No
início do ano de 2010 o noticiário nos deu conhecimento do assassinato do
cartunista Glauco e seu filho Raoni. O assassino era conhecido da família; o
jovem, viciado em drogas e aparentemente psicopata, segundo os familiares e
amigos do morto, fazia “tratamento” para livrar-se das drogas na igreja (?) Céu
de Maria, ligada ao Santo Daime.
Como
pretender que alguém se livre das drogas numa suposta religião em que o rito
principal é a ingestão de um chá alucinógeno, o ayahuasca? Absurdo dos absurdos. Também absurdo e estranho fora a decisão do
CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) de retirar o ayahuasca da lista de drogas
alucinógenas, conforme publicado no Diário Oficial da União em 10/11/2004.
Ainda no terreno do absurdo e imoral, em 2008 o então Ministro da Cultura Sr.
Gilberto Gil solicitou ao IPHAN que considerasse o uso do chá ayahuasca patrimônio
imaterial da cultura brasileira.
Imaginemos
a seguinte situação: uma seita qualquer recém fundada, após suposta revelação
divina, resolve utilizar a maconha em seus rituais, queimando-a nos turíbulos como incenso. Haveria doutos
ministros de estado apregoando o uso da maconha, ao menos nos rituais
religiosos? Sugeririam o uso de drogas
como patrimônio nacional? Triste país seria (ou será?) esse.
Grande
é o perigo das seitas. No entanto nosso povo – aqui não refiro ao povo como um
todo, sim ao povo cristão, de modo
particular o povo católico – não se dá conta disso. Muitos se deixam enganar,
se iludem com promessas de facilidades, com promessas de prosperidade, com
pacotes de prodígios, kits de milagres. Há seitas de todo tipo, para todos os
gostos: pseudocristãs, esotéricas, agnósticas, etc. O povo ingênuo e aspirando
por coisas espirituais, carente, necessitado de todo tipo de bens (materiais e
afetivos) é presa fácil para estes rapinantes. Não digo que existam religiões
boas ou más, verdadeiras ou não. Digo, afirmo com toda convicção, só existe um grande
grupo religioso (religio = religar; religar com o criador, voltar às origens). Não
importa como seja denominada: islâmica, judaica ou cristã. Estas têm origem
comum e cultuam o mesmo e único Deus, originam-se do mesmo patriarca: Abraão.
No entanto, a religião autêntica é a religião do amor. Sem desmerecer os
judeus, nossos pais na fé, essa religião é o cristianismo (Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho único para morrer por ele.-cf. Jo 3,16ss). Se a religião
que prega o amor, a tolerância entre todos os povos e nações aqui está, se
notadamente uma Igreja milenar, presente deste os primórdios do cristianismo,
assoma entre outras (as da reforma e do cisma) porque razão tantos católicos e também
outros cristãos se deixam seduzir e são fisgados pelos arpões afiados das
seitas? Porque, repetindo, carecem de todo tipo de necessidades. Carecem de
bens materiais (alguns na verdade são gananciosos) e são cooptados pelos
pregadores da teologia da prosperidade. Carecem de saúde e são enganados pelos
curandeiros de plantão e pregadores de falsos milagres. Carecem de vínculos
afetivos e são maliciosamente acolhidos por falsos irmãos. Carecem de espiritualidade
e são iludidos por falsos profetas. E
quase todos, a grande maioria, carece de fé. Fé verdadeira, fé vivida, fé
experimentada. Carecem desta forma do conhecimento da verdadeira doutrina
cristã. Não sabem, ou não querem saber, que Jesus Cristo nunca ofereceu
riquezas materiais, nunca ofereceu benesses aqui na terra, nunca prometeu vida
farta. Não sabem, talvez não queiram saber, que a riqueza a que Jesus se referia
era a eterna glória junto ao Pai, que a vida plena e abundante era vida
abundante de graças e bens espirituais, e que toda cura, toda libertação visava
algo maior e mais abrangente: a salvação da alma. Tudo isto foi refletido, para
como diz o apóstolo S. Paulo na carta ao povo de Éfeso: “Não continuemos como crianças ao sabor das ondas, agitadas por
qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus
artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade cresçamos em
todos os sentidos naquele que é a cabeça, o Cristo”. (Ef 4,14-15).
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