sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Fé e Razão


“É infrutífero falar da contraposição entre razão e a fé. A razão é ela mesma uma questão de fé. É um ato de fé asseverar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade”. (Gilbert Chesterton).
                    

Nós católicos, apesar de sabermos que os mistérios divinos colocam a fé acima da razão, não nos esquecemos de que somos seres racionais e como tal, em muitas questões usamos da razão em contraponto à emoção – o que não contraria nossa posição de homens de fé – porque como corpo material, somos submetidos às leis da matéria, as ciências naturais que, aliás, não é ciência do homem como muitos alegam, porém ciência de Deus dada a conhecer aos homens. Nesse aspecto, a mística dos milagres só é aceita pela Igreja, no âmbito da fé após ratificação dos fundamentos bíblico-teológicos, e no contexto racional após comprovação cientifica quando há mudanças radicais no curso dos fenômenos naturais.
 O que se faz no método científico é obter dados sobre os fenômenos estudados, buscando padrões, tentando entendê-los. Então hipóteses são formuladas, e desenvolvem-se experimentos que venham a confirmar (ou não) as várias hipóteses. Mas esses passos não podem ser seguidos se não houver a crença que o universo é ordenado: “Mas tudo dispuseste com medida, quantidade e peso” (Sb 11,20).
 Muitos consideram a sabedoria do mundo incompatível com a sabedoria divina. Veem uma como boa e a outra como má. Realmente, se não formos cuidadosos em nossos critérios e discernimento, podemos aceitar essa noção. Mas será isso verdadeiro? O próprio Jesus, ele mesmo, não exerceu de certa forma a sabedoria do mundo em sua vida? Podemos refletir como ele compôs parábolas sobre o cotidiano da época em que viveu entre nós. Consideremos também sua esperteza ao argumentar com seus opositores. Jesus estava enraizado no mundo real, apesar de sua mente e coração estarem abertos ao Espírito. O que faz a sabedoria do mundo perigosa é a intenção oculta por trás dela. Estamos caminhando com justiça, integridade, compaixão? Estamos preocupados com o bem comum? Ou apenas usamos nossos dons de sabedoria para nosso ganho e prazer pessoal? Se Jesus reina em nosso coração, então assumirá nossa sabedoria e experiência e a usará para seu reino e a glória do Pai.
A ciência quer ver para crer, a fé crer para ver. A fé não é tanto compreensão; É mais aceitação do que não compreendemos e nisso reside o mérito da fé. (Felizes os que creem sem ter visto...).   Muitas coisas não sabemos, não conhecemos e talvez só venhamos a conhecer quando estivermos face a face com Deus. Enquanto esse momento não chega, vivamos a convicção da nossa fé com intensidade, com esperança e com amor!




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