Não
extingais o Espírito:
as
resistências geradas pelo estilo de vida atual
O bloqueio ao exercício da escuta a Deus pode ter muitos motivos e um dos aspectos que é importante ser abordado refere-se ao estilo de vida a que estamos submetidos e como isso nos afasta das coisas espirituais. Acompanhe o trecho, tirado do capítulo 2 do livro “Não extingais o Espírito” de Renato Menghi.
“Em 1989, Francis Fukuyama publicou um artigo intitulado “O Fim da História”. Nele, afirmava que o desmoronamento do aparelho soviético e a propagação de uma cultura de consumo no leste da Europa significavam a vitória do sistema capitalista, o que poderia ser visto como o fim da procura por um tipo de sociedade ideal. Ele próprio reviu esses pensamentos posteriormente, mas as proposições desse artigo desencadearam um grande debate na sociedade.
Até que surjam possibilidades de organização social que modifiquem o painel atual, uma pergunta permanece: será que somos por natureza afeitos à concorrência e à competição? Será que a cultura do consumo está nos satisfazendo como estilo de vida pessoal e social? Quando observamos o quadro atual da nossa sociedade vemos, entretanto, muitos problemas que apontam para o fato de que estamos ainda muito longe da satisfação. Não gostaria de fazer uma lista, mas somente para que nos lembremos de alguns, podemos ver a escalada da depressão, das drogas, do esfacelamento de tantas famílias, da violência urbana etc.
Temos percebido também, quanto ao consumo de bens e à busca por melhores condições financeiras, que não se chega nunca a atingir uma condição ideal, pois muitas pessoas que possuem diversos recursos materiais nunca parecem satisfeitos, querem sempre mais e, muitas vezes, chegam a utilizar estratégias bastante questionáveis eticamente para satisfazerem suas aspirações.
O estilo de vida a que estamos submetidos nos tem levado a estudar mais, trabalhar mais, esforçar-se sempre mais; de forma que se há algo que parece sempre nos faltar é tempo. Vemos tanta gente tão atarefada que pedir a elas para que dediquem mais tempo à oração pode parecer-lhes um anacronismo ou até mesmo uma proposta escandalosa.
O estilo de vida atual parece não combinar com espiritualidade e oração. Quando podemos dispor de algum tempo, que não seja para as coisas urgentes ou próprias da relação de produção e consumo, parece que necessitamos gastá-lo nos anestesiando com programas de TV que não sejam muito sérios, pois de séria já basta a vida cotidiana, ou então com banalidades na Internet, conversas sem muita profundidade, entre tantos outros. É por isso que a indústria da “cultura inútil” prospera.
Se juntarmos esses fatores a outros, como o da violência das ruas que nos impede muitas vezes de participar de uma comunidade, ao do cansaço e doenças causadas pelo estilo de vida estressante, e a tantos outros elementos próprios da vida atual que nos afastam da oração comunitária e pessoal, percebemos que a cada dia podemos ficar ainda mais longe de desenvolvermos uma vida espiritual mais rica e profunda.
Todos esses fatores, como também outros que não aparecem aqui, podem nos levar aresistir aos dons de Deus em nossas vidas. Às vezes, vemos como que a existência de dois mundos paralelos: um da vida cristã e outro da vida no mundo. Nem todos respiram esses ares tão antepostos, mas muitos de nós trabalham em lugares onde praticamente nem se pode falar em Deus; muitos convivem com pessoas que externam verdadeira aversão às coisas religiosas; nos ambientes de universidades e faculdades, muitas vezes, se percebe uma espécie de ressentimento e repulsa à religião. Além disso, muitos de nós tem em suas próprias casas a experiência da rejeição a Deus e à Igreja.
Evidentemente, temos que abrir passagens entre esses mundos paralelos nos lembrando de que todos os espaços são nossos campos de missão. Mas, sem dúvida, essas coisas também nos abalam. Respiramos tanta rejeição a Deus e à Igreja que isso também pode nos afastar de uma vida mais voltada à espiritualidade. Por isso que muitos não conseguem desenvolver os carismas, pois quando chegam aos Grupos de Oração ou aos eventos da RCC se sentem “tão secos” por dentro que parecem chegar de um deserto. Vieram de lugares tão áridos da espiritualidade cristã que não querem outra coisa senão beber da água do Espírito, ou podem até estar em condições ainda pior, de forma que essa “água” lhes pareça agora de sabor estranho.
Não há novidades para se propor no alcance da vitória sobre essas resistências, pois já sabemos sobre muitas coisas que devemos fazer: ler a Bíblia, orar constantemente, confessar, comungar, viver em comunidade etc. Todos esses meios são como que vitaminas a nos fortalecer para que ultrapassemos as resistências à ação do Espírito Santo.”
O livro “Não extingais o Espírito” está disponível na Editora RCCBRASIL-www.rccbrasil.org.br
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