quinta-feira, 5 de julho de 2012

O TERÇO

Dizem os santos que a oração do terço pertence a vida da igreja. É uma oração que se tornou solo fértil da vida espiritual de uma multidão de santos e tem seu valor particular na espiritualidade cristã de nosso povo. Precisamos redescobrir o valor do terço para nossa gente, como uma das maneiras ricas de rezar e viver o caminho para nossa salvação.

O que a igreja ensina sobre o terço? Vejam só: ao recitarmos o terço, rezamos várias vezes a mais bela e rica oração da igreja que o próprio Cristo nos ensinou, o Pai Nosso. Ao recitarmos as dezenas de Ave-Marias, nos servimos das próprias palavras bíblicas que nos recordam as grandes verdades de nossa salvação e nossa redenção. Entre uma dezena e outra, aclamamos o maior hino de louvor à Santíssima Trindade, a oração do Glória. Tudo isso continua muito atual e importante para nossa fé e vida espiritual. Nos mistérios gozosos meditamos o amor extremado de Deus Pai que se fez um de nós na encarnação de Seu Filho amado, Jesus, nosso Salvador e Redentor. Através dos mistérios dolorosos refletimos sobre o amor de Deus em Jesus, amando-nos ao extremo de Sua Paixão, morte e ressurreição para nos salvar. Nos mistérios gloriosos renovamos nossa esperança na ressurreição de Cristo como a esperança de nosso futuro; e através dos novos mistérios da luz, na riqueza da vida nova trazida por Cristo à Sua Igreja e ao mundo. Sem dúvida, a recitação do terço nos convida a meditar no conteúdo central da nossa salvação e redenção.

Diante do acima descrito me pergunto: como poderia alguém dizer que o terço não é uma autêntica oração, válida e atual na vida da Igreja? Pergunto aos questionadores do terço ou aos que ignoram seu valor: será errado usar a Bíblia para rezar, nos servindo da meditação dos grandes mistérios de nossa salvação e redenção?

Ademais, a oração da Ave-Maria não é uma invenção nossa e nem da Igreja. Ao rezarmos a Ave-Maria, usamos somente textos e palavras bíblicas. Afinal, ao rezarmos “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo...” (Lc 1,28), apenas repetimos o que o próprio céu disse através o Anjo Gabriel, saudando Maria, convidando-a para ser a mãe de nosso Redentor. Ao pronunciarmos as palavras “Santa Maria mãe de Deus”, nada mais fazemos do que utilizar as palavras que Isabel usou para saudar Maria, proclamando “Donde me vem a honra de vir a mim a mãe do meu Senhor” (Lc 1,43). E ao rezarmos “Rogai por nós pecadores...” não é essa a nossa realidade de pecadores necessitados que todos somos?

Na Igreja acreditamos no mérito da comunhão dos santos, por isso rezamos uns pelos outros. Confiantes, pedimos que a Mãe de Jesus e nossa Mãe – dada por Jesus ao pé da cruz – interceda junto a seu Filho por nós, pela Igreja, pela humanidade. Se o céu saudou Maria, por que não podemos nós saúda-la com as mesmas palavras que o céu a aclamou? Sim, é a própria Bíblia que prediz que Maria seria bendita: “Desde agora me proclamarão bem aventurada todas as gerações” (Lc 1,48). Como então, não recorrermos e invocarmos a esta Mãe que o próprio Cristo ao pé da cruz entregou para todos nós, na pessoa de São João?

Como devotos de Maria devemos rezar a oração do terço com uma sadia espiritualidade para manter na mente, no coração e no espírito, a meditação e contemplação dos mistérios de nossa salvação. A devoção a Maria através do terço continua a fazer parte do autêntico patrimônio místico da Igreja de Cristo, que deve ser incentivado, cultivado e amado, hoje e sempre na vida do nosso povo e de nossas famílias cristãs.



(de um texto do Pe. Evaristo Debiase)


Nenhum comentário:

Postar um comentário