Um
ditado popular diz: "O peixe morre pela boca". O quanto há
de verdadeiro nesta metáfora? A Bíblia em Tiago 3,5-6 diz
claramente que a língua pode ser causa de perdição. Esse pequeno
membro pode fazer tanto estrago na vida das pessoas tanto quando uma
arma letal. Parece exagero, mas não é; uma arma fere o corpo, pode
ou não deixar sequelas que com tratamento médico adequado são
com relativa facilidade curadas ou minimizadas. A língua pode não
ferir e realmente não fere o corpo, mas geralmente fere e fere
profundamente a alma, trazendo consequencias graves ao emocional e
na psique das pessoas vitimadas por injurias e agressões verbais.
Sim,
o peixe morre pela boca e o difamador, o fofoqueiro, o maldizente, o
falastrão também. "A língua contamina todo o corpo e
inflamada pelo inferno incendeia o curso de nossa vida" (cf.
Tg 3,6). Isto é uma advertencia aos contumazes usuários das
palavras de maldição, das ameaças, das ofensas, das mentiras
difamatórias, do julgamento, enfim, do uso da língua como
instrumento de maldade, não de bençãos.
Neste
contexto podemos citar também a passagem bíblica em Mt 7,1-5: "Não
julgueis e não sereis julgados; porque do mesmo modo que julgardes
sereis também vós julgados e com a mesma medida que medirdes sereis
vós medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e
não vês a trave que está no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave
que está no teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do
teu irmão". Carissimos
irmãos, o Senhor aqui nos adverte que devemos ser caridosos e
prudentes com as atitudes dos outros. Isto não significa ser
complacente com os erros, mas antes de emitir qualquer juízo de
valor, olhar para si mesmo numa auto análise crítica e perceber
que muito daquilo que criticamos nos outros é inerente a nós
mesmos. Assim, no âmago da questão observamos que os que criticam e
julgam já condenando, estão na verdade projetando sua própria
idiossincrasia. É um ato de defesa; ataco primeiro e diminuo as
chances de ser atacado. Desnudo o adversário e me revisto de uma
capa de integridade. É verdadeiramente uma estratégia de
dissimulação, na medida em que aponto os defeitos do outro enquanto
escondo os meus.
Por isso as palavras duras de Jesus, que não são acusatórias,
entrementes são palavras de advertência que nos levam a refletir,
examinar minuciosamente nossa consciência para que possamos nos
livrar da tendência perniciosa da julgar o próximo. Afinal a boca
fala daquilo que o coração está cheio. Se comemos cebola nosso
hálito certamente não será de hortelã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário