sábado, 26 de novembro de 2016

É Deus quem nos santifica!


Deus nos criou para Ele; somos as ovelhas do Seu rebanho, diz o Salmista (Sl 99,3). São Paulo disse aos efésios que “Cristo Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e íntegros diante Dele, no amor” (Ef 1,4).
E mais ainda: “Nos predestinamos à adoração como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, em que nos agraciou no seu amado” (v.6).
Não foi sem razão que Santo Irineu de Lião disse, no segundo século, que “o homem é a glória de Deus”.
Fomos criados para a Sua glória (“Laudem gloriae”). Por isso fomos criados à imagem e semelhança de Deus; à imagem de Jesus Cristo. Mas infelizmente, o pecado original desfigurou em nós essa bela imagem humana e divina.
E o Cristo veio a Terra para que ela possa ser restaurada em cada um de nós.
Para isso Jesus “armou a Sua tenda entre nós”, e vive entre nós. Ele continua a caminhar conosco pela Igreja, pelos Sacramentos, e está em toda parte nos Sacrários para continuar essa obra de refazer a Sua imagem em cada um de Seus irmãos feridos pelo pecado.
Só Deus nos conhece profundamente e, por isso, só Ele pode ser o nosso restaurador. O salmista fala com toda clareza:
Senhor, Tu me examinas e me conheces, sabe quando me sento e me levanto.
Penetras de longe os meus pensamentos, distingues meu caminho e meu descanso, sabe todas as minhas trilhas…
Por trás e pela frente me envolves e pões sobre mim a Tua mão.
Para onde irei longe do Teu espírito? Para onde fugirei de Tua presença?…
Foste Tu que criaste minhas entranhas e me tecestes no seio de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste maravilhoso; são admiráveis as Tuas obras; e Tu me conheces por inteiro…
Ainda embrião, os Teus olhos me viram, e tudo estava escrito em Teu livro… (Sl 13).
Porque nos conhece completamente, só Deus pode restaurar em nós a Sua imagem em nós danificada pelos pecados. E Ele faz isso porque nos ama. Nós não somos capazes, não temos poder e sabedoria, para operar a nossa santificação; só Deus.
Então, o que nos resta fazer? Entregar-se dócil nas Suas mãos; e silencioso deixar que o Artista possa esculpir nossa pedra bruta a Sua imagem novamente.
Só o homem recebeu de Deus o maravilhoso e assustador privilégio de atingir o seu fim pela livre escolha da sua vontade. Os animais e plantas não tem essa liberdade.
Se o homem, livremente, se abandonar nas mãos do Seu Criador e se conformar com Sua disposição divina, alcançará o fim para o qual foi criado: participar da vida bem aventurada de Deus (Cat. nº1).
Deus nos conduz para o nosso destino Nele. Não é uma glória para nós saber que Deus se ocupa de nós, débeis criaturas?
Devo, então, reconhecer o Seu soberano domínio sobre mim, e entregar-me a Ele sem reservas. Ele é o meu fim.
Devo viver em relação a meu Deus numa dependência absoluta e universal. É previsto que eu o siga em cada instante de minha vida, que me abandona à sua direção, que o deixa despir de mim como bem desejar.
Deus já traçou o caminho para cada um de nós chegar ao Céu, mas só Ele pode nos conduzir por esse caminho. Cada pormenor de nossa vida Ele já conhecia desde toda a eternidade.
Basta-me deixar que Ele me conduza por esse caminho suave. São eternos os desígnios de Deus sobre mim.
Às vezes a gente se ilude querendo traçar o próprio caminho da santidade, às margens do desígnio de Deus. Ficamos sonhando com uma perfeição ou cruzes que não são para nós. É no decorrer do tempo, no dia a dia de nossa vida, lentamente, que Deus vai nos revelando o destino que Ele concebeu para nós.
Todos os acontecimentos, doenças, fracassos e vitórias, são guiados pela divina Providência amorosamente.
A mim cabe, amar o meu Deus, aceitar seu trabalho em mim, e adorá-lo no abandono da fé.
Não me cabe lamentar e nem lamuriar, amaldiçoar ou blasfemar, mas apenas obedecer humildemente e alegremente. Que alegria saber que Deus cuida de mim.
Não me compete perguntar a Ele as razões da Sua conduta para comigo. A criança não pergunta ao pai para onde ele a está levando.
Deus não me deve explicação alguma! Por que eu nasci nesta data, neste lugar, neste país, desses pais, com esta cor e com este físico. Ele sabe que a minha beleza está na alma invisível e imortal; o corpo é apenas uma casca que um dia vai deixá-la. Não posso me agarrar a esta casca, senão perecerei rapidamente com ela.
Deus tem eternos desígnios sobre mim. Devo aceitá-los e santificar-me nessas circunstâncias.
Prof. Felipe Aquino



sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Deus é Amor e por Amor nos Salva


A Biblia Sagrada em 1Jo 4,8 nos afirma que Deus é amor. Deus é puro amor, amor infindável, inabalável, incontestável. Deus é amor e fomos criados no amor e por amor. Somos criaturas, porém filhos, filhos por adoção no amor de Cristo a toda humanidade.
Fomos criados à sua imagem e semelhança. Imagem porque reflexo da vontade do Criador. Semelhança porque fomos criados para a perfeição, como disse Jesus: "sede perfeitos como o Pai é perfeito".
Toda criança ao nascer - apesar da mancha do pecado original - é pura na essência. Mas a criança cresce, e ao longo do tempo se contamina com as coisas más do mundo, a concupiscência (fruto do pecado original) é exarcebada e assim, vamos nos tornando pecadores... Quebramos o espelho e deixamos de refletir a imagem de Deus em nós; rejeitamos a graça do Senhor e nos afastamos dele...Então pelo pecado perdemos a graça original.
Entretanto isso não significa a perdição, pois fomos criados para Deus. Dele viemos e a Ele haveremos de retornar. A Palavra diz que é desejo do Senhor que todos sejamos salvos, portanto somos todos predestinados à salvação. Todos! Ninguém é condenado pela vontade de Deus; se alguém é condenado é porque o próprio assim o quis.
A nossa salvação começou na Criação, porque fomos criados no amor de Deus e portanto para a Salvação. Começou na Criação e culminou na Cruz. Na cruz Jesus pagou por nossos pecados, carregou sobre si nossas dores e injustiças: o castigo que pesava sobre nós foi por ele assumido (conforme Isaias 53) e por amor a redenção nos foi ofertada.
O Pai criou-nos para sermos perfeitos. O filho morreu e ressuscitou para restaurar em nós a perfeição perdida. Assumamos isso e estaremos no caminho certo. Deus seja louvado!



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Bom Pastor e as famílias


O Papa Francisco ofereceu à Igreja a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris Lætitia” (A alegria do amor), sobre o amor na família, como fruto de duas Assembleias do Sínodo dos Bispos. Diz o Papa: “Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio, o desejo de família permanece vivo nas jovens gerações. Como resposta a este anseio, o anúncio cristão que diz respeito à família é deveras uma boa notícia”. Interpretações mundanas viram no documento papal uma possível decepção, enquanto todos nós, filhos da Igreja, descobrimos a projeção de um renovado sopro a favor da família. Quando muitos especulavam, quem sabe sonhando colocar na boca da Igreja soluções radicais para os problemas da família, independente dos extremismos correntes, o Santo Padre oferece um verdadeiro hino ao amor na família, a ser entoado pelo coro dos cristãos espalhados pelo mundo inteiro.
Papa Francisco aconselha uma leitura calma da Exortação Apostólica, superando a tendência de uma compreensão apressada e superficial. Ele mesmo acena aos casais a beleza do capítulo a respeito do amor no matrimônio ou o texto sobre a fecundidade do amor. Os capítulos sobre as perspectivas pastorais e o reforço da Educação dos filhos certamente atrairão os agentes de Pastoral Familiar. Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade será a provocação positiva para todos os que buscam um caminho para evangelizar a boa nova da família diante das situações difíceis e desafiadoras de nosso tempo. E toda a Igreja celebrará as conclusões sobre a espiritualidade conjugal e familiar, com a qual se conclui a Exortação Apostólica. Não há dúvidas de que o Espírito Santo conduza a Igreja, o que se confirma mais uma vez, mostrando, diante de um mundo em crise e repleto de confusões em todos os níveis, que começa agora uma nova e esperançosa etapa de valorização da família, como foi pensada por Deus.
Nas celebrações matrimoniais judaicas e cristãs, canta-se o salmo da família (Sl 127), com o qual o Papa iniciou a Exortação Apostólica e queremos ecoar com alegria: “Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito. Tua esposa será como uma vinha fecunda no interior de tua casa; teus filhos, como brotos de oliveira ao redor de tua mesa. Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião o Senhor te abençoe! Possas ver Jerusalém feliz todos os dias de tua vida. E vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!” É festa para a Igreja quando pode oferecer as boas notícias. E elas estão dentro de nossas casas!
Vivemos neste final de semana a Festa do Bom Pastor, na qual resplandecem as atitudes daquele que quer para todos a vida em abundância. Cabe bem ver as parábolas, chamadas no seu conjunto de Parábola do Bom Pastor (Cf. Jo 10, 1-30) dirigidas às famílias, acolhendo justamente o Evangelho da Família, dirigido a toda a sociedade, que clama, tantas vezes sem consciência clara, por tal novidade.
Com Jesus, que é a porta das ovelhas, queremos adentrar na casa e no coração de todas as famílias. “Cruzemos o limiar desta casa serena, com sua família sentada ao redor da mesa em dia de festa. No centro, encontramos o casal formado pelo pai e pela mãe com toda a sua história de amor” (Amoris lætitia 9). Nasça em nós um respeito profundo pela intimidade do lar, com seus segredos, conselhos, liberdade, afeto! Quem ninguém entre na família como o mercenário ou o salteador, mas seja ela reconhecida como espaço sagrado! É hora de ser radicais, impedindo que entrem em nossas casas os mercenários e ladrões, que roubam nada menos do que a nossa dignidade, para espalhar, na praça pública do mundo, a história e os valores, ainda em desenvolvimento, mas presentes em nossas famílias.
A vida em abundância entra pela porta da casa quando a família acolhe Jesus. Ele é a porta e é aquele que vai à frente das ovelhas, sejam elas o pai, a mãe ou os filhos. O alimento verdadeiro, que sustenta as pessoas da família, tem um nome, que é o próprio Jesus, que é porta, sustento, pastor, aquele que conduz à boa pastagem (Cf. Jo 10, 9). Muito antes de nossas famílias existirem, o Senhor se entregou por elas e confirmou a bênção primordial da família. A força de suas palavras o revela: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher? Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2, 24; Mt 19, 4; Cf. Amoris lætitia 9).
O bom pastor conhece as ovelhas! Aqui ele se torna referência, mais uma vez, para a família. O lar é o lugar do conhecimento profundo. Quantos pais e mães até se assustam (bendito susto!) quando seus filhos se soltam quando estão em casa, parecendo até agressivos, como gente que trata bem só quem é de fora. É que em casa os defeitos e as qualidades são tocados com um amor que tudo cobre, tudo suporta e tudo perdoa! Em casa damos uns para os outros a vida, e não firulas ou enfeites, feitos muitas vezes de superficialidade. Benditas sejam as discussões, as lágrimas, e também os abraços, beijos, sorrisos e afetos de quem se sente em casa! E o pastor que é Jesus nos conhece, também porque garantiu estar presente entre aqueles que se reúnem em seu nome (Cf. Mt 18, 20), não só quando rezam, mas em todas as ocasiões.
A família tem também sua dimensão missionária. Certamente muitos de nós temos a experiência de viver em famílias que agregam parentes e conhecidos, atraindo gente que apenas se sente bem naquela casa, reunindo amigos e conhecidos. As casas se tornam grandes, a ajuda a outras pessoas se multiplica, há um gosto especial em estar juntos! Desejamos que nossas famílias olhem para as outras, atraiam, para contribuírem de seu modo a fim de que venha a existir um só rebanho e um só pastor.
O Papa Francisco põe em nossa boca uma belíssima oração, dirigida à Sagrada Família, que oferecemos agora a todas as famílias: “Jesus, Maria e José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor. Confiantes, a vós nos consagramos, Sagrada Família de Nazaré. Tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração. Autênticas escolhas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém!
Dom Alberto Taveira Corrêa



sábado, 5 de novembro de 2016

A importância da oração


    "Toda Palavra de Deus é provada, é um escudo para quem se fia nela. Não acrescenta nada às suas palavras, e sejas achado mentiroso” (Provérbios 30,5-6).
    Muitos cristãos concordam com a necessidade de orar cada dia mais fervorosamente para que lhes seja concedida a graça da unidade. Nada mais sensato, por a oração é o primeiro caminho que se oferece a todos nós. Porém, não deixará a mesma de suscitar iniciativas e provocar atos, sob pena de ser considerada um refúgio contra uma realidade demasiadamente dolorosa e, consequentemente, uma recusa a dar um passo muito custoso.
    A oração, em todos os casos, suscitará a caridade de Cristo, e tenho experimentado isso, profundamente, no transcurso dos últimos anos. Homens que nos eram distantes, tem-se tornado nossos irmãos na fé. Quanto a nós, se as barreiras levantadas não tivessem sido transportadas pela amizade que Cristo, por meio do Espírito Santo, coloca nos corações, estaríamos ainda estacionados na fase das conversas, invariavelmente fadados a esbarrar contra este ou aquele fator racional, estaríamos ainda estagnados nas discussões sem saída.
    Por certo, outros terão pensamentos diferentes, é sua exposição sobre a contemplação, a comunidade de bens e a maneira de exercer a autoridade de viver em comum na obediência e na unidade.
    Queridos irmãos, vamos em frente e não desistamos. Deus é o nosso refúgio.
    Wellington Jardim (Eto) - Cofundador da Comunidade Canção Nova e administrador da FJPII