sábado, 28 de dezembro de 2019

Querigma-Amor do Pai



“Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (cf. 1Jo 4,8). O amor mais que personificado, o amor na essência; assim é Deus. Deus Pai criador de tudo e de todos. O Pai que nos criou no amor, por amor, com amor. Amor infinito e eterno, amor abrangente, transbordante; e fomos criados no transbordamento desse amor, por isso, mais que criaturas somos filhos. Assim temos o direito pleno de chamá-lo de pai. Aquele que É; Abba, Pai!
Esse amor nos é demonstrado no esplendor da criação: numa flor que desabrocha, num sorriso de criança, no sussurro da brisa suave, no farfalhar das folhas num vento mais intenso, no canto dos pássaros, no murmúrio das ondas, nas torrentes impetuosas, na calmaria de um córrego, enfim listaríamos aqui tudo de belo que podemos contemplar na natureza. Nas maravilhas da criação enxergamos Deus e Deus é amor.
Toda essa beleza foi imaginada, planejada, concebida, com um único objetivo, ser oferta de amor à sua obra prima, nós seres humanos. Como tal tudo nos foi dado: “Deus criou o homem à sua imagem; criou homem e mulher e os abençoou; frutificai – disse Ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Deus contemplou toda sua obra e viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,27-28.31).
Não existe amor maior. Não, não há.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Acolha Jesus neste Natal



O Natal se aproxima. As ruas dos centros comerciais estão apinhadas, os shoppings abarrotados. O texto parece repetição do anterior sobre a época do natal. E é, pois a situação é praticamente a mesma. Repetem-se os esbarrões, o empurra empurra, a impaciência, o mal humor, tudo sob um calor escaldante – o que agrava a situação.
Tudo em nome do Natal; época de paz, de harmonia, de boa convivência, de amor... Será? O Natal de Jesus é realmente uma oportunidade para a reconciliação, o perdão, a convivência pacifica. Mas o natal do comércio é uma época de lucros, $$$, lucros, $$$$, mais lucros, $$$$$, e assim a propaganda natalina evoca um tempo de paz e prosperidade, paz para nós (merecemos) e prosperidade para os comerciantes. O ideal seria paz e prosperidade para todos, pois isso todos nós merecemos.
Nada de anormal o comércio ter bons lucros, nós trocarmos presentes, comemorarmos festivamente com os familiares e amigos. Tudo isso é licito, válido, desde que tenhamos em mente que a festa é para comemorar a encarnação e o nascimento do Salvador, a vinda do Messias ao mundo; portanto não esqueçamos que o Natal é festa religiosa e como tal deve ser vivenciada. Portanto, tenhamos temperança no comer e beber, parcimônia na compra de presentes, evitando a gastança, a comilança e a bebedeira. Assim teremos verdadeiramente um bom e feliz Natal, uma alegria autêntica no encontro de parentes e amigos, a degustação saudável dos quitutes à mesa.
O Natal sem Jesus (uma incoerência) termina em desavenças, brigas, acirramento de velhas rixas, bebedeira incontrolada, tristeza, choro, decepções. Sem dúvida ao menos uma dessas situações, e eventualmente todas elas acontecem juntas.   
Com Jesus (o motivo da festa) o Natal é rico, mesmo numa mesa modesta. Rico em alegria autêntica, em harmonia, em controle no comer e beber, rico em felicidade, pois Ele está presente e Ele é a razão da nossa felicidade.
Em Belém de Judá, Maria prestes a dar a luz não teve quem a acolhesse com José e a criança prestes a nascer. Neste Natal acolha a Sagrada Família no seio da sua família e tenha um Natal cheio de Paz e Felicidade. Que Jesus viva e reine na sua vida. Amém.


sábado, 14 de dezembro de 2019

Pureza de criança



Na igreja, joelhos no chão diante do Sacrário adorando Jesus Eucarístico, tive a atenção despertada por passinhos de criança correndo. Observei uma menininha parar diante do presépio montado junto ao altar e embevecida chamar pela mãe para também essa apreciar a beleza do presépio. Diante do Senhor e para o Senhor, refleti que a menina completava o cenário. Era como se algo faltasse a cena do presépio e aquela criancinha suprisse essa ausência. Aquela criança diante da imagem do menino Jesus no presépio, nos representava. Ali estava toda a humanidade, tal qual Deus Pai nos havia criado, com a pureza de uma criança.
Na passagem do Evangelho de Mateus, capitulo 18, versículos de 2 a 5, Jesus nos exorta a sermos como crianças,  pois só assim seremos merecedores do reino do céu. Ser como crianças para estar com Jesus na eternidade; voltar no tempo, ter atitudes infantis, ser ingênuo como uma criança?
Não. Jesus não nos pede atitudes pueris, ele pede que tenhamos alma de criança. Que sejamos como crianças na pureza de pensamentos, nos sentimentos, no despojamento, na afabilidade e por que não dizer na dependência? Como a criança depende dos pais, dependemos todos de Deus.
Se hoje em dia as crianças perdem a pureza original cada vez mais cedo, não é culpa delas, sim do ambiente que as cercam. Ao invés da partilha, são incentivadas ao individualismo; ao invés do amor, são incentivadas a desconfiança; ao contrário da concórdia, são incentivadas a competição. Daí nos transformam nos adultos que somos.
Por isso disse Jesus que só estará com ele em Seu Reino quem for puro como uma criança. Retornemos as origens, sejamos como criancinhas nos braços do Pai!     

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Boa reputação





Salomão já dizia: “bom renome vale mais que grandes riquezas; a boa reputação vale mais que ouro e prata” (Pr 22,1). Reputação é quase tudo na vida. Prestigio pessoal é o máximo para muitos; sucesso, renome, fama, celebridade. Mas isso, como tudo na vida, passa. Aí um imenso vazio se faz. A pessoa torna-se oca. Se no entanto aprofundarmos o discernimento  podemos entrever que a reputação referida por Salomão só é realmente valiosa diante de Deus, pois mais vale um pouco de prestigio junto a Deus que um grande prestigio junto aos homens.
A boa reputação na sociedade, não obstante, também tem seu valor; um bom nome é o que todos almejamos, obviamente sem que isso implique em perseguir o reconhecimento pessoal, o prestigio; essas coisas vêm naturalmente e não devemos nos envaidecer por isso. Porém, o grande tesouro, a grande riqueza é estar bem com Deus. Estar bem com Deus, ter boa reputação diante Dele é fazer Sua vontade. Obedecê-lo e ser fiel.
Um grande pecado, por certo o maior malefício que a língua humana é capaz de fazer é a difamação. Uma boa reputação, construída ao longo de anos pode ser dilacerada em questão de minutos, principalmente hoje em dia, na era das redes sociais. Cuidemo-nos para não cair nesse pecado, que por sinal é facílimo de ser cometido, basta abrir a boca, escrever ou teclar.
Quem tem Deus no coração pode até suportar a perda de reputação , mas quem não tem sucumbe, esvazia-se. Se você foi difamado, sofreu maledicências, renda-se ao Senhor, porque não importa o que as pessoas e o mundo pensem a seu respeito, vale a sua reputação com Deus. Tome para si a citação de S. Francisco de Assis: “Eu sou o que sou diante de Deus e nada mais. Isso é o que impo

sábado, 30 de novembro de 2019

Pontífice



  Durante longo tempo houve um grande esforço, em toda a Igreja, para uma renovação profunda da graça da ordenação sacerdotal no coração de todos os sacerdotes. Retiros espirituais, orações especiais pelos sacerdotes, pregações, pronunciamentos, artigos e livros escritos sobre a importância, a santidade, a grandeza e a necessidade imprescindível dos sacerdotes na vida do povo de Deus.
Sacerdotes são homens e como tal, sujeitos a tentações, quedas, ao pecado; assim, nem todos são santos, no entanto o padre é constituído para ser um bom pastor, a fim de pastorear as ovelhas que não suas, mas de Jesus. Não importa se a placa de sinalização esteja colocada sobre um pau podre ou um poste enferrujado, o importante é o sinal. Mesmo sendo homens e pecadores como todos nós, os sacerdotes são representantes de Cristo e portadores da graça sacramental.   O sacerdote no efetivo exercício de sua missão é o embaixador da corte celeste, o digno representante de Cristo. Esta autoridade foi conferida a Pedro por Jesus, e por extensão a todos os apóstolos. O Papa, sucessor em linha direta de Pedro e os Bispos, legítimos sucessores dos apóstolos delegaram esta autoridade a seus auxiliares, os presbíteros.  “Em verdade todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraqueza. Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados, quanto pelos pecados do povo. Ninguém se aproprie desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão” (Hb 5,1-4).
Os sacerdotes prosseguem, reanimados a gastar gratuitamente suas vidas para pastorear o povo de Deus. Todo enriquecimento espiritual de cada sacerdote ocorrido ao longo do Ano Sacerdotal, ocorrerá no transbordamento de toda espécie de bênçãos para o bem de todos os católicos por eles servidos. 
                  

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Avivar ou Reavivar?



Certa vez ouvi de alguém (que certamente não pertence a nossa igreja) que estaria em oração pedindo um avivamento para a igreja católica. Essa pessoa com toda certeza desconhece os movimentos eclesiais e as novas comunidades surgidas após o Concilio Vaticano II. Talvez nem tenha sequer ouvido falar dos Cursilhos de Cristandade, dos Folcolares, e de outros movimentos comprometidos com a nova evangelização; talvez vagamente tal pessoa já tenha ouvido a respeito da RCC e da Comunidade Canção Nova, pois estes têm maior exposição. Mesmo sem levar em conta este renovar do Espírito Santo na Igreja, esse mesmo Espírito estaria “dormindo”?  Por dois mil anos a Igreja estaria estagnada?  Pensar assim é desconhecer, ou pior, talvez desconsiderar que Jesus fundamentou sua Igreja sobre rocha firme, que essa igreja mantem inalterada a sucessão apostólica e que Jesus prometeu a esses apóstolos que estaria com eles – consequentemente com a Igreja – até o fim dos tempos. Descumpriria Jesus sua palavra? Jamais. A palavra de Deus é irrevogável.
Renovar sim é necessário. Renovar, movimentar, reavivar (dar vida nova) é diferente de avivar (dar vida). Reavivar, ou seja, renovar, dar novo ímpeto à vida, avançar. Por isso a Igreja é comparada a uma grande embarcação capitaneada por Jesus, cujo timoneiro é Pedro (por conseguinte, o Papa) que navega por mares revoltos às vezes, mas sempre em frente, avançando com destemor rumo a porto seguro. Por isso a Igreja sempre viva, estará sendo constantemente renovada e conduzida pelo vento do Espírito.      
Na postagem anterior comentamos a respeito de comunidade de fé. Da importância de reunirmo-nos para partilhar nossas alegrias e também, principalmente, nossos problemas. Fora dito que haveria sustento, amparo, reconforto. Verdadeiramente há tudo isso, mas não por atributos meramente humanos. O verdadeiro, grande responsável por tudo isso é somente um: Jesus Cristo. Juntamente com Maria, os anjos e os santos de Deus nos reunimos em torno de Jesus e colocamos em prática nossa fé, abrimo-nos a ação do Espírito Santo; então a benção é derramada, a graça é alcançada e os milagres acontecem. Isso é consequência de uma igreja viva, atuante. Isso acontece nas Celebrações Eucarísticas, nos grupos de oração dos diversos movimentos, nas comunidades de base, nas reuniões de partilha e nos círculos bíblicos, enfim, em diversos movimentos, comunidades e pastorais da Igreja. É ou não uma Igreja viva? Certamente sim!


sábado, 16 de novembro de 2019

Tarde chuvosa no campo



Nada mais antiestressante que um dia no campo. Mesmo nos arredores das grandes cidades, na zona rural ainda existem refúgios de tranquilidade. Sítios e chácaras onde se pode descansar e apreciar a natureza; ouvir o canto dos pássaros, o mugir do gado, o sibilar do vento agitando a copa do arvoredo. Aí, mesmo próximo à metrópole, às construções humanas, podemos observar belíssimos por de Sol sobre os outeiros cobertos de mata verdejante. Assim contemplando o belo, louvamos ao Criador pelo esplendor de Sua obra.
Mas em dias de chuva? Quando numa tarde chuvosa somos obrigados a ficar portas adentro, impedidos de caminhar pelas trilhas e veredas, pois tudo se torna enlameado. Quando, enclausurados sem o que fazer, só nos resta olhar pela janela e apreciar a... chuva! Sim, apreciar a chuva. Já notaram como é diferente o chover na cidade e na roça? Na roça a chuva é benfazeja. A chuva molha o chão, nutre as raízes das plantas, reaviva as lavouras ressequidas, irriga as plantações.  Na cidade, argh! Que chuvinha chata; hoje não vai dar praia...
Contudo, a chuva como tudo na natureza também é obra Divina, como cita a Palavra quando Deus responde ao lamento de Jó: “Quem abre um canal para os aguaceiros e uma rota para os relâmpagos, para fazer chover sobre uma terra desabitada, sobre um deserto sem seres humanos, para regar regiões vastas e desoladas, para nelas fazer germinar a erva verdejante?” (Jó 38,25-27). Portando, no campo ou na cidade, Deus seja louvado pela chuva que cai, pois se ela não serve para regar cimento e asfalto, é refrigério no calor da cidade grande.
Nesse aspecto, em nossa vida intima, em nosso interior, é mais ou menos desse jeito. Ora um belo dia ensolarado, ora uma tarde chuvosa no campo. Quando tudo vai bem para nós é como um dia de lazer num sitio cercado de verde. Quando as coisas não vão tão bem como gostaríamos é como um aguaceiro que cai, frustrando nossas expectativas. Mesmo que nossos dias estejam nebulosos e chuvosos, lembremos que chuva faz germinar e/ou refrigera. Depois da tempestade vem a bonança; se hoje você vive uma tarde chuvosa, saiba que amanhã o sol irá brilhar e que o panorama que você vislumbrará será bem mais bonito; a vegetação estará mais viçosa, o verde mais verde.  
Quando Jesus vive em nosso coração, se caminhamos no Espírito Santo, se louvamos em toda circunstância, mesmo em dias chuvosos e nevoentos olhamos pela janela da alma e conseguimos enxergar a beleza da vida.


sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Rio Enluarado



“Moon river, wider than a mile...” Assim começa uma belíssima canção americana. Esta canção remete a minha juventude. Eu era bem jovem, jovenzinho mesmo, pós-adolescente. Retornava de Jacareí (interior paulista) para o Rio de Janeiro, após um fim de semana com direito a baile no clube da cidade e namorico na praça.
Embarcaríamos pela manhã na litorina, trem de luxo com um único vagão que fazia o trajeto Rio-S. Paulo. Mas como a noite fora agitada, eu e os companheiros (éramos três) perdemos a litorina e “por castigo” viajaríamos à noite no trenzinho de madeira (bendito castigo!). Foi uma viagem linda. Sabe aquele trem antigo que tinha um pequeno alpendre no último vagão? Era um desses. Num dado momento deixei os amigos e fui para a varandinha do trem, justo quando ele margeava o rio Paraíba do Sul  naquela bucólica noite de lua cheia. O luar refletido nas águas plácidas do rio proporcionava um belo cenário. Lembrei-me da música; “moom river...etc...etc...” cantarolava baixinho no meu inglês arrevesado. Sentia-me o próprio Tom Sawyer apreciando o luar sobre o Mississipi (Esse era o tema da canção). Veio-me à memória a noite anterior; a garota da praça, os rodopios no salão de baile e um sentimento bom, uma ternura imensa tomou meu coração. Assim prosseguiu a viagem, no balanço e no barulho característico do trem. Eu com um sentimento misto de precoce nostalgia (o fim de semana recente) e a alegria de estar voltando para casa.
O que tem isso a ver com minha realidade hoje? Muito. Boas lembranças nos fazem bem. O relato da viagem não é nostálgico como parece, serve como referência. Boas lembranças nos fazem bem e só sentimos saudades do que foi bom. Boas lembranças guardamos e as recordamos ternamente e até nostalgicamente, porque não? Más lembranças procuramos esquecer e se não for possível, ao menos podemos impedir que elas permeiem nossos sentimentos. Boas coisas do passado guardemos com alegria no coração. Coisas não tão boas, expurguemos e como não podemos deletá-las da memória, que fiquem à margem; que migrem para o subconsciente e lá permaneçam.
Assim funciona a cura interior; viver os bons momentos e esquecer os males. Curtir de maneira saudável, não doentia, as recordações do passado e que as más recordações deixem de povoar nossa mente e de influenciar nosso emocional. Sabemos que por nossa própria força e vontade não é fácil, digo até impossível. Mas temos em nós o Espírito Santo a ampliar nossa força de vontade e aí tudo se torna possível. Se eu quero e peço, Jesus com a força do alto, o Espírito Santo, vem nos restaurar a alegria perdida, traz a tona as boas lembranças e joga pra longe o que não presta. Somos mais felizes na medida em que nos lembramos das coisas boas do passado. Se isso nos alegra, por certo Jesus há de resgata-las para nós. O luar (carinho e amor de Deus por nós) brilhará sobre o rio de água viva que brota do coração daqueles que se entregam a Jesus.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Família geradora de vida



Fomos criados e existimos como pessoas porque nos comunicamos uns com os outros. Temos mente, coração, voz, para nos relacionarmos entre si. Somos seres sociais e como tal, nascemos para viver em comunidade. E a primeira comunidade, formadora de nossos valores, é a família.
Deus nos criou homem e mulher para juntos povoarmos a terra: “Deus criou o homem à sua imagem; criou o homem e a mulher. Deus os abençoou; frutificai – disse ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn1, 27-28a). O matrimônio, união física e sentimental entre homem e mulher formando um casal, é o inicio de uma nova família: “Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher e já não são mais que uma só carne” (Gn 2,24). Assim começa uma nova família, família idealizada por Deus e aceita de modo natural e incutida em nós ao longo do tempo e da história da civilização. Não há outro meio de ser família, mesmo que alguns tentem perverter a moral desvirtuando o conceito básico de família. A estrutura familiar começa assim desde sempre.
A família é por natureza e vocação, geradora de vida. Não só de vida biológica, mas também de vida espiritual. No seio da família os valores da vida cristã (para os cristãos naturalmente) são formados. Da união carnal de nossos pais nascemos para a vida material, mas da união fraterna, do testemunho de amor, do ensino continuado por ações e por palavras, somos formados para a convivência com outros seres humanos. Da união do “eros com o filos” somos o que somos. Mas quando se soma o “ágape” nos tornamos ainda melhores. Quando junto à ética e moral universalmente aceitas para a convivência salutar, se junta a ética e moral cristã através dos ensinamentos bíblicos e catequéticos, nos tornamos cidadãos melhores.  Quando filhos são gerados e criados no amor, preparados para a vida e educados na fé, não são criados para o mundo, são criados para Deus.
No entanto, nos tempos modernos a família é aviltada, ignorada. O conceito de família é deturpado. Fala-se em “novas famílias”, “casais modernos”, “casamento aberto”, tudo isso para justificar conceitos modernosos onde se diz que casamentos e famílias tradicionais são instituições falidas. Como falidas se são idealizações de Deus? Deus é perfeitissimo, infalível, irrefutável!
Na sociedade erotizada de hoje busca-se tão somente a satisfação pessoal em detrimento do sentimento e do anseio do outro; amor é a posse transitória do corpo do parceiro. Existe uma cultura que deturpa o relacionamento homem-mulher. A maioria dos relacionamentos são vazios, desprovidos de afetividade e ternura e que duram somente enquanto houver atração física. Não tem mais “sex-appeal” não tem mais amor; o tempo passou, a beleza se foi, o amor também.  São relacionamentos egoístas, onde não se enxerga o outro como um ser amado, respeitado, contemplado no sentido amplo do que seja contemplação; mas sim como mero objeto a ser usado e descartado. Usou, enjoou, jogou fora. Daí a família aviltada, deturpada, vilipendiada.
Existem organizações e institutos, a grande mídia divulga, que lutam pela preservação das baleias, das florestas, do meio ambiente, dos direito humanos, entre outros. A mídia divulga e enaltece. Mas quando se trata de preservar os valores morais, a família tal qual ela é, a ética e a verdade milenar, as grandes e poderosas organizações midiáticas se omitem ou, pior, não poucas vezes atacam e denigrem aqueles que defendem tais valores, particularmente à Igreja. É a inversão dos valores, o certo pelo errado, a aversão pela intolerância e por aí vai. Se somos contra a promiscuidade sexual, somos retrógrados, temos pensamentos arcaicos, ainda estamos no século passado; se não aceitamos o homossexualismo, somos homofóbicos, intolerantes; se lutamos contra as drogas, somos caretas e antiquados. O que chamam de retroação, intolerância, fobias, caretice, é na verdade coragem. Coragem de nadar contra a corrente, de enfrentar as mentiras e ciladas de gente sem escrúpulos que querem a todo custo impor sua vontade usando de maneira vil e covarde, pessoas muitas vezes carente e sofridas, como massa de manobra.  Deus nunca dorme, mas Satanás descansa e até tira férias, pois tem quem aqui trabalhe por ele.      
Sejamos defensores dos valores universalmente aceitos e incutidos desde o inicio na memória subjetiva da humanidade. Sejamos defensores principalmente daquilo que aprendemos desde nossa infância de nossos pais, professores, catequistas: a convivência fraterna; a aceitação do diferente, mesmo que não concordemos com o fator de diferença; o diálogo franco e cordial, num debate de ideias e não de posições; enfim, sejamos educados como nos formaram nossos pais, na primeira sociedade, na comunidade primária, onde fomos gerados para a vida e para Deus: a família.
(Carlos Nunes)



sábado, 26 de outubro de 2019

Jesus Cristo é o Senhor



A Bíblia na carta de São Paulo aos Filipenses, capitulo 2, versículos de 5 ao 11 nos relata: “ Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus todo o joelho se dobre no céu, na terra e nos infernos. Toda língua proclame para a glória de Deus Pai que Jesus Cristo é o Senhor.” Deus o exaltou soberanamente, ou seja, de forma total e conclusiva, tornando-o superior a todos os nomes, e sabendo o que significava para o povo judeu a importância do nome, o qual representava a própria pessoa, podemos afirmar que há de chegar o dia em que todos os homens estarão curvados diante de Jesus, ou mesmo ao ser simplesmente pronunciado o seu nome.
Estamos voltando do congresso nacional da Renovação Carismática Católica, na cidade de Cachoeira paulista, estado de São Paulo, precisamente, da Canção Nova, cujo tema foi Jesus Cristo é o Senhor. Atentem: Jesus Cristo é o Senhor, não simplesmente senhor; Ele é O SENHOR! Isto é significativo, pois o artigo definido “o”, indica que Ele é único. Único senhor de nossa vida. Da minha vida, da sua vida, da nossa vida. Senhor de todos os senhores. Senhor divino e eterno, superior a todo senhor temporal.
Sendo de condição divina disso não se prevaleceu, fazendo-se como nós. Desceu de seu trono de glória, porém sem perder majestade e poder. Atemporal, enclausurou-se no tempo; imortal como Deus, submeteu-se a morte, morte cruenta e humilhante, morte no pior instrumento de suplicio de seu tempo, morte na cruz. Venceu a morte, pois Jesus é Senhor da vida, é a própria vida. Ao morrer na cruz nos lavou das iniquidades e nos oferece a salvação; ao ressuscitar nos abriu as portas do céu, dando-nos a esperança da eternidade.
Jesus é um com o Pai e o Espírito Santo, é Deus. E do alto dos céus com o Pai nos dá o seu Espírito, pois somente sob ação do Espírito Santo podemos proclamar verdadeiramente que Jesus Cristo é o Senhor. Sem o Espírito Santo, ou seja, carnalmente podemos até dizer que Jesus é Senhor, mas dessa forma só dizemos. No Espírito, porém, não só dizemos, na verdade vivemos, assumimos o senhorio de Jesus em nossa vida. E assumir o senhorio é submeter-se à vontade, obedecer ao senhor, segui-lo, imitá-lo. É fazer aquilo que ele quer. O que Deus quer e espera de nós é que nos abramos a ação do Espírito Santo e segundo a sua vontade, sigamos Jesus, caminho verdade e vida, obedecendo em tudo, vivendo o evangelho pleno, apossando-se da Palavra de cura, libertação, salvação, sem no entanto esquecer-se das cruzes. O próprio Jesus para alcançar a glória eterna passou pela transitoriedade da cruz.


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

NOITE VAZIA



Conheço pessoas que segundo elas próprias, só funcionam à noite. Na verdade esses notívagos são insones, em grande maioria devido a preocupações, problemas insolúveis, questões existenciais. Não conseguem dormir a noite, passam o dia sonolentos e portanto, indispostos para os afazeres cotidianos, dessa forma tornando-se improdutivos durante o dia. Alguns de maneira pragmática aproveitam a insônia para por em ordem as tarefas pendentes, já que à noite lhes é propicia ao trabalho, devido à falta de sono – aparentemente estão mais bem dispostos. Só conseguem dormir pouquíssimas horas na madrugada e pensam que necessitam somente desse breve período de sono.  
Outros tantos não têm nada a fazer e passam a noite num imenso vazio. Não rendem o suficiente durante o dia, não trabalham à noite, não dormem. Veem TV, ouvem rádio, leem, navegam na web; tudo de modo disperso, sem atenção, como verdadeiros autômatos. Noite vazia, coração vazio, mas mente cheia. Cheia de pensamentos vãos, fuga da realidade, pensamentos mórbidos. São pessoas pessimistas, irritadiças, irascíveis; enfim, sofridas e mal humoradas.
Trabalho noturno é normal em alguns casos: plantões médicos e policiais, turnos em fábricas, vigilância, etc. Porém nos casos acima, ambos não vivem situação normal, carecem de tratamento médico e indo além, necessitam de muita oração, principalmente aqueles que passam a noite num grande vazio existencial. Esse oco só pode ser preenchido pelo Espírito Santo. Espírito Santo que vivifica, reanima, que ilumina, norteia, que conduz, dirige a vida daqueles que a Ele se entregam e se deixam guiar.
Caríssimo(a), se você se encontra nessa situação e não procurou assistência médica, não deixe de fazê-lo. Mas também procure assistência espiritual, buscando um grupo de oração, buscando o sacramento da penitencia/reconciliação e fazendo uma boa confissão. A oração de cura interior é de grande eficácia; tanto quanto, ou mais, que as pílulas para dormir. Sabemos que os problemas ditos insolúveis, não são tão insolúveis assim; tudo tem solução. Pode não ter para nós, mas para Deus tudo é possível! As preocupações deixarão de existir, pois com o auxilio prestimoso do Espírito Santo tudo será posto em seu lugar no devido tempo. Quanto a questões existenciais, Deus dá sentido à vida quando a Jesus, guiados pelo Espírito Santo, nos entregamos. 
Não haja mais noites vazias; que elas sejam plenas da presença de Deus num sono suave e restaurador. Que seja assim. 


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Jesus é nossa paz



“Pedi, vós todos, a paz para Jerusalém, e vivam em segurança os que te amam. Reine a paz em teus muros e a tranquilidade em teus palácios. Por amor de meus irmãos e meus amigos pedirei a paz para ti. Por amor da casa do Senhor, nosso Deus, pedirei para ti a felicidade.” (Sl 121,6-9).
Frente à pergunta: o que mais desejam, a resposta predominante é paz. Paz no mundo, paz na cidade, paz no bairro, paz na família. No entanto, essa paz não depende exclusivamente de cada um em si. Depende da coletividade, da sociedade, dos governos. Porem, a paz interior, essa depende de cada um de nós, com o auxilio inestimável do Espírito Santo.
Quando se está em paz (consigo mesmo), quando a consciência está tranquila, quando a alma esta lavada, tudo suportamos. Isso não significa isolamento, alienação; como cristãos nos preocupamos com o irmão, com o próximo. Assim, a falta de paz no mundo nos mobiliza na medida da nossa misericórdia.
Disse Jesus: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não a dou com o mundo dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14,27). Eis a verdadeira paz. Quantos de nós buscamos a felicidade e a paz nas coisas exteriores, na posse de bens materiais, no ter, no poder; esquecemo-nos que a verdadeira paz vem de dentro para fora, não de fora para dentro. A verdadeira paz nos é infundida no coração por Jesus, via Espírito Santo.
Deus nos oferece sua Paz. Cabe a nós desejá-la, aceitá-la. Abrir o coração e deixar-se inundar pela paz, pela luz, pelo amor. A paz do Senhor Jesus esteja e permaneça sempre em nós.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A Marca Indelével do Batismo



Sabemos que ao ser batizados todos recebemos uma marca. Marca invisível e indelével (irremovível). Esta marca significa sinal de pertença ao Senhor ao qual somos consagrados no momento da imersão ou da aspersão da água sobre o batizando. Na unção do batizando com o óleo do crisma  sobre o peito e fronte, passamos a ser pertença de Deus, pois aí passamos a ser templo e morada do Espírito Santo; no batismo propriamente dito, com a água que é a matéria, sem a qual não pode haver o sacramento, o rito se completa e a partir daí, lavados pela água da mácula do pecado original e sendo infuso em nós o Espírito Santo, a marca indelével do Batismo nos é imposta.
No mundo insano em que estamos – estamos, mas a ele não pertencemos – muitos estão marcados e marcados como gado que vai ao matadouro. Marcados pelo pecado, pela impureza, pelo ateísmo anticristão; como gado a caminho do matadouro, pois sabemos que o pecado leva a morte, não morte física – pois essa é inevitável para todos – e sim morte no sentido transcendental, pois que é o afastamento definitivo de Deus. Entretanto, graças a benevolência de nosso grande Deus a marca do mundo não é perene, pode ser retirada; retirada no perdão concedido no sacramento da reconciliação, após arrependimento sincero e confissão dos pecados.
O Batismo católico não é um sacramento penitencial, como o batismo conferido por João Batista; é antes de tudo, sacramento de iniciação, inspirado no batismo recebido por Jesus, o qual a partir daí dá inicio a sua Missão Salvífica. O nascimento de um homem, uma mulher, ocorre no parto do bebê, mas o nascimento do cristão se dá no ato do batismo. A partir do Batismo Sacramental, como foi dito no inicio do texto, passamos a pertencer a Deus, na pessoa de Cristo. O Batismo nos confere a dignidade de filhos adotivos de Deus na Santíssima Trindade, já que somos batizados em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Pertencemos ao Pai em nome de Jesus Cristo pelo poder do Espírito Santo. E isso é irrevogável!
A marca do mundo pode ser apagada, mas o sinal de Deus em nós, jamais. Por isso não importa o que viermos a ser, uma vez batizados, sempre batizados e isso acontece apenas numa única vez.   Todos nós batizados somos filhos do mesmo Pai Eterno, portanto irmãos. E assim, como irmãos devemos conviver; fraternalmente, amando da mesma forma como o Senhor nos ama. Amar o Senhor de todo o coração, e amar ao próximo como a si mesmo é o dever de todo cristão, de todo batizado. Façamos jus ao sinal de Cristo em nós.




sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Vivendo e aprendendo a amar



Há gente que passa pela vida; somente passa. Outros passam fazendo o mal; vivem nas trevas. Outros tantos passam por esta vida deixando rastros de amor. No entanto todos, indistintamente, não estão sós e nem vieram para nada. Fomos moldados no amor, com amor fomos engendrados e por amor viemos ao mundo. Viemos de Deus, somos de Deus e a Deus um dia haveremos de retornar. Não estamos sós, pois o Espírito Divino nos acompanha constantemente, mesmo que muitos não percebam e nem mesmo creiam.
Mas a estrada da vida não é plana nem uniforme. A vida é assimétrica. Daí então os percalços do caminho nos fazem mudar. Mudar de rumo, de atitudes, de concepções, pré-conceitos. Quem somente passa num vazio de objetivos, um dia percebe que não está só; há outros que se realizam, são felizes por terem uma meta, nem sempre alcançada – e aí reside a motivação para a vida, sonhos, objetivos – e, quando se consegue, outra surge. Da observação do outro surge o questionamento: porque minha vida é vazia? Porque vivo só com meus problemas? Não poderia eu também ser feliz? O que fazer? Do questionamento vem a conscientização dos problemas, daí vem a busca pela solução desses problemas. Pronto, um primeiro passo foi dado, uma meta foi proposta. Nos altos e baixos da vida, quem sofre um dia deixa de sofrer, quem é alegre e feliz um dia vem a sofrer. Então nada é absoluto a não ser o amor. Este sim, absoluto, pleno, imutável, sempiterno.
Desse modo, os que somente passam, os que vivem nas trevas, um dia andarão por caminhos onde foram deixados rastros de amor. Daí então, coração ansiando por algo novo, seguirão estes rastros. Encontrando a fonte, ávidos de esperança, alcançarão o objetivo maior na vida: amar e ser amado.
Qual a fonte? Que caminho é esse? A palavra de Deus nos esclarece: “Eu sou o caminho, a verdade, a vida” (Jo 14,6). Assim nos fala o Mestre, Jesus Cristo, que nos convida a segui-lo, imitá-lo. Ele é o caminho que mostra a verdade, verdade que liberta para uma vida plena em Deus. Quem segue Jesus é feliz, embora possa vir a ter momentos de incerteza e tribulação; mas em Jesus tudo podemos, desse modo, apesar dos percalços da vida ele nos fortalece, nos traz fé esperança e amor.
Mesmo que você não se sinta amado, mesmo que você se sinta desprezado, mesmo que você se sinta solitário, saiba, há alguém que te ama com amor que homem (ou mulher) jamais amou: Deus na pessoa do Pai que é puro amor, no Filho que se entregou por amor e no Espírito Santo que é a manifestação desse amor.  Amar não se ensina, mas se aprende. Aprendemos a amar quando nos deixamos moldar por Deus que é amor, quando nos abrimos ao ágape divino, quando somos dóceis ao  Espírito Santo, quando nos submetemos ao senhorio de Jesus. Assim, vivendo intensamente em Deus, vivendo na plenitude, não apenas passando pela vida, somos envolvidos, embebidos no amor de Deus e por onde passarmos deixaremos rastros desse amor. 



sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Fonte de Água Viva



“Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos” (Jr 17,7s).
Confiar no Senhor Deus, Deus de toda consolação, de amor inestimável, misericórdia infinita. Deus que é poder supremo e nos nutre com sua graça. A Palavra acima nos convida a confiar e confiar naquele que é plenitude; plenitude da graça, do amor, da justiça, da fidelidade.
 Longe de Deus somos como espinheiros numa terra árida e poeirenta. Somos como que intocáveis, pois na secura e vazio da alma, somos suscetíveis de ferir quem se aproxima e nos toca. Somos inférteis, ou então produzimos frutos amargos e travosos. Assim é a vida daqueles que ao invés de Deus confiam em si próprios, julgando-se autossuficientes, numa atitude de extrema soberba. São como a figueira improdutiva do Evangelho segundo Lucas, cap. 13,6.
A palavra em Jeremias que abre esta reflexão nos mostra claramente que se quisermos frutificar e frutificar sempre faz-se necessário entregar-se inteiramente a Deus. A Palavra nos atesta que se estivermos enraizados junto à fonte de água viva (Deus na Santíssima Trindade) teremos tudo que Ele nos oferece: o refrigério, o conforto, a segurança, as virtudes, enfim a felicidade autêntica que só podemos encontrar nele.
Voltando à figueira de Lucas 13, a partir do versículo 7 o senhor do campo tencionava derrubá-la pois ela era infrutífera; o agricultor interveio e argumentou que ela poderia dar figos se bem cuidada. Esta figueira nos representa; com os cuidados devidos, regada no tempo a na medida certa ela poderá frutificar. Irrigando-nos com a água viva, o Espírito Santo, encontramos Jesus, o Filho, que apresenta e oferece o regaço acolhedor do Pai Eterno. Daí se poderá fruir no coração frutos de amor, de esperança e de justiça. 



sábado, 14 de setembro de 2019

Correntes



Frequentemente costumamos recolher e lançar ao lixo folhas e mais folhas de papel deixadas no interior da igreja. São orações e preces ditas “poderosas”, que devem ser copiadas em determinado numero e deixadas numa igreja, como condição para os pedidos e graças sejam alcançados. Entre elas, as famosas “correntes que não devem ser quebradas, sob a pena de graves consequencias, etc...”
Superstição, mera superstição que (ainda) escraviza muitos católicos desavisados, outros renitentes à verdadeira doutrina e outros tantos pseudo católicos. Desavisados, porque apesar de terem acesso às informações e formações doutrinais e bíblicas (homilias, pregações), não o fazem.  Renitentes, porque mesmo com algum conhecimento negam-se a acatar e vivenciar os ensinamentos e preceitos, vivendo uma religiosidade particular, descompromissada com a verdade evangélica. Outros tanto são católicos de mentirinha; dizem serem católicos, mas vivem nas falsas doutrinas, frequentando tanto a igreja como outros lugares onde por certo Jesus não é senhor, num sincretismo ilógico e absurdo. Isto acontece por ignorância e/ou endurecimento do coração.
O que cabe a nós? Intensificar a evangelização dos nossos. Nossos são os batizados, os católicos de berço, os que foram educados num ambiente católico e por razões diversas se desviaram. Anunciar o querigma oportuna e importunamente. Ter a ousadia de, ao avistar alguém deixando as tais correntes na igreja, abordá-lo e com suavidade, porém no ímpeto do Espírito Santo, alertá-lo mostrando-lhe a verdade que liberta, falando daquele que é verdadeiramente poderoso, que poderá libertar de todas as correntes.
Na sua paróquia é assim? Mexa-se!    

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Não ao Mal



Disse Jesus: no mundo haveis de ter tribulações, mas coragem, Eu venci o mundo! Nesse mundo passamos por dificuldades, sofrimentos; mas não se trata de castigo, de abandono. Tudo é consequência da irresponsabilidade humana. Nos afastamos de Deus, rejeitamos sua misericórdia, abdicamos de sua proteção e assim nos tornamos vulneráveis aos ataques de Satanás, este sim, mentor e fomentador de todo mal. Deus fez aliança com seu povo, mas seu povo virou-lhe as costas. Deus é onipotente, não prepotente, por isso não impõe sua vontade e nos deixa livres para escolhermos nosso caminho, mesmo que esse caminho seja diferente daquele que leva a seu reino de justiça e paz.
Vimos que o mal não é intrínseco ao ser humano. O mal não teve origem em nosso coração. Porém o mal nasce no coração do homem, concebido por traumas, decepções, influências do mundo que nos cerca, inveja, cobiça, opressão... O homem não é mal em sua essência, na verdade é fraco, se deixa iludir, pensa que é dono da situação, que está no controle, mas se deixa levar ao vento de qualquer vã doutrina ou filosofia. Usando termos bem populares: acha-se o dono da cocada preta, mas é um bobo alegre.
Sempre haverá dor no mundo. É inevitável (No mundo haveis de ter tribulações...), mas isso não é motivo de desespero nem de falta de confiança, ao contrário (...Coragem, eu venci o mundo). O homem bom, aquele que segue os passos do Vencedor, procurará aliviar as dores e consolar os que sofrem, buscando anular a ação do homem mau que levará consigo o mal e o espalhará onde for. No entanto, bons ou maus, justos ou pecadores, vivemos todos no mesmo mundo, sujeitos as mesmas influências, boas ou perniciosas. Se caminharmos com aqueles que seguem o Senhor estaremos sob a influência daquilo que é bom e sadio. Se ao contrário, voltarmos as costas ao Senhor vencedor do mundo e buscarmos outros caminhos, estaremos sob o domínio do mentor e fomentador do mal.
O mundo tenta nos mutilar, nos desfigurar, nos afastar do reto caminho, transformando-nos em objetos, em coisas. Mas o Espírito Santo vem em nosso socorro, nos amparando, fortalecendo, orientando e pelo nome vitorioso de Jesus restaura em nós a dignidade de filhos de Deus.              

sábado, 31 de agosto de 2019

Solidão



Há pessoas solitárias; ao menos se julgam assim. Ninguém está só. Se cremos no Deus onipotente, Ele está em tudo e em todos. Quem se sente só não percebe a presença de Deus ou se afastou dele. Às vezes estamos realmente sós do ponto de vista humano; não temos a companhia de ninguém, amigos ou familiares, mas isso não significa solidão. Pode ser um fato pontual, passageiro, ou mesmo uma situação duradoura, cotidiana. Em qualquer caso, se temos Deus no coração, o fato de estar só é relativo. Em termos absolutos não estaremos sofrendo de solidão, pois temos a melhor companhia possível: Deus.
Irmão, irmã, se você tem Deus na sua vida, mesmo na ausência de outras pessoas você não estará só. Ao contrário, se você expulsou Deus de si, mesmo em meio a uma multidão, muitas vezes se sentirá solitário.
Quem não tem – melhor dizendo – não quer Deus, não consegue enxergar o outro, pois vive egoisticamente. Assim, se não estiver entre amigos ou conhecidos, mesmo entre outras pessoas se sentirá sozinho. A situação se agrava quando na solidão efetiva (real) do quarto; aí o pensamento flui em divagações inúteis e o tédio inexoravelmente assoma seu ser. Do tédio vem a melancolia, e daí o vazio existencial. Onde isso desemboca? Na depressão.
Em muitos casos a depressão deriva de fatores psicológicos, embora saibamos que ela pode advir também de causas neurológicas. A solidão é um desses fatores. Pessoas solitárias têm tendência a se tornarem depressivas numa probabilidade maior que outras, mesmo aquelas que estando sós não se sentem sós. É fato que pessoas que vivem na presença de Deus também são suscetíveis a sofrerem depressão (afinal há diversas causas que podem provocar a doença) mas jamais sofrerão esse mal por causas psicológicas ou espirituais.
Por fim, só tem medo da solidão quem expurgou Deus de sua vida. Reiterando, se você vive na presença de Deus, sente-se amado por Ele, vive em função desse amor repercutindo-o, mesmo só você não estará só; pessoas humanas poderão não estar presentes, mas o Pai, o Filho, o Espírito Santo estarão com você, em você. Somos seres sociais e como tal precisamos uns dos outros. Gostamos da companhia das pessoas, mas nem sempre isso é possível. Sentir solidão não é estar só, é estar vazio. Daí então, eu e Deus, você e Deus. Com Deus ninguém está só.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Louvor e Adoração



Jesus Cristo, Nosso Senhor, a quem devemos nos render. A Ele toda a honra, toda glória, todo o louvor. Nosso Senhor Jesus, que é nome acima de todo o nome; nome diante do qual se dobram todos os joelhos no alto dos céus, na face da terra e até mesmo nas profundezas dos abismos infernais.
Pelo nome de Jesus, o Verbo Divino, todo o universo se harmoniza. Povos, raças e nações hão de conhecer a sua glória. O nome de Jesus ao ser pronunciado, nos pacifica, refrigera nossa alma, nos restaura. Rendemo-nos a Jesus, nosso Senhor, nosso Deus, nosso tudo!
Esse Jesus maravilhoso, que nos cura e livra das angústias, temores, opressões de todo tipo. Jesus maravilhoso que nos ergue nas quedas, nos ampara na nossa fraqueza, nos firma em nossos escorregões.  Deus que se fez carne; rosto divino do homem, rosto humano de Deus. Homem e Deus, um só em duas naturezas. A natureza divina, plena de sabedoria e perfeição; a natureza humana, toda como nós, exceto na pecado. Amoroso e compassivo, obedeceu ao Pai em tudo.
Foi obediente até a morte, e morte de cruz. Transformou pelo sangue derramado um instrumento de suplicio e morte, em penhor de salvação. Aparentemente derrotado na cruz, venceu o pecado e sobrepujou a morte na ressurreição. O que era isento de pecado, tornou-se, Ele próprio, pecado para a redenção de toda a humanidade.  Por sua cruz, Jesus venceu todo o pecado e a morte.
Ao morrer na cruz, Jesus nos ofereceu a salvação. Ao ressuscitar, nos mostrou a vida eterna; e na sua gloriosa ascensão, nos abriu as portas do céu.  Amém.

 

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Jesus mestre da oração



Somos discípulos e como tal seguimos e pretendemos imitar o mestre. Sigamos e imitemos Jesus Cristo, nosso mestre. Comecemos com o fundamental: a oração. O Pai Nosso, modelo perfeito de oração ensinado por Jesus, é iniciado com uma evocação em louvor a Deus seguida de um ato de submissão e contrição; depois vem uma súplica, um pedido de perdão, proteção e libertação. O Pai Nosso serve inclusive de inspiração para nossa oração espontânea.
Em diversas passagens nos Evangelhos vemos Jesus orando. Jesus é Deus, e orar, rezar, é conversar com Deus. Ele conversava com si mesmo? Realmente Jesus é Deus, mas também homem. Deus e homem; duas naturezas em um só ser. A existência e a essência dos seres criados e incriado juntas, simultâneas e coincidentes. Então orante era a natureza humana de Jesus. Ele se recolhia, procurava locais isolados e tranquilos para estar em oração, para seu diálogo de amor com o Pai. Mas também orava em público, louvava e rezava em alta voz. Um grande ensinamento da escola de Jesus: a oração pessoal, nosso momento de intimidade com Deus, deve ser feita no silêncio de nosso coração, contemplativamente. A oração comunitária, aquela das celebrações, dos grupos de oração, dos encontros, pode e deve ser feita de modo a externar nossa gratidão e confiança no Senhor.
No Getsemani Jesus orou por si: “Pai é chegada a hora, glorifica o teu Filho, para que teu Filho glorifique a Ti; e para que pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste. Eu te glorifiquei na terra, terminei a obra que me deste para fazer. Agora, Pai, glorifica-me junto a Ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti antes que o mundo fosse criado” (cf. Jo 17, 1-6). Rogou também por seus discípulos (Jo 17,6-18) e finalmente por nós, todos os crentes: “Não peço somente por eles, mas por aqueles que por sua palavra  hão de crer em mim. Para que todos sejam um, como estás em mim e eu em Ti; que também estes estejam em nós e creiam que Tu me enviaste. Para que vejam a minha glória, que Tu me concedeste antes da criação do mundo. Manifestei-lhes o meu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que amaste esteja neles, e eu neles” (cf. Jo 17,20-26). Em Lucas 11, 9ss Jesus nos ensina e ao mesmo tempo exorta: “Pedi e vos será dado, buscai e achareis, batei e se vos será aberta. Pois todo o que pede recebe, aquele que procura acha e ao que bater, se lhe abrirá”.


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O Perigo das Seitas



No início do ano de 2010 o noticiário nos deu conhecimento do assassinato do cartunista Glauco e seu filho Raoni. O assassino era conhecido da família; o jovem, viciado em drogas e aparentemente psicopata, segundo os familiares e amigos do morto, fazia “tratamento” para livrar-se das drogas na igreja (?) Céu de Maria, ligada ao Santo Daime.
Como pretender que alguém se livre das drogas numa suposta religião em que o rito principal é a ingestão de um chá alucinógeno, o ayahuasca?  Absurdo dos absurdos.   Também absurdo e estranho fora a decisão do CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) de retirar o ayahuasca da lista de drogas alucinógenas, conforme publicado no Diário Oficial da União em 10/11/2004. Ainda no terreno do absurdo e imoral, em 2008 o então Ministro da Cultura Sr. Gilberto Gil solicitou ao IPHAN que considerasse o uso do chá ayahuasca patrimônio imaterial da cultura brasileira.
Imaginemos a seguinte situação: uma seita qualquer recém fundada, após suposta revelação divina, resolve utilizar a maconha em seus rituais, queimando-a nos    turíbulos como incenso. Haveria doutos ministros de estado apregoando o uso da maconha, ao menos nos rituais religiosos?  Sugeririam o uso de drogas como patrimônio nacional? Triste país seria (ou será?) esse.  
Grande é o perigo das seitas. No entanto nosso povo – aqui não refiro ao povo como um todo, sim    ao povo cristão, de modo particular o povo católico – não se dá conta disso. Muitos se deixam enganar, se iludem com promessas de facilidades, com promessas de prosperidade, com pacotes de prodígios, kits de milagres. Há seitas de todo tipo, para todos os gostos: pseudocristãs, esotéricas, agnósticas, etc. O povo ingênuo e aspirando por coisas espirituais, carente, necessitado de todo tipo de bens (materiais e afetivos) é presa fácil para estes rapinantes. Não digo que existam religiões boas ou más, verdadeiras ou não. Digo, afirmo com toda convicção, só existe um grande grupo religioso (religio = religar; religar com o criador, voltar às origens). Não importa como seja denominada: islâmica, judaica ou cristã. Estas têm origem comum e cultuam o mesmo e único Deus, originam-se do mesmo patriarca: Abraão. No entanto, a religião autêntica é a religião do amor. Sem desmerecer os judeus, nossos pais na fé, essa religião é o cristianismo (Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho único para morrer por ele.-cf. Jo 3,16ss). Se a religião que prega o amor, a tolerância entre todos os povos e nações aqui está, se notadamente uma Igreja milenar, presente deste os primórdios do cristianismo, assoma entre outras (as da reforma e do cisma) porque razão tantos católicos e também outros cristãos se deixam seduzir e são fisgados pelos arpões afiados das seitas? Porque, repetindo, carecem de todo tipo de necessidades. Carecem de bens materiais (alguns na verdade são gananciosos) e são cooptados pelos pregadores da teologia da prosperidade. Carecem de saúde e são enganados pelos curandeiros de plantão e pregadores de falsos milagres. Carecem de vínculos afetivos e são maliciosamente acolhidos por falsos irmãos. Carecem de espiritualidade e são iludidos por falsos profetas.  E quase todos, a grande maioria, carece de fé. Fé verdadeira, fé vivida, fé experimentada. Carecem desta forma do conhecimento da verdadeira doutrina cristã. Não sabem, ou não querem saber, que Jesus Cristo nunca ofereceu riquezas materiais, nunca ofereceu benesses aqui na terra, nunca prometeu vida farta. Não sabem, talvez não queiram saber, que a riqueza a que Jesus se referia era a eterna glória junto ao Pai, que a vida plena e abundante era vida abundante de graças e bens espirituais, e que toda cura, toda libertação visava algo maior e mais abrangente: a salvação da alma. Tudo isto foi refletido, para como diz o apóstolo S. Paulo na carta ao povo de Éfeso: “Não continuemos como crianças ao sabor das ondas, agitadas por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade cresçamos em todos os sentidos naquele que é a cabeça, o Cristo”. (Ef 4,14-15).
 


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Lectio Divina


 A expressão Lectio Divina significa leitura de Deus. Segundo S. Gregório Magno, a arte de estudar o coração de Deus. O Concilio Vaticano II cita o texto de Sto. Ambrósio: “Lembrem-se que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada da oração, a fim de que se estabeleça um colóquio entre Deus e o homem. Pois com Ele falamos quando rezamos e a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos” (Dei Verbum,25). Lectio Divina, que quer dizer também leitura orante, indica a prática de leitura da Bíblia, que nos faz alimentar a fé, a esperança, o amor e compromisso cristão. 
Para a prática da Lectio Divina é necessário certos requisitos: 1) Ambiente favorável; é preciso silencio, principalmente silencio interior. 2) Pureza de coração; só um ambiente propicio não é suficiente, faz-se necessário um coração puro e apaixonado por Jesus e pelas escrituras. 3) Desprendimento e docilidade; devemos recorrer à Bíblia não com interesses, mas com espírito de entrega, de disponibilidade ao que o Senhor irá pedir-nos. 4) Espírito de oração; busquemos as escrituras não por entretenimento, nem somente para estudo, mas em atitude de humilde oração.
Há quatro degraus, ou etapas na Lectio Divina: leitura, meditação, oração e contemplação. É um processo dinâmico em que cada etapa coexiste e atua junto as outras de modo sinérgico.     1) Leitura: conhecer, respeitar, situar. A leitura bíblica deve ser perseverante e diária. É ponto de partida, não chegada, pois nos prepara para a meditação e o dialogo com Deus. Deve ser feita criteriosamente e com atenção. 2) Meditação: ruminar, dialogar, atualizar. A leitura nos mostra o que diz o texto; a meditação nos mostra o que o texto diz para nós, o atualiza, nos situa no contexto da mensagem. 3) Oração: suplicar, louvar, recitar. A oração, a partir da meditação, pode iniciar-se com uma atitude de adoração silenciosa ao Senhor; a partir daí desenvolve-se nossa resposta à Palavra de Deus. Esta resposta pode ser um louvor, agradecimento, suplica, perdão, ou mesmo a recitação de um salmo. 4) Contemplação: enxergar, saborear, agir. A contemplação é o ultimo degrau da Lectio Divina. Mas não é o fim; na verdade é o patamar para um recomeço. Contemplar é a capacidade de perceber a presença de Deus em tudo, na história, em nós, na criação e criaturas. “A leitura busca a doçura da vida bem aventurada, a meditação a encontra, a oração a pede e a contemplação a saboreia. A leitura leva comida sólida a boca, a meditação a mastiga e rumina, a oração prova o seu gosto e a contemplação é o gosto da doçura já alcançada” (Guigo).
A seguir sugerimos um método prático para a leitura orante da Palavra, constituído dos seguintes passos: 1) Invocar o Espírito Santo. 2) Ler o texto de forma lenta e com atenção. 3) Silencio interior, lembrando a leitura. 4) Ler de novo, observando bem o sentido de cada frase. 5) Meditar a leitura, rezando o texto e respondendo a Deus. 6) Atualizar a palavra, ligando-a com a vida. 7) assumir um compromisso a partir da mensagem pessoal recebida.










sexta-feira, 26 de julho de 2019

Veni Creator Spiritus



O “Veni Creator” é um hino da Igreja Católica, em honra ao Espírito Santo. Desde que foi composto, no século IX, esse texto litúrgico nunca deixou de ser ressoado na Igreja em momentos importantes, sobretudo na festa de pentecostes. Foi com essa oração solene que o Papa Leão XIII consagrou o século XX a terceira pessoa da Santíssima Trindade, mesmo século em que surgiu no mundo a Renovação Carismática Católica. Por isso, essa é uma oração de grande significado para a RCC. Clamemos juntos sem cessar: Veni, Creator Spiritus! Vem, Espírito Criador!


Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o intercessor de Deus excelso, o dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois doador dos sete dons e sois poder nas mão do Pai; Por ele prometido a nós; por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli, e concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiai, o mal deixamos para trás.
Ao pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer que procedeis do seu amor, fazei-nos sempre firmes crer. Amém.


sábado, 20 de julho de 2019

Imagens Sagradas




As imagens nos mostram onde Deus agiu.


Êxodo 20,3-5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, do que há debaixo da terra, ou nas águas, sob a terra. Não as adorarás nem lhes prestará culto”.
Êxodo 25,18-19: “Farás dois querubins de ouro; os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um ao lado do outro, fixando-os para formar uma só peça com a extremidade da tampa”.
Números 21,8: “O senhor disse a Moisés: faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela conservará a vida”.
Ops! Deus se contradiz? Não, Deus não é homem para mentir nem ter duas palavras. São contextos diferentes, situações muito, muito, distintas. Só não entendem os textos quem é falho de raciocínio ou analfabeto funcional, ou – pior – é mal intencionado, pois entendendo perfeitamente os textos, deliberadamente interpreta erroneamente e assim os ensina. A ordem de Deus é clara: Não terás outros (falsos) deuses diante de minha face. Deus falava ao povo, da arca da aliança, sentado sobre os querubins (Ex 25,22). A serpente de bronze é prefiguração do próprio Cristo.
Quem de sã consciência pode dizer que viu nos templos católicos imagens de deuses? O que se vê são esculturas e pinturas que retratam homens e mulheres cujas vidas foram pautadas por fé inabalável, submetidas ao sofrimento a até ao martírio de sangue em defesa da fé em Cristo Jesus. Gente como nós, cujo exemplo e testemunho de fé devem ser seguidos. Nossa doutrina ensina que logo após a morte vem o julgamento (juízo particular) e aqueles se encontram certamente nos braços do Pai. “Vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. Foi lhes dado vestes brancas e foi dito que aguardassem um pouco mais, até que se completasse o número dos companheiros mártires”. (Apocalipse 6,9-11) – “Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua; conservavam-se de pé diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas nas mãos. Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite no seu templo. Aquele assentado no trono os abrigará em sua tenda”. (Ap 7,9.14-15).
Estão ou não na glória? Ninguém está em estado cataléptico aguardando o juízo final. Já foram julgados pelo Justo Juiz e encontraram graça diante do Altíssimo. O juízo final ocorrerá na parusia de Jesus, quando os que estiverem sobre a face da terra serão arrebatados ao céu ou lançados ao fogo do inferno.
“As imagens do culto católico não são de ídolos; não são feitas para serem adoradas. São veneradas com carinho para recordar o próprio Jesus Cristo, sua mãe, ou alguém que o seguiu de forma extraordinária, a quem chamamos de santos. Com as imagens, relembramos seus feitos, seus ensinamentos. Os fiéis têm por elas veneração, isto é, respeito, admiração, consideração. – O mesmo respeito que têm pela fotografia de uma pessoa que lhes é querida”. Estas são palavras de D. Murilo Krieger, bispo, autoridade eclesial, sendo, portanto voz da Igreja. Imagens nos mostram onde Deus agiu.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Uma fé viva vence a superstição



Vi ou ouvi, não lembro quando, a frase: quando a chama da fé enfraquece, acende a lâmpada da superstição. Fé é a iluminação interior que nos faz crer naquilo que não vemos e/ou ainda não aconteceu. Superstição é crendice, ideia falsa a respeito do sobrenatural. Pela fé, nós cristãos cremos e aceitamos a encarnação da Palavra Viva, Jesus; também pela fé cremos que sua morte de cruz é penhor de salvação para todos; cremos na sua ascensão aos céus e no seu retorno. Ainda pela fé, nós católicos acreditamos na presença real de Jesus na Eucaristia. Portanto, Jesus e seu sacrifício salvífico são o centro da fé cristã.  
Nós católicos cremos também na intercessão dos santos e dos anjos, mas isso não invalida a premissa de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. Isso porque essa intercessão passa por Jesus, ou seja, é efetuada em nome e através de Jesus; de outra forma seria ineficaz, na realidade impossível. Jesus é a ponte que faz chegar ao Pai a súplica dos intercessores, sejam os santos no céu ou nós na terra.
Aqui está de maneira super resumida o âmago da nossa fé. Não é questão dogmática nem doutrinária, é pura e simplesmente questão fundamental da fé cristã. O que estiver fora disso intrinsicamente é contrário aos ensinamentos da Igreja.
A superstição onde entra? Já mencionamos aqui a respeito dos folhetos contendo correntes de oração, novenas às almas aflitas, orações (ditas) poderosas – não de intercessão, mas de atuação efetiva de santos populares – deixadas na matriz paroquial. Quando as encontro, rasgo-as e jogo no lixo. Certa vez ao fazer isso, fui interpelado por alguém que deixara tais correntes; com paciência e afabilidade, apesar de certo destempero inicial da pessoa, expliquei-lhe que aquilo não era o modo adequado de culto, aproveitando a ocasião para anunciar o querigma. Tal pessoa acalmou-se, ouvindo com atenção a explanação que culminou numa catequese básica.  
Por que relato este episódio? Porque muitas pessoas não conhecem sequer o básico, os fundamentos da fé.  Sua fé é fraca, incipiente; não há luz suficiente, apenas um lusco fusco. Aí então, como diz o ditado, a lâmpada da superstição se acende e acende forte. O tipo de superstição comentado é apenas o mais leve. Há piores, totalmente contrários à doutrina da Igreja, tais como a crença em horóscopos, benzedeiras, quiromancia, cristais energéticos, sem citar as falsas doutrinas.
Amados irmãos e irmãs, nos esforcemos para aprender ao menos o mínimo necessário para professar a nossa fé com autoridade e segurança. Sejamos íntimos da Palavra de Deus na leitura diária da Bíblia, aumentando assim a intensidade da fé; consultemos regularmente o CIC (Catecismo da Igreja Católica) para conhecer melhor o que nos ensina a Igreja a respeito dos dogmas e da escritura sagrada.   Assim a chama da fé é intensamente aumentada, iluminando mais e mais nosso coração, nossa mente, e apagando de vez a lâmpada da superstição.


sexta-feira, 5 de julho de 2019

Miserere



Ouvi gente dizendo que o terremoto  acontecido no Haiti foi castigo de Deus. Entre outras bobagens, o que chamou mais atenção foi a suposição de que a prática do vodu tenha sido o motivo da tragédia. Deus todo poderoso teria castigado os pagãos! Como vimos anteriormente, Deus não castiga ninguém.
Cataclismos acontecem; as forças da natureza são incontroláveis. Porém as consequências, a dimensão das tragédias são responsabilidade humana. O homem ainda não encontrou, apesar de toda ciência e tecnologia disponíveis, meios de controlar os fenômenos meteorológicos e atmosféricos, ou seja, não conseguimos controlar a natureza. Mas ainda assim, o grande responsável pelos desastres naturais é o homem. O homem desmata, assoreia cursos d’água, aplaina elevações, causa erosão. Construímos onde não se deve; em encostas instáveis, em várzeas de rios, no sopé de vulcões. Cidades são erigidas sobre falhas geológicas notadamente conhecidas.
E no caso do Haiti? Sem minimizar o poder destrutivo do terremoto, o grande fator que potencializou a tragédia haitiana é a miséria. No inicio do século vinte os americanos ocuparam o Haiti. Defendendo seus interesses, preocuparam-se apenas com o aspecto geopolítico; o povo haitiano...  bem, o povo haitiano que se lixasse... são negros, pobres, incultos... Pobre Haiti: explorado pelos colonizadores franceses, explorados como mão de obra barata pelos americanos, explorados pelos compatriotas da dinastia “Doc” e seus “tonton macoutes”. Se o país tivesse infra-estrutura, instituições operantes, uma defesa civil organizada, por certo a dimensão da catástrofe seria bem menor.
Não, o terremoto não foi castigo de Deus.  Mas as consequências foram resultado do pecado. Não o pecado do sempre sofrido povo do Haiti, mas o pecado do resto do mundo. Mundo que gasta bilhões de dólares, euros, iens, em pesquisas inúteis, dispende fortunas em armamentos, em guerras sem sentido e ignora povos que vivem em situação de miséria extrema. O responsável pela tragédia haitiana não foi Deus. Fomos nós.    
 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

OS DOIS CAMINHOS



“Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores.
Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite.
Ele é como a árvore plantada na margem das correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende prospera.
Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva.
Por isso não suportarão o juízo, nem permanecerão os pecadores na assembléia dos justos.
Porque o Senhor vela pelo caminho dos justos, ao passo que o dos ímpios leva à perdição.”(Salmo 1)
Eis nesse salmo a inevitável dicotomia bem e mal, pecado e virtude, justiça e iniquidade. Nossa vida se apresenta assim mesmo, ser ou não ser, ir ou não ir. Nossa vida é feita de escolhas e dependendo da opção feita, caminhamos firme ou tropeçamos. Assim sendo, é como se diante de nós se apresentassem duas estradas, dois caminhos a seguir. Ninguém, nem Deus nos obriga a ir por essa ou aquela, somos livres para escolher nosso caminho e a opção feita é inteiramente responsabilidade nossa. Somos livres até mesmo para errar; até para pecar, se bem que ao escolher o pecado nos tornamos escravos dele.
As estradas propostas são divergentes e levam a destinos longínquos entre si. Uma conduz a porta estreita, outra ao caminho largo da perdição. (cf. Mt 7,13-14). Ao longo da jornada estes caminhos se interligam; é possível passar de um a outro a qualquer tempo.  Se escolhemos o caminho errado, percebemos o erro e resolvemos mudar,   podemos tomar a trilha que leva ao outro caminho e desta vez na estrada certa continuar a caminhada. Por outro lado, ao estar no rumo certo, nos momento de indecisão, dúvida, ou abalos, não poucos enveredam por outros caminhos e acabam se dirigindo a perdição.
Portanto, enquanto caminhamos não temos certeza de nada. Assim, por nossos méritos nada podemos afirmar a respeito de salvação ou condenação. A certeza da salvação não existe enquanto não se chega ao fim do caminho, até porque a pretensa certeza da salvação por si só é um grande perigo, pois essa pretensão leva ao descuido e isso é causa de queda para muitos (Orar e vigiar...). Da mesma forma jamais podemos dizer que este ou aquele está irremediavelmente perdido, pois a conversão pode ocorrer no último instante e só Deus sonda e conhece os corações (Ainda hoje estarás comigo no paraíso...).
Sendo assim se quisermos prosseguir no rumo que leva à porta estreita, caminho difícil e muitas vezes pedregoso, cheio de dificuldades, não podemos fazê-lo sozinhos; esse caminhar só é possível de mãos dadas com Jesus, guiados pelo Espírito Santo rumo ao Pai. Sós, a estrada se nos apresenta tortuosa e com montanhas que nos parecem intransponíveis; com Jesus a estrada se apresenta reta e os montes são aplainados, toda dificuldade do caminho se extingue e o caminhar se faz com alegria, pois o Senhor vela pelo nosso caminho.