sábado, 4 de agosto de 2012

Rio Enluarado


“Moon river, wider than a mile...” Assim começa uma belíssima canção americana. Esta canção remete a minha juventude. Eu era bem jovem, jovenzinho mesmo, pós-adolescente. Retornava de Jacareí (interior paulista) para o Rio de Janeiro, após um fim de semana com direito a baile no clube da cidade e namorico na praça.

Embarcaríamos pela manhã na litorina, trem de luxo com um único vagão que fazia o trajeto Rio-S. Paulo. Mas como a noite fora agitada, eu e os companheiros (éramos três) perdemos a litorina e “por castigo” viajaríamos à noite no trenzinho de madeira (bendito castigo!). Foi uma viagem linda. Sabe aquele trem antigo que tinha um pequeno alpendre no último vagão? Era um desses. Num dado momento deixei os amigos e fui para a varandinha do trem, justo quando ele margeava o rio Paraíba do Sul  naquela bucólica noite de lua cheia. O luar refletido nas águas plácidas do rio proporcionava um belo cenário. Lembrei-me da música; “moon river...etc...etc...” cantarolava baixinho no meu inglês arrevesado. Sentia-me o próprio Tom Sawyer apreciando o luar sobre o Mississipi (Esse era o tema da canção). Veio-me à memória a noite anterior; a garota da praça, os rodopios no salão de baile e um sentimento bom, uma ternura imensa tomou meu coração. Assim prosseguiu a viagem, no balanço e no barulho característico do trem. Eu com um sentimento misto de precoce nostalgia (o fim de semana recente) e a alegria de estar voltando para casa.

O que tem isso a ver com minha realidade hoje? Muito. Boas lembranças nos fazem bem. O relato da viagem não é nostálgico como parece, serve como referência. Boas lembranças nos fazem bem e só sentimos saudades do que foi bom. Boas lembranças guardamos e as recordamos ternamente e até nostalgicamente, porque não? Más lembranças procuramos esquecer e se não for possível, ao menos podemos impedir que elas permeiem nossos sentimentos. Boas coisas do passado guardemos com alegria no coração. Coisas não tão boas, expurguemos e como não podemos deletá-las da memória, que fiquem à margem; que migrem para o subconsciente e lá permaneçam.

Assim funciona a cura interior; viver os bons momentos e esquecer os males. Curtir de maneira saudável, não doentia, as recordações do passado e que as más recordações deixem de povoar nossa mente e de influenciar nosso emocional. Sabemos que por nossa própria força e vontade não é fácil, digo até impossível. Mas temos em nós o Espírito Santo a ampliar nossa força de vontade e aí tudo se torna possível. Se eu quero e peço, Jesus com a força do alto, o Espírito Santo, vem nos restaurar a alegria perdida, traz a tona as boas lembranças e joga pra longe o que não presta. Somos mais felizes na medida em que nos lembramos das coisas boas do passado. Se isso nos alegra, por certo Jesus há de resgata-las para nós. O luar (carinho e amor de Deus por nós) brilhará sobre o rio de água viva que brota do coração daqueles que se entregam a Jesus.

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