sábado, 30 de novembro de 2013

Adoração Eucarística


 

Na expressão “Adoração Eucarística”, a palavra “Adoração” é usada, de forma ampla, para significar qualquer espécie de oração, qualquer espécie de união com Deus. “Eucarística” significa rezando diretamente para Jesus presente na Eucaristia ou de forma centrada n’Ele. Adoração Eucarística, então, é qualquer oração endereçada a ou centrada em Jesus Cristo, presente na Eucaristia.

A Adoração Eucarística pode ser realizada na presença de Jesus na Eucaristia, em igreja ou em tabernáculo de capela. Ou pode ser feita diante da Eucaristia exposta no altar, por exemplo, em um ostensório.

Algumas igrejas mantêm a exposição da Eucaristia todos os dias. No centro de Roma, uma igreja faz a exposição todas as tardes, até o início da noite; outra expõe a Eucaristia todas as noites, das 18 às 22 horas. As pessoas vão até lá rezar por cinco minutos ou mais, por uma hora ou mais…

Por que fazer isto? Qual a importância da Adoração Eucarística, qual a importância de rezar a Jesus na Eucaristia? Por um lado, muitas pessoas acham esta uma maneira mais fácil de rezar, concentrando-se no Senhor, na presença de Jesus ali na Eucaristia. Por outro lado, Jesus na Eucaristia está presente exatamente para vir até nós, para estar unido a nós. Quando eu rezo a Jesus na Eucaristia, eu rezo a Ele, no que diz respeito a mim, como por meu alimento espiritual, presente diante de mim para uma união comigo, unindo-me a Ele de forma especial.

Jesus na Eucaristia é Jesus em Seu estado presente, não Jesus crucificado, mas Jesus ressuscitado, glorificado, entre a Sua Ascensão ao Céu e Sua segunda vinda à Terra; Jesus  ressuscitado, presente para mim sob a aparência de pão. Sua presença é gloriosa, Sua aparência é simbólica – símbolo do que Ele está fazendo ali na Eucaristia, oferecendo-Se como meu alimento e força.

A Adoração Eucarística é comunhão espiritual. Cada vez que eu rezo a Jesus na Eucaristia, eu estendo minhas Santas Comunhões do passado até o presente, e antecipo minhas futuras Comunhões. A Adoração Eucarística faz sentido apenas no contexto da Santa Comunhão, assim como entre Comunhões.

Senhor Jesus, obrigado pela Sua presença na Eucaristia, para mim, para meu crescimento e sustento, e vigor, e encorajamento. Obrigado por amar-me tanto a ponto de querer estar unido a mim, em união comigo, em comunhão comigo. Amém.

O Bem-aventurado João de Ruysbrook – um grande escritor espiritual que viveu na Bélgica, no Século XIV – escreveu sobre a união com Jesus na oração: “Nesse encontro muito profundo, nesse encontro verdadeiramente íntimo e caloroso, Jesus e eu, cada um de nós quer aquilo que o outro é, e cada um de nós convida o outro a aceitar uma pessoa como ela é.” Em minha oração, Jesus me pede por mim mesma, e Ele Se dá, a Ele Mesmo, a mim, pedindo-me que O aceite exatamente da forma como Ele é. E eu me dou, a mim mesmo, a Jesus, pedindo-Lhe que me aceite exatamente como eu for naquele momento e pedindo a Ele, por Ele Mesmo, que Se dê, a Ele Mesmo, a mim.

O que João de Ruysbrook escreveu sobre oração, eu posso aplicar à Adoração Eucarística. Porque o Bem-aventurado João vê a Eucaristia como sendo o indispensável caminho e modo de união com Jesus; ele escreve que Jesus “deu Sua carne para ser o
alimento de minha alma, e o Seu sangue para ser a bebida de minha alma. E a natureza do amor é sempre a de dar e tirar, amar e ser amado.”

Ele continua: “O amor é, ao mesmo tempo, um tomar fortemente amor e um doar generosamente amor. Ainda que Ele dê tudo o que Ele tem e tudo o que Ele é, Ele também tira de mim tudo o que eu tenho e tudo o que eu sou, e Ele exige de mim mais do que eu posso realizar. Sua fome é indescritivelmente grande. Ele me consome até o mais profundo do meu ser.”

Nós podemos aplicar isto também à Adoração Eucarística. Exatamente como na Santa Comunhão, eu consumo a Jesus, tomo-O, eu mesmo, dentro do meu coração – dentro de todo o meu íntimo e não apenas no interior do meu corpo físico. Então, na Adoração Eucarística, eu tomo a Jesus em meu coração, no meu íntimo, numa comunhão espiritual, mesmo se eu não O consumir fisicamente. E, na Adoração Eucarística, da mesma forma como eu consumo a Jesus espiritualmente, Ele também me consome; não apenas Se dá a mim, mas leva o meu íntimo para dentro de Seu coração, para dentro d’Ele Mesmo. Não somente faz com que eu O deseje; Ele me quer. Não apenas faz com que eu O leve para dentro do meu coração; Ele também me leva para dentro do Seu Coração Sagrado. Não apenas faz com que eu peça algo d’Ele; Ele também pede algo de mim.

O que Ele pede de mim? Ele pede meu coração, meu íntimo, dados a Ele. E, especialmente, pede que eu O encare seriamente como me amando, como desejando que estejamos unidos, juntos, em comunhão, e tão felizes como estamos.

(Cleofas.com.br)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Sacramento da Ordem 2


 


 

 O Celibato dos Apóstolos

                    “Então Jesus disse aos seus discípulos: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la’.” (Mateus 16, 24 –25)

                     Quem segue a Cristo, já tem tudo, e todo o resto é nada. Cristo é a vida.

                    “Os discípulos disseram a Jesus: ‘Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar. ’ Jesus respondeu: ‘Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens fizeram assim; outros, ainda, se castram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda’.” (Mateus 19, 10 –12)

                     Os próprios apóstolos disseram que a melhor condição para servir a Deus é a de não se casar. A Igreja na sua missão de interpretar. Por isto, os sacerdotes não se casam, é para doar a sua vida inteiramente a Deus, a Igreja e ao povo.

                    “A estas palavras seus discípulos, pasmados, perguntaram: ‘Quem poderá então salvar-se? ’ Jesus olhou para eles e disse: ‘Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível. ’ Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: ‘Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós? ’ Respondeu Jesus: ‘Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna. Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros’.” (Mateus 19, 25 –30)

                      O porta-voz dos apóstolos diz que eles deixam tudo para seguir a Cristo. E Nosso Senhor responde apontando tudo o que os sacerdotes católicos deixam para segui-lo.

                      Mas, muitos perguntam: E Pedro não era casado?

                     “Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los.” (Lucas 4, 38-39)

                    A resposta é não. Não se pode afirmar que o primeiro Papa era casado. Pedro foi casado, mas não se sabe se era viúvo ou se tinha deixado a mulher para seguir Cristo. A Bíblia nada fala sobre uma mulher que seja esposa de Pedro. Somente de uma sogra.

                     E mesmo que Pedro fosse casado, vamos ler esta passagem:

                    “Pedro começou a dizer a Jesus: ‘Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. ’ Jesus respondeu: ‘Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e da Boa Notícia, vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos, e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna’.” (Marcos 10, 28 –30)

                     É Pedro entre todos os apóstolos quem diz que deixa tudo para seguir Cristo.

                     E por sua vez, a resposta de Nosso Senhor fala sobre deixar a família para segui-lo:

                    “Grandes multidões acompanham Jesus. Voltando-se ele disse: ‘Se alguém vem a mim e não dá preferência mais a mim que ao seu pai, à sua mãe, à mulher, aos filhos, aos irmãos, às irmãs, e até mesmo à sua própria vida, esse não pode ser meu discípulo. Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. De fato, se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos, os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: ‘Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar! ’ Ou ainda: ‘Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que ele não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe. Do mesmo modo, portanto, qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo’.” (Lucas 14, 25 – 33)

                      Os apóstolos devem dar preferência a Nosso Senhor, do que qualquer outra coisa no mundo, principalmente família, inclusive mulher. O que prova definitivamente o celibato de todos os apóstolos, inclusive Pedro, O Papa. A condição de renunciar a tudo por Cristo, com Cristo e em Cristo é o celibato apostólico confirmado nas Sagradas Escrituras.

                     “Os que ouviram isso, disseram: ‘Então, quem pode ser salvo? ’ Jesus disse: ‘As coisas impossíveis para os homens são possíveis para Deus tudo. ’ Então Pedro disse: ‘Vê: nós deixamos nossos bens, e te seguimos. ’ Jesus disse: ‘Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, mulher, irmãos, pais, filhos, por causa do Reino de Deus, não ficará sem receber muito mais durante esta vida e, no mundo futuro, vai receber a vida eterna’.” (Lucas 18, 26 –30)

 Magistério da Ordem

                     “‘O ministério eclesiástico, divinamente instituído, é exercido em diversas ordens pelos que desde a antigüidade são chamados bispos, presbíteros e diáconos. ’ A doutrina católica, expressa na liturgia, no magistério e na prática constante da Igreja, reconhece que existem dois graus de participação ministerial no sacerdócio de Cristo: o episcopado e o presbiterado. O diaconado se destina a ajudá-los e a servi-los. Por isso, o termo ‘sacerdos’ designa, na prática atual, os bispos e os sacerdotes, mas não os diáconos. Não obstante, ensina a doutrina católica que os graus de participação sacerdotal (episcopado e presbiterado) e o de serviço (diaconado) são conferidos por um ato sacramental chamado ‘ordenação’, isto e, pelo sacramento da Ordem. Que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o Bispo, que é imagem do Pai, e os presbíteros como senado de Deus e como a assembléia dos apóstolos: sem eles não se pode falar de Igreja.” 1554

                       "Entre aqueles vários ministérios, que desde os primeiros tempos são exercidos na Igreja, conforme atesta a Tradição, o lugar principal é ocupado pelo múnus daqueles que, constituídos no episcopado, conservam a semente apostólica por uma sucessão que vem ininterrupta desde o começo." 1555

                     “Para desempenhar sua missão, "os Apóstolos foram enriquecidos por Cristo com especial efusão do Espírito Santo, que desceu sobre eles. E eles mesmos transmitiram a seus colaboradores, mediante a imposição das mãos, este dom espiritual que chegou até nós pela sagração episcopal”." 1556

                      “O Concílio Vaticano II "ensina, pois, que pela sagração episcopal se confere a plenitude do sacramento da Ordem, que, tanto pelo costume litúrgico da Igreja como pela voz dos Santos Padres, é chamada o sumo sacerdócio, a realidade total ('summa') do ministério sagrado".” 1557

                     "A sagração episcopal, juntamente com o múnus de santificar, confere também os de ensinar e de reger... De fato, mediante a imposição das mãos e as palavras da sagração, é concedida a graça do Espírito Santo e impresso o caráter sagrado, de tal modo que os Bispos, de maneira eminente e visível, fazem às vezes do próprio Cristo, Mestre, Pastor e Pontífice, e agem em seu nome ('in eius persona agant')." "Os Bispos, portanto, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, foram constituídos como verdadeiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores." 1558

                    "Alguém é constituído membro do corpo episcopal pela sagração sacramental e pela hierárquica comunhão com o chefe e os membros do Colégio." O caráter e a natureza colegial da ordem episcopal se manifestam, entre outras, na antiga prática da Igreja, que requer para a consagração de um novo Bispo a participação de vários Bispos. Para a legítima ordenação de um Bispo, é hoje exigida uma especial intervenção do Bispo de Roma, em razão de sua qualidade de vínculo visível supremo da comunhão das Igrejas particulares na única Igreja e garantia de sua liberdade.” 1559

                   “Cada Bispo, como vigário de Cristo, tem o encargo pastoral da Igreja particular que lhe foi confiada, mas ao mesmo tempo ele, colegialmente, com todos os seus irmãos no episcopado, deve ter solicitude por todas as Igrejas: "Se cada Bispo só é pastor propriamente dito da porção do rebanho que lhe foi confiada, sua qualidade de legítimo sucessor dos apóstolos por instituição divina o toma solidariamente responsável pela missão apostólica da Igreja".” 1560

                   “Tudo o que acabamos de dizer explica por que a Eucaristia celebrada pelo Bispo tem um significado todo especial como expressão da Igreja reunida em tomo do altar sob a presidência daquele que representa visivelmente Cristo, Bom Pastor e Cabeça de sua Igreja.” 1561

                    “Terás, pois, o sacerdote por santo, porque ele oferece o pão de teu Deus: ele será santo para ti, porque eu, o Senhor que vos santifico, sou santo.” (Levitico 21, 8)





 

 

 




 
 
 

 
 

sábado, 23 de novembro de 2013

Ódio – câncer da alma



  “Errare humano est”. Errar é humano, perdoar é divino. Quem nunca ouviu essa frase? É verdade; mas também o perdão deve ser um atributo humano. Sabemos que Deus na sua infinita misericórdia nos perdoa sempre, assim sendo, até mesmo por gratidão a Deus (que nos perdoa sempre) devemos também nós perdoar aqueles que com ou sem motivo aparente tenham nos ofendido.  O modelo de oração ensinado por Cristo, o Pai Nosso, nos interpela nesse sentido: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.   A Palavra de Deus em diversas passagens vem nos exortar em relação ao perdão; aqui escolhemos Eclesiástico: “Perdoa ao teu próximo o mal que te fez e teus pecados serão perdoados quando o pedires. Um homem guarda rancor contra outro homem, e pede a Deus a sua cura! Não tem misericórdia para com seu semelhante e roga o perdão dos seus pecados! Ele, que é apenas carne, guarda rancor e pede a Deus que lhe seja propicio! Quem então lhe conseguirá o perdão de seus pecados? Lembra-te do teu fim, e põe termo às tuas inimizades.” (Eclo 28,2-6).  

O maior mandamento, a regra de ouro do cristianismo, autenticada por Cristo Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda tua alma, de todas as tuas forças, de todo teu pensamento, e a teu próximo como a ti mesmo” (cf. Lc 10,27), é a chave para nos abrirmos ao perdão. É impossível amar a Deus se não amamos o irmão, mesmo que ele esteja longe, tenha se desgarrado, seja desprezado, seja arrogante, orgulhoso e presunçoso. É impossível amar ao outro se não amamos a si próprio. Se tivermos amor próprio somos pessoas bem resolvidas; somos bem amados, resolvidos interiormente e com autoestima elevada quando fugimos do pecado, amando a Deus, seguindo-o e obedecendo-o com docilidade.

Nesse contexto o perdão é imprescindível. Quem ama perdoa sempre e sempre será perdoado. A falta de perdão e como consequência o rancor, o ódio, são causas de muitas enfermidades psicossomáticas – aquelas causadas por distúrbios psíquicos que agridem o corpo – a hipertensão arterial, úlceras, doenças gastro intestinais, entre outras. Mas o grande mal é mesmo a psique alterada, o emocional abalado, a insônia, a depressão.  Quem odeia se maltrata e fere o coração desejando o mal do desafeto. Como recentemente ouvi: odiar é como tomar veneno esperando que o outro morra. Em suma, o ódio é o câncer da alma. Perdoe e tua vida será plena, sadia e abundante de paz e tranquilidade.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O Sacramento da Ordem


 

 


 Sacerdócio Régio

                      “Terás, pois, o sacerdote por santo, porque ele oferece o pão de teu Deus: ele será santo para ti, porque eu, o Senhor que vos santifico, sou santo.” (Levitico 21, 8)

                      “A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo exercida na Igreja até o fim dos tempos; é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. Comporta três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconado.

(Sobre a instituição e a missão do ministério apostólico por Cristo, veja-se acima. Aqui, só se trata da via sacramental pela qual se transmite este ministério”).” 1536

                    “O povo eleito foi constituído por Deus como "um remo de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19.6). Mas, dentro do povo de Israel, Deus escolheu uma das doze tribos, a de Levi, reservando-a para o serviço litúrgico; Deus mesmo é sua herança. Um rito próprio consagrou as origens do sacerdócio da antiga aliança. Os sacerdotes são ai "constituídos para intervir em favor dos homens em suas relações com Deus, a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados".” 1539

                    “Instituído para anunciar a palavra de Deus e para restabelecer a comunhão com Deus pelos sacrifícios e pela oração, esse sacerdócio continua, não obstante, impotente para operar; a salvação. Precisa, por isso, repetir sem cessar os sacrifícios, e não é capaz de levar à santificação definitiva, que só o sacrifício de Cristo deveria operar.” 1540

                    “Entretanto, a liturgia da Igreja vê no sacerdócio de Aarão, no serviço dos levitas e na instituição dos setenta "anciãos" prefigurações do ministério ordenado da nova aliança Assim, no rito latino, a Igreja reza no prefácio consecratório da ordenação dos bispos:

Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... Por vossa palavra estabelecestes leis na Igreja; e escolhestes desde o princípio um povo santo, descendente de Abraão, dando-lhe chefes e sacerdotes, e jamais deixastes sem ministros o vosso santuário...” 1541

                     “Na ordenação dos presbíteros, a Igreja reza: Assisti-nos, Senhor, Pai Santo... Já no Antigo Testamento, em sinais prefigurativos, surgiram vários ofícios por vós instituídos, de modo que, tendo à frente Aarão para guiar e santificar o vosso povo, lhes destes colaboradores de menor ordem e dignidade. Assim, no deserto, comunicastes a setenta homens prudentes o espírito dado a Moisés que, como auxílio deles, pode mais facilmente governar o vosso povo. Do mesmo modo, derramastes copiosamente sobre os filhos de Aarão a plenitude concedida a seu pai, para que o serviço dos sacerdotes segundo a lei fosse suficiente para os sacrifícios do tabernáculo.” 1542

                    “E, na oração consecratória para a ordenação dos diáconos, a Igreja professa: Ó Deus Todo-Poderoso... fazeis crescer... a vossa Igreja. Para a edificação do novo templo, constituístes três ordens de ministros para servirem ao vosso nome, como outrora escolhestes os filhos de Levi para o serviço do antigo santuário.” 1543

                   “Cristo, sumo sacerdote e único mediador, fez da Igreja "um Reino de sacerdotes para Deus, seu Pai" (Cf Ap 1,6; 5,9-10; 1 Pd 2,5. 9). Toda comunidade dos fiéis é, como tal, sacerdotal. Os fiéis exercem seu sacerdócio batismal por meio de sua participação, cada qual segundo sua própria vocação, na missão de Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei. E pelos sacramentos do Batismo e da Confirmação que os fiéis são "consagrados para ser... um sacerdócio santo".” 1546

                     “O sacerdócio ministerial ou hierárquico dos bispos e dos presbíteros e o sacerdócio comum de todos os fiéis, embora "ambos participem, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de Cristo", diferem, entretanto, essencialmente, mesmo sendo "ordenados um ao outro". Em que sentido? Enquanto o sacerdócio comum dos fiéis se realiza no desenvolvimento da graça batismal, vida de fé, de esperança e de caridade, vida segundo o Espírito o sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum, refere-se ao desenvolvimento da graça batismal de todos os cristãos. É um dos meios pelos quais Cristo não cessa de construir e de conduzir sua Igreja. Por isso, é transmitido por um sacramento próprio, o sacramento da Ordem.” 1547

                     “No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente á sua Igreja enquanto Cabeça de seu Corpo, Pastor de seu rebanho, Sumo Sacerdote do sacrifício redentor Mestre da Verdade. A Igreja o expressa dizendo que o sacerdote, em virtude do sacramento da Ordem, age "in persona Christi Capitis" (na pessoa de Cristo Cabeça):

Na verdade, o ministro faz às vezes do próprio Sacerdote, Cristo Jesus. Se, na verdade, o ministro é assimilado ao Sumo Sacerdote por causa da consagração sacerdotal que recebeu, goza do poder de agir pela força do próprio Cristo que representa ("virtute ac persona ipsius Christi"). "Cristo é a origem de todo sacerdócio: pois o sacerdote da [“ Antiga Lei era figura dele, ao passo que o sacerdote da nova lei age em sua pessoa”].” 1548

                     “Pelo ministério ordenado, especialmente dos bispos e dos presbíteros, a presença de Cristo como chefe da Igreja se torna visível no meio da comunidade dos fiéis. Segundo a bela expressão de Santo Inácio de Antioquia, o Bispo é "typos tou Patros" (pronuncie: typos tu patrós), como a imagem viva de Deus Pai.” 1549

                     “Esta presença de Cristo no ministro não deve ser compreendida como se este estivesse imune a todas as fraquezas humanas, ao espírito de dominação, aos erros e até aos pecados. A força do Espírito Santo não garante do mesmo modo todos os atos dos ministros. Enquanto nos sacramentos esta garantia é assegurada, de tal forma que mesmo o pecado do ministro não possa impedir o fruto da graça, há muitos outros atos em que a conduta humana do ministro deixa traços que nem sempre são sinal de fidelidade ao Evangelho e que podem, por conseguinte, prejudicar a fecundidade apostólica da Igreja.” 1550

                    “Esse sacerdócio é ministerial. "Esta missão que o Senhor confiou aos pastores de seu povo é um verdadeiro serviço." Refere-se inteiramente a Cristo e aos homens. Depende inteiramente de Cristo e de seu sacerdócio único, e foi instituído em favor dos homens e da comunidade da Igreja. O sacramento da ordem comunica "um poder sagrado" que é o próprio poder de Cristo. O exercício desta autoridade deve, pois, ser medido pelo modelo de Cristo que, por amor, se fez o último e servo de todos. "O Senhor disse claramente que cuidar de seu rebanho é uma prova de amor para com Ele”.” 1551

                  “A tarefa do sacerdócio ministerial não é apenas representar Cristo-Cabeça da Igreja - diante da assembléia dos fiéis; ele age também em nome de toda a Igreja quando apresenta a Deus a oração da Igreja e, sobretudo quando oferece o sacrifício eucarístico.” 1552

 

 

O Dom Sacerdotal

 

 

                     “Isto digo como concessão, não como ordem. Pois quereria que todos fossem como eu; mas cada um tem de Deus um dom particular: uns este, outros aquele.” (1Corintios 7, 6-7)

                     O apóstolo celibatário tem o desejo de que todos sejam iguais a ele, porém cada um é chamado para um dom, o matrimônio ou a ordem.

                     “Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu. Mas, se não podem guardar a continência, casem-se. É melhor casar do que abrasar-se.” (1Corintios 7, 8-9)

                      A Palavra confirma mais uma vez o celibato do apóstolo que aconselha os solteiros e as viúvas a se guardarem para o Senhor.

                     “Quanto ao mais, que cada um viva na condição na qual o Senhor o colocou ou em que o Senhor o chamou. É o que recomendo a todas as igrejas.” (1Corintios 7, 17)

                       E se o Senhor chamou quem estava casto, continue na castidade, se estava no celibato, continue no celibatário, se estava casado, continue no casamento.

                      “A respeito das pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém, dou o meu conselho, como homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de confiança. Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é.” (1Corintios 7, 25-26)

                      O apóstolo elogia os virgens e diz que é bom que continuem assim. E se o Senhor não tem mandamento, quer dizer que podem permanecer virgens se entregando a Deus.

                      “Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa. A mesma diferença existe com a mulher solteira ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito; mas a casada cuida das coisas do mundo, procurando agradar ao marido.” (1Cor 7, 32-34)

                       Desta vez o apóstolo deixa ainda mais explicito que, quem não for casado, não deve se casar e sim se ocupar com as coisas do Senhor para não ficar dividido. E os virgens devem permanecer virgens para serem santos de corpo e espírito. O que comprava definitivamente que o celibato dos padres e freiras é bíblico.

                      “Digo isto para vosso proveito, não para vos estender um laço, mas para vos ensinar o que melhor convém, o que vos poderá unir ao Senhor sem partilha.” (1Corintios 7, 35)

                       O apóstolo reafirma que a condição do celibato é a mais nobre para servir a Deus, aqueles que querem se ocupam somente das coisas do Pai.

                      “Portanto, quem se casa com sua noiva faz bem; e quem não casa, faz ainda melhor.” (1Corintios 7, 38)

                      Quem se casa faz bem, agrada o Senhor, e quem não se casa faz melhor ainda, agrada o Senhor muito mais porque dá a sua vida toda ao seu Deus.

                     “Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo.” (1Cor 11,1)

                      O apóstolo é imitador de Cristo, certo? Cristo se casou? Não. E Paulo se casou? Não. Então, o celibato é uma prática voluntária, sem restrição bíblica. Assim, igualmente A Igreja Católica diz que, o padre é outro cristo na vida da comunidade. Assim como Paulo apóstolo foi o pai na fé de muitas comunidades, o sacerdote é o pai da comunidade. O cristo ordenado pela Santa Igreja para servir os fiéis.

 

 

 

 

 

 

sábado, 16 de novembro de 2013

Quem como Deus?


Se Deus é por nós, quem será contra nós? De nada adianta o mundo, as forças do mal, quem quer que seja, atentarem contra a justiça; a justiça divina, fique bem claro, pois a humana é falha e cega, pois as leis que a amparam são anacrônicas e interpretadas segundo interesses nem sempre legítimos.

O mundo com sua moral atrofiada jaz sob o Maligno, como apropriadamente nos alerta a Palavra de Deus. O mundo a que referimos não se trata do belíssimo planeta que Deus deixou a nosso cuidado – por desleixo nosso muito mal cuidado, por sinal – porém à multidão de homens e mulheres que compõem a humanidade, as nações, e por abrangência a opinião pública. Opinião pública formada através afirmações muitas vezes falaciosas, da divulgação de conceitos morais falsos ou falsificados, da ética distorcida. Assim intentam incutir nas pessoas condutas desregradas, a desmoralização dos bons costumes, a busca desenfreada do prazer pelo prazer, do ter cada vez mais e não do ser melhor. Ai de quem se opor; é taxado no mínimo de antiquado.

Então valores intrínsecos ao ser humano são destroçados; a família como tal é aviltada quando a aprovação de leis imorais são propostas; os valores cristãos consolidados através séculos de testemunhos muitas vezes cruentos, são sordidamente rejeitados. Entretanto, apesar das calúnias, difamações, perseguição, o legado de amor, a herança da bem aventurança, o testamento da graça salvifica nos foi deixado por Cristo, tudo consolidado e firmado pelo exemplo de vida de homens e mulheres que doaram a vida pela causa do Evangelho e da Igreja.   

     Daí a pergunta que abre o texto; Se Deus é por nós, quem será contra nós? A resposta vem em forma de outra pergunta: quem como Deus? Nada nem ninguém. Nada, ninguém tem poder para revogar aquilo que Deus instituiu. Família é constituição Divina, logo é intocável; queiram ou não, sempre haverá famílias, como eles dizem, tradicionais. Pecado é pecado hoje, foi ontem e será sempre; não será um grupelho amoral que estabelerá regras de conduta. Os princípios morais católicos, cristãos, são princípios morais inatos, são inerentes ao ser humano, não são invenção da Igreja! Não matar, não roubar nem furtar, não cobiçar os pertences de outrem, são mandamentos de Deus incutidas no âmago da alma humana, como algo naturalmente instintivo.   
A batalha é dura, o inimigo é forte e obstinado, mas com Cristo a vitória é certa. No fim o amor prevalecerá, pois em Cristo somos mais que vencedores.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Não extingais o Espírito


Não extingais o Espírito:

as resistências geradas pelo estilo de vida atual

 

O bloqueio ao exercício da escuta a Deus pode ter muitos motivos e um dos aspectos que é importante ser abordado refere-se ao estilo de vida a que estamos submetidos e como isso nos afasta das coisas espirituais. Acompanhe o trecho, tirado do capítulo 2 do livro “Não extingais o Espírito” de Renato Menghi.

 

“Em 1989, Francis Fukuyama publicou um artigo intitulado “O Fim da História”. Nele, afirmava que o desmoronamento do aparelho soviético e a propagação de uma cultura de consumo no leste da Europa significavam a vitória do sistema capitalista, o que poderia ser visto como o fim da procura por um tipo de sociedade ideal. Ele próprio reviu esses pensamentos posteriormente, mas as proposições desse artigo desencadearam um grande debate na sociedade.

Até que surjam possibilidades de organização social que modifiquem o painel atual, uma pergunta permanece: será que somos por natureza afeitos à concorrência e à competição? Será que a cultura do consumo está nos satisfazendo como estilo de vida pessoal e social? Quando observamos o quadro atual da nossa sociedade vemos, entretanto, muitos problemas que apontam para o fato de que estamos ainda muito longe da satisfação. Não gostaria de fazer uma lista, mas somente para que nos lembremos de alguns, podemos ver a escalada da depressão, das drogas, do esfacelamento de tantas famílias, da violência urbana etc.

Temos percebido também, quanto ao consumo de bens e à busca por melhores condições financeiras, que não se chega nunca a atingir uma condição ideal, pois muitas pessoas que possuem diversos recursos materiais nunca parecem satisfeitos, querem sempre mais e, muitas vezes, chegam a utilizar estratégias bastante questionáveis eticamente para satisfazerem suas aspirações. 

O estilo de vida a que estamos submetidos nos tem levado a estudar mais, trabalhar mais, esforçar-se sempre mais; de forma que se há algo que parece sempre nos faltar é tempo. Vemos tanta gente tão atarefada que pedir a elas para que dediquem mais tempo à oração pode parecer-lhes um anacronismo ou até mesmo uma proposta escandalosa.

O estilo de vida atual parece não combinar com espiritualidade e oração. Quando podemos dispor de algum tempo, que não seja para as coisas urgentes ou próprias da relação de produção e consumo, parece que necessitamos gastá-lo nos anestesiando com programas de TV que não sejam muito sérios, pois de séria já basta a vida cotidiana, ou então com banalidades na Internet, conversas sem muita profundidade, entre tantos outros. É por isso que a indústria da “cultura inútil” prospera.

Se juntarmos esses fatores a outros, como o da violência das ruas que nos impede muitas vezes de participar de uma comunidade, ao do cansaço e doenças causadas pelo estilo de vida estressante, e a tantos outros elementos próprios da vida atual que nos afastam da oração comunitária e pessoal, percebemos que a cada dia podemos ficar ainda mais longe de desenvolvermos uma vida espiritual mais rica e profunda.

Todos esses fatores, como também outros que não aparecem aqui, podem nos levar aresistir aos dons de Deus em nossas vidas. Às vezes, vemos como que a existência de dois mundos paralelos: um da vida cristã e outro da vida no mundo. Nem todos respiram esses ares tão antepostos, mas muitos de nós trabalham em lugares onde praticamente nem se pode falar em Deus; muitos convivem com pessoas que externam verdadeira aversão às coisas religiosas; nos ambientes de universidades e faculdades, muitas vezes, se percebe uma espécie de ressentimento e repulsa à religião. Além disso, muitos de nós tem em suas próprias casas a experiência da rejeição a Deus e à Igreja.

Evidentemente, temos que abrir passagens entre esses mundos paralelos nos lembrando de que todos os espaços são nossos campos de missão. Mas, sem dúvida, essas coisas também nos abalam. Respiramos tanta rejeição a Deus e à Igreja que isso também pode nos afastar de uma vida mais voltada à espiritualidade. Por isso que muitos não conseguem desenvolver os carismas, pois quando chegam aos Grupos de Oração ou aos eventos da RCC se sentem “tão secos” por dentro que parecem chegar de um deserto. Vieram de lugares tão áridos da espiritualidade cristã que não querem outra coisa senão beber da água do Espírito, ou podem até estar em condições ainda pior, de forma que essa “água” lhes pareça agora de sabor estranho.

Não há novidades para se propor no alcance da vitória sobre essas resistências, pois já sabemos sobre muitas coisas que devemos fazer: ler a Bíblia, orar constantemente, confessar, comungar, viver em comunidade etc. Todos esses meios são como que vitaminas a nos fortalecer para que ultrapassemos as resistências à ação do Espírito Santo.”                                 

O livro “Não extingais o Espírito” está disponível na  Editora RCCBRASIL-www.rccbrasil.org.br

sábado, 9 de novembro de 2013

O sentido do Casamento


 


O mesmo Deus que criou o homem e a mulher, uniu-os em matrimônio. Deus percebeu que “não é bom que o homem esteja só”  (Gn 2, 18a). Então, disse ao homem: “Eu vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gn 2,18b), alguém que seja como você e que o ajude a viver. E fez a mulher. Retirou “um pedaço” do homem para criar a mulher (cf. Gn 2,21-22). Nessa linguagem figurada, a Palavra de Deus quer nos ensinar que a mulher foi feita da mesma essência e da mesma natureza do homem, isto é, “à imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn 1, 26). Santo Agostinho nos lembra de que Deus, para fazer a mulher, não tirou um pedaço da cabeça do homem e nem um pedaço do seu calcanhar, porque a mulher não deveria ser chefe nem escrava do homem, mas companheira e auxiliar.

Ao ver Eva, Adão exclamou feliz: “Eis agora aqui o osso de meus ossos e a carne de minha carne” (Gn 2,23a). Foi, sem dúvida, a primeira declaração de amor do universo. Adão se sentiu feliz e completo em sua carência e solidão. Então, Deus disse: “Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gn 2,24). Isso quer dizer: serão uma só realidade, uma só vida, uma união perfeita, como a mistura do café com leite que ninguém mais separa. Morre a primeira pessoa do singular, o “eu”; surge o “nós” E Jesus fez questão de acrescentar: “Portanto, não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19,6b).

E Deus disse ao casal: “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28). Aqui está o sentido mais profundo do casamento: “frutificai [crescei] e multiplicai”. Deus quer que o casal, na união profunda do amor, cresça e se multiplique nos seus filhos; e daí surge a família, a mais importante instituição da humanidade. A família é a célula principal do plano de Deus para os homens e ela surge com o matrimônio. Família, santuário da vida. Família, patrimônio da humanidade. Família, uma obra sagrada.

Sem verdadeira união entre o casal, união está que precisa ser solidificada em Deus e na verdadeira caridade, o casamento fica fraco e a família sofre suas consequências. Sem casais bem unidos, que se amem de verdade, onde um não esconde nada do outro, onde um não trai o outro nem em pensamentos e palavras, o casamento não pode ser forte e os filhos felizes. Quando nos casamos não nos pertencemos mais a nós mesmos, deve morrer o egoísmo em nós, porque passamos a pertencer ao cônjuge e a os filhos.

Prof. Felipe Aquino

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Unção dos Enfermos 2


O Sinal de Cura


 

                   Existem vários acontecimentos a cerca da vida apostólica que os discípulos de Cristo realizavam após a Ascensão de Nosso Senhor. O inicio da Igreja primitiva já era marcado pela grande manifestação da graça na unção dos enfermos: 

                  “Pedro e João estavam subindo ao templo para a oração das três da tarde. Vinha sendo carregado um homem, coxo de nascença, que todos os dias era colocado na porta do templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam. Quando viu Pedro e João entrarem no templo, o homem pediu uma esmola. Pedro, com João, olhou bem para ele disse: “Olha para nós!”O homem ficou olhando para eles, esperando receber alguma coisa. Pedro então disse: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!”E tomando-o pela mão direita, Pedro o levantou. Na mesma hora, os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes, ele saltou, ficou de pé e começou a andar. E entrou no templo junto com Pedro e João, andando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo viu o homem andando e louvando a Deus. Reconheceram que era ele que pedia esmolas, sentado na Porta Formosa do templo. E ficaram cheios de assombro e de admiração pelo que lhe acontecera.”

 (Atos 3, 1-10)

                “Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Todos os fiéis se congregavam bem unidos, no Pórtico de Salomão. Nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo estimava-os muito. Entretanto crescia sempre mais o número dos que pela fé aderiam ao Senhor, uma multidão de homens e mulheres. Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos sua sombra tocasse alguns deles. A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados.” (Atos 5, 12-16)

                “Foi assim que Filipe desceu à cidade de Samaria e começou a anunciar o Cristo à população. As multidões davam ouvidos àquilo que Filipe dizia. Unânimes o escutavam, vendo os sinais que ele fazia. De muitos possessos saíam os espíritos maus, dando grandes gritos. Foram curados também numerosos paralíticos e aleijados. Era grande a alegria na cidade.” (Atos 8, 5-8)

                “Enquanto Pedro percorria todos os lugares, visitou também os santos que residiam em Lida. Encontrou aí um homem chamado Enéias, que havia oito anos estava deitado numa maca, paralisado. Pedro disse-lhe: “Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te, arruma tu mesmo tua cama!” Imediatamente Enéias se levantou. Todos os habitantes de Lida e da região do Saron viram isso e se converteram ao Senhor. Em Jope, havia uma discípula chamada Tabita, nome que quer dizer Gazela. Eram muitas as boas obras que fazia e as esmolas que dava. Naqueles dias, ela ficou doente e morreu. Então lavaram seu corpo e o velavam no andar superior da casa. Como Lida ficava perto de Jope, os discípulos ouviram dizer que Pedro estava aí e mandaram dois homens com um recado: “Vem depressa até nós!”Pedro partiu imediatamente com eles. Assim que chegou, levaram-no à sala de cima, onde todas as viúvas foram ao seu encontro. Chorando, elas mostravam a Pedro as túnicas e mantos que Gazela havia feito, quando vivia com elas. Pedro mandou todo o mundo sair. Em seguida, pôs-se de joelhos, a orar. Depois, voltou-se para a morta e disse: “Tabita, levanta-te!”Ela abriu os olhos, viu Pedro e sentou-se. Pedro deu-lhe a mão e ajudou-a a levantar-se. Depois chamou os santos e as viúvas, e apresentou-lhes Tabita viva. O fato se tornou conhecido em toda a cidade de Jope, e muitos passaram a crer no Senhor.” (Atos 9, 32-42)

                 “Em Listra, havia um homem com as pernas paralisadas; era coxo de nascença e nunca fora capaz de andar. Ele escutava o discurso de Paulo; e este, fixando nele o olhar e notando que tinha fé para ser curado, disse em alta voz: “Levanta-te, põe-te de pé”. O homem deu um salto e começou a caminhar.” (Atos 14, 8-10)

                 “Deus realizava milagres extraordinários pelas mãos de Paulo, a tal ponto que pegavam lenços e aventais que tivessem tocado sua pele, para aplicá-los sobre os doentes, e as doenças os deixavam e os espíritos maus se retiravam.” (Atos 19, 11-12)

                 “No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para a fração do pão. Paulo, que devia partir no dia seguinte, dirigia a palavra aos fiéis e prolongou o discurso até a meia-noite. Havia muitas lâmpadas na sala superior, onde estávamos reunidos. Um jovem, chamado Êutico, sentado na beira da janela, acabou adormecendo durante o prolongado discurso de Paulo. Vencido finalmente pelo sono, caiu do terceiro andar para baixo. Quando o levantaram, estava morto. Então Paulo desceu, inclinou-se sobre o jovem e, abraçando-o, disse: “Não vos preocupeis, ele está vivo”. Depois subiu novamente, partiu o pão, comeu e ficou falando até de madrugada, e assim despediu-se. Quanto ao jovem, levaram-no vivo e sentiram-se muito reconfortados.” (Atos 20, 7-12)

                 “Nos arredores daquele lugar, ficava a propriedade do chefe da ilha, chamado Públio. Ele nos acolheu durante três dias, mostrando muita gentileza. O pai de Públio estava de cama, com febre e disenteria. Paulo entrou no quarto dele, orou, impôs as mãos sobre ele e curou-o. Em vista disto, os demais doentes apresentavam-se a Paulo e eram curados. Eles demonstraram muitos sinais de estima para conosco, e, quando nós partimos, deram-nos tudo o que precisávamos para a viagem.” (Atos 28, 7-10)

 

 

 

A Catequese da Unção


 

                       A unção dos enfermos é o sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para alívio espiritual e corporal dos doentes para que estes sejam curados de todas as suas enfermidades sejam por pecados, falta de perdão, desejo de morte, traição, ofensas ao próximo ou a Deus, maledicências, mágoas, entre outros males espirituais que geram as doenças corporais.

                       Não sendo só no momento de morte, velhice ou doença grave que podemos receber a unção dos enfermos. O fiel pode ser ungido pelo sacerdote sempre que quiser e for necessário, em qualquer doença, mesmo não sendo grave, em quaisquer males espirituais mesmo não sendo pecados graves, mas também como força e revigoramento espiritual para lutar contra esses pecados, por fraqueza na fé, na esperança, na caridade ou mesmo pela própria unção em si, como benção sacerdotal.  

                       O sacramento conduz o enfermo as seguintes graças: aumenta a graça santificante; apaga os pecados veniais e mortais quando o enfermo estiver contrito e não for capaz de confessá-los; livra a alma de todos os vestígios de pecados; restituí a saúde do corpo, se assim convir para a salvação da alma, ou para a glória de Deus; dá conforto e paciência ao enfermo para suportar os incômodos da doença, e força para morrer santamente, se for o caso de doença gravíssima.

                       Devemos receber a unção dos enfermos quando começamos a correr risco de morte por motivo de doença ou por idade muito avançada. A unção é feita após a confissão do enfermo e antes do viático. Lembrando sempre que se o enfermo não puder confessar, por ter perdido a fala ou por motivos que o impeçam de falar, ele pode mesmo sim receber a Sagrada Unção.

domingo, 3 de novembro de 2013

A Bíblia e o CIC caminham juntos!



 
 
 
“Então o comi, e era doce na boca, como o mel.” (Ez 3, 3b)                                        
 




   
A experiência de Ezequiel precisa se repetir em nossos dias: precisamos ser nutridos pela poderosa palavra de Deus! Nesse tempo em que todos nós que participamos do ministério de pregação na Renovação Carismática Católica do Brasil somos convocados a fidelidade na leitura orante das Sagradas Escrituras e do Catecismo da Igreja Católica, segundo nosso cronograma nacional, iremos ter belíssimas experiências pelo poder da palavra de Deus e do Magistério da Igreja. É exatamente o que tem acontecido comigo – dia a dia tenho sido restaurado por Deus pela leitura orante de Sua palavra e do CIC.              
 
Como homens e mulheres convocados pelo Senhor para serem arautos do Evangelho precisamos sempre estar bem alimentados, e isso significa, que as Sagradas Escrituras e o CIC precisam fazer parte de nossa vida. Todos nós católicos precisamos entender bem a grande importância de sermos instruídos pelo Magistério da Igreja, pois o próprio glorioso Beato João Paulo II na introdução feita ao CIC diz: “O Catecismo da Igreja Católica, por fim, é oferecido a todo homem que nos pergunte a razão de nossa esperança (cf. 1Pd 3,15) e queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê”, portanto, se queremos transmitir um fé pura e verdadeira a todos aqueles que nos ouvem é essencial aprofundar nossos conhecimentos na doutrina da Igreja. A Bíblia e o CIC caminham juntos! Nossa fé se torna cada vez mais madura quanto mais nossos conhecimentos aprofundam-se, não podemos possuir uma fé superficial e baseada em emocionalismo, a Igreja Católica não precisa disso para conquistar adeptos, temos uma fé transmitidas pelos nossos pais que já dura mais de 2.000 anos, uma fé verdadeira e que quando é vivida intensamente, segundo o querer de Deus, vê inclusive muitos milagres. A importância do Magistério é tamanha que leva Santo Agostinho a dizer: “Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica”. Bendito seja Deus pelo magistério da Igreja Católica que nos leva a crer nas Escrituras!                                                                                                  
Temos então um caminho a seguir e precisamos nos debruçar também sobre a Bíblia como parte integrante de nossa missão, mas sempre orientados pelo Magistério da Igreja, principalmente, através do CIC. Imagino que essa talvez seja a parte mais fácil para muitos, pois nós carismáticos temos um amor incondicional pela Palavra de Deus. Confesso que meu coração encheu-se de alegria com a proposta do cronograma de leitura para o ministério de pregação, pois é sempre bom estarmos unidos caminhando na mesma direção, é como se estivéssemos ajustando nossa passada. Nesse período, como disse no inicio, tenho dia a dia sido restaurado por Deus. Lembro-me de numa segundafeira ter acordado um pouco indisposto e sem vontade alguma de ir a Igreja para adorar Jesus Sacramentado, no entanto, venci as resistências e fui. Quando lá cheguei comecei a ler a Bíblia, como parte do cronograma, confesso que sem vontade! Li um capitulo, pensei em parar, mas resolvi ler outro e depois segui lendo mais alguns capítulos, quando resolvi parar percebi que estava completamente diferente e que pela palavra de Deus algo havia se modificado dentro de mim. O restante daquele dia se passou normalmente, mas quando acordei no dia seguinte estava do mesmo jeito – desanimado – a minha resposta foi a mesma do dia anterior – leitura orante da palavra de Deus – e como não poderia ser diferente a resposta de Deus também foi a mesma, esse processo durou cerca de cinco dias, mas posso afirmar que a partir do sexto dia passei experimentar um ânimo totalmente novo, posso afirmar que mais uma vez pela palavra de Deus eu fui batizado no Espírito Santo.                                                 Diácono Renato Ritton-Arquidiocese militar do Brasil