Evangelizadores
com espírito quer dizer evangelizadores que se abrem sem medo à ação do
Espírito Santo. No Pentecostes, o Espírito faz os Apóstolos saírem de si mesmos
e transforma-os em anunciadores das maravilhas de Deus, que cada um começa a
entender na própria língua. Além disso, o Espírito Santo infunde a força para
anunciar a novidade do Evangelho com ousadia (parresia), em voz alta e
em todo o tempo e lugar, mesmo contracorrente. Invoquemo-Lo hoje, bem apoiados
na oração, sem a qual toda a ação corre o risco de ficar vã e o anúncio, no fim
de contas, carece de alma. Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa Nova,
não só com palavras mas sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de
Deus.
Evangelizadores
com espírito quer dizer evangelizadores que rezam e trabalham. Do ponto de
vista da evangelização, não servem as propostas místicas desprovidas de um
vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e
pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração. Estas propostas
parciais e desagregadoras alcançam só pequenos grupos e não têm força de ampla
penetração, porque mutilam o Evangelho. É preciso cultivar sempre um espaço
interior que dê sentido cristão ao compromisso e à atividade. Sem momentos prolongados de
adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor,
as tarefas facilmente se esvaziam de significado, quebrantamo-nos com o cansaço
e as dificuldades, e o ardor apaga-se. A Igreja não pode dispensar o pulmão da
oração, e alegra-me imenso que se multipliquem, em todas as instituições
eclesiais, os grupos de oração, de intercessão, de leitura orante da Palavra,
as adorações perpétuas da Eucaristia. Ao mesmo tempo, «há que rejeitar a
tentação duma espiritualidade intimista e individualista, que dificilmente se
coaduna com as exigências da caridade, com a lógica da encarnação». Há o risco de que alguns momentos
de oração se tornem uma desculpa para evitar dedicar a vida à missão, porque a
privatização do estilo de vida pode levar os cristãos a refugiarem-se nalguma
falsa espiritualidade.
(Papa Francisco – Evangelii Gaudium/Cap. V-§259 e 262)
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