sexta-feira, 10 de maio de 2013

Economia e Doutrina Social da igreja





O que exatamente a Igreja Católica ensina sobre questões de Economia e de Doutrina Social?



A Sagrada Escritura condena a ganância por dinheiro, mas não condena o lucro. Tanto o Antigo quanto o Novo estamento afirmam que o trabalho e a cooperação da humanidade com Deus é demonstrada no sucesso e no progresso do mundo criado. Várias parábolas de Jesus refletem as atividades de negócio. O homem que busca um tesouro no campo, o comerciante que vai procurando pérolas finas, a parábola dos talentos e a comparação entre o administrador honesto e desonesto, são apenas algumas delas. Na parábola dos talentos, aqueles que conseguiram multiplicar a riqueza são elogiados por sua energia e perseverança, enquanto que o administrador preguiçoso, que para evitar os riscos e os obstáculos esconde o talento, é criticado.

O espírito empresarial não figura muito na reflexão dos Padres da Igreja. Mas essa atividade não é considerada incompatível com os cristãos. O empresário é chamado, como todos os outros, para contribuir ao bem comum. No geral, a tradição teológica católica vê esta figura - o empresário - cheia de algumas virtudes, como a criatividade e o desejo de trabalhar com os outros, e também a moderação no uso e na posse do dinheiro.

A partir de uma reflexão mais profunda sobre as encíclicas sociais, começando com a publicação em 1891 da
 Rerum Novarum de Leão XIII, conclui-se que o socialismo é rejeitado e o direito à propriedade privada é defendido. ARerum Novarum insiste no fato de que o Estado não deve absorver nem o indivíduo e nem a família. Ambos everiam ser livres para operar e desenvolver a iniciativa privada na esfera econômica.

Com a encíclica
 Quadragesimo Anno, o Pontífice Pio XI teve que enfrentar uma situação mundial muito difícil. Em 1931 estava-se logo após a Primeira Guerra Mundial e no meio da Grande Depressão. Nesta encíclica, o Papa defendeu a propriedade privada, sublinhando o ensino tradicional segundo o qual as atividades econômicas devem ser usados ​​para o bem comum. Ainda que defendendo o livre mercado, Pio XI criticou o excessivo individualismo que ignora a dimensão social e moral da atividade econômica.

Em relação à liberdade, numa mensagem de rádio para celebrar o décimo aniversário da
 Quadragesimo Ano, Pio XII disse que as pessoas têm o direito fundamental de fazer uso dos bens materiais para o desenvolvimento comercial por meio da troca. Num discurso dirigido aos banqueiros em 1950, Pio XII descreveu o trabalho como necessário desenvolvimento social fazendo notar que deve ser orientado para o bem comum. Se feito corretamente o trabalho pode ser uma maneira de servir a Deus e alcançar a santificação pessoal. Em outro discurso, dirigido aos representantes das Câmaras de Comércio, Pio XII levantou a questão da vocação para o comércio. Defendeu a importância da iniciativa privada e seu papel na criação de riqueza. E pediu para ser fiel ao ideal de serviço, evitando concentrar-se exclusivamente no lucro, para não trair a vocação ao serviço. Em outras intervenções, Pio XII renovou o seu convite às empresas para servirem o bem comum. A liberdade das atividades econômicas - disse - é justificada se promove uma maior liberdade para a humanidade.

Na primeira encíclica sobre questões econômicas,
 Laborem Exercens, João Paulo II estabelece três idéias: o trabalho tem um significado objetivo, um significado subjetivo e um significado espiritual. O trabalho tem um significado objetivo externo quando envolve o esforço de criar algo. João Paulo II pôs este conceito no contexto do dom da criação. Portanto, a criatividade de um empreendedor é um dom que não é totalmente autônomo, pois está sujeito a uma ordem estabelecida por Deus. Na dimensão subjetiva, uma pessoa trabalha para realizar a sua humanidade na realização da ação humana universal. Falando a homens de negócio em Buenos Aires em 1987, João Paulo II disse que o empreendedor desempenha um papel vital na sociedade para produzir bens e serviços. Durante esta atividade os empreendedores deveriam realizar-se como pessoas ao serviço dos outros para criar uma sociedade mais justa e pacífica. Sobre a dimensão espiritual do trabalho, o pontífice polonês na Laborem Exercens, diz que o nosso trabalho é uma forma de participação individual na obra redentora de Cristo. Por esta razão, é também uma atividade salvífica. A Centesimus Annus contém uma análise detalhada da economia de mercado. Nesta encíclica, o Papa reiterou que o fator humano e o desenvolvimento das habilidades e da tecnologia desempenham um papel decisivo para o desenvolvimento e para a criação da riqueza. Neste sentido, o trabalho dos empreendedores é uma fonte de riqueza. Os empresários trabalham e colaboram livremente com os outros para satisfazer suas exigências. João Paulo II enfatizou a importância dessa orientação para as necessidades dos outros. O trabalho envolve a pessoa numa comunidade, e o trabalho gerado também serve para os outros. ACentessimus Annus expande e desenvolve a doutrina católica, e não é a mudança radical que alguns temiam. O Papa aprovou a economia livre, mas de nenhum modo assumiu a visão liberalista. Na encíclica em questão são expressos alguns conceitos inovadores, como por exemplo a idéia de que uma empresa pode ser e agir como uma comunhão de pessoas.

A Igreja tem em alta consideração, tanto a iniciativa privada como o trabalho empreenditorial. Essas atividades, no entanto, são chamadas a reconhecer a dignidade da pessoa humana e a
 obrigação de servir o bem comum.

Fonte:
 síntese do artigo A livre empresa e a Igreja Católica (ZENIT), que faz referencia ao livro "Empreendedorismo na Tradição Católica", assinado pelo Padre Anthony G. Percy.

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