domingo, 12 de abril de 2015

Mártires do nosso tempo


Recentemente fomos impactados com as imagens que circularam na internet exibindo um vídeo divulgado pelo Estado Islâmico em que 21 jovens cristãos são literalmente decapitados à beira de uma praia. Estes jovens egípcios foram assassinados por serem cristãos e a gravação revela a que nível de perseguição os cristãos do Oriente Médio estão sendo vítimas. O crime, tornado público pelos próprios algozes, tem certamente o intuito de intimidar outros cristãos, ferir as famílias das vítimas, e fazer o mundo todo sentir o seu “poder”. Uma ação demoníaca, não temos dúvida!
Ontem e hoje, cristãos têm sido alvo de perseguições. Desde os primeiros Profetas tem sido assim. E assim foi com o próprio Cristo. Quanto mais não o será com os Seus discípulos... Ele mesmo nos advertiu quando disse “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim. O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, perseguirão também a vós” (cf. Jo 15, 18. 20).
Não menos forte é o testemunho da família de dois dos jovens assassinados. Perguntados sobre os seus sentimentos acerca do que sofreram, dizem que sentem orgulho de seus irmãos e que eles também são orgulho para a cristandade. “O EI ajudou a fortalecer a nossa fé”, disseram. E foram além, afirmando que “desde os tempos de Roma, nós, como cristãos, temos sido alvo de martírios. Isso só nos ajuda a nos fortalecer em certos períodos de crise, porque a Bíblia nos ensina a amar os nossos inimigos e a abençoar os que nos amaldiçoam”. E, em seguida, eles clamam pela salvação dos assassinos, pedindo que Deus abra seus olhos e livre-os da ignorância. Grande é esta fé!
E o que toca a cada um de nós quando assistimos a esses acontecimentos? Passaremos imunes e indiferentes a tudo isso? Será mais uma notícia de jornal, em um lugar distante do mundo, com pessoas que sequer conhecemos? Ficaremos apenas chocados com a brutalidade das cenas, e deixaremos lágrimas de emoção caírem de nossos olhos sem que nos penetre verdadeiramente a alma? O testemunho desta família é algo bonito de se ouvir, mas “surreal” para nós?
Diante do martírio destes cristãos e do testemunho desta família, o primeiro sentimento que deve brotar em nós é o da vergonha da nossa pouca fé. Somos também chamados à radicalidade da fé! Sem negociá-la, sem ocultá-la, sem nos intimidar diante das circunstâncias que se nos apresentam. Vivamos a fé de forma integral em todos os aspectos e âmbitos de nossa vida. Não existe fé pela metade, fé de circunstância, de ocasião, nem, muito menos, fé interesseira.
Assumamos o nosso lugar de cristãos e professemos a nossa fé no nosso modo de viver, na família, na comunidade, no trabalho, no cargo que ocupamos, na Igreja e no mundo. Quem vive autenticamente a sua fé cristã, pautando sua vida pelo Evangelho, amando, perdoando, doando-se, sacrificando-se por amor, não corrompendo-se, este também está vivendo uma espécie de martírio, não o de sangue, mas o martírio silencioso de quem prefere aos outros do que a si mesmo, de quem não nega que Cristo é o Senhor da sua vida, mesmo que para isso precise sacrificar tantas coisas.
O que Deus está pedindo de você, de nós? Como tem sido o nosso testemunho? Estamos vivendo a mediocridade de uma “fé” circunstancial e de aparências ou estamos progredindo na busca da intimidade com Deus que nos leva dia após dia à santidade e ao testemunho verdadeiro?  
Que o sangue dos Mártires não seja derramado em vão! Que deles aprendamos a prosseguir até o fim na nossa missão, com Deus, em Deus e por Deus. Que o Espírito Santo nos fortaleça diante das batalhas, nos momentos desafiadores da nossa fé, naquelas horas que mais precisamos de coragem para permanecermos firmes na Palavra e na Verdade. Nos mártires do nosso tempo vejamos um grande exemplo, e no maior deles, Jesus Cristo, tenhamos a certeza de que a Sua vitória é a nossa e de que nada do que for feito por amor a Ele ficará sem a sua recompensa!
Unidos pelo testemunho da fé até o fim!
Pe. Eduardo Braga (Dudu) Presbítero da Arquidiocese de Niterói/RJ


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