“É infrutífero falar da
contraposição entre razão e a fé. A razão é ela mesma uma questão de fé. É um
ato de fé asseverar que nossos pensamentos têm alguma relação com a realidade”.
(Gilbert Chesterton).
Nós católicos, apesar de sabermos que os mistérios divinos colocam a fé
acima da razão, não nos esquecemos de que somos seres racionais e como tal, em
muitas questões usamos da razão em contraponto à emoção – o que não contraria
nossa posição de homens de fé – porque como corpo material, somos submetidos às
leis materiais, as ciências naturais que, aliás, não é ciência do homem como
muitos alegam, porém ciência de Deus dada a conhecer aos homens. Nesse aspecto,
a mística dos milagres só é aceita pela Igreja, no âmbito da fé após
ratificação dos fundamentos bíblico-teológicos, e no contexto racional após
comprovação cientifica quando há mudanças radicais no curso dos fenômenos
naturais.
O que se faz no método
científico é obter dados sobre os fenômenos estudados, buscando padrões,
tentando entendê-los. Então hipóteses são formuladas, e desenvolvem-se
experimentos que venham a confirmar (ou não) as várias hipóteses. Mas esses
passos não podem ser seguidos se não houver a crença que o universo é ordenado:
“Mas tudo dispuseste com medida,
quantidade e peso” (Sb 11,20).
Muitos consideram a sabedoria do
mundo incompatível com a sabedoria divina. Veem uma como boa e a outra como má.
Realmente, se não formos cuidadosos em nossos critérios e discernimento,
podemos aceitar essa noção. Mas será isso verdadeiro? O próprio Jesus, ele
mesmo, não exerceu de certa forma a sabedoria do mundo em sua vida? Podemos
refletir como ele compôs parábolas sobre o cotidiano da época em que viveu
entre nós. Consideremos também sua esperteza ao argumentar com seus opositores.
Jesus estava enraizado no mundo real, apesar de sua mente e coração estarem
abertos ao Espírito. O que faz a sabedoria do mundo perigosa é a intenção
oculta por trás dela. Estamos caminhando com justiça, integridade, compaixão?
Estamos preocupados com o bem comum? Ou apenas usamos nossos dons de sabedoria
para nosso ganho e prazer pessoal? Se Jesus reina em nosso coração, então
assumirá nossa sabedoria e experiência e a usará para seu reino e a glória do
Pai.
A ciência quer ver para crer, a fé crer para ver. A fé não é tanto
compreensão; É mais aceitação do que não compreendemos e nisso reside o mérito
da fé. (Felizes os que creem sem ter visto...). Muitas coisas não sabemos, não conhecemos e
talvez só venhamos a conhecer quando estivermos face a face com Deus. Enquanto
esse momento não chega, vivamos a convicção da nossa fé com intensidade, com
esperança e com amor!
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