terça-feira, 28 de outubro de 2014

Day after Day


O tempo passa e o impacto inicial de uma frustração também acaba passando. A indignação – graças a Deus – transformou-se em resignação, no entanto o inconformismo persiste. Resignação e inconformismo de modo simultâneo parece incoerência, mas não é. Resignação e conformismo não são sinônimos nem representam sentimentos idênticos. Resignar-se significa aceitar os reveses e o que muitas vezes nos é imposto, contrariados, porém sem reclamações nem murmuração.  Conformar é aceitar e assumir, é acomodar, condescender, assumir a forma. Portanto posso aceitar o que me é imposto sem condescendência; é o caso aqui.
Refiro-me ao resultado das eleições presidenciais. O resultado para nós cristãos – não só aos católicos, mas todos os cristãos de modo geral – não foi favorável. Venceu uma ideologia que cultua o que há de pior na sociedade: a desagregação da família, a inversão de valores, a cultura da morte (apoio explicito ao aborto); a incitação ao ódio e divisão de classes, posição social, raça, orientação sexual; ligação e apoio a dirigentes e ditadores de países notadamente marxistas.
Não consigo atinar como irmãos católicos se alinhem a tal tipo de política. Há políticos que se apresentam como católicos praticantes e filiados a partidos de esquerda.  E há gente nossa que apoia e vota nestes políticos; total incoerência. Posso aceitar, mas não me conformar, com atitudes tais como, ‘louvo a Deus pela eleição da Dilma’ (sic).  Cristão autêntico não elege candidatos alinhados com o gramscismo: “O mundo civilizado tem sido saturado com cristianismo por 2000 anos, e um regime fundado em crenças e valores judaico-cristãos não pode ser derrubado até que as raízes sejam cortadas” (Antonio Gramsci). Não podemos aceitar como legítimos, doutrinas políticas responsáveis pelo assassinato de mais de 100 milhões de pessoas não ao longo de todo ‘timeline’ da história, mas sim nos tempos recentes. Não podemos nos conformar com corrupção explicita e institucionalizada, com impunidade (os condenados do mensalão já estão em liberdade). O que fazer então? Orar com fervor e clamar, gritar, não se conformar, ou seja, não ser condescendente com o ‘status quo’ vigente.  Profeta não é somente o que anuncia, é também o que denuncia.
Por que tema tão árido neste espaço? Talvez muitos estejam questionando; a resposta está na última frase do parágrafo antecedente: profeta não só anuncia, também denuncia.  O Profeta Isaias exortava o povo contra as alianças feitas pelos dirigentes com povos vizinhos e hostis; ver em Is 1; 7; 30. Poderia citar muitos outros casos de engajamento em assuntos seculares de outros profetas, mas o espaço aqui seria insuficiente.  
Esta é minha opinião pessoal, não falo como representante oficial do grupo de oração, entretanto na condição de cristão não posso me omitir ante a iniquidade reinante e ameaças que pairam sobre nós, notadamente sobre a Igreja. Portanto,  ainda que sujeito a criticas, dando a cara a tapa, aqui estou escrevendo e postando este artigo. Nosso Senhor Jesus Cristo lutou contra a injustiça e opressão. Não foi nenhum revolucionário no sentido político, mas ainda assim denunciou a postura opressora dos fariseus que subjugava e escravizava o povo. Deste modo, repito, não posso me omitir ante a tentativa de desconstrução da cultura do amor (o cristianismo) e substituí-la por uma cultura de morte e pelo  relativismo ateu.
Carlos Nunes


sábado, 25 de outubro de 2014

Família: lugar da presença de Deus


"Se o Senhor não construir a casa, é inútil o cansaço dos pedreiros. Se não é o Senhor que guarda a cidade, em vão vigia a sentinela. E inútil madrugar, deitar tarde, comendo um pão ganho com suor; a quem o ama ele o concede enquanto dorme. Os filhos são herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre. Como flechas na mão de um guerreiro são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que tem uma aljava cheia deles: não ficará humilhado quando vier à porta para tratar com seus inimigos".
É muito importante o esforço que fazemos, porém, sem Deus, ele é em vão, porque quem edifica nosso lar é o Senhor. É da competência de Deus nos guardar e nos proteger, nós apenas podemos compartilhar a nossa experiência, mas não fazer o papel de "deus" na vida dos outros. É Deus quem convence os corações a viverem a experiência de fé n’'Ele. É inútil tentar, pela força humana, aquilo que só o Senhor pode fazer. Deus Pai nos dá inúmeras coisas, até mesmo na hora do nosso descanso.

Os filhos são uma herança do Senhor, são dons de Deus, que nos vêm no momento de graça e se tornam uma bênção para nós.

Existem pessoas que não constroem, mas destroem. Quando fazemos inimigo aquele que mora em nossa casa, acabamos destruindo nosso lar. Muitos lares estão sendo destruídos pelo alcoolismo, uma enfermidade que precisa de tratamento. Se você hoje sofre com esse mal, pelo amor que você tem por sua família e por seus filhos, procure ajuda, porque Deus quer libertá-lo por intermédio do tratamento e das pessoas.

Há situações ou pessoas, que querendo ou sem querer, contribuem para a destruição dos lares. A Palavra de Deus hoje nos fala sobre a construção da casa sem Deus. Construir a casa sem Deus é buscar a felicidade em coisas passageiras, nas coisas do mundo e para este mundo e não para a eternidade. Quando uma pessoa não acredita que existe uma vida após a vida terrena, ela passa a viver por este mundo sendo guiada por critérios mundanos. Como estamos modelando o caráter de nossos filhos? Ensinando-os que vencer na vida é derrotar o outro? Que para ser feliz é preciso ter as coisas que o outro não tem?

A mentalidade da nossa sociedade nos diz que somos inúteis e que só servimos enquanto produzimos algo. Esse é o tipo de criação que temos dado a nossos filhos? Para ser feliz, neste mundo, muitos têm vendido a alma! Alguns acreditam que felicidade é ter as pessoas de acordo com o que planejaram e, se não for assim, descartam o que não deu certo. Quantos pensam: "Vou casar; se não der certo descaso". Quantos de nossos irmãos estão mergulhados na depressão, nas drogas, no alcoolismo, trocando de família e vivendo uma vida de miséria e pobreza de coração!

Construir uma família sem Deus é construir algo vazio e se transformar em uma pessoa vazia. Ensinamos nossas filhas, desde cedo, que a beleza rege a vida; e temos visto jovens lindas se expondo sem o mínimo pudor.

Nossa casa é edificada por Deus, porque, primeiramente, ela é um dom do Senhor. A salvação deve entrar em nosso lar por intermédio da oração. A nossa família é lugar da presença de Deus, ela é um santuário, a Igreja doméstica.

Deus não quis construir nossa família sem nosso pai e sem nossa mãe, se mudasse nossos pais nós não existiríamos. Sem Deus não poderemos manter a casa que Ele construiu. Se o Senhor não está em nosso lar, vigiamos em vão, ensina-nos a Palavra meditada hoje.

Vigiemos porque o ladrão é astuto. A nossa luta, para salvar nossa família, é contra o inimigo de Deus e ele fará de tudo para destruir os lares. Quem tem fé não perca tempo tentando lutar sozinho; deixe Jesus lutar por você. A primeira pedra dentro da nossa casa é a pedra angular: Jesus Cristo.

Precisamos edificar nossa casa em Jesus e ensinar nossa família a sempre recorrer a Deus. Apeguemo-nos ao Senhor. Quando não sabemos o que falar ou ensinar a nossos filhos, devemos levá-los à presença do Senhor. Ensine seus filhos e seu (a) marido (esposa) a serem pessoas de Deus.

Aproximemo-nos de Deus para que nossos familiares se acheguem ao Senhor. Coloquemos Deus dentro de nossas casas para que vençamos as ciladas do inimigo de Deus.
Márcio Mendes

Missionário da Comunidade Canção Nova.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Como foi escrito o Pentateuco


O Pentateuco são os primeiros cinco livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Era a base da Bíblia judaica, completada com os livros Históricos, os Profetas e os Sapienciais.
Os textos do Antigo Testamento começaram a ser escritos desde os tempos anteriores a Moisés (1200 aC). Escrever era uma arte rara e cara, pois se escrevia em tábuas de madeira, papiro, pergaminho (couro de carneiro). Moisés foi o primeiro codificador das leis e tradições orais e escritas de Israel. Essas tradições foram crescendo aos poucos por outros escritores no decorrer dos séculos, sem que houvesse uma catalogação rigorosa das mesmas. Assim foi se formando a literatura sagrada de Israel.
Até o século XVIII dC, admitia-se que Moisés tinha escrito o Pentateuco (Gen, Ex, Lev, Nm, Dt); mas,  nos últimos séculos, os estudos mais apurados mostraram que não deve ter sido Moisés o autor de toda esta obra. A teoria que a Igreja Católica aceita é a seguinte:
O povo de Israel, desde que Deus chamou Abrão de Ur na Caldéia, foi formando a sua tradição histórica e jurídica. Moisés deve ter sido quem fez a primeira codificação das Leis de Israel, por ordem de Deus, no séc. XIII aC. Após Moisés, o bloco de tradições foi enriquecido com novas leis devido às mudanças históricas e sociais de Israel.
A partir de Salomão (972-932), passou a existir na corte dos reis, tanto de Judá quanto da Samaria (reino cismático desde 930 aC) um grupo de escritores que zelavam pelas tradições de Israel, eram os escribas e sacerdotes. Do seu trabalho surgiram quatro coleções de narrativas históricas que deram origem ao Pentateuco:
1. Coleção ou código Javista (J), onde predomina o nome Javé. Tem estilo simbolista, dramático e vivo;  mostra Deus muito perto do homem. Teve origem no reino de Judá com Salomão (972-932).
2.O código Eloista(E), predomina o nome Elohim (=Deus). Foi redigido entre 850 e 750 aC, no reino cismático da Samaria. Não usa tanto o antropomorfismo (representa Deus à semelhança do homem) do código Javista.
Quando houve a queda do reino da Samaria, em 722 para os Assírios,  o código E foi  levado para o reino de Judá, onde ouve a fusão com o código J, dando origem a um código JE.
3.O código (D) – Deuteronômio (= repetição da Lei, em grego). Acredita-se que teve origem nos santuários do reino cismático da Samaria (Siquém, Betel, Dã,…) repetindo a lei que se obedecia antes da separação das tribos. Após a queda da Samaria (722) este código deve ter sido levado para o reino de Judá, e tudo indica que tenha ficado guardado no Templo até o reinado de Josias (640-609 aC), como se vê em 2Rs 22. O código D sofreu modificações e a sua redação final é do século V aC, quando, então, na íntegra, foi anexado à Torá. No Deuteronômio se observa cinco “deuteronômios” (repetição da lei). A característica forte do Deuteronômio é o estilo forte que lembra as exortações e pregações dos sacerdotes ao povo.
4.O código Sacerdotal (P) – provavelmente os sacerdotes judeus durante o exílio da Babilônia (587-537aC) tenham redigido as tradições de Israel para animar o povo no exílio. Este código contém dados cronológicos e tabelas genealógicas, ligando o povo do exílio aos Patriarcas, para mostrar-lhes que fora o próprio Deus quem escolheu Israel para ser uma nação sacerdotal (Ex 19,5s). O código P enfatiza o Templo, a Arca, o Tabernáculo, o ritual, a Aliança.
Tudo indica que no século V aC, um sacerdote, talvez Esdras, tenha fundido os códigos JE  e P, colocando como apêndice o código D, formando assim o Pentateuco ou a Torá, como a temos hoje.

Prof. Felipe Aquino 

sábado, 18 de outubro de 2014

Vocação de pai



Pai e filho têm mútua dependência para sua razão de ser, a começar pelo Criador. A relação entre Ele e seu Filho, Jesus Cristo, é de vital importância para que a paternidade e a filiação humana encontrem respaldo na sua razão de ser. Ao contrário, temos apenas a prole e a paternidade no aspecto físico. A relação de Deus nas suas pessoas de Pai e Filho é de um amor inacreditável e absoluto. A paternidade e a filiação no que se refere a nós humanos,  vinculada à ligação com Deus, torna-se fecundante e de vocação realizadora para a família. Ao contrário, torna-se sem  finalização na consecução de seu objetivo existencial, que repousa em Deus.
Nessa perspectiva, a vocação da paternidade humana é realizadora quando preparada e assumida como verdadeira missão de amor. Não pode ser substituída apenas por um vínculo de geração física ou mesmo de relação adotiva por pura sensibilidade emocional, pragmática ou interesseira. Ser pai significa gerar um ser para uma vida realizadora, com relação amorosa, amiga, compreensiva, terna e promocional na vida humana transmitida e cuidada. Ser filho vem a ser a recepção da vida com gratidão, retribuição do amor, exercício do diálogo, da compreensão e da aceitação de um projeto existencial, com vontade de caminhar no mútuo apoio da ação paterna.
O ser pai depende do ser da mãe para o exercício da paternidade, com a responsabilidade de ação de dois corações que se interagem para amar a criatura gerada por ambos. O amor mútuo e geracional do pai e da mãe fazem com que os filhos aprendam que o amor em profundidade é plural e complementar na conjugação do homem e da mulher. Assim  a filiação tem um amor plenificado pela masculinidade e feminilidade. A filiação adotiva encontra também esse eco ideal de amor no aprendizado de pai e mãe.
Jesus, o Filho de Deus, sempre mostrou sua íntima relação de amor com o Pai, de modo especial com seus momentos de preces especiais com Ele em lugares apartados do povo. Ele quis mostrar também, de modo humano, sua ligação com a mãe e o pai adotivo, que sempre agiram em consonância com a vontade do Pai Deus. Desde antes do casamento com José, Maria se manifestou ao anjo com o desejo de cumprir o que Deus queria dela. Aceitou o casamento, para dar, à criança que teria, o aconchego do lar ideal para o filho.
Mesmo na pluralidade atual de formação de famílias, não fica diminuída a família preparada com o ideal da vocação ao matrimônio, de acordo com o original do Criador. Aliás, esta é a família autêntica. Dentro dessa perspectiva, teremos uma sociedade de mais filhos saudáveis física, psíquica, social e espiritualmente. Assim formaremos melhor a família humana com os critérios já naturais de plena realização e, o que se dirá do enfoque sobrenatural do equilíbrio afetivo e realizador do Ideal que não se fixa apenas em interesses físicos e de objetivos menores e passageiros! A família humana, sem o transcendente de sua vocação, se animaliza e não é capaz de enxergar o sentido da mesma com sua plena realização!
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Uma curiosidade sobre os Anjos


No combate não lutamos sozinhos. Lemos em Apocalipse 12: “Miguel e seus anjos combateram contra o dragão” (12,7).
Quando criou os anjos, Deus os fez livres e, assim, eles tiveram de passar por uma espécie de teste- exatamente como nossa vida na terra é um teste. Ninguém sabe o que foi esse teste, mas alguns teólogos especulam que foi concedida aos anjos uma visão da Encarnação e lhes foi dito que tinham de servir à divindade encarnada, Jesus e sua Mãe. O orgulho de Satanás rebelou-se contra o escândalo do Espírito assumir laços da matéria, e ele disse: “Não servirei!”. Segundo os Padres da Igreja, ele conduziu um terço dos anjos nessa rebelião (Veja Ap 12,4). Miguel e seus anjos os expulsaram do céu (veja o v.8).
Em todo o Apocalipse, vemos que os anjos povoam densamente o céu. Adoram a Deus sem cessar (Ap 4,8). E zelam por nós. Os capítulos 2 e 3 deixam claro que cada Igreja específica tem um anjo da guarda. Isso deve nos tranquilizar, a nós que pertencemos a Igrejas específicas e que pedimos a ajuda do anjo de nossa Igreja específica.
Costuma-se entender que os “quatro animais” mencionados no capítulo 4 são anjos, embora aos olhos humanos apareçam  em forma animal. Esses animais correspondem aos bordados no véu diante do lugar santíssimo no Templo de Jerusalém.
Embora os anjos do céu se apresentem aos olhos humanos em forma corporal, os anjos, na verdade, não têm corpos. Seu nome significa “mensageiro”, e os atributos físicos costumam simbolizar algum aspecto de sua natureza ou missão. As asas indicam sua rapidez para se mover entre o céu e a terra. Os múltiplos olhos significam seu conhecimento e sua vigilância. Talvez, a princípio, anjos de muitos olhos e de seis asas pareçam assustadores, mas, se pensarmos neles em termos de sua rapidez e de sua vigilância, ficaremos tranquilos. Há seres com os quais podemos contar, quando o dragão ameaça nossa paz.
No Apocalipse, os anjos também aparecem como cavaleiros (cap.6) que procedem ao juízo de Deus sobre os ímpios (veja também ZC 1,7-17). Grande parte da ação nestes capítulos ligam-se aos acontecimentos que cercaram a queda de Jerusalém no ano 70 d.C. Mas a passagem tem aplicações que ultrapassam o século I, enquanto a terra precisar de julgamento.
Os anjos do Apocalipse controlam os elementos, o vento e o mar, para fazer a vontade de Deus (cap.7). Os capítulos 7-9 deixam claro que os anjos são guerreiros poderosos e que combatem constantemente do lado de Deus- que, se domos fiéis, é também do nosso lado.
HAHN, S. O banquete do Cordeiro: a missa segundo um convertido. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 2009.  (Cleofas.com)


domingo, 12 de outubro de 2014

A humilde Serva do Senhor


Hoje celebramos o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Também é o dia especialmente dedicado às crianças. Como cristãos o que podemos dar de maior valor a nossas crianças? A fé em Deus. Ensina-las a amar Nosso Senhor Jesus Cristo e sua mãe Maria, aqui representada como N. S. Aparecida. Transmitir a elas os valores morais, hoje tão aviltados, ensinando-as a respeitar os mais velhos, a partilhar com outras crianças, educando-as segundo os preceitos da nossa fé. Ensinando-as principalmente a ser humildes, sendo para elas exemplos e testemunhos vivos de uma educação salutar. Humildes como Maria, serva do Senhor: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim conforme a Tua Palavra” (Lc 1,38). Maria é simples, humilde ao extremo e quer que sejamos também simples. Nas aparições Maria se apresentou a pessoas muito simples – a um índio no México (N.S. Guadalupe), a crianças em Portugal (N.S. de Fátima), a pescadores no Brasil (N.S. Aparecida). Maria, mãe de Jesus Nosso Salvador, não se prevalece de sua condição de primeira cristã, de ser mãe do Messias, ao contrário, se mantém simples e humilde durante toda a vida. Por tudo isso, sejamos simples e humildes, seguindo o testemunho de Nossa Mãe do Céu.  Sejamos exemplo para todas as crianças, sejam nossos filhos, netos, sobrinhos ou afilhados. 
(Resumo de artigo do Pe. Eduardo Dougherty)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Interceder: Prática Cristã


Antes de tudo, recomendo que façam pedidos, orações, suplicas e ações de graça em favor de todos os homens, pelos reis e por todos os que têm autoridade, afim de que levemos uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável diante Deus nosso Salvador. Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem, que se entregou para resgatar a todos. Esse é o testemunho dado nos tempos estabelecidos por Deus, e para o qual eu fui designado pregador e apóstolo – diga a verdade, não minto –, doutor das nações na fé e na verdade.” (1Timóteo 2, 1 –7)
                           O verdadeiro cristão é fervoroso em orações para o bem de todos os homens. Intercede não só pelo povo, mas por todas as autoridades, porque se somos cristãos devemos amar a todos. Isto sim, é digno de agradar a Deus, pois O Pai quer que todos os homens se salvem. Igualmente A Igreja nos conduz dizendo que Cristo é o único mediador, mas todos, todos os cristãos têm o dever de interceder por todos os filhos de Deus, somos todos irmãos.
                            “Para isso, vocês vão colaborar por meio da oração. Desse modo, a graça que obteremos pela intercessão de muitas pessoas provocará a ação de graças de muitos em nosso favor.” (2Corintios 1, 11)
                     Os homens precisam de ajuda, tão grande são as orações intercessoras. Quanto mais orações destinadas a uma causa, maior é a graça alcançada, por seu poder de misericórdia e amor pelo próximo.
                     “Rezem incessantemente no Espírito, com orações e suplicas de todo tipo, e façam vigílias, intercedendo, sem cansaço, por todos os cristãos.” (Efésios 6, 18).
                     O dever do verdadeiro cristão é rezar, orar, suplicar, fazer vigílias, interceder de todas as formas por todos os irmãos em Cristo.
                     “De fato, sei que tudo isso há de servir para minha salvação, através das orações de vocês e do Espírito de Jesus Cristo, que me socorre.” (Filipenses 1, 19).
                     As orações, imagem do dogma da Igreja, podem sim interceder pela cura, perdão, fortalecimento e salvação de todos os homens.
                     “Por essa razão, desde que ficamos sabendo disso, rezamos continuamente por vocês. Pedidos que Deus lhes conceda pleno conhecimento de sua vontade, com toda a sabedoria e discernimento que vêm do Espírito.” (Colossenses 1, 9).
                     O Apóstolo reza sempre por toda uma nação, semelhante á Madre Igreja que nos ensina esta prática de fé e amor por todos os nossos irmãos, para que Deus fale aos corações.

                     “Confessem mutuamente os próprios pecados e rezem uns pelos outros, para serem curados. A oração do justo, feita com insistência, tem muita força.” (Tiago 5, 16).
                     A intercessão pode conceder perdão de pecados, curar o coração, a alma, o corpo e a mente. A Igreja ajuda na ação da Palavra: oração feita com insistência tem muito poder: Lc 6,12; Lc 18,1-14; Cl 4,2; 1Ts 3,10; 1Ts 5,16-18; Ef 1,16; 1Tm 5,5; Tg 5,17-18. Por isto, é essencial para uma família rezar O Terço.


                     Outros exemplos de intercessão: Dt 5, 5; 1SM 7, 5; 1Rs 8, 30 1Rs 13, 4-6; Jó 42, 8; Sl 72, 15; Sl 122, 6; Mt 5, 44; Lc 6, 28; At 8, 15; Cl 1, 3; 1Ts 5, 25; 2Ts 1, 11; 2Ts 3, 1; Hb 13, 18-19; 1 Jo 5, 16.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Origem da Oração “Salve Rainha”


A “Salve Rainha” é uma das orações mais populares entre os católicos. Ela é atribuída ao monge Hermannus Contractus que a teria escrito por volta de 1050, no mosteiro de Reichenan, na Alemanha. Eram tempos terríveis aqueles na Europa central, com muitas calamidades naturais, destruindo as colheitas, epidemias, miséria, fome e a ameaça contínua dos povos bárbaros normandos, magiares e muçulmanos que invadiam os povoados, saqueando e matando.
Certamente o monge Hermannus experimentava as piores  misérias da vida humana neste “vale de lágrimas”, como disse. Nesta prece “bradamos” como “degredados”, “suspiramos gemendo e chorando”, vemos o mundo como “um vale de lágrimas”, como um “desterro”. Entretanto, essa visão da vida acaba num sentimento de esperança que a ultrapassa e domina com a confiança em Nossa Senhora.
Ao considerar a condição humana, o monge Hermannus via  muitos motivos de tristeza, mas, ao fixar sua atenção na Virgem Maria, Rainha do céu de da terra, a quem se dirige, mostra-se animado por um horizonte de expectativas reconfortantes e consoladoras, pois ela, a Virgem Maria, é “Mãe de misericórdia”, “Vida, doçura, esperança nossa salve”, “Advogada nossa”,  de “olhos misericordiosos”.
Frei Contractus tinha  consciência da triste época em que vivia, mas tinha outras razões, além disso tudo. Conta a sua história que ele nasceu raquítico e disforme; adulto, mal conseguia andar e escrevia com dificuldade, de mirrados que eram os dedos das suas mãos. Nasceu em 18 de fevereiro de 1013 em Altshausen, na Swabia hoje Alemanha.
Nasceu com uma fenda no palato, e um problema de espinha bífida (dividida em lóbulos iguais). Seus pais não tinham condição de cuidarem da criança e em 1020 (com sete anos) o entregaram para a Abadia de Reichenau, onde ele ficou o resto de sua vida. Contam que, no dia do seu nascimento, ao constatarem o raquitismo e má formação do bebê, seus pais caíram em prantos. Sua mãe Miltreed, mulher muito piedosa, ergueu-se então do leito e, lá mesmo, consagrou o menino à Mãe de Deus. Consagrado a Ela, foi educado no amor e na confiança em relação a Ela. E, anos mais tarde, foi levado de maca, por ser deficiente físico, até o mosteiro de Reichenan, onde com o tempo chegou a ser mestre dos noviços, pois o que tinha de inapto seu corpo, tinha de perspicaz seu espírito.
Muito inteligente se tornou monge beneditino com a idade de 20 anos. Era um gênio, estudou e escreveu vários livros sobre astronomia, teologia, matemática, história e poesias em latim, grego e árabe. Professor aos 20 anos ficou conhecido pelos seus colegas na Europa.  Construiu alguns instrumentos musicais e equipamentos de astronomia. Ficou cego e com isso parou de escrever. É o mais notável poeta de seu tempo e ainda ficou  famoso ao escrever a oração da “Salve Rainha”e ainda o “Alma Redemporis Mater”. Faleceu em 21 de setembro de 1054 em Reichenau de causas naturais. Beatificado e culto confirmado em 1863. Sua festa é celebrada no dia 25 de setembro.
Foi no fundo de todas essas misérias, que a alma de Frei Contractus elevou à “Rainha dos Céus” esta prece, mescla de sofrimento e esperança, que é a “Salve Rainha”.
Quando veio a ser conhecida pelos fiéis, a “Salve Rainha” teve um sucesso enorme, e logo era rezada e cantada por toda parte. Um século mais tarde, ela foi cantada também na catedral de Espira, por ocasião de um encontro de personalidades importantes, entre elas, a do imperador Conrado e a do famoso São Bernardo, conhecido como o “cantor da Virgem Maria”, pelos incendiados louvores que lhe dedicava nos seus sermões e escritos, ele que foi um dos primeiros a chamá-la de “Nossa Senhora”.
Dizem que foi nesse dia e lugar que, ao concluir o canto da “Salve Rainha”, cujas últimas palavras eram “mostrai-nos Jesus, o bendito fruto do vosso ventre”, no silêncio que se seguiu, ouviu-se a voz potente de São Bernardo que, num arrebato de entusiasmo pela mãe do Senhor, gritou, sozinho, no meio da catedral: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria”… E a partir dessa data estas palavras foram incorporadas à “Salve Rainha” original.
Nos quase mil anos que se passaram desde que Herman Contractus compôs a “Salve Rainha” uma multidão incontável de fiéis tem se identificado como os sentimentos que ela expressa, vivendo desde sua aflição à doce esperança que inspira sempre a amável Mãe do Nosso Salvador.

Fonte: http://cleofas.com.br

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A História do povo Judeu


Para entender a Bíblia é preciso conhecer um pouco da história do povo hebreu, pois o Antigo Testamento (AT) é a narração de sua história. Sem isso não sabemos que parte do AT se refere a essa história, e fica difícil se o entender.
Vejamos então, um resumo disso:
Em 1800 a.C., Abraão e Sara partiram da Mesopotâmia para a Terra Prometida, chamados por Deus. Abraão teve dois filhos: Isaac com Sara; e Ismael com a escrava Agar. De Isaac surgiu o povo judeu; de Agar os árabes.
Isaac se casou com Rebeca e deles nasceu Jacó, que se casou com Raquel;  deles nasceram 12 filhos, que serão as Doze tribos de Israel: Rubem, Simão, Levi, Judá, Issacar, Zabulon, José, Benjamim, Dã, Neftali, Gad e Aser.
Em 1600 a.C., o povo judeu precisou ir para o Egito por causa da fome na Palestina; e ali ficaram 400 anos, e se multiplicaram.
Moisés (Êxodo), por volta do ano 1250 a.C., retira o povo do Egito e o leva para o deserto do Sinai. Ali Deus educa esse povo em suas leis. Faz uma Aliança com Moisés e lhe dá as tábuas da Lei: Os Dez Mandamentos.
Em 1200 a.C. – Josué penetra na Terra Prometida, atravessando o rio Jordão a pé enxuto, como tinham atravessado o mar Vermelho.
Houve um “Período dos Juízes”, 200 anos, até cerca do ano 1000 aC. Entre eles: Débora, Baraque, Jefté e Sansão.
Samuel foi o ultimo juiz e profeta; sagrou o primeiro rei de Israel, Saul, por volta do ano 1000 a.C. .
Davi foi o  primeiro rei de todos os hebreus; reinou 40 anos em Israel; 7 anos em Hebron e 33 em Jerusalém. É a imagem do Messias, que unifica e salva o povo de Deus.
A ele Deus prometeu através do profeta Natan que um dos seus descendentes seria o “Rei eterno” (2Sm 7, 1-17).
Davi foi sucedido por seu filho Salomão, no ano 970 a.C. Construiu o Templo de Jerusalém.
O filho de Salomão, Roboão  sucedeu-lhe depois de 40 anos; mas em  930 a.C. houve um Cisma: as 10 tribos do Norte separaram-se das tribos do Sul, Judá e Benjamim. Roboão ficou no sul com sede em Jerusalém. Jeroboão ficou no Norte, em Siquém na Samaria. Foram os tempos dos profetas Elias (850 a.C.) e Eliseu.
Os profetas Isaías (primeira parte – caps. 1 a 39) e Miquéias (725 a.C.) atuaram junto às tribos de Judá, enquanto os profetas Elias, Eliseu, Amós, Oséias (750), atuaram junto ao reino do Norte, que teve duração de 200 anos.
Em 722 a.C., o rei da Assíria, Sargão II conquistou a Samaria e levou as 10 tribos do Norte para o exílio.
Do período de 722 a.C. até a queda de Judá na mão dos Babilônios (578 a.C.), atuaram em Judá os profetas Jeremias, Sofonias, Naum, Habacuque e Ezequiel.
No ano de 622 a.C., o rei Josias,  de Judá, agora Israel, promoveu uma grande reforma religiosa e social, mas de poucos resultados.
Em 598 a.C., o rei Nabucodonosor, da Babilônia, dominou Jerusalém e levou as duas tribos do Sul para o exílio de setenta anos. O rei, os grandes do reino, os chefes das empresas e sete mil guerreiros foram deportados. O salmo 136 mostra bem este desespero.
O profeta Ezequiel, em 593 a.C., foi para o exílio, antes da segunda deportação que ocorreu em 587 a.C. .
Nabucodonosor deixou em Jerusalém, como vice-rei, Sedecias, que se revoltou contra a Babilônia. Nabucodonosor a incendiou em 589 a.C. Jerusalém ficou sob o governo dos caldeus.
No tempo do exílio atuaram os profetas Ezequiel e Abdias, e é desta época a segunda parte do livro de Isaías (40 a 55).
Em 538 a.C., o rei da Pérsia, Ciro, tomou a Babilônia, Zorobabel. Houve a reconstrução das muralhas da cidade e do Templo profanado. Após o exílio atuaram o governador Neemias e o sacerdote Esdras; os profetas Ageu (520 a.C.), Zacarias (520 a.C.), Abdias, Malaquias, Joel, e a última parte de Isaías (11 últimos capítulos, 56 a 66).
Os Profetas mostraram  o futuro Messias.
No ano de 338 a.C. a Palestina foi conquistada por Alexandre Magno rei da Macedônia, que venceu os persas em 331 a.C..  Alexandre teve vida curta (†323 a.C.) e seus quatro generais e as suas dinastias passaram a governar os territórios que ele deixou, dividindo entre eles o grande império grego.
Ptolomeu I Lago ficou com o Egito e, a partir de 295 a.C. com a terra de Judá. O domínio desta família se estendeu até o ano 198 a.C.. O rei seguinte, Antíoco IV Epífanes (175-163), profanou o Templo de Jerusalém ao construir nele um altar ao deus Zeus (Júpiter).
O sacerdote Matatias levantou-se como chefe de guerrilha e guerra santa contra os sírios, com os seus filhos João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas (1Mac 2, 1-4).  Foi a época da revolta dos Macabeus; liderados por Judas Macabeu (166-160 a.C.), Jônatas (160-142 a.C.) e Simão (142-134 a.C.), que  saíram vitoriosos e a Judéia viveu 130 anos de independência, o que aconteceu poucas vezes.
Em 160 a.C. os monges judeus essênios (“filhos da luz”), em Qumran, cerca de 4000 pessoas, aguardavam ansiosamente a chegada do Messias. Em 1947 descoberta houve a descoberta das onze grutas de Qumran, com o encontro de manuscritos da Bíblia de antes do ano 70. O livro de Isaias foi encontrado inteiro. Esses monges judeus foram aniquilados no ano 70dC, quando o general Tito tomou Jerusalem.
De 134 a 104 a.C. reinou na Judeia João Hircano, filho de Simão Macabeu; Aristóbulo I, filho de João Hircano. De 104 a 76 a.C. reinou Alexandre Janeu, filho de João Hircano; de 76 a 67 a.C. reinou Alexandra, neta de Alexandre Janeu; de 67-63 a.C. reinou Aristóbulo II, filho de Alexandre Janeu, quando o general romano Pompeu invadiu a Judéia.
Em 63 a.C., o general romano Pompeu o Grande, invadiu a Palestina e a dominou anexando-a ao Império Romano. Sob o domínio dos romanos, reinou de 63-40 a.C., Hircano II, filho de Alexandre Janeu.
Em 40 a.C. os partos invadiram a Judeia. De 37 a 4 a.C., Herodes o Grande, que não era judeu, mas idumeu,  reinou na Judéia por determinação do imperador Júlio Cesar, até 4 a.C. .Foi ele quem perseguiu Jesus.  Não confundir com Herodes Ântipas (o “tetrarca Herodes”), seu filho, que mandou degolar João Batista, já por volta do ano 30 d.C. (depois de Cristo). E nem confundir com Herodes Agripa que mandou matar o Apóstolo São Tiago maior.
O procurador romano nomeava o Sumo Sacerdote dos judeus, que era o chefe do Sinédrio. O quinto procurador romano da Judeia foi Poncio Pilatos (27-37 d.C.) nomeado pelo imperador romano Tibério Augusto, sucessor de Cesar Augusto. Do ano 37 a 44 d.C., a Judéia e a Samaria foram governadas por Herodes Agripa I, sobrinho de Herodes Ântipas (o “tetrarca Herodes”). Foi Agripa quem perseguiu os cristãos, matou o apóstolo Tiago maior, e prendeu Pedro (At 12, 1-23).
Herodes Agripa I deixou os filhos Marcos Júlio  Agripa (Agripa II), Berenice e Drusila. Da morte de Agripa I (44 d.C.) até a queda de Jerusalém (70 d.C.) foi um período muito violento para Israel. Em 70 d.C. o general Tito dominou Jerusalém por causa de uma revolta dos judeus e destruiu o Templo que Herodes o Grande tinha reconstruído, e que era o do tempo de Jesus.

Fonte: Cleofas.com