sábado, 31 de agosto de 2019

Solidão



Há pessoas solitárias; ao menos se julgam assim. Ninguém está só. Se cremos no Deus onipotente, Ele está em tudo e em todos. Quem se sente só não percebe a presença de Deus ou se afastou dele. Às vezes estamos realmente sós do ponto de vista humano; não temos a companhia de ninguém, amigos ou familiares, mas isso não significa solidão. Pode ser um fato pontual, passageiro, ou mesmo uma situação duradoura, cotidiana. Em qualquer caso, se temos Deus no coração, o fato de estar só é relativo. Em termos absolutos não estaremos sofrendo de solidão, pois temos a melhor companhia possível: Deus.
Irmão, irmã, se você tem Deus na sua vida, mesmo na ausência de outras pessoas você não estará só. Ao contrário, se você expulsou Deus de si, mesmo em meio a uma multidão, muitas vezes se sentirá solitário.
Quem não tem – melhor dizendo – não quer Deus, não consegue enxergar o outro, pois vive egoisticamente. Assim, se não estiver entre amigos ou conhecidos, mesmo entre outras pessoas se sentirá sozinho. A situação se agrava quando na solidão efetiva (real) do quarto; aí o pensamento flui em divagações inúteis e o tédio inexoravelmente assoma seu ser. Do tédio vem a melancolia, e daí o vazio existencial. Onde isso desemboca? Na depressão.
Em muitos casos a depressão deriva de fatores psicológicos, embora saibamos que ela pode advir também de causas neurológicas. A solidão é um desses fatores. Pessoas solitárias têm tendência a se tornarem depressivas numa probabilidade maior que outras, mesmo aquelas que estando sós não se sentem sós. É fato que pessoas que vivem na presença de Deus também são suscetíveis a sofrerem depressão (afinal há diversas causas que podem provocar a doença) mas jamais sofrerão esse mal por causas psicológicas ou espirituais.
Por fim, só tem medo da solidão quem expurgou Deus de sua vida. Reiterando, se você vive na presença de Deus, sente-se amado por Ele, vive em função desse amor repercutindo-o, mesmo só você não estará só; pessoas humanas poderão não estar presentes, mas o Pai, o Filho, o Espírito Santo estarão com você, em você. Somos seres sociais e como tal precisamos uns dos outros. Gostamos da companhia das pessoas, mas nem sempre isso é possível. Sentir solidão não é estar só, é estar vazio. Daí então, eu e Deus, você e Deus. Com Deus ninguém está só.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Louvor e Adoração



Jesus Cristo, Nosso Senhor, a quem devemos nos render. A Ele toda a honra, toda glória, todo o louvor. Nosso Senhor Jesus, que é nome acima de todo o nome; nome diante do qual se dobram todos os joelhos no alto dos céus, na face da terra e até mesmo nas profundezas dos abismos infernais.
Pelo nome de Jesus, o Verbo Divino, todo o universo se harmoniza. Povos, raças e nações hão de conhecer a sua glória. O nome de Jesus ao ser pronunciado, nos pacifica, refrigera nossa alma, nos restaura. Rendemo-nos a Jesus, nosso Senhor, nosso Deus, nosso tudo!
Esse Jesus maravilhoso, que nos cura e livra das angústias, temores, opressões de todo tipo. Jesus maravilhoso que nos ergue nas quedas, nos ampara na nossa fraqueza, nos firma em nossos escorregões.  Deus que se fez carne; rosto divino do homem, rosto humano de Deus. Homem e Deus, um só em duas naturezas. A natureza divina, plena de sabedoria e perfeição; a natureza humana, toda como nós, exceto na pecado. Amoroso e compassivo, obedeceu ao Pai em tudo.
Foi obediente até a morte, e morte de cruz. Transformou pelo sangue derramado um instrumento de suplicio e morte, em penhor de salvação. Aparentemente derrotado na cruz, venceu o pecado e sobrepujou a morte na ressurreição. O que era isento de pecado, tornou-se, Ele próprio, pecado para a redenção de toda a humanidade.  Por sua cruz, Jesus venceu todo o pecado e a morte.
Ao morrer na cruz, Jesus nos ofereceu a salvação. Ao ressuscitar, nos mostrou a vida eterna; e na sua gloriosa ascensão, nos abriu as portas do céu.  Amém.

 

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Jesus mestre da oração



Somos discípulos e como tal seguimos e pretendemos imitar o mestre. Sigamos e imitemos Jesus Cristo, nosso mestre. Comecemos com o fundamental: a oração. O Pai Nosso, modelo perfeito de oração ensinado por Jesus, é iniciado com uma evocação em louvor a Deus seguida de um ato de submissão e contrição; depois vem uma súplica, um pedido de perdão, proteção e libertação. O Pai Nosso serve inclusive de inspiração para nossa oração espontânea.
Em diversas passagens nos Evangelhos vemos Jesus orando. Jesus é Deus, e orar, rezar, é conversar com Deus. Ele conversava com si mesmo? Realmente Jesus é Deus, mas também homem. Deus e homem; duas naturezas em um só ser. A existência e a essência dos seres criados e incriado juntas, simultâneas e coincidentes. Então orante era a natureza humana de Jesus. Ele se recolhia, procurava locais isolados e tranquilos para estar em oração, para seu diálogo de amor com o Pai. Mas também orava em público, louvava e rezava em alta voz. Um grande ensinamento da escola de Jesus: a oração pessoal, nosso momento de intimidade com Deus, deve ser feita no silêncio de nosso coração, contemplativamente. A oração comunitária, aquela das celebrações, dos grupos de oração, dos encontros, pode e deve ser feita de modo a externar nossa gratidão e confiança no Senhor.
No Getsemani Jesus orou por si: “Pai é chegada a hora, glorifica o teu Filho, para que teu Filho glorifique a Ti; e para que pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste. Eu te glorifiquei na terra, terminei a obra que me deste para fazer. Agora, Pai, glorifica-me junto a Ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti antes que o mundo fosse criado” (cf. Jo 17, 1-6). Rogou também por seus discípulos (Jo 17,6-18) e finalmente por nós, todos os crentes: “Não peço somente por eles, mas por aqueles que por sua palavra  hão de crer em mim. Para que todos sejam um, como estás em mim e eu em Ti; que também estes estejam em nós e creiam que Tu me enviaste. Para que vejam a minha glória, que Tu me concedeste antes da criação do mundo. Manifestei-lhes o meu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que amaste esteja neles, e eu neles” (cf. Jo 17,20-26). Em Lucas 11, 9ss Jesus nos ensina e ao mesmo tempo exorta: “Pedi e vos será dado, buscai e achareis, batei e se vos será aberta. Pois todo o que pede recebe, aquele que procura acha e ao que bater, se lhe abrirá”.


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O Perigo das Seitas



No início do ano de 2010 o noticiário nos deu conhecimento do assassinato do cartunista Glauco e seu filho Raoni. O assassino era conhecido da família; o jovem, viciado em drogas e aparentemente psicopata, segundo os familiares e amigos do morto, fazia “tratamento” para livrar-se das drogas na igreja (?) Céu de Maria, ligada ao Santo Daime.
Como pretender que alguém se livre das drogas numa suposta religião em que o rito principal é a ingestão de um chá alucinógeno, o ayahuasca?  Absurdo dos absurdos.   Também absurdo e estranho fora a decisão do CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) de retirar o ayahuasca da lista de drogas alucinógenas, conforme publicado no Diário Oficial da União em 10/11/2004. Ainda no terreno do absurdo e imoral, em 2008 o então Ministro da Cultura Sr. Gilberto Gil solicitou ao IPHAN que considerasse o uso do chá ayahuasca patrimônio imaterial da cultura brasileira.
Imaginemos a seguinte situação: uma seita qualquer recém fundada, após suposta revelação divina, resolve utilizar a maconha em seus rituais, queimando-a nos    turíbulos como incenso. Haveria doutos ministros de estado apregoando o uso da maconha, ao menos nos rituais religiosos?  Sugeririam o uso de drogas como patrimônio nacional? Triste país seria (ou será?) esse.  
Grande é o perigo das seitas. No entanto nosso povo – aqui não refiro ao povo como um todo, sim    ao povo cristão, de modo particular o povo católico – não se dá conta disso. Muitos se deixam enganar, se iludem com promessas de facilidades, com promessas de prosperidade, com pacotes de prodígios, kits de milagres. Há seitas de todo tipo, para todos os gostos: pseudocristãs, esotéricas, agnósticas, etc. O povo ingênuo e aspirando por coisas espirituais, carente, necessitado de todo tipo de bens (materiais e afetivos) é presa fácil para estes rapinantes. Não digo que existam religiões boas ou más, verdadeiras ou não. Digo, afirmo com toda convicção, só existe um grande grupo religioso (religio = religar; religar com o criador, voltar às origens). Não importa como seja denominada: islâmica, judaica ou cristã. Estas têm origem comum e cultuam o mesmo e único Deus, originam-se do mesmo patriarca: Abraão. No entanto, a religião autêntica é a religião do amor. Sem desmerecer os judeus, nossos pais na fé, essa religião é o cristianismo (Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho único para morrer por ele.-cf. Jo 3,16ss). Se a religião que prega o amor, a tolerância entre todos os povos e nações aqui está, se notadamente uma Igreja milenar, presente deste os primórdios do cristianismo, assoma entre outras (as da reforma e do cisma) porque razão tantos católicos e também outros cristãos se deixam seduzir e são fisgados pelos arpões afiados das seitas? Porque, repetindo, carecem de todo tipo de necessidades. Carecem de bens materiais (alguns na verdade são gananciosos) e são cooptados pelos pregadores da teologia da prosperidade. Carecem de saúde e são enganados pelos curandeiros de plantão e pregadores de falsos milagres. Carecem de vínculos afetivos e são maliciosamente acolhidos por falsos irmãos. Carecem de espiritualidade e são iludidos por falsos profetas.  E quase todos, a grande maioria, carece de fé. Fé verdadeira, fé vivida, fé experimentada. Carecem desta forma do conhecimento da verdadeira doutrina cristã. Não sabem, ou não querem saber, que Jesus Cristo nunca ofereceu riquezas materiais, nunca ofereceu benesses aqui na terra, nunca prometeu vida farta. Não sabem, talvez não queiram saber, que a riqueza a que Jesus se referia era a eterna glória junto ao Pai, que a vida plena e abundante era vida abundante de graças e bens espirituais, e que toda cura, toda libertação visava algo maior e mais abrangente: a salvação da alma. Tudo isto foi refletido, para como diz o apóstolo S. Paulo na carta ao povo de Éfeso: “Não continuemos como crianças ao sabor das ondas, agitadas por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade cresçamos em todos os sentidos naquele que é a cabeça, o Cristo”. (Ef 4,14-15).
 


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Lectio Divina


 A expressão Lectio Divina significa leitura de Deus. Segundo S. Gregório Magno, a arte de estudar o coração de Deus. O Concilio Vaticano II cita o texto de Sto. Ambrósio: “Lembrem-se que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada da oração, a fim de que se estabeleça um colóquio entre Deus e o homem. Pois com Ele falamos quando rezamos e a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos” (Dei Verbum,25). Lectio Divina, que quer dizer também leitura orante, indica a prática de leitura da Bíblia, que nos faz alimentar a fé, a esperança, o amor e compromisso cristão. 
Para a prática da Lectio Divina é necessário certos requisitos: 1) Ambiente favorável; é preciso silencio, principalmente silencio interior. 2) Pureza de coração; só um ambiente propicio não é suficiente, faz-se necessário um coração puro e apaixonado por Jesus e pelas escrituras. 3) Desprendimento e docilidade; devemos recorrer à Bíblia não com interesses, mas com espírito de entrega, de disponibilidade ao que o Senhor irá pedir-nos. 4) Espírito de oração; busquemos as escrituras não por entretenimento, nem somente para estudo, mas em atitude de humilde oração.
Há quatro degraus, ou etapas na Lectio Divina: leitura, meditação, oração e contemplação. É um processo dinâmico em que cada etapa coexiste e atua junto as outras de modo sinérgico.     1) Leitura: conhecer, respeitar, situar. A leitura bíblica deve ser perseverante e diária. É ponto de partida, não chegada, pois nos prepara para a meditação e o dialogo com Deus. Deve ser feita criteriosamente e com atenção. 2) Meditação: ruminar, dialogar, atualizar. A leitura nos mostra o que diz o texto; a meditação nos mostra o que o texto diz para nós, o atualiza, nos situa no contexto da mensagem. 3) Oração: suplicar, louvar, recitar. A oração, a partir da meditação, pode iniciar-se com uma atitude de adoração silenciosa ao Senhor; a partir daí desenvolve-se nossa resposta à Palavra de Deus. Esta resposta pode ser um louvor, agradecimento, suplica, perdão, ou mesmo a recitação de um salmo. 4) Contemplação: enxergar, saborear, agir. A contemplação é o ultimo degrau da Lectio Divina. Mas não é o fim; na verdade é o patamar para um recomeço. Contemplar é a capacidade de perceber a presença de Deus em tudo, na história, em nós, na criação e criaturas. “A leitura busca a doçura da vida bem aventurada, a meditação a encontra, a oração a pede e a contemplação a saboreia. A leitura leva comida sólida a boca, a meditação a mastiga e rumina, a oração prova o seu gosto e a contemplação é o gosto da doçura já alcançada” (Guigo).
A seguir sugerimos um método prático para a leitura orante da Palavra, constituído dos seguintes passos: 1) Invocar o Espírito Santo. 2) Ler o texto de forma lenta e com atenção. 3) Silencio interior, lembrando a leitura. 4) Ler de novo, observando bem o sentido de cada frase. 5) Meditar a leitura, rezando o texto e respondendo a Deus. 6) Atualizar a palavra, ligando-a com a vida. 7) assumir um compromisso a partir da mensagem pessoal recebida.