Qual o
argumento dos protestantes por não observarem tais normas. Não deixa de ser
curioso o fato de que não existe uma revogação bíblica destas normas, e,
portanto, os protestantes (adeptos da ?sola scriptura?) deveriam observá-las.
No entanto, não as observam. Revogaram-nas por conta própria. E, ainda por
cima, nos acusam de “doutrinas antibíblicas”…
Nada mais antibíblico, dentro do tenebroso mundo da ?sola scriptura”, do
que não seguir as normas de At 15, 19-21…
Bem, prossigamos. Este Concílio, portanto, foi exemplar por três
motivos:
a) narra uma intervenção solene de São Pedro, acatada por todos e
obedecida até pelos protestantes hodiernos, ilustrando a infalibilidade papal;
b) narra a instituição de uma norma de fé por todo o concílio (qual
seja: a abstenção de uniões ilegítimas), igualmente seguida por todos até hoje,
o que ilustra a infalibilidade conciliar;
c) narra a instituição de normas pastorais, que se impuseram aos
cristãos e que deixaram, com o tempo de serem seguidas, muito embora constem da
Bíblia sem jamais terem sido, biblicamente, revogadas (o que, por óbvio, não
cabe dentro do “sola scriptura”).
Ao fim do Concílio, portanto, e de uma certa forma, os dois lados
estavam profundamente desgostosos. Em primeiro lugar, o grupo dos judaizantes
teve que aceitar a tese de São Paulo como sendo ortodoxa. Afinal, São Pedro em
pessoa o afirmara e, diante das palavras dele, a opinião de São Tiago não tinha
lá grande importância. Como católicos que eram, curvaram-se, assim como o
próprio São Tiago se curvou.
Imaginemos se fossem protestantes. Afirmariam que não há base
escriturística para a afirmação de São Pedro. Que, sem versículos bíblicos (do
cânon de Jerusalém, ainda por cima!), não acatariam aquela solene definição
dogmática. Que São Pedro, sendo uma mera “pedrinha”, não tinha poder de ligar e
de desligar coisa nenhuma, muito embora Jesus houvesse dito que ele o tinha.
Afirmariam, ainda, que todos os cristãos são iguais, e que, portanto, São Tiago
era tão confiável quanto São Pedro, pelo que a palavra deste não poderia
prevalecer sobre a daquele, principalmente quando todas as Escrituras diziam o
contrário.
Por fim, criariam uma nova Igreja. A Igreja do Apóstolo Tiago,
verdadeiramente cristã, alheia aos erros do papado desde o princípio.
Imaginemos, agora, o lado dos discípulos de São Paulo. É verdade que sua
tese saiu vitoriosa do Concílio, mas, em compensação, tiveram que acatar as
normas pastorais de cunho nitidamente judaizante. Como bons católicos que eram,
entenderam que a Igreja foi constituída pastora de nossas almas e que,
portanto, tais normas eram de cumprimento obrigatório.
Imaginemos, agora, se fossem protestantes. Afirmariam que São Paulo teve
uma “experiência pessoal” com Jesus e que, nesta experiência, o Senhor lhe
dissera que ninguém deveria se preocupar com o que come ou com o que bebe. Além
disto, a experiência cristã é, eminentemente, espiritual e não pode sem
conspurcada ou auxiliada por coisas tão baixas como a matéria (muitos
protestantes, na mais pura linha gnóstica, têm horror a tudo o que é material).
Portanto, este Concílio estava negando a verdade cristã, pelo que não se
sentiriam obrigados a coisa alguma nele definida.
Acabariam, finalmente, fundando uma nova Igreja. A “Igreja Em Cristo,
Somos Mais do que Livres”, ou “Igreja Deus é Liberdade.”
Este foi o primeiro concílio da Igreja. Realizado por volta do ano 59
d.C., e narrado na Bíblia. Portanto, é “cristianismo primitivo” para
protestante nenhum botar defeito!
Neste ponto, perguntamos: os protestantes realizam concílios para
resolverem divergências doutrinárias? Sabemos que não. Então, como os
protestantes podem avocar um pretenso retorno ao “cristianismo primitivo” se
não resolvem suas pendências como os primitivos cristãos? Somente por aí já se
percebe que a “teoria do resgate” não passa de uma desculpa de quem,
orgulhosamente, não quer aderir à Verdade. (continua...)