domingo, 22 de maio de 2011

Doce mel



            O pecado é doce e a virtude muitas vezes tem gosto amargo. Mas quem considera isto absolutamente verdadeiro? Somente os iníquos; talvez aqueles que optaram pela “doçura” do pecado. A doçura de um falso mel, mel industrializado, glicose queimada com um pouco de açúcar, na verdade um logro. Após a fartura desse falso mel, vêm potes e mais potes de fel, o amargor total.

A virtude de uma vida cristã porém, ao contrário do que  possa parecer ao mundo, não é amarga como dizem. No início de uma caminhada em busca da santidade, ou em alguns momentos de aridez espiritual devido aos clamores do mundo ( o falso mel ), ou até mesmo a incompreensão de pessoas próximas afetivamente, a virtude poderá ter um sabor ligeiramente amargo. Mas um amargor do própolis, produto natural, precursor do mel. Um amargor que é prenúncio da doçura do mel verdadeiro.

Sim, o resultado final de uma vida liberta do pecado, uma vida cristã, são barris de mel, onde os justos se fartarão para sempre.

sábado, 14 de maio de 2011

O Serviço

 Muitos serão chamados, poucos os escolhidos. Todos somos chamados, escolhidos são aqueles que abrem o coração e dizem sim a Deus.



A Palavra em 2 Corintios 8, bendiz e traça um elogio àqueles que se prestam com boa vontade ao serviço do Senhor. O texto fala do zelo, desprendimento, solicitude, disponibilidade; características do servo de Deus. Zelo é a dedicação, o cuidado para que tudo seja feito e seja bem feito. Desprendimento é o soltar-se, liberar-se, entregar-se de corpo e alma ao serviço. Solicitude é o ato de ser prestativo, diligente, sempre pronto. Disponibilidade é fazer-se disponível, ter tempo; todo tempo deve ser de Deus, para Deus.


Para sermos bons servos é necessário darmos testemunho de Deus; não somente proclamar, mas sermos exemplo, testemunhos vivos em boas obras e conduta. Usar bem os itens do querigma de Jesus: primeiro evangelizar, anunciar a boa nova, depois catequizar, aprofundar.


Iniciamos com a frase: Muitos serão chamados, poucos escolhidos. Reafirmamos: chamados somos todos; escolhidos são aqueles que se disponibilizam e dizem sim de coração. O assunto nos remete à parábola do jovem rico (Mt 19,16) que nos mostra o jovem interessado em seguir Jesus, mas com muito apego as coisas materiais. Devido ao apego exagerado deixou Jesus passar diante de si, como fumaça que se esvai entre os dedos.


“Deixai pai e mãe, deixar a família...” (Mc 10).Trata de renuncia. Ou sendo mais brando, não usar a família como desculpa para não servir, para a má vontade, a falta de desprendimento. Jesus também disse: “Toma a tua cruz, vem e segue-me”. Muitas vezes o serviço é árduo, penoso, não é fácil não, mas é gratificante!


Eclesiástico 2,1: “Se entrares para o serviço de Deus, prepara-te para a provação”. Sofremos ou sofreremos perseguições, seremos chamados de alienados pelos descrentes, de fanáticos pelos próprios irmãos de fé, seremos incompreendidos, ignorados e desprezados pelo mundo, mas não devemos desistir, porque maior o que está em nós do que aquilo que está no mundo.


Quando servimos a Deus, servimos também a sua casa, a Igreja. Daí a importância de sermos generosos nas coletas, no ofertório e sermos fiéis no dizimo. Que se ofereça e se dê, mesmo pouco conforme as possibilidades de cada um, mas que se dê de coração.


Devemos também viver sempre no Espírito, movidos pelo Divino Espírito Santo; ao menos devemos tentar. Amor e caridade são fundamentais na vida do cristão. Que seja assim, que sejamos assim.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nossa Senhora de Fátima


Segundo as memórias da Irmã Lúcia, podemos dividir a mensagem de Fátima em três ciclos: Angélico, Mariano e Cordimariano.
O Ciclo Angélico se deu em três momentos: quando o anjo se apresentou como o Anjo da Paz, depois como o Anjo de Portugal e, por fim, o Anjo da Eucaristia.
Depois das aparições do anjo, no dia 13 de maio de 1917, começa o ciclo Mariano, quando a Santíssima Virgem Maria se apresentou mais brilhante do que o sol a três crianças: Lúcia, 10 anos, modelo de obediência e seus primos Francisco, 9, modelo de adoração e Jacinta, 7, modelo de acolhimento.
Na Cova da Iria aconteceram seis aparições de Nossa Senhora do Rosário. A sexta, sendo somente para a Irmã Lúcia, assim como aquelas que ocorreram na Espanha, compondo o Ciclo Cordimariano.
Em agosto, devido às perseguições que os Pastorinhos estavam sofrendo por causa da mensagem de Fátima, a Virgem do Rosário não pôde mais aparecer para eles na Cova da Iria. No dia 19 de agosto ela aparece a eles então no Valinhos.
Algumas características em todos os ciclos: o mistério da Santíssima Trindade, a reparação, a oração, a oração do Santo Rosário, a conversão, a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Enfim, por intermédio dos Pastorinhos, a Virgem de Fátima nos convoca à vivência do Evangelho, centralizado no mistério da Eucaristia. A mensagem de Fátima está a serviço da Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Virgem Maria nos convida para vivermos a graça e a misericórdia. A mensagem de Fátima é dirigida ao mundo, por isso, lá é o Altar do Mundo.
Expressão do Coração Imaculado de Maria que, no fim, irá triunfar é a jaculatória ensinada por Lúcia: "Ó Meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu; socorrei principalmente as que mais precisarem!"
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
(Pascom-São Brás)






terça-feira, 10 de maio de 2011

Em espirito e verdade

O verdadeiro cristão não critica sem fundamentos. Não ataca gratuitamente; na verdade nem deve atacar, antes deve buscar o diálogo. Criticar sem base e atacar sem motivo é julgar e condenar. Isto é ser cristão?

                Fazer da fé um cavalo de batalha investindo, não contra o inimigo espiritual e sim contra os próprios irmãos (mesmo os descrentes) é de certa forma aliar-se ao verdadeiro inimigo. A cizânia do demônio não é isso? Desagregar, provocar dissensões?

                Não devemos simplesmente atacar o homem que pratica o mal, mas o mal que domina esse homem. Ser contra o pecado e a favor do pecador, acolhendo-o, eis a bandeira, o lema do verdadeiro cristão.

                Agredir o pecador para extinguir o pecado é o mesmo que matar o doente para acabar com a doença. É a eutanásia espiritual.

                Como cristãos verdadeiros (que temos Cristo Jesus no coração e não somente na cabeça) jamais devemos execrar o irmão pecador, o irmão diferente, o irmão adversário; sobretudo devemos ter misericórdia por esses irmãos, devemos rezar, interceder por eles, lutar contra o pecado, faze-los iguais, torná-los aliados para juntos lutarmos contra o inimigo comum: o príncipe do mundo.

                O irmão supostamente cristão que se julga salvo simplesmente porque faz parte de determinada igreja ou crença, excluindo os demais, virando-lhes as costas ou agredindo-os somente por não comungarem de sua fé particular é verdadeiramente cristão?

O cristão, cristão mesmo, que tem Nosso Senhor no coração, que experimenta o Evangelho (não apenas conhece, porém participa, experimenta, vivencia) não se incomoda com a doutrina do irmão, mesmo que ligeiramente diferente da sua. Que importa se sou católico e meu vizinho evangélico? O que nos une é muito maior do que aparentemente nos separa. Devemos pôr em evidência o que temos em comum e deixar de lado as diferenças. A partilha, o respeito mútuo deve ser incentivado. Quanto às diferenças, deixemos que o Espírito Santo as administre, sua sabedoria é superior a tudo isso. Amém.


sábado, 7 de maio de 2011

O homem rico

 Lucas 12,13-21(...)
A parábola do homem rico demonstra que a verdadeira riqueza não consiste em ser rico diante dos homens, mas sim rico ao olhos de Deus. A verdadeira riqueza não é o acumulo de bens materiais, é a abundancia dos bens espirituais, das graças concedidas por Deus. Isto não significa que Deus não gosta das pessoas ricas, até porque há pessoas muito ricas que têm um coração puro, que são extremamente generosas, caridosas, que sabem partilhar sua riqueza, assim como há pessoas pobres que têm o coração de pedra. O que Deus não quer, o que Deus abomina é a ganância, a ambição desmedida, desenfreada, a avareza, o acumulo exagerado de riquezas para usufruto pessoal, egoisticamente. A riqueza é para ser partilhada, usufruída de maneira solidária.


Um bom exemplo de acumulo exagerado de coisas, temos nas formigas. As formigas trabalham a vida inteira estocando comida para dezenas de anos e vivem apenas algumas semanas. E há pessoas que são como formigas! Trabalham somente para acumular riquezas. Uma mulher muito famosa possuía três mil pares de sapatos! Se ela calçasse um par a cada dia, levaria de sete a oito anos para usar todos. Barcos, iates de luxo, são vendidos por mais de um milhão de dólares; se existe quem venda, há quem compre. Estes são exemplos de desperdício de dinheiro, de ostentação despropositada, de demonstração insana de riqueza. Isto Deus não quer, Deus não gosta. Se este dinheiro fosse usado de forma correta, poderia salvar a vida de milhares de crianças que morrem de fome na África, na Índia e mesmo no Brasil.

Relendo os versículos 13 e 14 vemos um homem pedindo a Jesus que faça que seu irmão divida com ele sua fortuna. Um ganancioso e outro avarento. Jesus não atende seu pedido. Jesus não é juiz de causas humanas, de nossas demandas, Jesus é o justo juiz de nossas almas. Em outra passagem do Evangelho diz Jesus que tudo que pedirmos ao Pai em seu nome, Ele, o Pai nos dará. Porém, de acordo com o que lemos, há uma condição para isso: só se deve pedir em nome de Jesus, o que é justo, o que é pertinente ao Evangelho. Salomão pediu sabedoria e ganhou tudo. Muito jovem, ele foi colocado a frente do seu povo como rei. Em vez de pedir a Deus que seus inimigos fossem aniquilados, em vez de pedir força, poder, riqueza, Salomão pediu simplesmente sabedoria para conduzir seu povo. Em resposta, Deus lhe deu sabedoria e tudo o mais. Salomão foi o rei mais poderoso e rico de seu tempo. Em seu reinado, Israel experimentou o período de maior prosperidade e paz. Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será acrescentado.

Devemos pedir um coração santo, um coração adorador, um coração manso e humilde como o coração de Jesus. Infelizmente há pessoas que ao invés do reino de Deus, buscam o reino dos homens, a riqueza dos homens. Adoram o dinheiro, ao invés do verdadeiro Deus. Idolatram o talão de cheques, o cartão de crédito, a casa bonita, o carro novo. Trabalham 12 a 15 horas por dia, não para seu sustento, para ganhar o pão de cada dia, mas para juntar dinheiro e mais dinheiro; são como formigas. Desse modo negligenciam a família, em Deus nem pensar, pois seu deus é o dinheiro. O resultado muitas vezes são filhos drogados, prostituídos, adultério, divórcio, tragédias: pais matando filhos, filhos matando pais. O livro do Eclesiastes nos adverte: reparti suas riquezas, pois não sabeis o dia de amanhã.

O manancial de nossa riqueza, nossa fonte de riqueza é o Espírito Santo com seus dons. O Espírito Santo que nos cumula com as graças de Deus, nos propicia o encontro pessoal com Jesus. Diz a Palavra que o que de graça nos foi dado, de graça demos. Repartamos então as graças e bênçãos recebidas, anunciemos Jesus, rezemos pelos mais necessitados. Partilhemos não só os bens materiais, como também os bens espirituais, os dons do Espírito.

Pratiquemos o bem, sejamos ricos de boas obras, generosos, ajuntemos um tesouro verdadeiro – a graça de Deus – a fim de conquistarmos a vida verdadeira que é a vida eterna, essa sim, um tesouro inesgotável. (cf. 1 Tm 6,17ss).
Carlos Nunes

terça-feira, 3 de maio de 2011

Infidelidade

Os 1,2-9 – Infidelidade




Oséias desposou uma mulher, Gomer, que o traiu prostituindo-se. Oséias amava esta mulher, mas ela retribuiu este amor com traição; Deus amava o povo de Israel e este lhe pagou com traição, adorando falsos deuses. E nós? E você? Deus nos ama e da mesma maneira como Gomer traiu Oséias e Israel traiu Javé, nós somos infiéis a nosso Deus, nos entregando a idolatria das coisas que o mundo nos oferece.

O v. 4 nos diz: “...Chama-o Jezrael, porque dentro em breve punirei a casa de Jeú pelos massacres de Jezrael e porei fim a dinastia da casa de Israel”. Jezrael significa Deus semeia. É também o nome de uma planície onde vários reis foram massacrados. Daí se conclui que Deus deixaria de atender esse povo, mas ao mesmo tempo, devido ao significado real do nome (Deus semeia) é a promessa do surgimento de um novo povo, um povo remido.

Diz o v.6: “...Chama-a Lo Ruhama , porque não terei mais amor a casa de Israel, mas a destruirei completamente”. Lo Ruhama quer dizer não amada, aquela que não se tem afeição. Aí o Senhor perde o afeto por seu povo; na verdade não deixa de amar, pois Deus jamais nos abandona nem deixa de amar seu filhos; ocorre que por nossas faltas nos distanciamos de Deus e nos tornamos inatingíveis por seu amor.

Por fim o v. 9 nos diz : “...Chama-o Lo Ami, porque já não sois meu povo e eu não sou vosso Deus. Lo Ami, ou seja, não meu povo". É o rompimento total com Deus. É o abandono do povo a própria sorte; por sua infidelidade o povo se afasta do Senhor e sofrerá as conseqüências da falta de Deus em suas vidas.

Irmãos, irmãs, não quero – e creio que nenhum de nós queira – ser ovelha sem pastor; não quero ser indigno de compaixão, desprezado por Deus; não quero ser abandonado, indigno de pertencer ao povo de Deus; não quero ser deserdado, quero ser herdeiro das promessas de Deus. Mas para isso temos que ser fiéis a Deus como Deus é fiel a sua promessa.

Onde está nossa infidelidade? Somos infiéis quando deixamos de ouvir Deus e damos ouvidos aos clamores do mundo. Quando nos envolvemos com falsas doutrinas, filosofias da chamada nova era, esoterismo, superstições, crendices, espiritismo, etc. Quando buscamos a cura divina através de Jesus, mas ao mesmo tempo – “por garantia” – buscamos curandeiros, pais de santo, banhos de arruda e outras tantas bobagens. Somos infiéis quando contrariando a doutrina da Igreja e a Palavra de Deus, acreditamos em reencarnação. Não há reencarnação: “Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na ressurreição da carne, na vida eterna!” Na ressurreição da carne, não na reencarnação. Ninguém vai e volta, vai e volta, se purificando de pecados, purgando em vida mazelas passadas. Vivemos e morremos apenas uma vez, sendo purificados no sangue precioso de Jesus! Vivemos uma vez e para sempre, morreremos uma única vez passando para a eternidade, e um dia haveremos de ressurgir num corpo glorioso, como o corpo do Cristo Ressuscitado. Ver 2 Sm 14,14 e Hb 9,24-28.

Não podemos servir a dois senhores, diz a Palavra de Deus em Mt 6,24. Não podemos ser cristãos e espíritas, umbandistas, ou qualquer outra coisa. Não podemos beber o cálice da salvação e ao mesmo tempo a taça de veneno; não se comunga o Santo Corpo do Senhor na ceia Eucarística e depois ir freqüentar terreiros de macumba. Isto é infidelidade, é adultério! Dirão: ele está se repetindo. Sim, estou me repetindo pela enésima vez. Deus nada faz em vão: da mesma maneira que o mundo nos bombardeia constantemente com seus falsos valores, Deus está contra atacando e nos advertindo também de modo continuo, impregnando em nós a sua Santa Palavra. Louvado seja Deus por não nos abandonar, apesar de nossas faltas. Podemos nos considerar como aquele povo remido, o novo povo – Deus semeia – lembram-se do inicio? Abramos nossos corações e acreditemos efetivamente que debaixo dos céus nenhum outro nome foi dado pelo qual devamos ser salvos. Esse nome é Jesus Cristo, diante do qual dobramos nossos joelhos e rendemos graças. Sejamos fiéis a Ele, como Ele é fiel. Assim seja.
Carlos Nunes