terça-feira, 28 de outubro de 2014

Day after Day


O tempo passa e o impacto inicial de uma frustração também acaba passando. A indignação – graças a Deus – transformou-se em resignação, no entanto o inconformismo persiste. Resignação e inconformismo de modo simultâneo parece incoerência, mas não é. Resignação e conformismo não são sinônimos nem representam sentimentos idênticos. Resignar-se significa aceitar os reveses e o que muitas vezes nos é imposto, contrariados, porém sem reclamações nem murmuração.  Conformar é aceitar e assumir, é acomodar, condescender, assumir a forma. Portanto posso aceitar o que me é imposto sem condescendência; é o caso aqui.
Refiro-me ao resultado das eleições presidenciais. O resultado para nós cristãos – não só aos católicos, mas todos os cristãos de modo geral – não foi favorável. Venceu uma ideologia que cultua o que há de pior na sociedade: a desagregação da família, a inversão de valores, a cultura da morte (apoio explicito ao aborto); a incitação ao ódio e divisão de classes, posição social, raça, orientação sexual; ligação e apoio a dirigentes e ditadores de países notadamente marxistas.
Não consigo atinar como irmãos católicos se alinhem a tal tipo de política. Há políticos que se apresentam como católicos praticantes e filiados a partidos de esquerda.  E há gente nossa que apoia e vota nestes políticos; total incoerência. Posso aceitar, mas não me conformar, com atitudes tais como, ‘louvo a Deus pela eleição da Dilma’ (sic).  Cristão autêntico não elege candidatos alinhados com o gramscismo: “O mundo civilizado tem sido saturado com cristianismo por 2000 anos, e um regime fundado em crenças e valores judaico-cristãos não pode ser derrubado até que as raízes sejam cortadas” (Antonio Gramsci). Não podemos aceitar como legítimos, doutrinas políticas responsáveis pelo assassinato de mais de 100 milhões de pessoas não ao longo de todo ‘timeline’ da história, mas sim nos tempos recentes. Não podemos nos conformar com corrupção explicita e institucionalizada, com impunidade (os condenados do mensalão já estão em liberdade). O que fazer então? Orar com fervor e clamar, gritar, não se conformar, ou seja, não ser condescendente com o ‘status quo’ vigente.  Profeta não é somente o que anuncia, é também o que denuncia.
Por que tema tão árido neste espaço? Talvez muitos estejam questionando; a resposta está na última frase do parágrafo antecedente: profeta não só anuncia, também denuncia.  O Profeta Isaias exortava o povo contra as alianças feitas pelos dirigentes com povos vizinhos e hostis; ver em Is 1; 7; 30. Poderia citar muitos outros casos de engajamento em assuntos seculares de outros profetas, mas o espaço aqui seria insuficiente.  
Esta é minha opinião pessoal, não falo como representante oficial do grupo de oração, entretanto na condição de cristão não posso me omitir ante a iniquidade reinante e ameaças que pairam sobre nós, notadamente sobre a Igreja. Portanto,  ainda que sujeito a criticas, dando a cara a tapa, aqui estou escrevendo e postando este artigo. Nosso Senhor Jesus Cristo lutou contra a injustiça e opressão. Não foi nenhum revolucionário no sentido político, mas ainda assim denunciou a postura opressora dos fariseus que subjugava e escravizava o povo. Deste modo, repito, não posso me omitir ante a tentativa de desconstrução da cultura do amor (o cristianismo) e substituí-la por uma cultura de morte e pelo  relativismo ateu.
Carlos Nunes


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