domingo, 14 de setembro de 2014

Da Cruz para a Luz


A Carta de São Paulo aos Filipenses
(FI 2,6-11), que evoca o Prólogo de
João, é um hino que apresenta uma
defasagem impactante: Cristo Jesus,
sendo de divina condição, de idêntica
natureza com o Pai e com o Espírito
Santo, não se ateve à excelsa
dignidade; de degrau em degrau, chegou
à mais degradante condição. Esvaziou-se,
despiu-se da divindade, e assumiu
um corpo como os demais mortais,
e ainda assim, como escravo aviltado.
Como se isso não fosse suficiente,
abraçou a morte de cruz. Para os pagãos,
ela era infamante; para os judeus,
ela era execrada. O sentenciado que
morresse no madeiro era considerado
um maldito de Deus (Dt 21,22-23). E
Jesus assumiu essa maldição para dela
nos libertar, diz Paulo (GI 3,23).
Como, sendo rico se fez pobre para nos
enriquecer (2Cor 8,9), e sendo divino se
humanizou para nos divinizar. Vinculada
à morte de Jesus estava a sua
ressurreição, da qual todos participamos
(Cl 2,12-13), e nos tornamos cidadãos
do céu.
Por isso o Pai o exaltou. Patenteia-
-se a íntima conexão existente entre
o abatimento e a exaltação. Todavia,
não o exaltou para manifestar o seu
poder, e sim, para que, na exaltação
do Filho a humanidade fosse exaltada.
Cristo é "as primícias dos glorificados"
(1Cor 15,20.23). Assim, todas
as línguas proclamam que Jesus Cristo
é o Senhor.
É pela Cruz que se chega à Luz.

(A MISSA-Arquidiocese do Rio de Janeiro)

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