sábado, 27 de setembro de 2014

De que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?


"Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito" (Sl 127, 1). Deus nos criou como participantes e responsáveis pela vida, a natureza e o mundo. Olhar em torno de nós é encontrar-nos em casa e nos dispormos a edificar com serenidade o lar comum, com as peças da fraternidade e da solidariedade.
Segundo o plano do Senhor, temos as condições para realizar tal tarefa, ainda que, com inquietante frequência, nossas ações pareçam justamente destruir a obra de Deus e de tantas gerações. É que convivemos com o doloroso mistério do pecado, cuja presença já as primeiras páginas da Bíblia constataram. Desde o princípio, parece que apraz à humanidade fazer o jogo da violência, como crianças e adolescentes em brincadeiras eletrônicas, tantas delas montadas em plataformas de destruição recíproca. Incrível é ver quantos marmanjos de idade ou estatura avançada se dediquem a tais "retratos da vida"!
Ao formar seus discípulos, Jesus lhes propõe um jogo diferente (Cf. Mt 16, 21-27), cujas peças têm nomes que se tornam caminhos de realização e de salvação (Cf. Mt 16, 24-25). Primeira delas é "Se alguém quer", para dar o segundo passo que é "seguir". A terceira é "renuncie a si mesmo" e quarta é "tome a sua cruz". Regra do jogo é "quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la".
Deus nos ofereceu o precioso dom da liberdade, dando-nos a possibilidade de nos comprometer com o seu plano. Os objetivos escolhidos na vida estabelecem os rumos a serem percorridos. Quem começa mal, escolhendo metas limitadas, já compromete a corrida da existência. Não fomos feitos apenas para ter casa própria, bom emprego, carro novo, muito dinheiro no banco. Deixemos que o Senhor nos pergunte sobre o que queremos efetivamente! Ideal digno dos homens e mulheres que Deus criou e que somos nós, é justamente aquele que foi descrito nas primeiras páginas da Sagrada Escritura (Cf. Gn 1-2): Deus reconhecido como Criador e Pai de todos, homens e mulheres feitos à sua imagem, com inteligência e liberdade, a fraternidade e o senhorio em relação à criação. Poucas palavras que refletem o plano de Deus. Para entrar no jogo da vida, saber decidir!
Renunciar a si mesmo! Trata-se de mudar o eixo da existência, quando os impulsos da natureza pedem acúmulo de bens e afetos. A maturidade humana efetiva só pode acontecer quando um homem ou uma mulher alcançam esta altitude. Muitas pessoas só conseguirão dar este passo nos instantes derradeiros da existência nesta terra, quando tiverem que se desapegar de tudo, pois deverão apresentar-se diante do Criador. É melhor antecipá-lo! É mais saudável viver não para si, mas para Deus e o próximo, e não são poucos os exemplos de gente que soube fazer esta mudança.
A decisão do cristão comporta o seguimento. A palavra "discípulo" indica a escolha feita, quando se escolhe ir atrás de alguém, com coração e ouvido aberto, pronto a pisar no mesmo rastro daquele que foi reconhecido como mestre. E como não faltam mestres entre as muitas companhias que nos são oferecidas pelo caminho, a proposta é escolher Jesus: "Deu-me o Senhor Deus uma língua habilidosa para que aos desanimados eu saiba ajudar com uma palavra. Toda manhã ele desperta meus ouvidos para que, como bom discípulo, eu preste atenção. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fiquei revoltado, para trás não andei" (Is 50, 4-5).
Os discípulos chamados pelo Senhor Jesus tiveram surpresas. Uma delas, que assustou de forma especial aquele que tinha sido declarado "Pedra" (Cf. Mt 16, 21-23), foi a Cruz. Carregá-la com disposição é regra de jogo na vida cristã. Não se engane quem quer empreender esta estrada, mas decida-se a abraçá-la. Tomar a cruz não significa cultivar um gosto doentio pelo sofrimento ou os muitos incômodos da vida, pois a dor sozinha não gera frutos. Cruz significa transformar, como escolha livre, todos os atos da existência em amor a Deus e ao próximo, saindo de si mesmo para fazer o bem. Quer dizer encontrar o caminho diário da salvação, olhando para o alto, no amor a Deus, e abrir os braços no amor ao próximo. Na confluência dos dois amores se eleva a cruz e esta vem a ser abraçada e não arrastada.
A regra de vida a ser acolhida pelo cristão e proposta a todas as pessoas que desejam a felicidade autêntica é assim descrita por Jesus, num encontro que desencadeou nova etapa na vida de seus discípulos. É que a novidade era tão grande que o Senhor precisou acompanhá-los bem de perto, aproveitando as lições do caminho a ser percorrido, para aprenderem o jeito novo de viver (Cf. Mc 8, 1 - 10, 52).
"Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir! Foste mais forte do que eu e me subjugaste! Tornei-me a zombaria de todo dia, todos se riem de mim. Sempre que abro a boca é para protestar! Vivo reclamando da violência e da opressão! A palavra de Deus tornou-se para mim vergonha e gozação todo dia. Pensei: ‘Nunca mais hei de lembrá-lo, não falo mais em seu nome!’ Mas parecia haver um fogo a queimar-me por dentro, fechado nos meus ossos. Tentei aguentar, não fui capaz" (Jr 20, 7-9). Quando tantos podem pensar que as regras propostas por Deus não atraiam, eis que muita gente se dispõe a seguir o Senhor, aceitando passos do jogo da vida que parecem absurdas. No entanto, são elas o caminho da felicidade verdadeira! O contato com Deus, visto inclusive pelos profetas como verdadeira sedução atrai as pessoas. Que mais pessoas aceitem este jogo, no qual a vitória é certa, pois as partes envolvidas são o Céu e a Terra. Deus ama a humanidade e a faz parceira na construção de um mundo diferente! "Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará. De fato, que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?" (Mt 16, 25-26).
Dom Alberto Taveira Corrêa-Arcebispo de Belém do Pará / assessor eclesiástico da RCC Brasil 








quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A difícil arte de confiar em Deus


A vida nem sempre vai sorrir para nós. Às vezes, a tempestade e o vento parecem ser um obstáculo no caminho e colocam em perigo a estabilidade dos nossos alicerces: “A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário” (Mt 14, 24).
Nesses momentos, como os discípulos, temos medo e nos assusta a possibilidade de perder a vida. Esquecemos que, em meio à escuridão, Jesus está ao nosso lado, caminhando sobre as águas, disposto a acalmar nossa ansiedade: “Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: ‘É um fantasma’. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”.
As palavras de Jesus nos tranquilizam, nos fazem ter esperança, levantam nosso ânimo. Tiram de nós esse medo doentio que muitas vezes nos paralisa. Não queremos ter medo, mesmo sabendo ser este um sentimento frequente no coração. Nossa vida é muito frágil, e uma decisão precipitada pode mudar tudo. Um acontecimento inesperado, um diagnóstico com o qual não contávamos.
Uma pessoa me comentou, há alguns dias: “Tenho certeza de que Deus faz tudo para o nosso bem e permite este sofrimento para santificar o meu pai. Para que outra coisa estamos aqui, a não ser para aspirar à vida eterna? Confio em que Deus nos permitirá continuar vivendo estes momentos com confiança em seu amor infinito”.
Viver assim na turbulência das ondas, na instabilidade do barco da vida, que parece a ponto de naufragar às vezes, é um autêntico milagre, um dom de Deus, uma obra feita pelo Espírito Santo em nós.
Mas a verdade é que nem sempre vivemos com a certeza de saber que é Cristo quem caminha ao nosso lado, e então surgem as dúvidas: “Então Pedro lhe disse: ‘Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água’”. Pedro quer uma prova racional, porque duvida, ou melhor, quer um milagre, algo extraordinário que aumente sua fé. Não se conforma com a voz de Cristo, não acredita que realmente seja Ele, pensa ser um fantasma, ou talvez um fruto da sua imaginação temerosa.
Há muitas pessoas que veem sua vida de fé enfraquecer-se sem poder fazer nada. Não confiam e não sabem se abandonar; duvidam, não enxergam Deus e querem controlar tudo. O Pe. Kentenich nos recorda: “Vivemos em uma era de enfraquecimento da fé e da vida de fé. Especialmente em épocas como esta, existem muitas pessoas que, para converter-se, esperam milagres, sinais extraordinários, visíveis, palpáveis”.
A fé enfraquecida busca sinais que nos confirmem se estamos no caminho certo. Busca fatos extraordinários. Mas o coração quer se encontrar com Deus, quer caminhar com Ele. A fé quer ser construída sobre sinais inquestionáveis, sinais surpreendentes que convençam. No entanto, quando estes acontecem, não é tão fácil aceitar a gratuidade do amor de Deus, aceitar que Ele se manifesta milagrosamente em nossa vida.
Depender de Deus dessa forma, experimentar um milagre em nós, parece excessivo. É como se já não pudéssemos ser donos da nossa vida; como se nos tirassem o controle sobre a dor e sobre a morte. Diante desse amor gratuito e inesperado de Deus, surge o desconcerto e nos sentimos perdidos.
Por isso, é tão necessário aprender a agradecer na vida, na oração. Esta é nossa aprendizagem mais importante, a rocha mais sólida. É difícil receber as coisas sem ter pago por elas antes, sem que sejam fruto do nosso esforço. É difícil não controlar a vida e ver que tudo é um dom, um milagre que não exigimos, que nada do que nos acontece é merecido.
É difícil agradecer pelas coisas que recebemos diariamente como presente. João Paulo II recordou a necessidade de “ser capazes de agradecer com a mesma devoção com que sabemos pedir. A gratidão sempre nos coloca de uma maneira particular diante da Pessoa”. A gratuidade do amor de Deus nos deixa indefesos.
Não merecemos o amor e sentimos que não temos como pagá-lo. Por isso, perdemos a vida buscando méritos para devolver o recebido. Pedro não se contentou com o consolo do Senhor sobre as águas, com a segurança de ver seus passos firmes no meio das águas agitadas. Por isso, exigiu poder caminhar, também ele, sobre as águas. Por isso, pediu o milagre do impossível, rebelou-se diante da gratuidade.
Também nós nos sentimos indignos e queremos fazer alguma coisa, quando descobrimos que Deus nos colmou com um amor que não é correspondido pela nossa entrega… (FONTE:http://www.aleteia.org/pt/estilo-de-vida/artigo/confiar-em-deus-5806203087093760)

sábado, 20 de setembro de 2014

Deus cuida de nós


Quem cuida de mim? Quem cuida de nós? Deus. É Deus quem nos segura, nos ampara, quem nos fortalece, quem zela por cada um de nós. Deus com seu amor de pai, de mãe, de amigo.
Quando choramos é Ele que nos consola, conforta e enxuga nossas lágrimas. Quando padecemos Ele nos ampara, nos dá forças na tribulação. Ele nos sustenta nos tempos difíceis, nos compreende em nossos momentos de fraqueza; até quando nossa fé está arrefecida, até mesmo quando pomos em dúvida seu amor por nós.
Como não reconhecer e amar esse Deus que é misericórdia, amizade, justiça e acima de tudo, amor. Amor imensurável, incondicional, amor personificado. Personificado, pois Deus é o próprio amor, o ‘agapoe’, o ‘hessed’.
Mesmo que não o reconheçamos como Deus, mesmo que duvidemos de sua presença viva em meio a nós, mesmo não crendo na sua existência, mesmo não o amando, Ele nos ama mesmo assim, do jeito que somos: ingratos ou amorosos, incrédulos ou fiéis, injustos ou afáveis, pecadores ou piedosos... Seu amor é para todos. 
Deste modo, caríssimos, em Deus somos fortalecidos, pois “tudo posso naquele que me fortalece”. Podem vir tempestades, noites traiçoeiras, dias nevoentos, turbulências no dia a dia – que venham; em Deus tudo posso, com Deus sou forte e vencedor. Não que as mazelas sejam bem-vindas, não é isso, mas se acaso vierem – e muitas vezes vêm – não é motivo de desespero para quem confia em Deus. Como afirmamos acima, Ele nos consola, nos conforta, nos sustenta, nos ampara.
Aos que não confiam, aí vai a palavra auxiliadora: mesmo assim (repetindo dois parágrafos acima) ele os ama. E os consola e conforta; mas esses não creem e sendo assim, não aceitam o carinhoso e caridoso alívio divino.
Os que confiam no Senhor reconhecem seu grande amor e num preito de gratidão, rendem ação de graças e louvores. Os que não confiam, saibam, Deus os ama, ama de tal modo que deu seu Filho para doar a vida por todos, indistintamente.  Como o bom pastor da parábola, Deus deixa as noventa e nove ovelhas em segurança e vai em busca da desgarrada.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Dogma do Inferno 2

O Mal Eterno




                      “Se a tua mão é ocasião de escândalo para você, corte-a. É melhor você entrar para a vida sem uma das mãos, do que ter as duas mãos e ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga. Aí o seu verme nunca morre e seu fogo nunca se apaga. Se o seu pé é ocasião de escândalo para você, corte-o. É melhor você entrar para a vida sem um dos pés, do que ter os dois pés e ser jogado no inferno. Aí o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga. Se o seu olho é ocasião de escândalo para você, arranque-o. É melhor você entrar no Reino de Deus com um olho só, do que ter os dois e ser jogado no inferno, onde o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga.” (Marcos 9, 43 – 48)
                      Nosso Senhor consolida o dogma do inferno como um lugar, não só existente para o castigo dos condenados, mas este local de castigo para os condenados é eterno nas palavras de Nosso Senhor que afirmou que o fogo nunca se apaga sete vezes. Portanto, o inferno existe e é a condenação eterna dos males do pecado e dos pecadores que não buscam a conversão.
                     “Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: 'Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede e não me deram de beber; eu era estrangeiro, e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não foram me visitar. Também estes responderão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos? Então o Rei responderá a esses: 'Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram'. Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25,41-46)
                      Nosso Senhor reafirma que o fogo é eterno, para o diabo, seus anjos do mal e para os pecadores que fizeram diferença entre os homens, negando o amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas. Além de uma comparação clara: os justos têm a vida eterna e os injustos têm o castigo eterno. Deus é misericórdia, mas também é justiça.
                     “Quero lembrar-lhes também que os anjos que não conservaram a sua dignidade, mas abandonaram a própria moradia, o Senhor os mantém presos eternamente nas trevas, para o julgamento do grande Dia. De igual modo, Sodoma e Gomorra e as cidades vizinhas, que igualmente se entregaram a libertinagem, elas servem de exemplo, sofrendo as penas de um fogo eterno. O mesmo acontece com esses indivíduos: levados por seus devaneios contaminam o próprio corpo, desprezando o senhorio de Cristo e insultando os seres gloriosos. Na luta com o diabo para disputar o corpo de Moisés, o arcanjo Miguel não teve a ousadia de acusá-lo com palavras ofensivas; apenas disse: ‘Que o Senhor castigue você! ’ Esses indivíduos, porém, dizem blasfêmias contra o que eles não conhecem; e o que conhecem instintivamente, a maneira de animais, é o que conduz à ruína. São como as ondas bravias do mar, espumando a própria indecência. São como astros errantes, para os quais está reservada a escuridão das trevas eternas.” (Judas 1, 6-13)
                      Os anjos que escolheram a inimizade contra Deus já estão presos nas trevas eternas. De igual modo, as cidades de Sodoma e Gomorra sofrem as penas de um fogo eterno. O mesmo acontece com quem não faz de Jesus Cristo, o Senhor de sua vida e, se entrega a todo tipo de pecado, estes também sofrem, ou sofreram, a escuridão das trevas eternas. O que confirma a existência do inferno antes, durante e depois desse mundo.
                      “O Demônio, que tinha seduzido a todos eles, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a Fera e o falso profeta. Lá eles serão atormentados dia e noite para sempre.” (Apocalipse 20, 10)
                       A Palavra nos diz que, o fogo onde serão jogados os condenados existe como castigo, como tormento dia e noite para sempre, ou seja, eternamente. Outras evidências de que o inferno já existe há milhares de anos e continuará a existir depois do juízo final: Tobias 14, 10; Mateus 3, 12; Apocalipse 14, Apocalipse 10; 19-20.
                     “As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14):
Como desconhecemos o dia e à hora, conforme a advertência do Senhor vigiemos constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá  choro e ranger de dentes.” 1036






A Inimizade



                     “Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor.”
(Filipenses 2, 9 –11)
                      Como não poderia existir inferno se aqueles que estão no castigo eterno dobram os joelhos ao nome de Nosso Senhor Jesus Cristo?
                     “Deus fará o que é justo: vai mandar tribulações para aqueles que os oprimem, e a vocês, que são agora oprimidos, como também a nós, ele dará descanso, quando o Senhor Jesus se manifestar. Ele descerá do céu com os mensageiros do seu poder, por entre chamas de fogo, para fazer justiça àqueles que não reconhecem a Deus e aos que não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão como castigo a perdição eterna, longe da face do Senhor, e da sua suprema glória. Nesse dia, o Senhor virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado em todos aqueles que acreditam. E vocês acreditam em nosso testemunho!” (2 Tessalonicenses 1 6 – 10)
                      Portanto, o inferno é a condenação para aqueles que morrem no pecado mortal, sem arrependimento ou conversão. Aqueles que não aceitam o Evangelho, e desprezaram a Deus. Por isto, são condenados para eternidade longe da face do Senhor e da suprema graça que os eleitos receberão.
                     “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha. Por isso, eu vos digo: ‘Todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada. Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro’.” (Mateus 12, 30 –32).
                      O pecado mortal revelado contra O Espírito Santo (negar a existência de Deus, a divindade de Cristo, a ação do Espírito Santo e a Santíssima Trindade, entre outras verdades de fé, Dogmas), deixa fora da amizade com Deus, fora de sua face e sua glória.
                      Estar com Cristo, é pertencer ao Espírito de Cristo (cf. Rm 8,9), é amar uns aos outros como eles nos amou, o amor ao próximo é a grande chave do mistério da salvação e da perdição. Nas Escrituras Sagradas fica evidente que o amor mútuo entre os homens semeia a salvação, porém, o desprezo de nos amarmos como ele nos amou, fazendo diferença entre as pessoas, planta o castigo eterno. Quem não prática o amor, quem não obedece ao Evangelho e quem despreza A Palavra de Deus: 1João 1,9-11; 1João 3,13-16; 1João 3,23-24; 1João 4,7-8; 1João 4,11-13; 1João 4, 20-21. 
                      “Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se" (2Pd 3,9):

Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos.” 1037

domingo, 14 de setembro de 2014

Da Cruz para a Luz


A Carta de São Paulo aos Filipenses
(FI 2,6-11), que evoca o Prólogo de
João, é um hino que apresenta uma
defasagem impactante: Cristo Jesus,
sendo de divina condição, de idêntica
natureza com o Pai e com o Espírito
Santo, não se ateve à excelsa
dignidade; de degrau em degrau, chegou
à mais degradante condição. Esvaziou-se,
despiu-se da divindade, e assumiu
um corpo como os demais mortais,
e ainda assim, como escravo aviltado.
Como se isso não fosse suficiente,
abraçou a morte de cruz. Para os pagãos,
ela era infamante; para os judeus,
ela era execrada. O sentenciado que
morresse no madeiro era considerado
um maldito de Deus (Dt 21,22-23). E
Jesus assumiu essa maldição para dela
nos libertar, diz Paulo (GI 3,23).
Como, sendo rico se fez pobre para nos
enriquecer (2Cor 8,9), e sendo divino se
humanizou para nos divinizar. Vinculada
à morte de Jesus estava a sua
ressurreição, da qual todos participamos
(Cl 2,12-13), e nos tornamos cidadãos
do céu.
Por isso o Pai o exaltou. Patenteia-
-se a íntima conexão existente entre
o abatimento e a exaltação. Todavia,
não o exaltou para manifestar o seu
poder, e sim, para que, na exaltação
do Filho a humanidade fosse exaltada.
Cristo é "as primícias dos glorificados"
(1Cor 15,20.23). Assim, todas
as línguas proclamam que Jesus Cristo
é o Senhor.
É pela Cruz que se chega à Luz.

(A MISSA-Arquidiocese do Rio de Janeiro)

sábado, 13 de setembro de 2014

O católico e a consciência eleitoral

Os últimos papas têm insistido para que os católicos participem da vida pública, sobretudo da política, que é a ciência do “bem comum”, uma forma de fazer a caridade pública. Recentemente o Papa Francisco, falando sobre isso disse:
“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos. Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu pergunto: está suja por quê? Por que os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… mas, e eu, o que faço? Isso é um dever. Trabalhar para o bem comum é dever do cristão”.
Note que o Papa enfatizou que a política é uma das “formas mais altas de caridade”, porque é por ela que um país é governado, atendendo especialmente aos mais necessitados. Mas, se os políticos são desonestos, essa caridade não existe. E a culpa, acima de tudo é do próprio povo, porque é ele quem escolhe pelo voto seus governantes.
Na sua Encíclica sobre o Evangelho da Alegria, o Papa Francisco repetiu: “A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Papa Francisco, EG, 205)
O Papa Bento XVI já tinha dito:
“Reitero a necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional e paixão pelo serviço ao bem comum.” (Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de novembro de 2008).
O Concílio Vaticano II já tinha dito isso:
“Lembrem-se, portanto todos os cidadãos ao mesmo tempo do direito e do dever de usar livremente seu voto para promover o bem comum. A Igreja considera digno de louvor e consideração o trabalho daqueles que se dedicam ao bem da coisa pública a serviço dos homens e assumem os trabalhos deste cargo.” (Gaudium et Spes, 75).
E o nosso Catecismo repete:
“A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja.” (n.899)
Na “Christifidelis laici”, São João Paulo II disse:
“Para animar cristãmente a ordem temporal… os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum.” (n.42).
Infelizmente o demônio colocou na cabeça dos bons que a política é coisa de gente má; e ela ficou muito dominada pelos maus. É preciso acordar desse pesadelo. Os cristãos precisam ter uma participação ativa na política, não só como candidatos, mas, principalmente promovendo bons políticos. O povo não sabe votar, não conhece os candidatos; muitas vezes pega um papel de propaganda na rua, no dia da eleição e dá o seu voto a qualquer um. Pior ainda são os que anulam o voto ou votam em branco, jogando fora o direito e o dever sagrado de participar da vida da nação. E assim, estão facilitando a eleição dos piores.
 Hoje com a internet, ficou mais fácil saber quem é político e quem é politiqueiro; que quer trabalhar para o povo e quem quer trabalhar para si mesmo. Então, urge que os cristãos informem seus irmãos e suas comunidades sobre quem não merece o voto de um cristão.
Precisa ficar claro que a política é boa, o que não presta é a politicagem; o político é bom, o que não presta é o politiqueiro.
O pior problema hoje do nosso país é que grande parte da população é alienada da vida pública, não lê um jornal, uma boa revista, etc., se limita a ver noticiário de televisão, e se deixa muitas vezes enganar por um favor que recebe.
O voto é sagrado; é a arma da democracia; mas se ele não for dado com conhecimento de causa, com honestidade, sem se vender; a democracia fica doente, e pode se tornar ditadura disfarçada.
O Brasil carece de uma reforma política séria, onde se implante, por exemplo, o voto distrital, se acabe com o tal “coeficiente eleitoral” que faz com que muitos sejam eleitos com os votos de outros, etc. Mas tudo isso só acontecerá quando houver uma mudança na qualidade dos nossos governantes, que governem de fato para o bem do povo, e não deles.
Muitos que hoje são eleitos, têm suas caríssimas campanhas políticas custeadas por grandes corporações: sindicatos, igrejas, cooperativas, empresários, etc. Depois de eleitos, vão trabalhar para o bem do povo? Não. Para o bem de quem os custeou. Assim a política como caridade não existe; os lobbies a dominam. Então, é preciso termos governantes eleitos de fato pelo povo, conscientizado, e não comprado com caros investimentos. Cabe a cada cristão se conscientizar disso e conscientizar seus irmãos para que não sejam manipulados, comprados e subjugados.
Prof. Felipe Aquino (cleofas.com.br)



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sinais de Deus



Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que certa vez, o rico chefe da grande caravana chamou-o a sua presença e lhe  perguntou:
— Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?
— Grande senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais Dele.
— Como assim? — indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou-se:
— Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
— Pela letra.
— Quando o senhor recebe uma joia, como é que se informa quanto ao autor dela?
— Pela marca do ourives.
O empregado sorriu e acrescentou:
— Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
— Pelos rastros — respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:
— Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também.
Deus, mesmo sendo invisível aos nossos olhos, deixa-nos sinais em todos os lugares…
Na manhã que nasce calma, no dia que transcorre com o calor do sol ou com a chuva que molha a relva… Ele deixa sinais quando alguém se lembra de você, quando alguém te considera importante.
Retirado do livro “Histórias para Meditar”
 (fonte: cleofas.com.br)


sábado, 6 de setembro de 2014

O Dogma do Inferno

O Terrível Dogma



                     
                      O inferno é um lugar espiritual em que as almas daqueles que morreram na inimizade com Deus sofrem as penas eternas por seus pecados contra Deus e contra os homens. Infelizmente temos que dar a terrível notícia de que o inferno existe e é eterno. Embora muitos pensam que o mesmo não exista ou que nós viveríamos aqui na terra um inferno. Outros ainda pensam que existe o tal inferno, mas não acreditam na sua eternidade. Revelaremos aqui as trevas que sofrem aqueles que ignoraram conhecer a Deus, não obedeceram ao Evangelho e não amaram o próximo como a si mesmo. Estas são algumas das causas que leva para a perdição.
                     “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquetes todos os dias. E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. Ele queria matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam lamber-lhe as feridas. Aconteceu que o pobre morreu o e os anjos o levaram para o seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. No inferno em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos e viu, de longe, Abraão com Lázaro ao seu lado. Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. Mas Abraão respondeu: ‘Lembra-se, filho: você recebeu teus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui e você é atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós. O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem! ’ O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos’.” (Lucas 16, 19 –31)
                      Para aqueles que pensam que esta passagem poderia ser apenas uma parábola, então vamos refletir sobre o que Nosso Senhor disse:
                     “Os discípulos aproximaram-se dele, então, para dizer-lhe: Por que lhes falas em parábolas? Respondeu Jesus: Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. Ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem será tirado até mesmo o que tem. Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis, porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s). Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem! Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram ouvir o que ouvis e não ouviram.” (Mateus 13, 10 –17)
                     A parábola do rico e do pobre é clara para o entendimento de qualquer pessoa. Existe sempre uma lógica em cada parábola, o discernimento para esta é evidente. Existe um abismo, local de tormento, onde quem morre em pecado mortal sofre as duras penas de fogo castigador. “E acrescentou: ‘Não entendeis essa parábola? Como entendereis então todas as outras’?” (Marcos 4, 13)
                  “Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".” 1033


O Castigo



                   “Mas eu vos digo: ‘todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juizes. Aquele que disser a seu irmão: ‘imbecil’, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: ‘idiota’, será condenado ao fogo do inferno’.” (Mateus 5, 22)
                     Há então uma clareza absoluta em cada palavra que, existe um castigo para aqueles que morrem em pecado mortal. O fogo do inferno é o castigo para aqueles que não amam que levantam ódio contra os homens.
                    “Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado no inferno. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado no inferno.” (Mateus 5, 29 –30).
                    Sabemos a partir deste trecho que há penitência para os pecados graves, mas esta deve ser cumprida para livrar-se das faltas mortais, do contrário há castigo, e um castigo eterno.
                   “Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno.” (Mateus 10, 28).
                     Neste trecho fica mais claro ainda que o inferno é um lugar, existe. E esse lugar é um lugar de castigo. Porque aqui na terra podemos matar o corpo, mas a alma nunca morre, porém, pode ser a alma arruinada no inferno.
                    “Tudo isto disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava, para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação (Sl 77,2). Então despediu a multidão. Em seguida, entrou de novo na casa e seus discípulos agruparam-se ao redor dele para perguntar-lhe: Explica-nos a parábola do joio no campo. Jesus respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça.” (Mt 13, 34–43)
                    Aqui cabe uma pergunta leve: Se os que fizerem o mal serão jogados no fogo e neste castigo há choro e ranger de dentes, como poderia não existir inferno, um lugar de castigo onde os pecadores eternos sofrem?
                    “Assim será no fim do mundo: ‘Os anjos virão separar os maus do meio dos justos. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes’.”
(Mateus 13, 49 –50)
                   Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciar  a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!”(Mt 25,41).” 1034
                   “O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira. ”1035.              



quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O Dogma do Purgatório 2


Os Cativos



                      
                     “Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia será perdoado aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Quem disser algo contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem disser algo contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, nem neste mundo, nem no mundo que há de vir.”
(Mateus 12, 31 –32)
                     A partir desta afirmação podemos crer que, os pecados podem ser perdoados no mundo presente, ao passo que, existem pecados que podem ser perdoados no mundo futuro. Se há alguma forma de perdão em outro mundo, sendo que o juízo nunca foi denominado como um mundo futuro e não há como entrar no céu sem ser plenamente puro, ou seja, pecados não são perdoados nos céus, mais antes da entrada no paraíso, podemos afirmar e crer totalmente na existência do purgatório, o mundo aonde é concedido o perdão e purificação dos pecados após este mundo em vivemos.
                     Leia com atenção, reflita cada palavra desta passagem:
                    “Cada um de nós, entretanto, recebeu a graça na medida em que Cristo a concedeu. Por isto diz a Escritura: Quando subiu ao alto, levou muitos cativos, cumulou de dons os homens (Sl 67,19). Que quer dizer subiu? Quer dizer que primeiro desceu aos lugares mais baixos da terra. Aquele que desceu, é o mesmo que subiu acima de todos os céus, para plenificar o universo.” (Efésios 4, 7-10)
                     A Palavra de Deus nos fala que Jesus subiu aos céus levando consigo cativos. E onde estavam estes prisioneiros antes de serem levados aos céus?
A resposta é: no cativeiro que existia antes da ressurreição de Cristo. Porque ninguém entrou no céu antes da ascensão de Nosso Senhor. (cf. 1Coríntios 15, 20 –23)
                   Depois que Cristo desceu a mansão dos mortos, levou consigo todos os cativos que ali estavam. Mas, após a ascensão de Nosso Senhor, muitos outros se tornaram cativos. Esta prisão espiritual temporária não era o purgatório. Porém, era preciso que, as almas sem a plena santidade fossem reservadas a um lugar onde possam se encontrar em comunhão com o amor eterno.
                    Nosso Senhor reuniu a descendência de Sara e se transfigurou diante Elias e Moisés, consolou o mendigo Lázaro e se revelou o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, levou ao céu Henoc e perdoou Raab, cumpriu a promessa a Dimas e curou os irmãos de José, fez milagres na vida de Gedeão, Samuel e Josué, venceu a teimosia de Jonas e partiu o pão e bebeu o vinho com Melquisedec, participou da alegria de Abel e foi levar a salvação ao primeiro Adão e à primeira Eva, para conciliar a todos junto ao convívio de Deus. “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.”
(João 21, 25)


Desceu à Mansão dos Mortos


                   
                  “Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.” 1472
                 Através dos tempos infelizmente, por causa de um ensino arcaico, e uma falta conhecimento dos fiéis, ficou instalado na mente das pessoas que o purgatório seria um castigo, uma pena eterna de muito sufrágio, onde as pessoas sofreriam muito durante muitos anos ou até séculos.
                  Graças a Deus, que iluminou com Seu Espírito Santo o Sagrado Magistério da Igreja Católica, hoje podemos afirmar e crer firmemente através das Escrituras Sagradas e da Tradição que, aqueles que precisarem passar pelo purgatório antes de entrar no Reino dos Céus, não encontraram castigo, fogo, sofrimento, mas terão um grande e extraordinário encontro com toda a graça, bondade e misericórdia de Deus.
                   Numa certeza plena, sem duvida nenhuma, as almas do purgatório tem a convicção de que estão salvas e entraram no Reino do Pai Eterno. Nós católicos temos que ver e ensinar que o estado espiritual do purgatório é, mais uma das maravilhas que o amor infinito de Deus criou para a salvação de seus filhos. Porque mesmo aqueles que são ou não foram os mais santos poderão ser salvos pela purificação. O purgatório é uma consolação, uma piedade divina, um pequeno céu antes do paraíso.