por meio do qual estamos sempre em profunda comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo.
Para meditar sobre esse grande mistério da fé [a Eucaristia] e saber como podemos nos preparar para recebê-Lo, gostaria de apresentar alguns textos do Magistério da Igreja que nos serão de grande proveito:
A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã”. “Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e todas as tarefas apostólicas ligam-se à Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam, pois a Santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (Catecismo da Igreja Católica, 1324).

“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (Ecclesia de Eucharistia, João Paulo II, § 19).
O Senhor nos convida, insistentemente, a recebê-Lo no sacramento da Eucaristia: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53). Para responder o convite, devemos nos preparar para este momento tão grande e tão santo. São Paulo nos exorta a um exame de consciência: “Todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor, indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação” (1Cor 11,27-29). Quem está consciente de um pecado grave deve receber o sacramento da reconciliação antes de receber a comunhão” (Catecismo, 1384-1385).
“Conforme o mandamento da Igreja, ‘todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar seus pecados graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano’. Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor” (Catecismo, 1457).
“Diante da grandeza desse sacramento, o fiel só pode repetir humildemente e com fé ardente a palavra do centurião: ‘Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo’ (Mt 8,8)” (Catecismo, 1386).
“A Igreja obriga os fiéis ‘a participar da divina liturgia aos domingos e nos dias festivos’ e a receber a Eucaristia pelo menos uma vez ao ano, se possível no tempo pascal, preparados pelo sacramento da reconciliação. Mas recomenda vivamente aos fiéis que recebam a Santa Eucaristia nos domingos e dias festivos, ou ainda com maior frequência, e até todos os dias” (Catecismo, 1389).
“A fim de se preparar convenientemente para receber esse sacramento, os fiéis observarão o jejum prescrito em sua Igreja” (Catecismo, 1387). “Quem vai receber a Santíssima Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de, ao menos, uma hora antes da sagrada comunhão” (Cân. 919, § 1). “Pessoas idosas e enfermas, bem como as que cuidam delas, podem receber a Santíssima Eucaristia, mesmo que tenham tomado alguma coisa na hora que antecede” (Cân. 919, § 3).
Com relação aos divorciados novamente casados, o Magistério da Igreja afirma que “são numerosos, hoje, em muitos países, os católicos que recorrem ao divórcio segundo as leis civis e contraem civilmente uma nova união. A Igreja, por fidelidade à Palavra de Jesus Cristo (‘Todo aquele que repudiar sua mulher e desposar outra comete adultério contra a primeira; e se essa repudiar seu marido e desposar outro comete adultério’: Mc 10,11-12), afirma que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro casamento foi válido. Se os divorciados tornam a casar-se no civil, ficam numa situação que contraria objetivamente a lei de Deus. Portanto, não podem ter acesso à comunhão eucarística enquanto perdurar essa situação” (Catecismo, 1650). Esses cristãos, no entanto, mesmo não tendo acesso aos sacramentos, não devem se considerar separados da Igreja, “pois, como batizados, podem e devem participar da vida dela” (cf. Catecismo, 1651).
“A atitude corporal (gestos e roupas) há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede” (Catecismo, 1387).
Outro conselho de grande valor é chegarmos à Santa Missa com alguns minutos de antecedência, para depositarmos aos pés de Nosso Senhor as nossas intenções e preocupações, e, assim, estar mais atentos e participar com maior fruto da Liturgia da Palavra e da Liturgia Eucarística. Após a comunhão, é importante também termos um tempo de ação de graças, para agradecermos a Jesus por Seu Corpo e Sangue, que recebemos, e por todas as graças que nos são dadas por meio dessa comunhão. A cada Eucaristia, Jesus vem habitar em nós para nos santificar, curar e salvar. Temos, pois, muito para agradecer cada vez que O recebemos.
Não existe sobre a terra momento mais intenso de comunhão com Jesus do que quando recebemos Seu Corpo e Seu Sangue. Por isso, cada vez que vamos participar da Santa Missa, queremos nos preparar para esse encontro com Cristo, para que Ele nos conduza a uma amizade cada vez mais íntima e intensa com Ele. O nosso amor por Jesus e a observância de tudo aquilo que o Magistério da Igreja nos pede será sempre a melhor maneira de nos prepararmos para receber Cristo com dignidade. Procuremos, pois, fortalecer, cada vez mais, os nossos laços de amizade com Jesus, pois é Ele quem nos conduz com alegria em meio às muitas provações da nossa vida.

Por um monge do Mosteiro da Transfiguração – fonte: Canção Nova

sábado, 12 de julho de 2014

Predestinação


Algumas pessoas perguntam sobre a predestina­ção. Se existe destino» ou se cada um já nasce com o futuro definido.
A predestinação diz respeito ao destino prévio para o qual Deus nos criou, ou seja, Deus nos criou "predes­tinados para a felicidade", para a vida eterna em comu­nhão com Ele, saciados da Sua glória.
O nosso Catecismo diz logo no n.l: "Deus, infinita­mente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo "participar de sua vida bem-aventurada". A felicidade consiste em conhecer, viver e amar o bem e o sumo bem é Deus.
Deus não criou alguém para que seja condenado. São Paulo disse com toda certeza: "Deus quer que to­dos se salvem e cheguem ao conhecimento da verda­de" (l Tm 2,4). E ele diz a Timóteo que "a greja é a coluna e o fundamento da verdade" (ITm 3,15) que salva, que leva-nos à vida eterna. Daí a importância da Igreja.
O dom mais precioso que Deus nos deu foi a li­berdade, que nem Ele e nem o demónio tira de nós. É ela que caracteriza a nossa "imagem e semelhança" com Deus. Se Deus a tirasse de nós, seriamos marionetes, teleguiados. Deus não quer isso porque nos anularia. Então, não existe destino e nem predestinação para a condenação. O futuro de cada um e a vida eterna de cada um depende de como viver hoje, agora, o seu pre­sente, fazendo o bem ou o mal.
Só vale a pena fazer alguma coisa, gastar o tempo e a vida, com aquilo que não acaba; aquilo que deixa algo para sempre. Devemos olhar o temporário com um olhar de eternidade. Usando bem da liberdade devemos fazer o bem. "É para a liberdade que Deus nos libertou" (Cal 5,1). Seremos julgados por nossas obras, praticadas livremente:
"Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo, a fim de cada um ser remunerado pelas obras da vida corporal, conforme tiver praticado o bem ou o mal" (2 Cor 5,10).
"Vi os mortos, grandes e pequenos, de pé, diante do trono. Abriram-se livros, e ainda outro livro, que é o livro da vida. E os mortos foram julgados conforme o que estava escrito nesse livro, segundo as suas obras". (Ap 20,12)
"Eis que venho em breve, e a minha recompen­sa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras" (Ap 22,12).
Nossas obras comprovam que nossa fé é autêntica.
Prof. Felipe Aquino




quinta-feira, 10 de julho de 2014

Conceito de Ecumenismo



                   “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. (Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.) É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo”. (João 10, 14-17)
                   “É necessário fazer um esclarecimento sobre o conceito de ecumenismo, muito deturpado hoje em dia. Ecumenismo não se confunde com sincretismo ou com relativismo. Sincretismo é a mistura das religiões, querendo fazer um meio-termo entre elas. Cada um abre mão de parte de sua doutrina em função do outro. O relativismo é o fundamento do conceito de equivocado ecumenismo e a negação da verdade. No fundo, é um tipo de ateísmo disfarçado, pois Deus é a verdade e, como conseqüência, ela não pode ser múltipla e "relativa" a cada um. Quem segue esse falso ecumenismo não crê em sua religião e busca moldar sua fé segundo o mundo e não segundo a Deus. Ele tem receio de se dizer católico por vergonha de proclamar verdades eternas. Ele tem vergonha de defender a Cristo quando todos o combatem etc.” (Encíclica Mortalium Animus, Papa Pio IX)
                   O diálogo ecumênico é um abraço universal entre os cristãos que entendem que Deus não criou cisões dentro da Igreja. O diálogo ecumênico é um ato de dar as mãos unindo o que jamais deveria se separar, A Igreja e seus filhos, que são todo o povo de Deus. Assim, existe da Igreja Católica o reconhecimento da fé dos cristãos e das igrejas como fé verdadeiramente cristã. E essas igrejas reconhecem os dogmas e a unidade que deve existir entre todos os cristãos, professam a fé católica e são inseridos nesta única Mãe Igreja.
                   “Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela palavra deles. Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como amaste a mim. Pai, quero que estejam comigo aqueles que me deste, para que contemplem a minha glória, a glória que tu me deste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o farei conhecer ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles”.” (João 17, 20-27)



sábado, 5 de julho de 2014

O Valor Cristão da Consciência





Santo Agostinho não teve receio em questionar se o joio, que Jesus mandava deixar crescer com o trigo, seria o joio da heresia ou também dos maus católicos. O joio, primeiramente se apresenta soberbo e viçoso, mas seu destino é o fogo para assar os pães feitos de trigo. Não podemos ficar só na lei, antes deixar-se guiar pelo Espírito vivificante. Tolice bárbara é arrancar à força o joio, calcando o trigo; trigo pisado não cresce para os celeiros da pros­peridade. E através do amor, da liberdade, que as pessoas crescem para a alegria de Deus e dos homens, puem pre­tende abafar a consciência humana, pode calar e esconder o erro, mas instala a mentira, que é pior..., porque é mentira confessar conformidades que não existem, apresentar um sossego egoísta só para evitar a ira de fanáticos.


Cristo observa que não vale nada ganhar o mundo se a alma se perde. Jesus luta por justiça para todos, ainda que seja para uma mulher apanhada em adulterio, que os próprios adúlteros julgavam-se no aireiio ae corrigir só porque eram do sexo privilegiado, o mais forte. Em João 8,7 lemos: "Quem for sem pecado que lhe atire a primeira pedra". Jesus não é desses mestres que impõe obediência cega e não quer ser seguido por fiéis de consciência deturpada, dominada e escrava, puer respostas decididas, mas amo­rosas. Discípulos de olhos abertos, puros e sinceros, para que, pela sinceridade e liberdade de sua redenção, de sua libertação. A falsa amizade afasta a cruz redendora. O que jesus quer de nós é que mergulhemos na .solidariedade fraternal, capaz de nos convencer a nos entregar sem limites, livremente.

Wellington Jardim – Comunidade Canção Nova

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sobre o Comunismo


Carta Pastoral Sobre o Comunismo: os seus erros, a sua ação revolucionária e o dever dos católicos

Por Dom Geraldo de Proença 
Sigaud 



   

   

 


 1. Socialismo e comunismo

O socialismo é condenado pelo direito natural, e não pode haver socialismo cristão

O socialismo ensina a mesma doutrina marxista que o comunismo. Tem o mesmo objectivo, a Revolução, e quer a mesma organização econômica da sociedade. É materialista, rejeita a Religião, a moral, o direito, Deus, a Igreja, os direitos da família, do indivíduo. Quer que todos os meios de produção estejam nas mãos do Estado, e igualmente toda a educação, todos os transportes, as finanças, e que o Estado seja o soberano senhor de todas as forças da nação. Deseja a supressão da diferença entre as classes sociais. Também para o socialismo, a pessoa existe para o Estado, não o Estado para a pessoa (cf. Leão XIII, Encíclica Rerum Novarum).

A diferença que há entre os socialistas e os comunistas é uma diferença de método.

Os comunistas desejam a implantação imediata da ditadura do proletariado para realizar a Revolução. Os socialistas recorrem a meios "legais" para obter o mesmo objectivo. Recorrem às eleições, às greves legais, às agitações sem derramamento de sangue, para conseguir leis de nacionalização, de ensino laico. Vão fazendo a nação deslizar para o comunismo em geral sem convulsões violentas. O socialismo é uma rampa pela qual as nações vão resvalando para o comunismo quase sem perceberem.

2. Socialismo e seus matizes

A vantagem táctica do socialismo, para os que dirigem a seita comunista, é que o socialismo pode tomar cores mais suaves. O comunismo é vermelho-sangue. O socialismo pode ir do rubro ao cor de rosa. O comunismo tem dificuldade de se fazer passar por cristão. O socialismo arranja modos de se dizer cristão, e assim realizar a Revolução paulatinamente e por etapas.

3. Socialismo cristão

Os autores da Revolução realizaram esta proeza de enfeitarem o socialismo com o rótulo de cristão. Com um semblante comovido, tais socialistas cristãos condenam o capitalismo como intrinsecamente mau, pior do que o comunismo. E com comoção dizem que no comunismo há muita coisa boa. O seu ódio à América do Norte é violento.

As suas simpatias pela Rússia são difíceis de esconder. Consideram o capital uma abominação quando nas mãos daquele que o amealhou com o seu suor, mas o acham admirável quando nas mãos do Estado. Têm uma confiança cega no Estado, e uma desconfiança irremediável da iniciativa particular. Mas confessam se e comungam; dizem-se católicos progressistas.

É possível um socialismo cristão? Sua Santidade o Papa Pio XI já respondeu a esta questão na Encíclica Quadragesimo Anno: "Se este erro, como todos os mais, encerra algo de verdade, o que os Sumos Pontífices nunca negaram, funda se contudo numa concepção da sociedade humana diametralmente oposta à verdadeira doutrina católica.

Socialismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista".

E se o socialismo for muito moderado? Mesmo neste caso continua incompatível com o Catolicismo. Pio XI é explícito também neste ponto. Ouçamo-lo: "E se o socialismo estiver tão moderado no tocante à luta de classes e à propriedade privada, que não mereça nisto a mínima censura? Terá por isto renunciado à sua natureza essencialmente anticristã? Eis uma dúvida que a muitos traz suspensos. Muitíssimos católicos, convencidos de que os princípios cristãos não podem abandonar-se nem jamais obliterar-se, volvem os olhos para esta Santa Sé e suplicam incessantemente que definamos se este socialismo repudiou de tal maneira as suas falsas doutrinas, que já se possa abraçar e quase baptizar, sem prejuízo de nenhum princípio cristão.

Para lhes respondermos, como pede a Nossa paterna solicitude, declaramos: o socialismo, quer se considere como doutrina, quer como facto histórico, ou como "ação", se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de um modo completamente avesso à verdade cristã" (Encíclica Quadragesimo Anno).

Realmente, Deus estabeleceu uma ordem natural, que não é lícito ao homem violar, e a esta ordem pertencem dois pontos que todo o socialismo viola. São os seguintes:

a) O papel subsidiário do Estado. O Estado não existe para absorver ou substituir os indivíduos, as famílias e as associações, mas para realizar as tarefas que estes elementos não podem realizar por si mesmos. Assim João XXIII, na Encíclica Mater et Magistra: "Essa acção do Estado, que protege, estimula, coordena, supre e complementa, apoia-se no "princípio de subsidiariedade" (A. A. S., XXIII, 1931, p. 203), assim formulado por Pio XI na Encíclica Quadragesimo Anno: "Permanece, contudo, firme e constante na filosofia social aquele importantíssimo princípio que é inamovível e imutável: assim como não é lícito subtrair aos indivíduos o que eles podem realizar com as próprias forças e indústria para confiá-lo à colectividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e inferiores poderiam conseguir, é uma injustiça ao mesmo tempo que um grave dano e perturbação da boa ordem. O fim natural da sociedade e da sua ação é coadjuvar os seus membros e não destruí-los nem absorvê-los" (ibid., p. 203) (apud "Catolicismo", n.° 129, de Setembro de 1961).

b) O indivíduo, as famílias, as associações têm direito de possuir bens de raiz, bens móveis e bens produtivos. O Estado não pode açambarcar estes bens para si. Os homens têm o direito e o dever de proverem às suas necessidades, e o Estado não pode arvorar-se em Providência e suprimir este direito ou substituir se a este dever.

Por isto tudo, o socialismo é condenado pelo direito natural, e não pode haver socialismo cristão.

4. A Igreja primitiva foi comunista? As ordens religiosas são comunistas?

Amados Filhos, provavelmente já tereis ouvido ou lido afirmarem que a Igreja primitiva foi comunista e que as atuais Ordens Religiosas o são.

Depois do que dissemos a respeito do marxismo, compreendereis que somente um ignorante ou uma pessoa de má fé pode afirmar uma monstruosidade tal.

Mas, mesmo se nos abstrairmos do marxismo, nem a Igreja primitiva praticou, nem as Ordens Religiosas praticam o comunismo. Vede bem que o essencial do comunismo é a negação do direito de propriedade.

Ora, examinemos sob este aspecto a Igreja primitiva. Levadas da vontade de seguir de perto o exemplo do Divino Mestre e realizar os conselhos evangélicos, várias famílias cristãs de Jerusalém resolveram viver no voto de pobreza. Para isto venderam tudo o que tinham e entregaram o dinheiro aos Apóstolos para que com ele fosse mantida a comunidade. Notai bem: os indivíduos desta comunidade renunciavam aos seus bens porque queriam. Quem não quisesse viver na pobreza, não precisava.

Assim disse São Pedro a Ananias: "Conservando o campo, ele não permanecia teu? E vendendo-o, não dependeria de ti o que farias com o dinheiro?" (At. 5, 4).

A Igreja permitia que os que quisessem viver sem possuir nada pessoalmente, o fizessem. Mas, de um lado, isto era livre; de outro, o imóvel ou o dinheiro apurado passava a ser propriedade da comunidade. Ficava pois de pé o direito de propriedade da comunidade; não era negado nem transferido ao Estado.

Para desiludir os comunistas utópicos, devemos dizer que a primeira tentativa de realizar o ideal da pobreza não foi bem sucedida. Consumidos os capitais apurados na venda dos imóveis, criou-se em Jerusalém uma situação difícil, e foi preciso as outras comunidades cristãs enviarem periodicamente esmolas para Jerusalém a fim de sustentarem os irmãos que tinham renunciado aos seus bens. Verificou-se que o voto de pobreza só é possível juntamente com o voto de castidade, e que o estado de pobreza evangélica não é possível quando há família: marido, mulher e filhos. Para pessoas casadas o caminho da santidade está no trabalho e na recta administração das riquezas temporais.

Mais tarde, a Igreja retomou a experiência: primeiro com indivíduos isolados, os anacoretas; depois com pequenas comunidades de eremitas, os cenobitas. Só quando raiou a liberdade para o Cristianismo é que dois grandes Santos organizaram a vida de pobreza evangélica aliada à obediência e à castidade: no Oriente, São Basílio; no Ocidente, São Bento. Mas, se o monge renuncia a toda a propriedade pessoal, o mosteiro passa a ser o proprietário. Verifica-se o que se dá muitas vezes na família: se os indivíduos não são donos, a família é a proprietária.

Vejamos agora o valor que tem a afirmação de que as Ordens Religiosas são comunistas ou socialistas.

Ninguém afirmará que as doutrinas filosóficas, sociológicas, teológicas do comunismo se encontram realizadas nas Ordens Religiosas. Tal afirmação é tão absurda, que ninguém a tomaria a sério. Restaria então o tipo de vida econômica das Ordens Religiosas. Perguntamos: o tipo de vida económica que o comunismo pretende implantar é aquele que as Ordens Religiosas realizam há tantos séculos? Para respondermos com clareza a este absurdo, que no entanto se repete com enfadonha monotonia, vamos analisar um pouco mais de perto o tipo de vida econômica das Ordens Mendicantes. É sabido que são elas que realizam o ideal de pobreza evangélica mais absoluto entre as comunidades religiosas. Verificado que nelas não há sombra do tipo econômico comunista, fica provado que as outras Ordens e Congregações, em que o tipo de pobreza é mais suave, a fortiori não podem ser tachadas de comunistas.

Nas Ordens Mendicantes mais rigorosas, não só os Religiosos individualmente nada possuem de próprio, mas nem mesmo a Ordem, as Províncias ou conventos são os titulares das propriedades. Em vez deles, a Santa Sé ou a Diocese são os proprietários formais. A administração dos bens destinados à Ordem, à Província ou ao convento é realizada por pessoas nomeadas pela Santa Sé ou pela Diocese. Mas, se a propriedade não é nominalmente da Ordem, etc., os frutos do patrimônio que existir, ou as esmolas dadas pelos fiéis, aplicam-se formalmente à manutenção daquele convento e daquela comunidade para que são destinados. Assim, os Religiosos não têm os ônus da propriedade e da sua administração, caridosamente suportados pela Autoridade Eclesiástica, mas têm as rendas necessárias para se manterem. É a realização da pobreza de Cristo e da fé na Providência. É o "nihil habentes, et omnia possidentes" de São Paulo (2 Cor. 6, 10 ) . Assim, as Ordens Mendicantes são a mais formal refutação do comunismo. Porque:

a) A renúncia às propriedades é uma afirmação clara da existência do direito de propriedade, pois ninguém renuncia seriamente ao que não existe.

b) Cada comunidade e cada Religioso tem o direito de viver dos frutos do patrimônio e das esmolas que tocam ao convento, e que são administradas pela Autoridade Eclesiástica em favor da comunidade, e não arbitrariamente.

c) O Religioso renuncia ao direito de propriedade voluntariamente. O comunismo nega este direito e confisca as propriedades violentamente.

d) O Religioso abraça a pobreza voluntária para melhor seguir Nosso Senhor Jesus Cristo e santificar melhor a sua alma na esperança da vida eterna. O comunismo diz que destrói a propriedade particular para proporcionar a todos os homens a maior soma de prazeres nesta terra, uma vez que não existe a vida eterna.

e) Na realidade, a pobreza voluntária dos Religiosos os leva à maior liberdade no serviço de Deus. O comunismo, prometendo a maior soma de prazeres, realmente tem por fim escravizar os homens, e depois, por meio da fome, obrigá-los à total apostasia de Deus.

f) A pobreza voluntária das Ordens Religiosas serve a Deus. O comunismo serve a Satanás.

Concluindo, devemos pois dizer que a afirmação de que as Ordens Religiosas realizam o tipo econômico do comunismo é uma verdadeira blasfêmia.
 Fonte: www.libertatum.blogspot.com