domingo, 24 de fevereiro de 2013

Uma Breve Análise Sobre os Deuterocanônicos do AT – parte 2



 

Também é importante saber que em alguns dos livros deuterocanônicos do AT, há revelações divinas confirmadas no NT. Por exemplo:

"Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor. Mas porque eras agradável ao Senhor, foi preciso que a tentação te provasse. Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar do demônio Sara, mulher de teu filho. Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor" (Tobias 12,12-15) (grifos meus).

Em nenhum lugar nos livros protocanônicos do AT, há alguma revelação dos 7 anjos que assistem na presença do Senhor e que Lhe entregam as orações dos justos. Esta revelação é confirmada no livro do Apocalipse:

"Eu vi os sete Anjos que assistem diante de Deus. Foram-lhes dadas sete trombetas. Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus. Depois disso, o anjo tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o por terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos" (Ap 8,2-5) (grifos meus).

Um outro caso interessante está no livro da Sabedoria:

"Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor! Sua existência é uma censura às nossas idéias; basta sua vista para nos importunar. Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito diferentes. Ele nos tem por uma moeda de mau quilate, e afasta-se de nossos caminhos como de manchas. Julga feliz a morte do justo, e gloria-se de ter Deus por pai. Vejamos, pois, se suas palavras são verdadeiras, e experimentemos o que acontecerá quando da sua morte, porque, se o justo é filho de Deus, Deus o defenderá, e o tirará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo por ultrajes e torturas, a fim de conhecer a sua doçura e estarmos cientes de sua paciência. Condenemo-lo a uma morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve intervir" (Sabedoria 2,13-21).

A profecia acima se refere ao escárnio promovido pelo Sinédrio contra o Senhor Jesus. Veja o testemunho do NT sobre o seu cumprimento:

"A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus! [...] Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. [...] Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!" (Lc 23,35.37.39).

"Mas Jesus se calava e nada respondia. O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe: És tu o Cristo, o Filho de Deus bendito? [...] Alguns começaram a cuspir nele, a tapar-lhe o rosto, a dar-lhe socos e a dizer-lhe: Adivinha! Os servos igualmente davam-lhe bofetadas" (Mc 14,61.65)

"Querendo Pilatos satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás e entregou Jesus, depois de açoitado, para que fosse crucificado. [...] Davam-lhe na cabeça com uma vara, cuspiam nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo. Depois de terem escarnecido dele, tiraram-lhe a púrpura, deram-lhe de novo as vestes e conduziram-no fora para o crucificar" (Mc 15,15.19-20).

"salva-te a ti mesmo! Desce da cruz! Desta maneira, escarneciam dele também os sumos sacerdotes e os escribas, dizendo uns para os outros: Salvou a outros e a si mesmo não pode salvar! Que o Cristo, rei de Israel, desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos! Também os que haviam sido crucificados com ele o insultavam" (Mc 15,30-31).

É importante dizer que nos protocanônicos do AT, há registro de coisas muito reprováveis, como as filhas de Lot engravidaram dele, depois de o embebedar (Gn 19,30-36). O Rei Saul consultou uma espírita (I Reis 28,8), Abraão arrumou um filho fora de seu casamento (Gn 16), e o Patriarca Jacó vários (Gn 30,4-5.7.9-10.12). Davi planejou a morte de um de seus soldados para ficar com sua esposa (cf. 2 Sm 11). Alguém poderia dizer ainda que o Livro de Gênesis promove a poligamia (cf. Gn 29,28-30) e todos os cristãos sobre a terra ainda o consideram canônico apesar disso. Portanto, se não é o juízo subjetivo e pessoal que coloca ou retira livros no Cânon Bíblico, o que é? Qual foi o juízo adotado pelos primeiros cristãos para receber ou não um livro como canônico?

O critério deles foi o mesmo dos cristãos que viveram na era apostólica quando aceitaram que a Lei de Moisés não era necessária para alcançar a Justiça (cf. At 15): o discernimento da Única e Verdadeira Igreja de Cristo.

***
Fonte:
http://veritatis.com.br

 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Uma Breve Análise Sobre os Deuterocanônicos do AT – parte 1



Muitos protestantes através de livros, folhetos e sítios na Internet, procuram defender sua posição contra os livros deuterocanônicos do AT, afirmando que estes livros contêm heresias. Segundo eles, (que eles chamam de apócrifos) não são livros canônicos porque ensinam as seguintes heresias:

1. Perdão do pecado mediante esmolas:
Dizem que Tobias 12,9; 4,10; Eclesiástico 3,33 e 2 Macabeus 43-47 ensinam que as esmolas apagam os pecados, negando então a redenção do sacrifício de Cristo e por isso não podem ser considerados canônicos. Primeiro estas referências são do AT, portanto não podem ter qualquer relação com o sacrifício de Cristo. Segundo, elas estão em plena conformidade com o AT, que ensina que o bem feito ao próximo será considerado em nosso julgamento. Este é o princípio das esmolas. E esta mesma doutrina se encontra em Prov 10, 12, por exemplo. Será que o Livro dos Provérbios não é canônico também? Em terceiro lugar, esta mesma doutrina é confirmada no NT, basta verificar Mc 9,41; Lc 11,41. Jesus confirma até mesmo o valor da esmola juntamente com outras formas de piedade (cf. Mt 6,2-18), veja também 1 Pd 4,8; At 10,3-4; 10,31.

2. A vingança e a prática do ódio contra os inimigos: Dizem que isto está em Eclo 12,6 e Judite 9,4 e contradiz ferozmente Mt 5,44-48. Mais uma vez Eclo diz respeito ao AT, onde valia a lei do retalião. Se o Livro do Eclesiástico não é canônico por esta razão, também não são Êxodo, Deuteronômio e Levítico, veja Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,19-21.

3. Prática do suicídio: Dizem que o ensino sobre a prática do suicido está em 2 Macabeus 14,41-42. Entretanto em Jz 16,28.30 Sansão se suicida e sua morte é tida como grandiosa pelo autor do Livro de Juízes. A Bíblia possui diversos casos de suicídio - principalmente entre guerreiros -basta ver: Jz 9,54; 16,28-29; 1Sm 31,4-5; 2Sm 17,23; 1Rs 16,18.

4. Ensino de artes mágicas: Dizem que Tobias 6,8-9 favorece a prática de artes mágicas. Ora, em Tobias 8,3 vemos que não é Tobias quem expulsa o demônio, mas sim o Anjo Rafael. O interesse era ocultar a ação do Anjo para Tobias. Em Jo 9,6 vemos que Jesus reconstituiu os olhos de um cego com saliva e logo em Tg 5,14 há instruções para usar óleo na cura de enfermos; será que por isso estes livros também deixaram de ser canônicos?

5. Prática da mentira: Dizem que Judite 11,13-17 e Tob 5,15-19 favorecem a prática de mentiras. Abrão disse ao rei Abimelec que Sara era sua irmã, e na verdade era sua esposa (Gn 20,2). Jacó, auxiliado pela mãe, mente ao pai cego, dizendo que era o filho mais velho e no entanto era o mais novo (cf. Gn 27,19), além de também enganar o sogro (cf. Gn 31,20). Será que o livro de Gênesis também não é canônico?

6. Erros históricos e cronológicos: Dizem ainda que os livros de Baruc e Judite são cheios de contradições em relação aos protocanônicos do AT. Devemos nos lembrar que a Sagrada Escritura não é um livro histórico ou geográfico, nela Deus através das limitações humanas comunicou seus desígnios. Veja que II Reis 8,26 se contradiz com II Cro 22,2; II Reis 23,8 também se contradiz com I Cro 11,11. Isto também faz deles livros não canônicos?

Há citações dos deuterocanônicos do AT no NT?


Um grande motivo de disputa entre católicos e protestantes em relação ao Cânon Bíblico diz respeito a um conjunto de sete livros disponíveis na Septuaginta, além de acréscimos nos Livros de Daniel e Ester; e que se encontram no AT católico e ortodoxo e não no protestante. Estes livros são considerados apócrifos pelas confissões protestantes e deuterocanônicos pelas confissões católica e ortodoxa. São eles: Judite, Baruc, Sabedoria de Sirac, Eclesiástico, 1o. Macabeus, 2o. Macabeus e Tobias.

As confissões protestantes acreditam que este conjunto de livros apresenta erros doutrinários e até mesmo heresias; por isso seriam contrários à Fé Cristã. Porém, o fato do NT possuir tantas referências à versão da Septuaginta, que continha esses livros, pode ser um indício de que nem os judeus de Alexandria, nem os da Palestina, nem Jesus e nem os Apóstolos, tiveram qualquer restrição a esses livros, ou então por que usariam uma versão bíblica que continham livros heréticos?

Há ainda objeções que afirmam que nem Jesus e os Apóstolos citaram os deuterocanônicos. Ora, se este fosse um critério verdadeiro para determinar a conformidade de um livro com a Fé Cristã, estariam em não conformidade pelo menos os livros Juizes, Crônicas, Ester, Cântico dos Cânticos, que também não são citados por eles. Entretanto, não é verdade que falta no NT referências aos deuterocanônicos do AT.

Por exemplo, em Hebreus 11, somos animados a imitar os heróis do AT, "as mulheres [que] receberam a seus mortos pela ressurreição. Alguns foram torturados, recusando aceitar ser libertados, para poder levantar-se novamente a uma vida melhor" (Hb 11,35). Nos protocanônicos do AT (que corresponderia ao AT Protestante), encontramos vários exemplos de mulheres recebendo a seus mortos mediante ressurreição. Encontraremos Elias ressuscitando o filho da viúva de Sarepta em 1 Reis 17, encontraremos seu sucessor Eliseu ressuscitando o filho da mulher sunamita em 2 Reis 4. Mas jamais encontraremos (desde Gênesis até Malaquias) algum exemplo de alguém sendo torturado e recusando aceitar ser liberto, por causa de uma melhor ressurreição. A história, cuja referência é feita em Hebreus, se encontra em um dos livros deuterocanônicos, a saber, em 2 Macabeus. Vejamos:

"[durante a perseguição dos Macabeus] Também foram detidos sete irmãos, junto com sua mãe. O rei, flagelando-os com açoites e feixes de couro de boi, tratou de obrigá-los a comer carne de porco, proibida pela Lei. [...] Os outros irmãos e a mãe se animavam mutuamente a morrer com generosidade, dizendo: 'o Senhor Deus está nos vendo e tem compaixão de nós...' Uma vez que o primeiro morreu [...] levaram o suplicio ao segundo [...] também ele sofreu a mesma tortura que o primeiro. E quando estava por dar o último suspiro, disse: 'Tu, malvado, nos privas da vida presente, mas o Rei do universo nos ressuscitará a uma vida eterna, se morrermos por fidelidade às suas leis'" (2 Mac 7,1.5-9)

Um após outro os filhos morrem, proclamando que serão recuperados na ressurreição. Vejamos ainda:

"Incomparavelmente admirável e digna da mais gloriosa lembrança foi aquela mãe que, vendo morrer a seus sete filhos em um só dia, suportou tudo valorosamente, graças à esperança que tinha posto no Senhor. Exortava a cada um deles, [dizendo] 'Eu não sei como vocês apareceram em minhas entranhas; não fui eu que lhes dei o espírito e a vida nem fui eu que ordenou harmoniosamente os membros de seu corpo. Por conseguinte, é o Criador do universo, o que formou o homem em seu nascimento e determinou a origem de todas as coisas, quem lhes devolverá misericordiosamente o espírito e a vida, já que vocês se esquecem agora de si mesmos por amor à suas leis', dizendo ao último: 'Não temas a este verdugo: mostra-te digno de seus irmãos e aceita a morte, para que eu volte a encontrá-lo com eles no tempo da misericórdia'" (2 Mac 7,20-23.29).

Perceba o leitor que em Hb 11,35, o escritor sagrado, ao ensinar um artigo de Fé refere-se a um exemplo de testemunho, que se encontra somente em um dos livros deuterocanônicos. Ora, se por isto o livro dos Macabeus contivesse alguma doutrina estranha à fé, com toda certeza o autor da Carta aos Hebreus, evitaria mencioná-lo em sua pregação.

Esta informação possui mais um detalhe muito importante: a Carta aos Hebreus foi escrita para os judeus da Palestina, demonstrando mais uma vez que a versão da Septuaginta foi também aceita por eles; caso contrário, não faria sentido o escritor sagrado fazer referência a uma história que não era conhecida por seus destinatários.
(veritatis.com.br)


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Quaresma tempo de grandes graças


A quaresma é um tempo riquíssimo em que o Pai derrama grandes graças sobre aqueles que procuram vivê-la em profundidade.

O tempo da quaresma originou-se naqueles quarenta dias que Jesus passou no deserto em jejum e oração, antes de começar sua vida pública com força total. E ela tem o mesmo sentido para nós hoje. É um tempo de oração, de jejuns, de esforços que nos levam para Deus. Para que? Para sermos cristãos mais fervorosos, libertos e cheios do Espírito Santo.

A quaresma é um tempo de conversão. Converter-se é dar uma guinada, mudando a ordem das nossas prioridades. É colocar Jesus em primeiro lugar em nossa vida, em nossos pensamentos e em nossas atitudes. Se vivermos bem a quaresma, ressuscitaremos com Cristo na páscoa e seremos “outros Cristos” nesse mundo.

Mesmo que já tenhamos uma vida correta, de oração, de caminhada com Jesus, de busca da santidade, sempre existe um ponto ou outro em nós que precisa de conversão.

Por essa razão encaremos essa quaresma como um convite que o Pai faz a cada um de nós. Ele nos convida a refletirmos sobre nossa vida e nossa conduta, para abraçarmos sua vontade e seu plano de amor a nosso respeito.

Vamos dar um passo na fé? Um passo muito importante na quaresma é buscar o sacramento da confissão. É o segundo mandamento da Igreja e está implícito no terceiro. Trata-se de um sacramento que abre as portas do nosso coração para as grandes bênçãos que o Pai nos quer dar.

Mais que uma listagem de pecados, este abençoado sacramento é uma oração sincera de perdão. Neste processo a pessoa é curada em seus desequilíbrios emocionais, que estão diretamente sob o controle de sua vontade. E como muitas curas em nós implica em perdão, através deste, o equilíbrio emocional é restaurado e o caminho para a cura física também fica aberto.
Fonte: ASJ

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Renúncia de Bento XVI

A renúncia do Papa é algo legal, prevista no Código de Direito Canônico da Igreja, que diz no Cânon 187 – “Qualquer um, cônscio de si, pode renunciar a um ofício eclesiástico por justa causa”. O pedido de renúncia deve ser feito à autoridade superior; mas, como na Igreja não há autoridade superior ao Papa, seu pedido de renúncia é suficiente para consumar sua decisão.
 Eis o texto integral do anúncio:

 
Caríssimos Irmãos,
convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.
BENEDICTUS PP XVI

Fonte: Rádio Vaticana
 

 

 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CF 2013



Este ano, a Igreja do Brasil estará mais voltada para as temáticas relativas à juventude. Hoje, 13 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, está sendo lançada mais uma edição da Campanha da Fraternidade (CF), com o tema "Fraternidade e Juventude" e o lema "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8). Mas além da atenção voltada à juventude, em sua temática, outro motivo de celebração é que a campanha estará completando o seu cinquentenário de fundação.

A Campanha da Fraternidade, coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é realizada anualmente pela Igreja Católica, sempre no período da Quaresma. A cada ano é escolhido um tema, que define sob qual perspectiva a solidariedade será despertada, em relação a questões que envolvem toda sociedade brasileira.

 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Denúncia-Causa de perseguições


O texto a seguir é a sinopse de uma pregação baseada na pericope Os 9,7-9 (livro do profeta Oséias).

Israel é o povo escolhido. Eleito por Deus para ser seu povo. A eleição de um povo por Deus não é privilégio; é responsabilidade, exigência, compromisso, e por conseguinte, passível de cobranças.

Deus escolheu seu povo, povo amado, mas esse povo virou-lhe as costas , desobedecendo, sendo infiel adorando outros (falsos) deuses. Como muitas vezes nós fazemos. Nossa infidelidade consiste em ouvir e seguir maus conselhos; prestar ouvidos aos clamores sedutores do mundo que nos rodeia. Ambiente corrompido pela concupiscência humana exacerbada pelas forças do mal.

Na verdade o anunciado no texto de Oséias não é uma ameaça de castigo, uma punição, e sim a denuncia de situações de pecado – pecado não só pessoal, mas também pecado social – com as inevitáveis consequências.  As palavras, duras que sejam, são palavras de amor, pois quem ama educa, adverte, corrige.

Santo Agostinho cita: “Não imponha a verdade sem caridade; mas, por outro lado, não sacrifique a verdade em nome da caridade”. Ou seja, o profeta deve anunciar, mas tem o dever de denunciar. Anunciar a boa nova, mas também apontar o pecado do povo de Deus. Apesar de não sermos profetas de desventuras e sim anunciadores da esperança, não podemos fazer vistas grossas ao mal que nos cerca. Citando outro santo, São João Eudes que viveu no século XVII: “Quando pregares usa as armas poderosas da Palavra de Deus para combater, destruir e esmagar o pecado; mas quando encontrares com o pecador, fala-lhe com bondade, benignidade, paciência e caridade”.

Contudo, conhecemos pregadores que gostam de adular seus ouvintes e evitam exortá-los. Pregam aquilo que o povo gosta de ouvir e não aquilo que precisam ouvir. Quando o Senhor os inspira oferecendo um pote de mel para adoçar a boca do seu povo esses pregadores abraçam com sofreguidão. Porém quando lhes é oferecido um chicote, eles não aceitam; costumam dizer que não é seu estilo de pregação.

Vivemos numa sociedade que deseja cada vez mais uma vida sem limites, sem renuncias, sem preceitos e claro, sem proibições. Por isso quando denunciamos somos perseguidos. Por isso a Igreja de Cristo é vilmente caluniada, seus ministros aviltados e achincalhados. Leviandade e falácias são levantadas contra aqueles que denunciam e apontam o pecado, principalmente os pecados sociais. Sofrem perseguições como os profetas do Antigo Testamento, que ainda tinham contra si os falsos profetas de benesses.

Já dissemos, não somos profetas de desventuras nem desgraças, mas anunciadores do evangelho e da esperança; mesmo que para isso tenhamos que exortar severamente, como pais a educar e corrigir os filhos: “Logo que escutares um oráculo saindo de minha boca, tu lho transmitirás da minha parte. Se digo ao malévolo que ele vai morrer,   e tu não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido a seu mal proceder, de modo que ele possa    viver, ele há de perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta de seu sangue.  Contudo, se depois de advertido por ti, não se corrigir da malicia e perversidade, ele perecerá por causa de seu pecado, enquanto tu hás de salvar tua vida” (Ezequiel 3,18-19). Como vimos, é questão de obediência e sobrevivência. Queremos viver a eternidade em Cristo, por isso devemos ser obedientes mesmo correndo o risco da perseguição dos falsos profetas e dos ateus.

Esta profecia nos foi dada: "Eu sou a tua verdade. Tu que andas perdido. Tu que vagueias em ziguezague pelos caminhos que o mundo te oferece, saiba, há um unico caminho: aquele que tracei e aponto. Venhas comigo. eu sou a tua verdade". Sigamos Jesus, verdadeiro mestre e Senhor. Assim seja.

(Carlos Nunes)
 
 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A perseguição do século XX e o terceiro segredo de Fátima


 

O século XX pode ser considerado o século com o maior número de mártires de toda a história do cristianismo. Em Fátima, Nossa Senhora já alertava a Igreja sobre a perseguição que se espalharia pelo mundo

Tal como aconteceu no início do Cristianismo, o século XX também pode ser considerado o século dos mártires. Foram milhares de igrejas e conventos destruídos por regimes totalitários e o número de cristãos presos, torturados e mortos por confessarem a fé em Cristo superou os de toda a história.

 “No Jubileu do ano 2000, o Papa João Paulo II fez uma celebração para lembrar os mártires do século XX. O Pontífice disse que só este século produziu mais mártires do que toda a história da Igreja”, contou o professor Felipe Aquino, professor de Teologia.

Estes dados estão de acordo com um relatório de 2011 do Centro de Estudos das Novas Religiões (CESNUR) e apresentado em um seminário organizado pela Universidade Pontifícia Lateranense de Roma. Segundo o diretor do estudo, um sociólogo italiano chamado Massimo Introvigne, o número de martírios cristãos, no mundo, chega a 70 milhões, 45 milhões dos quais aconteceram no século XX.

 

Os regimes totalitários foram os que mais perseguiram o Cristianismo neste tempo. A Revolução Russa (1917), por exemplo, levou à morte cerca de 17 mil sacerdotes e 34 mil religiosos. O Comunismo declarou a religião como subversiva e inimiga do Estado. Igrejas, conventos e seminários foram fechados e destruídos. São incontáveis os números de mártires em países como União Soviética, Lituânia, Romênia, China, Vietnã, Camboja e Cuba.

A Santa Sé, por exemplo, entendeu que as mensagens de Nossa Senhora de Fátima estão profundamente ligadas a esta era dos mártires do século XX. O terceiro segredo – que muito se fantasiava sobre seu conteúdo – faz menção à opressão da Rússia sobre o mundo e sobre o martírio de milhares de padres, bispos e religiosos. (leia a interpretação do segredo feito pela Congregação para a Doutrina da Fé)

Irmã Lúcia, durante um encontro com o Cardeal Tarcísio Bertrone, então secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, antes da divulgação do segredo, disse que os segredos contidos na mensagem de Fátima se referem à luta do Comunismo ateu contra a Igreja, os cristãos e os mártires produzidos nesse século.

Assim irmã Lucia descreve o terceiro segredo:

“Vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que pareciam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que, da mão direita, expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: ‘Penitência, Penitência, Penitência!’ E vimos, numa luz imensa que é Deus, ‘algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante”. Um bispo vestido de branco; ‘tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre’. Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiram uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz de troncos toscos, como se fora de sobreiro com a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas e, meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho. Chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e, assim mesmo, foram morrendo um atrás outros os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz estavam dois anjos, cada um com um regador de cristal na mão; neles recolhiam o sangue dos mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.”
(Fonte: Portal Canção Nova)