sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Ágape



Mesmo que você não se sinta amado, mesmo que você se sinta desprezado, abandonado, solitário, perdido, saiba que há alguém que te ama muito; te ama com um amor tão grande que não tem medida. Amor imenso, escandaloso. Escandaloso a nossos olhos, porque é incondicional, nada pede em troca, não é excludente. Um amor assim nenhum ser humano é capaz de dar e poucos compreendem. Aliás, nem é necessário compreender, basta sentir. Como sentir algo tão grandioso? Como sentir algo tão maravilhoso?
Para sentir e experimentar o amor de Deus, basta se abrir à Sua Palavra. Basta crer e crendo se deixar envolver.
“E agora, eis o que diz o Senhor, aquele que criou, Jacó e te formou, Israel: Nada temas, pois te resgato, eu te chamo pelo nome, és meu. Se tiveres de atravessar a água, estarei contigo. E os rios não te submergirão; se caminhares pelo fogo, não te queimarás e a chama não te consumirá. Pois Eu Sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, teu salvador. Dou o Egito por teu resgate, a Etiópia e Sabá por compensação. Por que és precioso a meus olhos, por que eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti. Fica tranquilo, pois estou contigo” (Is 43,1-5a). 
“Pode uma mulher esquecer-se daquele que ela amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela esquecesse, Eu não te esqueceria nunca” (Is 49,15).
“Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais meu amor te abandonará e jamais meu pacto de paz vacilará, diz o Senhor que se compadeceu de ti” (Is 54,10).
“De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jr 31,3).
E finalmente, 1Jo 4,7-8, a máxima que coroa esta reflexão: “Carissimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”.



sábado, 22 de dezembro de 2018

Nem só de pão vive o homem



Nessa época percebemos uma grande agitação nas pessoas, um burburinho nas ruas, as lojas repletas. O consumismo é acelerado, desenfreado para muitos.  Tudo em nome dos festejos de fim de ano. Natal e réveillon se fazem presentes, presentes se fazem no Natal.  As ceias de Natal e passagem de ano são imprescindíveis; os mimos, as lembrancinhas, importantíssimos. Daí a agitação das pessoas, o burburinho das ruas; nos bairros comerciais o transito, normalmente intenso cotidianamente, torna-se caótico nos meados do mês de dezembro.
É o espírito do Natal, dizem. Será? Pessoas apressadas se esbarram, se atropelam, ao invés de um pedido de desculpa se irritam, se xingam; nas lojas disputam (quase aos tapas) os últimos itens de promoções e ofertas; no transito, buzinaço, falta de polidez ao volante, pressa irracional. Para que? Para ter uma noite serena no Natal e alegre no ano novo? Para alguns. Para muitos, muitos mesmo, serão noites de bebedeira e de excessos (por conta da bebida). Para outros, tristeza e abatimento. Tristeza proveniente de lembranças dolorosas do passado que sempre vem à tona nestas datas. Pra que chorar, pra que sofrer, se há sempre um novo amor, há sempre um novo amanhecer... diz uma canção popular. Porem, sem refutar a letra da canção, dizemos aos que sofrem, aos que choram; pra que chorar, pra que sofrer, se há alguém que enxuga tuas lágrimas, há alguém que te conforta, há alguém que é capaz de te restituir a alegria. Esse alguém tem nome, nome que é acima de todo nome; nome que ao ser simplesmente pronunciado com doçura e fé no coração, é capaz de nos proporcionar paz, harmonia, cura interior. Esse nome é Jesus. Jesus o dono das festas de fim de ano. Natal pelo motivo óbvio; ano novo, porque Ele é Senhor de tudo, inclusive do tempo.  
   Pois é. Rabanadas, chester, tender, bacalhoada, salada de frutas, uma taça de vinho, presentes. Temos direito a tudo isso, mas não nos esqueçamos do motivo real da festa, Jesus Cristo. Ele mesmo nos disse: Nem só de pão vivemos nós.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

CARIDADE DOM MAIOR



“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade sou como o bronze que soa, ou como o cimbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda ciência, mesmo que tivesse toda a fé a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens aos pobres e ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!” (1Cor 13,1-3).
Se não tiver amor de nada valho. Na vulgata lemos “caritatem”, de caritas: amor. Na versão grega dos setenta o termo é “agaphn” (ágape), que significa amor incondicional, amor pleno. Muitos confundem caridade com o gesto de doar algo a alguém. Dar esmola a um mendigo, ajudar materialmente aos mais carentes, alimentar um faminto, etc. Isto faz parte da caridade, mas não é caridade na acepção plena da palavra. (“Ainda que entregasse todos os meus bens aos pobres...se não tiver caridade de nada valeria”).
Portanto, se não houver amor, se a doação não se efetiva por amor e com amor, não é caridade; embora gesto louvável, não é caridade, é filantropia. Não há caridade sem amor. Aliás, seria uma contradição, pois caridade e amor são a mesma coisa.
Outro ponto importante é doar amorosamente sem esperar nada em troca; “a caridade é paciente, não busca seus próprios interesses, tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta”. (cf. 1Cor 13, 4-5.7). Caridade não é “toma lá dá cá”, caridade é amor, e amor incondicional (ágape). Alguém que promova doações de cestas básicas ou serviços sociais comunitários visando granjear fama, poder ou mesmo retorno financeiro, nem mesmo é filantropo, muito menos caridoso.
Caridade então é amar, amar, amar. Partilhar, doar e se doar sem interesse próprio, e esperar, não para si, não uma contrapartida, mas a esperança de ver a alegria e a felicidade do próximo.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Deus está sempre perto de nós



Nos afastamos de Deus porque pecamos ou pecamos por que nos afastamos de Deus? Na verdade o afastamento de Deus é consequência do pecado e quanto mais pecamos, mais nos afastamos dele. Cada pecado cometido é um passo a mais longe de Deus. Sendo assim, uma vida de pecados nos distancia mais e mais de Deus, logo da Sua Graça.
É como se caminhássemos em direção ao abismo e o Senhor ficasse nos observando, aguardando com extrema misericórdia nosso retorno. Se arrependidos nos voltamos a Ele, para cada passo nosso em sua direção, Ele dá inúmeros passos até nós. Assim é nosso Deus, amoroso, misericordioso; um Deus que vem em direção ao seu povo; Deus fiel, cumpridor de suas promessas: “Estou contigo para te guardar aonde quer que fores, e te reconduzirei a esta terra, e não te abandonarei sem ter cumprido o que prometi” (Gn28,15).
Deus que nos perdoa sempre e nos reconduz a seus caminhos. Se arrependidos nos voltamos a Ele, caídos, humilhados, Ele nos toma pela mão e nos soergue. Bem nos recorda o salmista: “Lembrai-vos, Senhor, de vossas misericórdias e de vossas bondades, que são eternas. Não vos lembrei dos pecados de minha juventude e dos meus delitos; em nome de vossa misericórdia, lembrai-vos de mim, por vossa bondade, Senhor. O Senhor é bom e reto, por isso reconduz os extraviados ao caminho reto. Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via.” (Sl 24,6-9).
A graça do Senhor, sua misericórdia, seu Divino amor, em sinergia com nosso arrependimento cobrem e anulam uma multidão de pecados, pois como diz a Palavra: “Onde abundou o pecado, superabundou a Graça” (Rm 5,20).
Desse modo, caríssimos, se afastados voltemos a Deus não importando nossa condição passada ou atual; o que importa é arrependidos pedirmos perdão por nossas faltas, nos reconhecendo pecadores – como no salmo citado acima – e como o salmista, clamar pela Divina Misericórdia para que Ele venha perdoar nossos pecados e nos recolocar em caminho seguro,  o caminho da salvação que conduz à vida eterna.


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Em busca de Deus



Desde tempos imemoriais a humanidade tem buscado o transcendental, contato com a divindade, o sobrenatural. “Tomaram o fogo, ou o vento, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros do céu por deuses, regentes do mundo. Se tomaram essas coisas por deuses, encantados por sua beleza, saibam quanto seu Senhor prevalece sobre elas, porque é o criador da beleza quem fez todas essas coisas. Se o que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam por meio delas que seu criador é mais forte; pois é a partir da beleza e da grandeza das criaturas que por analogia se conhece o seu autor” (cf. Sb 13,2-5).  Era dessa forma que buscavam Deus. Alguns verdadeiramente o encontraram e foram eleitos seu povo. Outros continuaram a adorar a criação ao invés do criador e pior, caindo na obscuridade, fizeram a si mesmo deuses.
Ainda hoje é assim. As seitas exotéricas louvam a natureza, a “mãe terra”, as forças cósmicas, as divindades ecológicas. “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus e através dos bens visíveis, não souberam conhecer aquele que é, nem reconhecer o artista, considerando suas obras” (Sb 13,1). Mas, desejando que assim seja, queremos crer que muitos desses busquem realmente o deus verdadeiro, ou seja, o único Deus; como citado a seguir: “Contudo, estes só incorrem numa ligeira censura, porque talvez eles caíram no erro procurando Deus e querendo encontrá-lo: vivendo entre suas obras, eles as observam com cuidado, e porque eles as considerem belas, deixam-se seduzir pelo seu aspecto. Ainda uma vez, entretanto, eles não são desculpáveis, porque se possuíram luz suficiente para poder perscrutar a ordem do mundo, como não encontraram eles mais facilmente aquele que é  seu Senhor?” (Sb 13,6-7).
E os que se fizeram deuses? Aqueles que se auto idolatram? Pode parecer exagero, mas não é; a egolatria é muito comum hoje em dia. Pessoas que se julgam autossuficientes, que prescindem de Deus e de todos: eu sou o mais inteligente, o mais sábio, o mais forte, o mais bonito, o mais isso e aquilo, etc, etc, etc... Até o dia em que suas supostas inteligência e sabedoria o levarem a desgraça, sua força e beleza sucumbirem diante de uma enfermidade. Da mesma forma que estes, arrogantemente e com indisfarçável sarcasmo, questionam um temente a Deus que sofre tribulações com a indefectível pergunta: “Onde está seu Deus?” poderia se perguntar: “e agora, cadê você?” O que eles por certo não percebem é que a diferença entre as duas situações é abissal. Onde está seu Deus? – Apesar de tudo que passei, meu Deus está a meu lado, me amparando, me confortando, me fortalecendo. Eis nossa resposta. E você onde está? Com certeza absoluta, longe de Deus, está num sofrimento atroz, revoltado contra tudo e contra todos, amaldiçoando o Deus que você diz que não existe. Mas para estes há um consolo, o Deus em que cremos não é só meu Deus, é nosso Deus, Deus de todos! Portanto, se eles se quebrantarem, reconhecerem sua fraqueza e interdependência, por certo nosso Deus há de também restituir-lhes a dignidade e saúde plena. 
“Virão dias – oráculo do Senhor – em que enviarei fome e sede sobre a terra; não uma fome de pão, nem sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor” (Am 8,11).

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A Verdadeira Face de Deus



“O Deus do antigo testamento é cruel, vingativo, sanguinário”. Só uma mente obtusa é capaz de pensar assim. Jesus não veio apresentar um novo Deus, um Deus renovado. Não; ele veio apresentar a verdadeira face do Pai Deus, corrigindo a imagem distorcida que faziam Dele.
Por questões conjunturais, no contexto histórico da época Deus se apresentava com severidade, porém nas entrelinhas se percebe o Deus amoroso que é. O povo de Deus no antigo testamento, este sim de coração empedernido, via então um Deus ciumento, irascível e ávido por sacrifícios e holocaustos penitenciais. A boca fala daquilo que o coração está cheio; assim as mãos escrevem, os olhos enxergam e por aí vai. Seria mais ou menos assim: Deus fala ao profeta que o mal deve ser exterminado. O profeta diz ao povo: exterminem o mal! O povo obediente, mas odiento, extermina os homens que eles julgam maus e não o mal que habita em si mesmo.
A Bíblia é verdadeira Palavra de Deus, porém escrita por mãos humanas; homens que viviam num contexto histórico diferente do nosso. Por isso a necessidade de uma exegese sistemática para o entendimento e visão verdadeira de Deus no antigo testamento. Numa leitura superficial, literal, enxergamos Deus como um ser ciumento e rancoroso; daí o grande perigo do fundamentalismo. Entretanto se aprofundarmos a leitura, buscando compreender o sentido da escritura num contexto histórico-literário da época, conforme o Magistério da Igreja nos ensina, veremos Deus completamente diferente, aí sim, o verdadeiro Deus.   
Jesus Cristo, rosto divino do homem e rosto humano de Deus, veio então mostrar o verdadeiro Deus como sempre foi desde sempre: amoroso, misericordioso, zeloso, bom, fiel a suas promessas, imutável, eterno, glorioso. Para selar definitivamente a aliança feita com seu povo, fez-se carne e habitou entre nós; doou-se. Não exigiu sangue alheio, deu em sacrifício cruento sua própria carne, Jesus, numa prova inconteste de amor.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Igreja de Cristo



Sabemos que a igreja, fundamento da verdade evangélica, foi fundada por Jesus Cristo a partir da cruz. “Assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo do seu lado nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. Assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte” (S. João Crisóstomo). A igreja de Cristo já existia no coração de Deus desde sempre: a jornada do povo hebreu no deserto prefigura a Igreja na sua peregrinação terrena; a cruz, penhor de salvação, foi o germe de onde nasceu a Igreja e o derramamento do Espírito Santo em pentecostes determina a sua manifestação ao mundo.  
No tempo de Jesus na terra o exército romano havia conquistado todo o mundo conhecido, para glória de César e enriquecimento do império. Jesus veio ao mundo para conquistar os corações para o reino de Deus. E continua fazendo isto até hoje e quer servir-se de nós para dar continuidade a sua obra. Para isto Deus nos deixou a sua palavra, as sagradas escrituras. Deixou-nos também como legado de amor e salvação, sua igreja. Igreja Santa, Católica, Apostólica.
A Igreja peregrina é ao mesmo tempo santa (em si) e pecadora (nós). Santa, porque assistida pelo Espírito Santo, pecadora porque formada por nós, seres humanos passiveis de erro.  Porquanto a Igreja, na essência, nunca erra; quem erra somos nós, seus membros. A padecente se purifica e a Igreja triunfante é a Jerusalém celeste na glória eterna.
A Igreja de Cristo é como uma grande e frondosa árvore, cuja raiz é a Igreja primitiva, o tronco a Igreja Católica e os ramos principais, ligados ao tronco são as diversas Igrejas de tradição histórica. Nenhum ramo pode sobreviver fora da árvore, assim como a árvore não vive sem o tronco. Sabemos, há igrejas – ramos externos da árvore – que procuram separar-se da árvore e até mesmo, em vão, cortar o tronco principal. Fora da árvore os ramos secam; cortando-se o tronco a árvore cai e morre. Morrendo a árvore, o Cristianismo desaparece da face da Terra. Fica então no ar a questão: A quem isso pode interessar? Estarão estas igrejas realmente a serviço de Deus?  A Igreja desde os seus primórdios foi perseguida e ainda será até o fim dos tempos. Primeiro pelos fariseus quando era tão somente uma pequena seita de origem judaica, depois pelo império romano, pelas heresias, pelas filosofias agnósticas, pela reforma, pelo iluminismo, pelo comunismo, e hoje pelo racionalismo, relativismo, pelo ateísmo critico. 
 Apesar de todo ataque, toda perseguição, cruenta no inicio, incruenta hoje, ela subsiste resistente, inexpugnável; donde vem essa força? Jesus no Evangelho segundo S. Mateus revela: “Eu te declaro, tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16,18). Aí Jesus fundamenta sua igreja sobre a rocha (Ele mesmo) delegada à outra rocha (Pedro).  
Os grandes impérios e instituições meramente humanas ruíram, se esfacelaram, se dividiram; a Igreja, no entanto apesar de abalos resiste, una e plural ao mesmo tempo. A explicação é simples: nada, nada, nem mesmo as forças infernais prevalecem sobre a vontade divina. As empreitadas humanas são temporárias, a obra de Deus é eterna.
(Carlos Nunes)

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Promessas de Deus



Todas as promessas de Deus se realizam, porém temos que fazer por onde, ou seja, fazermos a nossa parte, colaborar com a ação de Deus. Procurar Deus, buscar a Sua face e assim, buscar o bem, evitar o mal, fugir das ocasiões de pecado.
Todas as reais promessas de Deus se realizam, repito; porém Deus não opera em nós contra nossa vontade. Quando pensamos de uma maneira e agimos de outra, estamos sendo incoerentes, e a nossa vontade é o que transparece, o que é mostrado nas nossas atitudes. De que vale frequentar regularmente o grupo de oração e ao chegar em casa a primeira coisa a fazer é pegar o telefone, ligar para a comadre e falar mal da vizinha?  
Na nossa piedade, muitas vezes nos deixamos enganar, mas Deus, na Sua justiça, não. – Ah, mas Deus é misericordioso. – É misericordioso, mas não é bobo! Ele releva o pecado sim; Ele leva em conta nosso pecado. Contudo na Sua infinita misericórdia, quando nos arrependemos e deixamos para trás uma vida de pecados, Ele nos perdoa e apaga todos os pecados. Pois que a justiça de Deus é a misericórdia, não a lei.
Ao preço da cruz, Jesus já nos libertou. Cabe a nós sair do fundo da jaula - O pecado é como uma jaula, onde ficamos expostos ao escárnio do maligno. - e saindo, gozar da liberdade plena que Cristo nos oferece.
“Pedis e recebereis, buscai e achareis, bati e se vos abrirá. Tudo que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vos concederá”.  Assim disse Jesus. Mas Ele também disse: “Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus”.    


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Ouvir a voz de Deus



É de suma importância ouvir o Senhor. Mais que ouvir, acolher a palavra e obedecer. Mas como ouvir a voz de alguém que não vemos, alguém que na realidade é incorpóreo, pois que é puro Espírito? Esse é o questionamento que muitos fazem; crentes e descrentes. Muitos dos que creem, apesar de não duvidar, julgam-se incapazes de ter contato intimo com Deus; julgam – erroneamente – que só os especialmente iluminados têm essa capacidade. Os descrentes, obviamente não creem e ponto final; ouvir Deus? Ah, isso é loucura!
Quase todas as pessoas, indistintamente, já tiveram intuição. Grande número delas guiaram suas decisões através da intuição e por certo tomaram a decisão correta. E o que é intuição senão a voz de Deus falando ao coração? Quando dirigidos por ela – essa voz interior que nos fala ao coração – e obedientes, seguimos como que seus conselhos, por certo o resultado será positivo. Mas é preciso atenção, discernir bons e maus direcionamentos. Às vezes nossa vontade prevalece e o que julgamos ser algo intuitivo, é na verdade um desejo intrínseco; neste caso, inúmeras vezes a decisão é equivocada. Cuidado também para que vozes espúrias, pensamentos invasivos, confusos, coisa que nos trazem dúvidas e invariavelmente antiéticas, pautem nossas decisões.
Para nós carismáticos, é relativamente fácil entender: basta aplicar o discernimento dos espíritos; o que vem para o bem, que traz harmonia e dirime dúvidas, tem grande probabilidade de vir de Deus. Quando o pensamento ou a suposta intuição provoca mal estar emocional, nos confunde, quase sempre vem de fonte diabólica; são as tentações. Considere-se isto apenas uma dica, uma pista; sabemos que não existem regras nem manuais de aplicação dos dons carismáticos.
Nosso Deus é amoroso e se aproxima de nós. Ele quer ser intimo de todos, indistintamente. Por isso Ele se comunica, Ele nos fala – de modo inaudível aos ouvidos carnais, porém de forma loquaz em nosso coração. Portanto, os que se abrem, os que creem, os que realmente querem ouvir, certamente serão inundados pela voz do Senhor. Mas não basta ouvir, como dito acima é preciso reter, mais que reter obedecer às ordens divinas, seguir os conselhos, pautar-se na Palavra de Deus.
Estejamos atentos a palavra de Deus, não só através da conhecida “intuição”, como também no conselho salutar e na orientação de um amigo verdadeiro, nas palavras proféticas e de sabedoria ouvidas numa pregação e principalmente na leitura da Palavra, na Bíblia Sagrada.



sábado, 27 de outubro de 2018

Luar sobre a colina



Imagine Jesus orando no alto dum monte. Imagine o luar incidindo sobre o Senhor em oração. Isto muito provavelmente acontecia, porque era costume de Jesus retirar-se, subir um monte e lá colocar-se em profunda oração, numa vigília durante toda a noite. Jesus Deus e homem.  A natureza humana de Jesus rezava e rezava muito. O Filho orava fervorosamente ao Pai, num diálogo de amor.
Da janela vejo a Capelinha de São José no alto do morro em frente. Em noites de lua cheia, a capela iluminada ao luar se torna uma bela visão. Que belíssima visão seria a de Jesus, envolto pelo luar, irradiando sua própria luz e mesclando-a à da lua. Caríssimos, quando estamos em Deus, com o Espírito Santo, somos mergulhados na sua luz, e como a lua reflete a luz do sol, refletimos também nós, a luz imensa do sol radiante da justiça que é Jesus.
O mundo tenta ofuscar nossa vista, tenta nos cegar com o brilho falso das luzes feéricas que nos cercam; brilho falso de joias falsas. O mundo corrompido, sedutor, não o mundo imaginado e criado por Deus; o mundo paradisíaco entregue a nós como habitáculo e manancial, o qual degradamos pela nossa desobediência e mal proceder. Esse mundo corrompido, dominado pela concupiscência humana exacerbada pelo maligno, dirigido pela iniquidade é que nos tenta, é que nos oferece lixo camuflado em belas embalagens, cavalos de Tróia, presentes de grego.   Não nos deixemos enganar, desarmemos as armadilhas, fixemos nosso olhar em Cristo, esse sim, a luz verdadeira. Um caco de vidro pode brilhar tanto quanto um diamante, mas continua sendo um caco de vidro. Ademais, se apertarmos na mão um diamante nada acontece, mas se apertamos um caco de vidro nos ferimos seriamente.  
Não permita que a falsa luz te inebrie, reanima-te com a luz verdadeira, fonte de vida e santidade. Não te firas com cacos de vidro, enriqueça tua vida com o diamante verdadeiro, com a joia preciosa, com o tesouro celestial: Jesus de Nazaré, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

A Pessoa do Espirito Santo



A Pessoa do Espírito Santo sempre acompanhou a historia da salvação, desde o inicio da revelação Divina no Antigo Testamento. No inicio de maneira velada, implicitamente: “O Espírito de Deus pairava sobre as águas.” (Gn 1,2); “Por ventura não clama a Sabedoria e a inteligência não eleva a sua voz? Eu, a Sabedoria, sou amiga da prudência, possuo uma ciência profunda” (Pr 8,1.12); “A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado; o Espirito Santo educador (das almas) fugirá da perfídia, se afastará dos pensamentos insensatos. Sim, a Sabedoria é um espírito que ama os homens, mas não deixará sem castigo o blasfemador pelo crime dos seus lábios. Com efeito, o Espirito do Senhor enche o universo e ele que tem unidas todas as coisas, ouve toda voz” (Sb 1,4-7); “Dentro de vós colocarei   meu Espirito, fazendo com que obedeçais as minhas leis e sigais e observais os meus preceitos” (Ez 36,27); Depois disso acontecerá que derramarei o meu espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos e vossos jovens terão visões” (Jl 3,1). Nestes tempos o Espirito Santo só era dado aos Profetas, homens especialmente eleitos por Deus.
O Espírito Santo como pessoa Divina só foi plenamente apresentado no Novo Testamento, através de Jesus Cristo, com a revelação da Santíssima Trindade: “Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espirito de Deus. e do céu baixou uma voz: ‘Eis meu filho muito amado em quem ponho minha afeição” (Mt 3,16). A partir daí o Espirito Santo nos é apresentado tal como o conhecemos.
Entretanto o Espirito Santo só se manifesta nos fiéis em pentecostes. Aí também inicia a missão evangelizadora e catequética da Igreja. No episódio narrado em Atos dos Apóstolos 2, versículos 1 a 4, o Espirito Santo é derramado sobre os discípulos de Jesus, por extensão à Igreja, confirmando as profecias de Ezequiel (Ez 36,27) e Joel (Jl 3,1). A partir daí o cristianismo, guiado pelo Espirito Santo, cresceu em número e em graça, difundindo-se pela pregação dos Apóstolos e seus enviados por todo o mundo.
  Assim até hoje a igreja em seu múnus apostólico difunde a doutrina da salvação por todo o mundo, daí sua catolicidade, ou seja, universalidade. Isso só se torna possível com a assistência, com a inspiração, a direção, o agir do Espirito Santo. Sem ele, qualquer palavra ou ação, por bonita e envolvente que fosse não surtiria o efeito desejado, pois seria atitude meramente humana que tocaria somente a superficialidade da alma, o emocional. Contudo, na ação do Espirito todo testemunho alcança o âmago, as profundezas do espírito humano, provocando as transformações que levam à conversão, à metanóia, ao caminho da salvação, à ascese, enfim, à santificação.
Quem afinal é essa pessoa com atributos tão notáveis? É Deus. Simples assim. Teologicamente podemos dizer que é a terceira pessoa da Trindade. Terceira não significa ordem de importância, hierarquia; as Pessoas Divinas são iguais em tudo, pois são um único Deus. Primeira, segunda e terceira representam a ordem em que foram reveladas: Pai (o Criador), Filho (Jesus) e Espirito Santo. Podemos dizer que o Pai é Deus por nós (YAHWE – Aquele que É), o Filho é Deus conosco (Emanuel) o Espirito Santo é Deus em nós (nos foi infundido no batismo sacramental, tornando-nos sua morada). Assim apresentamos o Espirito Santo na Santíssima Trindade.
No Antigo Testamento o Espirito de Deus era representado pelo termo hebraico ‘ruah’ – em latim ‘spiritus’ – que significa vento, brisa, tempestade. Esta palavra está associada a ideia de vida, portando ‘ruah’ significa força vivificante de Deus. É este Espirito que fortalece os homens, capacitando-os a ações extraordinárias (Sansão, Elias), ouvir e falar com Deus (Isaias, Jeremias, Ezequiel). O Messias prometido seria portador do ‘ruah’, portanto pleno de poderes.  No Novo Testamento Jesus explicitou o Espirito Divino, ao falar do Pai e do Espirito, que com o Filho formam o único Deus Uno e Trino. Na anunciação do anjo a Maria (Lc 1,26-38) o Espirito Santo é apresentado como força que fecunda e gera vida. Na visita de Maria a Isabel, o Espirito inspira e fortalece (Lc 1,39-45). No diálogo com Nicodemos Jesus apresenta o Espirito Santo como fator de renovação, de renascimento (Jo 3, 1-8). O Espírito Santo confere autoridade (Jo 20,22-23). O Espirito Santo é força do alto, que revigora, encoraja (At 1,8). Finalmente é quem nos move, nos concede os dons e carismas, nos anima, nos transforma em anunciadores audazes de Sua Palavra (At 2,1-13)
   O Espírito é concedido aos batizados, quando sacramentalmente recebemos o Espírito Santo no batismo e posteriormente confirmado no crisma, conferindo-nos os sete dons infusos. No “batismo no Espírito Santo” ou efusão do Espírito nos são concedidos os dons carismáticos, os quais nos levam a uma renovação espiritual tão intensa que somos realmente regenerados (o zelo pela doutrina da Igreja, o amor a Maria, a leitura orante da Bíblia, a oração e o louvor são nitidamente intensificados).
     Concluindo podemos afirmar que o Pai nos trouxe o Filho Jesus. Jesus nos dá o Espirito Santo, para que através desse mesmo Espirito Ele seja apresentado e possa nos levar ao Pai, num circulo virtuoso de amor.
(Carlos Nunes)

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A humilde Serva do Senhor



Hoje celebramos o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Também é o dia especialmente dedicado às crianças. Como cristãos o que podemos dar de maior valor a nossas crianças? A fé em Deus. Ensina-las a amar Nosso Senhor Jesus Cristo e sua mãe Maria, aqui representada como N. S. Aparecida. Transmitir a elas os valores morais, hoje tão aviltados, ensinando-as a respeitar os mais velhos, a partilhar com outras crianças, educando-as segundo os preceitos da nossa fé. Ensinando-as principalmente a ser humildes, sendo para elas exemplos e testemunhos vivos de uma educação salutar. Humildes como Maria, serva do Senhor: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim conforme a Tua Palavra” (Lc 1,38). Maria é simples, humilde ao extremo e quer que sejamos também simples. Nas aparições Maria se apresentou a pessoas muito simples – a um índio no México (N.S. Guadalupe), a crianças em Portugal (N.S. de Fátima), a pescadores no Brasil (N.S. Aparecida). Maria, mãe de Jesus Nosso Salvador, não se prevalece de sua condição de primeira cristã, de ser mãe do Messias, ao contrário, se mantém simples e humilde durante toda a vida. Por tudo isso, sejamos simples e humildes, seguindo o testemunho de Nossa Mãe do Céu.  Sejamos exemplo para todas as crianças, sejam nossos filhos, netos, sobrinhos ou afilhados.
Nossa Senhora Aparecida rogai por nós!

sábado, 6 de outubro de 2018

Transformar o mundo



O mundo – a mídia em geral – vive uma hipocrisia crônica. O povo brasileiro saiu da letargia e acordou (desperta tu que dormes...). Houve excessos, vandalismo; baderneiros e malfeitores infiltrados promoveram distúrbios. A imprensa criticou; as forças de segurança agiram. A imprensa criticou.  As mesmas organizações jornalísticas que criticaram a baderna “caíram de pau” na policia quando esta agiu. Pode ter havido excessos, é bem possível que sim, mas agiu legitimamente para defender o patrimônio das cidades, como também a própria integridade pessoal. Aqui pode ser aplicada, metaforicamente, a lei da estática (física): a toda força corresponde uma força de mesma intensidade e em sentido contrário. Assim caminhamos; cobram providências e quando providências são tomadas, as criticas são severas. Criminosos são mortos em confronto com policiais; a policia é violenta e assassina. Facínoras covardes matam friamente uma criança, e não há um jornalista ou defensor dos direitos humanos que sequer digam uma palavra, uma palavra apenas, em defesa de famílias enlutadas ou da sociedade.
Assim caminhamos, num mundo de gente que aboliu Deus de sua vida. Sem Deus não há amor fraterno, sem amor não há justiça, sem justiça não há paz. A pregação do mundo é o hedonismo, o consumismo, o ter cada vez mais, a ambição do poder, da fama, da notoriedade. Por isso cada vez mais há pessoas sem escrúpulos, violentas, insensíveis. Não respeitam nada nem ninguém. Também por isso, há pessoas depressivas, angustiadas, frustradas, emocionalmente abaladas; pessoas inferiorizadas, traumatizadas, obsessivas. Nesse mundo enfermo por falta de amor estamos inseridos. Não importa se você ”é do bem”, está no turbilhão como todos. Já discorremos em outras ocasiões, que no mundo há de tudo: bons, maus, indiferentes. Os maus espalham o mal; os bons promovem o bem; os indiferentes não se importam com nada que não seja seu, na verdade são egoístas. Se você esta entre os de bom coração, não se omita, faça alguma coisa, por menor que seja. Martin Luther King dizia: “Pior que a atitude dos maus, é o silêncio dos bons”.
Como cristãos não podemos ficar omissos. Se o mundo ataca, contra ataquemos.  Se o mundo grita, gritemos mais alto. Se o mundo prega a iniquidade, preguemos a paz, a justiça, o amor. Restauremos o mundo; a perversão dê lugar à perfeição, do jeito que Deus criou, do jeito que Deus quer que sejamos, do jeito original: à Sua imagem e semelhança. Estamos mal, mas não é o fim. Com Deus temos fé; fé que leva à esperança; esperança que leva à caridade. Caridade que é amor; amor que pode transformar o mundo.


sábado, 29 de setembro de 2018

Palavra da Igreja



Falas de João Paulo II à Renovação Carismática: “Como não dar graças pelos preciosos frutos espirituais que a Renovação gerou na vida da Igreja e de tantas pessoas? Quantos fiéis leigos - homens e mulheres, jovens, adultos e anciãos – puderam experimentar na própria vida o maravilhoso poder do Espírito e dos seus dons! Quantas pessoas redescobriram a fé, o gosto pela oração, a força e a beleza da Palavra de Deus, traduzindo tudo isso num generoso serviço a missão da Igreja! Quantas vidas mudaram de maneira radical! Por tudo isto, hoje, juntamente convosco, desejo louvar e agradecer ao Espírito Santo”.– À RCC na Itália, 04/04/1998.
“No nosso tempo, ávido de esperança, fazei com que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Assim, ajudareis a fazer que tome forma aquela ‘cultura do Pentecostes’, a única que pode fecundar a civilização do amor e da convivência entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos cansei de invocar:  Vem ó Espírito Santo! Vem! Vem !” – 14/03/2002.
“A Igreja e o mundo têm necessidade de santos, e nós somos tanto mais santos quanto mais deixamos que o Espírito Santo nos configure com Cristo. Eis o segredo da experiência renovadora da ‘efusão do Espírito’, experiência típica que caracteriza o caminho de crescimento proposto pelos membros de vossos Grupos e das vossas comunidades”.– L’Osservatore Romano, 30/03/2002.
“Graças ao movimento carismático, tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, têm redescoberto Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência cotidiana. Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um renovado salto de oração, de santidade, da comunhão e de anúncio”.– 29/05/2004.
Eis um verdadeiro reconhecimento pontifício da identidade da Renovação Carismática Católica, bem como um mandato e direcionamento ao movimento: apostolado da efusão do Espírito Santo e difusão da cultura de Pentecostes.  

 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Olho por olho – Coração por coração


“Dói muito ser queimado vivo, dói muito. Dói no corpo, dói na alma” (vitima de facínoras no ônibus incendiado no Rio de Janeiro em 03/03/2015).


Dói na alma... Dói na alma tomar conhecimento da barbárie que assola nossa cidade, nosso pais, a terra inteira. Crimes hediondos, atentados terroristas, massacres de inocentes em guerras insanas mundo afora, tudo isso nos afronta. No Brasil a impunidade generalizada, no mundo a insolência dos fortes tripudiando sobre os fracos.
No livro dos Salmos 12(13), o salmista num lamento questiona: “Até quando Senhor, de todo vos esquecereis de mim? Até quando aninharei a angustia em minha alma, até quando se levantará o inimigo contra mim?” (vv. 2-4), para logo após exprimir confiança: “Iluminai meus olhos com vossa luz (...) antes possa meu coração regozijar-se em vosso socorro!” (vv. 5-6).
Somos passiveis de sentimentos de vingança tipo olho por olho; afinal somos seres carnais. Contudo, não podemos deixar que a carne e o sangue falem mais alto. Não é coerente indignar-se com a crueldade sendo cruéis. Somos seres carnais, no entanto também espirituais. O ser humano é constituído de corpo, alma (psique), espírito. O espírito iluminado pela fé e enlevado pela graça; a alma, a vida sensível e também a razão sem a graça, e o corpo a área material, nossa parte visível, palpável, receptáculo da graça. Se a carne clama por vingança, a alma deve sobrepujá-la e clamar por justiça. Acima de tudo, enlevado pela graça, o espírito se doa em perdão. Entenda-se, perdoar não é aceitar resignadamente o que se fez contra nós, isentando o agressor de culpa (afinal a alma clama por justiça). Ao contrário, perdoar é reconhecer que fomos feridos, que alguém nos ofendeu e mesmo assim não lhe desejar o mal. Imputando culpa sim, porém sem imprimir ódio nem desejo de vingança no coração.
Em vista de toda maldade imperante no mundo, coloquemos nossa confiança no Senhor que fez o céu e a terra e a todos ama igualmente, mereçam ou não. Dói, dói muito; mas do mesmo modo como Deus concede-nos gratuitamente a misericórdia, aprendamos também a perdoar. Talvez assim o mundo fique melhor.
Perdoar é ir além, é dar mais (per + donare = doar mais). Portanto só perdoa quem é generoso, caridoso, ama e por amor é capaz de se doar. O outro passa dos limites e nos tira algo; nós ultrapassamos nossos próprios limites e lhe damos o que ele não mereceria. Isso é perdão.    

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Fé e Razão


“É infrutífero falar da contraposição entre razão e a fé. A razão é ela mesma uma questão de fé. É um ato de fé asseverar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade”. (Gilbert Chesterton).
                    

Nós católicos, apesar de sabermos que os mistérios divinos colocam a fé acima da razão, não nos esquecemos de que somos seres racionais e como tal, em muitas questões usamos da razão em contraponto à emoção – o que não contraria nossa posição de homens de fé – porque como corpo material, somos submetidos às leis da matéria, as ciências naturais que, aliás, não é ciência do homem como muitos alegam, porém ciência de Deus dada a conhecer aos homens. Nesse aspecto, a mística dos milagres só é aceita pela Igreja, no âmbito da fé após ratificação dos fundamentos bíblico-teológicos, e no contexto racional após comprovação cientifica quando há mudanças radicais no curso dos fenômenos naturais.
 O que se faz no método científico é obter dados sobre os fenômenos estudados, buscando padrões, tentando entendê-los. Então hipóteses são formuladas, e desenvolvem-se experimentos que venham a confirmar (ou não) as várias hipóteses. Mas esses passos não podem ser seguidos se não houver a crença que o universo é ordenado: “Mas tudo dispuseste com medida, quantidade e peso” (Sb 11,20).
 Muitos consideram a sabedoria do mundo incompatível com a sabedoria divina. Veem uma como boa e a outra como má. Realmente, se não formos cuidadosos em nossos critérios e discernimento, podemos aceitar essa noção. Mas será isso verdadeiro? O próprio Jesus, ele mesmo, não exerceu de certa forma a sabedoria do mundo em sua vida? Podemos refletir como ele compôs parábolas sobre o cotidiano da época em que viveu entre nós. Consideremos também sua esperteza ao argumentar com seus opositores. Jesus estava enraizado no mundo real, apesar de sua mente e coração estarem abertos ao Espírito. O que faz a sabedoria do mundo perigosa é a intenção oculta por trás dela. Estamos caminhando com justiça, integridade, compaixão? Estamos preocupados com o bem comum? Ou apenas usamos nossos dons de sabedoria para nosso ganho e prazer pessoal? Se Jesus reina em nosso coração, então assumirá nossa sabedoria e experiência e a usará para seu reino e a glória do Pai.
A ciência quer ver para crer, a fé crer para ver. A fé não é tanto compreensão; É mais aceitação do que não compreendemos e nisso reside o mérito da fé. (Felizes os que creem sem ter visto...).   Muitas coisas não sabemos, não conhecemos e talvez só venhamos a conhecer quando estivermos face a face com Deus. Enquanto esse momento não chega, vivamos a convicção da nossa fé com intensidade, com esperança e com amor!




sábado, 8 de setembro de 2018

Ativismo



Muitas vezes sob o pretexto de servir a Deus executamos tarefas – até extenuantes – com o real intuito de aparecer diante dos outros: “Vejam como ele é dedicado! Não mede esforços para trabalhar, para ajudar nos serviços paroquiais!” Essa é na verdade a intenção; chamar a atenção para si, ser reconhecido, elogiado. Contudo, não devemos generalizar; há casos e casos. Outras tantas vezes, pessoas realmente dedicadas trabalham com afinco, porém discretamente, na reta intenção de auxiliar, de diligentemente executar as tarefas sob seu encargo.
Estes últimos, em verdade executam o que pontualmente lhes aparecem e que sejam concernentes com sua missão e ministério na igreja. Os primeiros, porém, procuram avidamente o que fazer, na intenção de liderar os trabalhos, recebendo assim “os louros e a glória” por um possível trabalho bem feito. Infelizmente é nossa realidade. Muito de Marta, nada ou quase nada de Maria. A recíproca é verdadeira; há Marias nada Martas (ver Evang. Lucas 10,38-42).
Ativismo exagerado não é bom. Uma espiritualidade intimista sem vinculo comunitário, também. “Ora et labora” assim deve ser; vida de oração e ação concreta sempre que necessário. Orar e trabalhar, trabalhar orando; ser como Marta sem deixar de ser como Maria e vice versa. Há pessoas cujo carisma é o trabalho, o ativismo; isso é bom, mas não se deve esquecer a oração e que se tenha em mente que todo trabalho em ambiente eclesial, nas capelas, na paróquia ou em instancias superiores, deve ser feito para honra e glória do Senhor e não para engrandecimento pessoal. Lembrar sempre que igreja não é ONG nem firma empresarial.  
Trabalhar, trabalhar, num ativismo desenfreado sem vida de oração não é ser pertença à igreja. Rezar, somente rezar sem compromisso comunitário, e aí se insere as frentes de trabalho concreto, também não é ser pertença à igreja.
Essa reflexão parece um contra-senso – rezar demais é bom ou ruim? Trabalhar na e para a igreja é bom ou ruim? Parece incoerência, mas não é. Simples: rezar, só rezar, egoisticamente pedindo só para si sem pensar no próximo, sem compromisso com a comunidade de fé a qual pertence, é estar longe da comunhão entre irmãos. Do mesmo modo que trabalhar, só trabalhar pensando em granjear “fama e poder”, é também estar longe da comunhão fraterna.
Se não houver Maria de Betânia, não haverá ninguém para ouvir Jesus; se não houver Marta, não haverá ninguém para preparar o local para receber Jesus. Sejamos Marta e ao mesmo tempo Maria: Arrumemos a casa para receber e ouvir Jesus. E essa casa não seja apenas a igreja de pedra (o templo), principalmente seja a igreja viva – nosso coração.  

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A Salvação é para Todos



Somos amados, somos filhos, somos criaturas. Somos criaturas provenientes da mente perfeita de Deus. Somos imagem e semelhança e por adoção em Jesus Cristo nos tornamos filhos. Já dissemos aqui e nunca é demais repetir, vivemos no tempo, mas nossa vocação é a eternidade. Deus nos predestinou sim, a todos indistintamente, para a salvação! Fomos engendrados no transbordamento do Divino Amor; por Deus e para Deus fomos criados e é seu desejo que a Ele retornemos. Não existe – é inconcebível – a tese protestante calvinista da predestinação para a condenação (Ouvi o disparate que todos nascemos condenados). É verdade que no caminho muitos se perdem e rejeitam o direito à salvação, desvirtuando-se e por si, por decisão pessoal se dirigem à condenação.
 Isto é evidente quando da criação da humanidade e sua colocação no Éden (Gn 2 – 3). Adão e Eva viviam em perfeita e total união com Deus. Corromperam-se e perderam a intimidade com o Criador, mas isso não implicou em condenação eterna. Ademais, o advento de Jesus e seu sacrifício salvífico vieram nos restaurar a dignidade de filhos e nos propor um caminho, em verdade o caminho único para a salvação. Aquele caminho que ele mesmo traçou e aponta: seu evangelho. O evangelho não é simplesmente uma boa nova, uma noticia, um simples anúncio; o evangelho é revelação! A revelação da nova e definitiva aliança de Deus com seu povo. E esse novo povo de Deus não é representado somente por uma nação, mas por toda a humanidade.  
O Catecismo da Igreja Católica nos parágrafos 2822-2824 nos assegura: “É vontade do Pai que todos cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2,3s). Ele usa de paciência, porque não quer que ninguém se perca (2pd 3,9). (...) Deu-nos a conhecer o mistério de sua vontade, conforme decisão prévia que lhe aprouve tomar: de em Cristo encabeçar todas as coisas... Nele, predestinados pelo propósito daquele que tudo opera segundo o conselho se sua vontade, fomos feitos sua herança (Ef 1,9ss)”.
Podemos então afirmar convictamente, baseados no catecismo da Igreja e na Palavra de Deus, pois assim confirmam os textos bíblicos, que a salvação é para todos; ninguém nasce para a condenação, ao contrário, fomos criados e viemos ao mundo para usufruir da glória eterna com o Criador. Cabe a nós vivermos de tal modo que ao chegarmos ao fim da vida terrena, adentremos o Santo dos Santos e face a face com Deus Pai gozemos eternamente das delicias do paraíso.



sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Deus é Amor e por Amor nos Salva



A Bíblia Sagrada em 1Jo 4,8 nos afirma que Deus é amor. Deus é puro amor, amor infindável, inabalável, incontestável. Deus é amor e fomos criados no amor e por amor. Somos criaturas, porém filhos, filhos por adoção no amor de Cristo a toda  humanidade.
            Fomos criados à sua imagem e semelhança. Imagem porque reflexo da vontade do Criador. Semelhança porque fomos criados para a perfeição, como disse Jesus: "sede perfeitos como o Pai é perfeito".
            Toda criança ao nascer - apesar da mancha do pecado original - é pura na essência. Mas a criança cresce, e ao longo do tempo se contamina com as coisas más do mundo, a concupiscência (fruto do pecado original) é exacerbada e assim, vamos nos tornando pecadores... Quebramos o espelho e deixamos de refletir a imagem de Deus em nós; rejeitamos a graça do Senhor e nos afastamos dele...Então pelo pecado  perdemos a graça original.
            Entretanto isso não significa a perdição, pois fomos criados para Deus. Dele viemos e a Ele haveremos de retornar. A Palavra diz que é desejo do Senhor que todos sejamos salvos, portanto somos todos predestinados à salvação. Todos!  Ninguém é condenado pela vontade de Deus; se alguém é condenado é porque o próprio assim o quis.
            A nossa salvação começou na Criação, porque fomos criados no amor de Deus e portanto para a Salvação. Começou na Criação e culminou na Cruz. Na cruz Jesus pagou por nossos pecados, carregou sobre si nossas dores e injustiças: o castigo que pesava sobre nós foi por ele assumido (conforme Isaias 53) e por amor a redenção nos foi ofertada.
            O Pai criou-nos para sermos perfeitos. O filho morreu e ressuscitou para   restaurar em nós a perfeição perdida. Assumamos isso e estaremos no caminho certo. Deus seja louvado!
           
           

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A Epifania de Jesus



No principio havia o Verbo – Palavra – sem nada de material ou concreto. Do Verbo a criação teve inicio; o universo material e todo o esplendor da natureza terrena, culminando com sua obra prima, o homem.
Aprouve a Deus que na plenitude do tempo Ele viesse a nós. Assim, o kairos juntou-se ao cronus e a glória de Deus se fez presente em nosso tempo com a encarnação do Verbo Divino, Jesus; Deus humanizado para divinizar a humanidade.
Na epifania, quando da visita dos reis orientais a Jesus menino recém-nascido, aqueles homens estrangeiros, pagãos do ponto de vista dos judeus da época, reconheceram a divindade naquele bebê. Guiados pela luz da estrela que lhes indicava o caminho, chegaram à verdadeira luz: Jesus de Nazaré a Luz do mundo. Vieram adorá-lo. Talvez sem mesmo o saber, adoravam o Deus verdadeiro, aquele que é e sempre será; o alfa e o ômega, o principio e o fim, o eterno presente no tempo.
 Adorá-lo, porque viram na fragilidade daquela criança, a fortaleza de Deus; na pequenez daquele menino, a grandeza de Deus; na humildade daquele ambiente, a  glória imensa de Deus! Sim, naquele momento aquela simples manjedoura era o trono da glória. Trouxeram-lhe presentes; incenso, ouro, mirra. O incenso representa sua divindade, o ouro sua realeza e senhorio, a mirra sua missão: pela morte de cruz remiria toda a terra.
Visitaram, adoraram, presentearam Jesus. E voltaram por outro caminho. Todo aquele que conhece Jesus, e o admite como Senhor e Salvador, e o presenteia com a abertura do coração, não retorna ao caminho antigo e passa a trilhar um novo caminho, o rumo apontado pelo Espírito Santo.  Aqueles homens, reis ou magos – não importa o que fossem – vieram como pagãos e retornaram como cristãos impregnados da luz do Messias, do Cristo, do Emanuel.




sábado, 11 de agosto de 2018

A Luz do Mundo



Na noite do dia 10 e em toda madrugada do dia 11 (agosto 2011), sofremos com o apagão que atingiu metade do país. Imaginemos – na realidade vivemos isso – as grandes cidades sem luz, sofrendo esse grande blecaute. As pessoas sem geladeira, rádio, televisão, até mesmo sem água, pois as estações de bombeamento param por falta de energia. É o caos no trânsito; os semáforos apagados, congestionamentos intermináveis. Que transtorno!
            Irmãos e irmãs, a falta de luz espiritual é muito pior que a falta de luz física. A escuridão no espírito tem conseqüências mais graves que a escuridão física. Sem luz interior vivemos à margem de Deus, perdemos o freio moral, a “luz amarela” que sinaliza o perigo deixa de acender. Não acende a “luz vermelha” que impede que prossigamos numa atitude pecaminosa. Também a “luz verde” que nos indica para seguirmos em frente em nossa vida de oração e caridade, essa é como as outras, apagada.  Vivemos no escuro, vendados, às apalpadelas, aos tropeções.
            Assim como os judeus saindo do Egito marcharam até a travessia do Mar Vermelho, conduzidos por Moisés e guiados por uma nuvem flamejante, nós peregrinamos também em direção a terra prometida, conduzidos pela grande luz que é Jesus. Ao deixarmos para trás uma vida de pecado, não podemos jamais olhar para trás, nem sequer devemos pensar saudosamente nos tempos idos, pois são tempos de escuridão, são um passado obscuro onde éramos iludidos pelos falsos prazeres do mundo. Devemos caminhar sempre em direção ao caminho apontado por Jesus, ao caminho iluminado. Jamais retornar as trevas, pois quem gosta da escuridão é o inimigo de nossas almas, o inimigo de Deus: o príncipe das trevas, Satanás. Ao contrário, Jesus é a luz do mundo, o único e verdadeiro caminho. Diz Jesus que somos sal da terra e luz do mundo; somos como luzeiros e devemos levar a luz a quem vive nas trevas, a quem sofre por falta da luz. Mas em verdade apenas devemos refletir a luz verdadeira: Jesus Cristo.
            Temos que fugir da escuridão, deixar a terra do pecado e vir para a luz, para a terra da promissão. Temos que sair da escuridão e nos colocar debaixo do Sol radiante da justiça, que é Deus e nos deixar envolver por essa luz, mergulhar nessa luz, ser banhados nessa luz! Eu quero chegar lá, atravessar o Jordão e viver para sempre na Jerusalém Celestial; eu quero ao final da jornada atravessar o Jordão, pisar a terra prometida e habitar na Jerusalém Celeste, onde não há Sol nem Lua, pois a única luz que brilha é a glória de Deus! 
            Dá-me Senhor a tua luz, a luz do teu olhar, a luz da tua Palavra que é lâmpada em meu caminho.   


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Misericórdia



Misericórdia, palavra composta: miséria + coração. A Divina Misericórdia é, podemos assim dizer, o Coração de Deus debruçado sobre a miséria humana. Estendendo a nós que usamos de misericórdia para com os irmãos, podemos também dizer que é nosso coração debruçado na miséria alheia; é compadecer-se com o sofrimento do outro, sentir com o que sofre. Assim, Jesus tomou sobre si as nossas dores, compadecendo-se de nós. Se somos, ou desejamos ser, imitadores de Cristo, tomemos sobre nós as dores do irmão, assim como outros tomam as nossas dores. 
Sabemos que não é fácil. Como sofrer com o outro? Jamais! Já tenho problemas demais para me preocupar com os outros... Cada um por si, Deus por todos. Não é esse o pensamento vigente entre nós? Contudo, nos esquecemos de que é através da misericórdia que nos tornamos aptos à salvação. Jesus Cristo pela sua morte e ressurreição nos garantiu e ofereceu a Salvação. É pela Misericórdia Divina, fruto do imenso Amor de Deus que fomos salvos, pois a Justiça de Deus é a Misericórdia, não a Lei.  Desde modo podemos ousar dizer que é retribuindo ao próximo a misericórdia, que nos tornados dignos da salvação ofertada pelo Senhor.
Não é fácil usar de misericórdia. Somos egoístas; só fazemos o bem a quem nos faz o bem, só oferecemos a mão num gesto de solidariedade a quem nos pode favorecer adiante, amamos parentes e amigos, enfim, a quem nos é afim ou benfeitor. Poucos são abnegados ou imparciais. Felizmente esse egoísmo pode ser eliminado, ou ao menos atenuado. Quando abrimos nosso coração e deixamos Deus agir em nós, quando permitimos a entrada de Jesus em nosso coração, quando nos deixamos guiar pelo Espírito Santo, aí então tudo começa a mudar; quando percebemos e sentimos a presença da Misericórdia em nós, somos impelidos a ir adiante envolvidos por essa mesma misericórdia e partilha-la.
Quando nos deixamos alcançar pela Misericórdia, Jesus mergulha em nosso interior e retira de nós, pelo perdão, os pecados; pela compaixão, as dores e os sofrimentos; pelo amor, os traumas, psicoses, os distúrbios emocionais. Através da misericórdia, manifestação do seu desmedido amor, Deus nos cura por dentro e por fora, corpo e alma, Ele nos cura por inteiro.
Vivamos sob a égide da Misericórdia e sejamos misericordiosos. Possamos dizer: ‘Ó sangue e água que jorraram do coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós; eu confio em vós.’




                                                                             

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Divina Misericórdia



Ao anunciar o querigma, o primeiro item apresentado é o amor de Deus. Apresentamos o Pai amoroso, o “Abba”, carinhosamente o “Paizinho”; mostramos quão grande e incondicional é esse amor. Contudo muitos se fecham e de certa forma não crêm ou aceitam esse amor; não sinto e não tenho motivos para acreditar nesse amor, não valho nada, Deus não me enxerga, dizem. Costumo então comparar esse amor com o ar que nos cerca: não o vemos, às vezes não o sentimos, mas sabemos que ele existe e nos envolve. Assim é o amor de Deus; muitos não o sentem, não o percebem, mas como o ar, ele existe e nos cerca. Para perceber o ar (que é matéria) basta respirar fundo, então o sentimos. Para perceber o amor misericordioso do Pai (que é sentimento) é necessário se abrir por inteiro e tomar a decisão de assumir para si esse amor, apesar dos pesares que possam estar nos assolando; é então questão de decisão pessoal, de vontade. Não que o amor de Deus dependa da nossa vontade, não é isso, ele é constantemente derramado sobre todos indistintamente, mas para senti-lo é preciso que o aceitemos e assim tomamos posse dele.
No livro do profeta Isaias, capitulo 43, versículo 4a, a palavra de Deus nos fala: “Por que és precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo.” Ele revela que somos importantes, estimados, nos tem apreço, que somos amados. Em Salmos 144(145),9   o salmista experienciando Deus, nos revela: “O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras.” E somos todos, bons ou maus, justos ou pecadores, obras primas de Deus. Recentemente ouvimos numa pregação que somos frutos do amor de Deus, o transbordante e incontido amor de Deus, pois fomos criados no transbordamento desse amor. Isto é mais que lindo e poético, é verdadeiramente verdade verdadeira! Assim mesmo, extremamente redundante.
Esse amor incontido e transbordante se manifesta na misericórdia. Misere(miséria) + cordes(coração): o coração amoroso de Deus debruçado sobre nossa miséria. Somos pequenos, mas Deus nos tem apreço, ou seja, nos eleva em graça; isto é misericórdia. Não temos valor, mas para Ele somos preciosos; isto é misericórdia. Por isso, como Sta. Faustina podemos afirmar: “Nosso pecado é uma pequenina gota no oceano da misericórdia de Deus”. Que possamos viver envolvidos no amor imenso de Deus Pai, mergulhados na Sua infinita misericórdia e nos sentirmos restaurados em nossa dignidade de filhos e não mais coisas sem valor. A Divina Misericórdia nos sustenta.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Eminência de Cristo



Para ele foram feitas todas as coisas. Ele que existe desde sempre junto ao Espírito, consubstancial ao Pai, partícipe e também autor da Criação; existente antes de todas as coisas, todas as coisas subsistem nele. Ele é o principio, meio, fim. Alfa e ômega, estrela da manhã, sol radiante da justiça, príncipe da paz.
Nele e para ele foram feitas todas as coisas nos céus e na terra. Tudo foi criado pelo Verbo; as coisas visíveis e invisíveis; o céu, a terra, o mar; plantas e animais; os seres humanos e os seres angelicais; toda criação, porque aprouve habitar nele a plenitude de todas as coisas.
Porque nele habita a plenitude dos dons e da graça, assumiu também nossa humanidade. Assim o Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós para reconciliar consigo todos os homens. Reconciliação essa através de seu sacrifício, o derradeiro sacrifício conciliatório. Portanto, por intermédio dele ao preço do seu sangue, aprouve Deus reconciliar consigo toda a humanidade decaída, restabelecendo a paz a tudo que existe no céu e na terra.
“Sendo vós noutro tempo estranhos e inimigos de coração pelas más obras, agora por certo vos reconciliou no corpo de sua carne, pela morte, para vos apresentar santos e imaculados e irrepreensíveis diante dele. Para tanto é necessário perseverar na fé, firmes e inabaláveis na esperança que é dada pelo evangelho que vos foi anunciado”.(Epistola aos Colossenses, cap. 1, vv. 21 a 23).

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Coroa Indestrutível



Perdemos a Copa do Mundo. E daí? É só um jogo. Jogos nem sempre nos são favoráveis; às vezes ganhamos, às vezes perdemos, por mais que nos julguemos melhores e talvez até sejamos. Mas mesmo se ganhássemos o último jogo, chegaria o dia em que, fatalmente, seriamos derrotados nesta ou em outra Copa. Então o que importa verdadeiramente é lutar por algo que seja definitivo, que jamais nos será tirado, a coroa indestrutível de que nos fala o Apostolo Paulo em sua carta aos corintios, cap. 9, versos 24 e 25: “Nas corridas de um estádio, todos correm, mas bem sabeis que um só recebe o premio. Correi pois, de tal maneira que consigais. Todos os atletas se impõem muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível”. Esta é a coroa final, o troféu da glória eterna.
Esse troféu só podemos conquistar com uma vida em Cristo, segundo moção do Espírito Santo. Não é um jogo, é uma corrida de obstáculos onde não há adversários, há companheiros; não há ninguém a vencer (Nossa luta não é contra a carne e o sangue... - cf Ef 6,12), há irmãos a compartilhar. O adversário, o verdadeiro inimigo a vencer não é nosso próximo; está em nós mesmos (a concupiscência) e a nos afrontar, as investidas do maligno. Portanto, guardemos a fé, caminhemos firmes, passos largos na via traçada para nós, caminho, verdade, vida: Jesus de Nazaré. Como Paulo, possamos também dizer: “Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4,7).
Copas do Mundo podem ser roubadas. Surrupiadas sorrateiramente pelo apito de um árbitro tendencioso ou literalmente furtada (cadê a Jules Rimet?). Mas a coroa da vitória em Jesus ninguém nos tira, pois em Cristo somos mais que vencedores.

 

sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Cordeiro de Deus



Inicio esta reflexão citando o catecismo da igreja Católica: “Pela sua morte Jesus nos liberta do pecado; pela sua ressurreição Ele nos abre as portas de uma vida nova” (CIC 654).
Quando Jesus foi para a cruz e deu sua vida por nós, era Ele o cordeiro de Deus, o derradeiro holocausto expiatório, o definitivo sacrifício para remissão dos pecados do mundo inteiro.  Sacrifício atemporal, pois contemplou passado, presente e futuro. Toda a Terra, em qualquer lugar, a qualquer tempo, foi alcançada pela graça do perdão Divino. A ressurreição, manifestação do inconteste poder de Deus, nos abriu o caminho para a eternidade. Esse caminho inicia-se em Jesus, passa por Jesus e prossegue com Jesus.
A fé, baseada na Palavra de Deus e nos ensinamentos da igreja nos convence disso. Entretanto uma grande questão permeia essa assertiva: basta a fé para obtermos o perdão Divino e consequentemente alcançarmos a salvação e a glória eterna? A fé é fundamental, porque pela fé reconhecemos e aceitamos o sacrifício e a glorificação do Senhor. Mas a fé simplesmente não é o bastante. Lembremo-nos que Jesus, o Verbo Eterno (ver Jo 1,1-2.14), veio ao mundo para remir a humanidade e reconciliá-la com o Pai. Durante três anos formou discípulos, elegeu um grupo para sucedê-lo, ensinou, revelou seu propósito e por fim doou-se venceu a morte e retornou aos braços do Pai na eternidade. Portanto, o direito à salvação passa por tudo isso.
O mérito de nossa salvação é todo de Jesus, porém é necessário que desejemos e aceitemos as condições. A salvação nos foi oferecida, o mérito é Dele e a fé nos certifica isso; no entanto, temos que conquistá-la. O sacrifício, a ação principal, foi Dele e o que Ele nos pede é que façamos a nossa parte. E nossa parte, a contribuição pessoal para a salvação é simplesmente ouvi-lo e obedece-lo: “Fazei tudo que Ele vos disser” (Jo 2,5).
  

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Jesus Libertador



Nós cristãos dizemos – e dizemos com convicção – que Jesus Cristo cura, liberta, salva. Realmente, Jesus é Nosso Senhor e tem poder sobre tudo e sobre todos. Na cruz nossos pecados foram remidos: “Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão de vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele quem nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-os definitivamente ao encravá-lo na cruz”   (Cl 2,13-15). Portanto, Cristo já nos libertou, cabe a nós sair do cativeiro. A morte, consequência do pecado, foi vencida e cabe ainda a nós, como Lázaro, vir para fora do sepulcro. Jesus abriu as portas de todas as prisões, rompeu os grilhões que nos acorrentavam, e da porta nos chama a si. Muitos, porém são surdos aos apelos do Senhor; ouvem, no entanto, os clamores do mundo. Estes ao invés de sair, ficam acuados no fundo de suas prisões, escravos que se fazem do pecado.
Nenhum de nós é pecador porque abandonados por Deus; ao contrário, abandonamos Deus, por isso somos pecadores. O mal não tem poder sobre nós se estamos em Deus com Jesus Cristo. Se alguém proclama que Jesus é senhor de sua vida e ainda assim vive em pecado, na verdade não tem Jesus como senhor e peca porque quer. Permanece no interior de sua cela no calabouço da iniquidade, não dá ouvidos a Jesus e atende aos clamores glamourosos do mundo, deixando-se seduzir pelos embustes do maligno.
Ouçamos, pois, a voz do Senhor que nos chama. Sigamos Jesus que é o caminho. Caminho que leva à verdade; verdade que liberta; liberdade que dá vida; vida plena e abundante.  

sábado, 30 de junho de 2018

Quero ser santo



Quero ser santo, preciso ser santo. Devo ser santo, pois o céu clama por santidade. A Bíblia nos diz, seja santo como o Pai Celeste é Santo. O que é santidade? Como ser santo? Santidade é viver uma vida consagrada a Deus, dedicada ao bem e ao amor fraterno, é viver intensamente em Deus, sendo isento de pecado, imaculado. Biblicamente, santo significa separado, apartado, designando aqueles que viviam longe dos costumes mundanos, fora do paganismo. Desde modo para ser santo basta resistir às influências maléficas do mundo, afastar-se das fontes de pecado e viver vinte e quatro horas, dia a dia, trezentos e sessenta e cinco dias ao ano sob a égide do Espírito Santo.
Ah!... Se fosse simples assim... Já diz o dito popular: falar é fácil, fazer é que são elas. Há que matar leões e dragões diariamente! A batalha é diária. E a pior, a mais dura é a luta contra si mesmo, pois a nossa tendência inata ao pecado – a famigerada concupiscência – em muitos habita à flor da pele. O inimigo de nossas almas sabe disso e acende em nós todo tipo de desejo pecaminoso; desregramento sexual, indiferença religiosa, tendência ao mal, falsidade, desonestidade, são os campos onde Satanás atua para nos desviar do caminho. Às vezes consegue. Muitos sucumbem e são presas de suas garras afiadas.
O Apóstolo São Pedro nos lembra que o Demônio é como um leão que nos cerca pronto a nos devorar. Por isso a necessidade de vigilância, de oração. Só assim, discernindo o que é bom e o que é mal, em vigília e oração podemos combater e vencer o inimigo; matar leões e dragões a cada dia. É difícil viver a santidade num mundo onde imperam uma moral distorcida, o adultério e a desonestidade; onde irmão desrespeita irmão, filhos os pais e pais os filhos; onde políticos e empresários são corruptos e assustadoramente insensíveis ao sofrimento do povo; onde se mente e trapaceia descaradamente. 
 Não somos perfeitos, só o Pai é perfeitissimo; daí estamos sujeitos a quedas. Por isso apesar da resistência ao mal, num descuido às vezes tropeçamos, escorregamos, transgredimos. Mas o coração de Deus é extremamente misericordioso e conhece nossas intenções, daí vem em nosso socorro concedendo-nos o perdão de nossas faltas e reconciliando-nos com Ele. Se a transgressão foi grave, amorosamente Ele nos deixou o sacramento da penitencia, onde arrependidos confessamos nossos pecados e somos perdoados. 
Ainda não cheguei lá. Sei que não é fácil, mas é possível. Com luta e perseverança conseguiremos, pois a Palavra nos garante: Em Cristo somos mais que vencedores!