sábado, 8 de setembro de 2018

Ativismo



Muitas vezes sob o pretexto de servir a Deus executamos tarefas – até extenuantes – com o real intuito de aparecer diante dos outros: “Vejam como ele é dedicado! Não mede esforços para trabalhar, para ajudar nos serviços paroquiais!” Essa é na verdade a intenção; chamar a atenção para si, ser reconhecido, elogiado. Contudo, não devemos generalizar; há casos e casos. Outras tantas vezes, pessoas realmente dedicadas trabalham com afinco, porém discretamente, na reta intenção de auxiliar, de diligentemente executar as tarefas sob seu encargo.
Estes últimos, em verdade executam o que pontualmente lhes aparecem e que sejam concernentes com sua missão e ministério na igreja. Os primeiros, porém, procuram avidamente o que fazer, na intenção de liderar os trabalhos, recebendo assim “os louros e a glória” por um possível trabalho bem feito. Infelizmente é nossa realidade. Muito de Marta, nada ou quase nada de Maria. A recíproca é verdadeira; há Marias nada Martas (ver Evang. Lucas 10,38-42).
Ativismo exagerado não é bom. Uma espiritualidade intimista sem vinculo comunitário, também. “Ora et labora” assim deve ser; vida de oração e ação concreta sempre que necessário. Orar e trabalhar, trabalhar orando; ser como Marta sem deixar de ser como Maria e vice versa. Há pessoas cujo carisma é o trabalho, o ativismo; isso é bom, mas não se deve esquecer a oração e que se tenha em mente que todo trabalho em ambiente eclesial, nas capelas, na paróquia ou em instancias superiores, deve ser feito para honra e glória do Senhor e não para engrandecimento pessoal. Lembrar sempre que igreja não é ONG nem firma empresarial.  
Trabalhar, trabalhar, num ativismo desenfreado sem vida de oração não é ser pertença à igreja. Rezar, somente rezar sem compromisso comunitário, e aí se insere as frentes de trabalho concreto, também não é ser pertença à igreja.
Essa reflexão parece um contra-senso – rezar demais é bom ou ruim? Trabalhar na e para a igreja é bom ou ruim? Parece incoerência, mas não é. Simples: rezar, só rezar, egoisticamente pedindo só para si sem pensar no próximo, sem compromisso com a comunidade de fé a qual pertence, é estar longe da comunhão entre irmãos. Do mesmo modo que trabalhar, só trabalhar pensando em granjear “fama e poder”, é também estar longe da comunhão fraterna.
Se não houver Maria de Betânia, não haverá ninguém para ouvir Jesus; se não houver Marta, não haverá ninguém para preparar o local para receber Jesus. Sejamos Marta e ao mesmo tempo Maria: Arrumemos a casa para receber e ouvir Jesus. E essa casa não seja apenas a igreja de pedra (o templo), principalmente seja a igreja viva – nosso coração.  

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