sábado, 9 de junho de 2012

Em busca de Deus


Desde tempos imemoriais a humanidade tem buscado o transcendental, contato com a divindade, o sobrenatural. “Tomaram o fogo, ou o vento, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros do céu por deuses, regentes do mundo. Se tomaram essas coisas por deuses, encantados por sua beleza, saibam quanto seu Senhor prevalece sobre elas, porque é o criador da beleza quem fez todas essas coisas. Se o que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam por meio delas que seu criador é mais forte; pois é a partir da beleza e da grandeza das criaturas que por analogia se conhece o seu autor” (cf. Sb 13,2-5).  Era dessa forma que buscavam Deus. Alguns verdadeiramente o encontraram e foram eleitos seu povo. Outros continuaram a adorar a criação ao invés do criador e pior, caindo na obscuridade, fizeram a si mesmo deuses.

Ainda hoje é assim. As seitas esotéricas louvam a natureza, a “mãe terra”, as forças cósmicas, as divindades ecológicas. “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus e através dos bens visíveis, não souberam conhecer aquele que é, nem reconhecer o artista, considerando suas obras” (Sb 13,1). Mas, desejando que assim seja, queremos crer que muitos desses busquem realmente o deus verdadeiro, ou seja, o único Deus; como citado a seguir: “Contudo, estes só incorrem numa ligeira censura, porque talvez eles caíram no erro procurando Deus e querendo encontrá-lo: vivendo entre suas obras, eles as observam com cuidado, e porque eles as considerem belas, deixam-se seduzir pelo seu aspecto. Ainda uma vez, entretanto, eles não são desculpáveis, porque se possuíram luz suficiente para poder perscrutar a ordem do mundo, como não encontraram eles mais facilmente aquele que é  seu Senhor?” (Sb 13,6-7).

E os que se fizeram deuses? Aqueles que se auto idolatram? Pode parecer exagero, mas não é; a egolatria é muito comum hoje em dia. Pessoas que se julgam autossuficientes, que prescindem de Deus e de todos: eu sou o mais inteligente, o mais sábio, o mais forte, o mais bonito, o mais isso e aquilo, etc, etc, etc... Até o dia em que suas supostas inteligência e sabedoria o levarem a desgraça, sua força e beleza sucumbirem diante de uma enfermidade. Da mesma forma que estes, arrogantemente e com indisfarçável sarcasmo, questionam um temente a Deus que sofre tribulações com a indefectível pergunta: “Onde está seu Deus?” poderia se perguntar: “e agora, cadê você?” O que eles por certo não percebem é que a diferença entre as duas situações é abissal. Onde está seu Deus? – Apesar de tudo que passei, meu Deus está a meu lado, me amparando, me confortando, me fortalecendo. Eis nossa resposta. E você onde está? Com certeza absoluta, longe de Deus, está num sofrimento atroz, revoltado contra tudo e contra todos, amaldiçoando ao Deus que você diz que não existe. Mas para estes há um consolo, o Deus em que cremos não é só meu Deus, é nosso Deus, Deus de todos! Portanto, se eles se quebrantarem, reconhecerem sua fraqueza e interdependência, por certo nosso Deus há de também restituir-lhes a dignidade e saúde plena. 

“Virão dias – oráculo do Senhor – em que enviarei fome e sede sobre a terra; não uma fome de pão, nem sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor” (Am 8,11).

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