Um homem católico, mas nem tanto, queixava-se que
frequentava a igreja havia mais de trinta anos e nesse período embora tenha
ouvido cerca de três mil sermões, palestras e pregações, não se lembrava de
nada que tivesse ouvido. Dizia que fora infrutífera sua frequência à igreja e
que havia perdido seu tempo. Segundo ele as pregações não haviam servido para
nada, não obstante reconhecer que algo em sua vida mudara, segundo ele devido a
sua própria força de vontade e, reconhecendo, em parte devido as orações que
ouvia e fazia.
Este mesmo homem, casado há mais de trinta anos, serviu-se
de aproximadamente trinta mil refeições preparadas com carinho por sua esposa e
certamente não se lembrava do cardápio de cada uma delas. Mesmo assim era bem nutrido e saudável.
Não se lembrava do
que havia comido, mas independente disso estava muito bem alimentado; se não o
fosse teria morrido a míngua, seu corpo, sua carne sucumbiria. Não se lembrava
de uma palavra que havia lhe sido pregada, porém algo em si mudara. Por certo
essa mudança foi por força da palavra anunciada. Sem o que havia ouvido e não
guardara na memória seu espírito teria fraquejado, minguado.
Da mesma forma que o alimento ingerido age em nosso físico,
a Palavra anunciada age com poder em nossa área espiritual, independentemente
de ser lembrada por toda a vida ou esquecida no dia seguinte. O que importa aí
é a receptividade do coração. Se nos abrimos ao novo do Senhor em nossa vida,
se os ouvidos conduzem ao coração a mensagem recebida mesmo que a memória
falhe, a ação de Deus pelo Espírito Santo se efetuará em nós, pois somos
templos vivos do Espírito.
Se vamos a igreja de coração fechado, endurecido, capengas
na fé, por certo a palavra, seja qual for, não penetrará nosso coração. Assim,
sem nenhuma abertura à ação do Espírito Santo nada edificante ocorrerá em nossa
vida. Se comemos nossa refeição e ela não fica retida no estômago, se em
seguida vomitamos, de nada serve o alimento.
Assim acontece com as pregações que ouvimos e não apreendemos; é como se
fosse uma bulimia espiritual.
Portanto não é tão importante lembrar-se de cada palavra,
cada frase, decorar uma pregação que ouvimos (até porque só conseguimos guardar
cerca de trinta por cento do que é falado); o que importa é estar atento,
interiorizado para se apossar da proclamação e do anúncio no interior, no mais
fundo do coração. Se a memória for boa,
ótimo. Se não, que o coração esteja aberto, receptivo a Boa Nova. Isso é o que
importa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário