sábado, 10 de março de 2012

Escuta e Prática da Palavra de Deus


Uma mãe instrui e educa o filho na expectativa de vê-lo crescer saudável, obediente e fiel. Um estudante se prepara na escola para fazer boas provas, passar de série, formar-se, ter uma profissão, tornar-se um cidadão respeitável.

            É isso que de certa forma Tiago nos apresenta em Tg 1,19-25. Ele nos pede que ouçamos e ponhamos em prática a Palavra de Deus. Que saibamos ouvir e obedecer. A Palavra tem que nos preencher, nos transformar. Aquele que ouve a Palavra de Deus e não retém no coração é como guardar água num balde furado. Ouvir a Deus, aceitar a Palavra de Deus; ouvir, aceitar, reter, guardar a Palavra de Deus. Guardar, não para acumular egoisticamente, mas para usufruir dela, para usá-la como fonte de salvação para si próprio e para os irmãos. (ver Rm 2,13).

            Não adianta multiplicar palavras, mesmo em oração, quando o coração está vazio. Nesta hora é melhor calar, é melhor silenciar para ouvir. Nenhum de nós é capaz de ouvir, entender, reconhecer uma voz em meio a um burburinho, um vozerio, principalmente quando nós mesmos falamos. Muitos reclamam que Deus não lhes fala, que carismas não são manifestados. Deus fala sim! Eles é que não ouvem. Falam, falam, falam, falam sem parar e não deixam espaço para Deus, não dão tempo para Deus. E mesmo quando Deus, às vezes atropela e fala, eles não percebem, não ouvem, tão mergulhados estão em seus próprios problemas.

            Tiago nos lembra que devemos usar a Palavra para não cair no erro. (ver Mt 7,24-27). Devemos também usar a Palavra para fugir do pecado, para viver os frutos do Espírito Santo: mansidão, amor, temperança, caridade, esperança, paz; e não viver sob a carne, cujos frutos são: malicia, devassidão, ódio, contendas, orgulho, violência, idolatria, etc.

            A leitura nos remete também a Primeira Epistola de São João (I Jo 3,17s). A fé sem obras é morta, nos diz Tiago mais adiante. A fé por si só não é caminho de salvação. Ela tem que ser acrescida de obras. Assim como a caridade sem fé, sem amor, não é caridade, é filantropia. De nada vale uma fé fervorosa se ela não é vivenciada, acompanhada de amor ao próximo, perdão as ofensas, caridade. Do mesmo modo é inútil a obra vazia, destituída de amor, sem a fé necessária que nos conduz ao caminho da verdade; tal obra se constitui em mero ativismo. A oração é como uma via de mão dupla; a cada pedido nosso, em contrapartida, Deus nos pede algo. O milagre de Caná só se realizou porque os homens encheram as talhas a pedido de Jesus. Lázaro retornou da morte após terem rolado a pedra do túmulo, a pedido de Jesus. O possível Ele quer que façamos, o impossível, o milagre Ele faz.
Carlos Nunes

             


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