O Julgamento Individual
O Dogma Católico do
Juízo Particular e Juízo Final consistem em crermos que, a alma e o corpo se
separam após a morte terrena para o juízo individual. O corpo é sepultado e permanecerá
dormindo até o juízo universal. Enquanto a alma que é imortal, é remetida para
um julgamento até o juízo final.
No Dia do Julgamento
Universal, o corpo acordará diante o chamado de Nosso Senhor e se unirá
novamente a alma. E após o juízo final, cada pessoa irá de corpo e alma para o
seu destino, segundo O Livro da Vida, que todos nós escrevemos do dia de nosso
batismo até a morte.
“Cada homem, em sua alma imortal, recebe sua retribuição eterna a partir
de sua morte, em um juízo particular feito por Cristo, juiz dos vivos e dos
mortos.” 1051
Deste ponto em diante é que acontece a separação do
corpo e da alma. O corpo é sepultado e dorme o sono da morte. Enquanto a alma é
dirigida para o céu, para o inferno ou purgatório (para se purificar) conforme
a fé e as obras de cada pessoa em particular.
“A morte põe fim à vida do
homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo. O Novo
Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do encontro final com
Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição,
imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé.
A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão assim
como outros textos do Novo Testamento, falam de um destino último da alma pode
ser diferente para uns e outros.” 1021
Neste destino último é
que, encontramos a imortalidade da alma, porque Deus criou todas as coisas, mas
nada foi criado para a destruição, e sim para a eternidade. Num sentido de que
o fim do mundo não quer dizer que a terra será destruída, mas que, este planeta
não existirá mais, da forma que o conhecemos, o mundo será transformado para
eternidade. Tal qual a morte é apenas o fim da vida terrena e não da alma.
“Cada homem recebe em sua
alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo
Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de
uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para
condenar-se de imediato para sempre.” 1022
A morte terrestre, por sua
vez, é uma passagem para a vida eterna, uma separação do corpo e da alma que,
somente se reunirão de novo, num tempo/espaço indivisível que acontecerá no
juízo universal.
O Julgamento Universal
“A santíssima Igreja
romana crê e confessa firmemente que no dia do Juízo todos os homens
comparecerão com seu próprio corpo diante do tribunal de Cristo para dar contas
de seus próprios atos. (DS 859, 1549)” 1059
Com este mesmo corpo, templo do Espírito Santo, nos
apresentaremos diante Nosso Senhor Jesus Cristo para o julgamento do Juiz
Supremo que nos enviará por toda a eternidade com este corpo unido a alma
imortal.
“A ressurreição de todos
os mortos, ‘dos justos e dos injustos’ (At 24,15), antecederá o Juízo Final.
Este será ‘à hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e
sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que
tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento’ (Jo 5,28-29).
Então Cristo ‘virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão
reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de separar os homens uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e por as ovelhas à sua
direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo eterno,
e os justos irão para a Vida Eterna’ (Mt 25,31-33.46).” 1038
Quando se fala em
ressurreição, trata-se do ressurgimento do corpo. O corpo que separado da alma
dorme o sono da morte. Portanto, a ressurreição é para o corpo, porque a alma é
criação imortal, espírito e não matéria.
“O Juízo Final acontecerá
por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece à hora e o dia desse
Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele
pronunciará então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos
então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da
salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência
terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça
de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu
amor é mais forte que a morte.”
1040
Por isto, quando Cristo
disse no Evangelho: “Eu o ressuscitarei
no último dia.” (Jo 6, 54) Nosso Senhor está se referindo exatamente ao
corpo que será reunido a alma e ressurgido para o último dia, o juízo final.
“Ao vir no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, Cristo
glorioso revelará a disposição secreta dos corações e retribuirá a cada um
conforme suas obras e segundo tiver acolhido ou rejeitado a sua graça.” 682
Assim como a fé sem as
obras é morta (cf. Tg 2, 26), o corpo sem a alma é morto. O que acontecerá no juízo
final é que, exatamente como é preciso fé e obras para a salvação, será preciso
o corpo e a alma para a ressurreição. A alma também ressurge, assim como o
corpo, mas, diferente do corpo que dorme a alma professa a vida eterna.
Os Juízos: separação e união do
corpo e da alma
Quando
Nosso Senhor voltar em sua glória e majestade, e chamar os vivos e os mortos,
os grandes e os pequenos para o julgamento universal, ocorrerá que, este filho
de Deus ressuscitará em corpo e alma, assim como Cristo Jesus ressuscitou em
carne: (cf. Mt 28, 2-6. 9; Mc 16, 1-7; Lc 24, 36-43; Jo 20, 26-29).
“Pela morte, a alma é separada do corpo, mas na ressurreição Deus
restituirá a vida incorruptível em nosso corpo transformado, unindo-o novamente
á nossa alma. Assim como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós
ressuscitaremos no último dia.” 1016
“Que é ‘ressuscitar’? Na
morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção,
ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser
novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá
definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os às nossas
almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus.” 997
“De que maneira?
Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: ‘Vede as minhas mãos e os meus pés:
sou eu! ’ (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma,
nele ‘ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora’; porém, este corpo
será ‘transfigurado em corpo de g1ória’, em ‘corpo espiritual’ (1Cor 15, 44):
Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam? Insensato!
O que semeias não readquire vida a não ser que morra. E o que semeias não é o
corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão de trigo ou de
qualquer outra espécie (...). Semeado corruptível, o corpo ressuscita
incorruptível (...) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (...) Com efeito, é
necessário que este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que este ser
mortal revista a imortalidade (1Cor 15,35-37.42.52-53).” 999
“Quando? Definitivamente
‘no último dia’ (Jo 6,39-40.44-54); ‘no fim do mundo’. Com efeito, a
ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia de Cristo: Quando
o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer
do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4,16).” 1001
A Palavra: Todo o Juízo
Nosso Senhor Jesus Cristo
nos evidencia a separação do corpo e da alma:
“Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei
antes aquele que destruir a alma e o corpo na Geena.” (Mateus 10, 28)
Na presença dos apóstolos
O Messias de Deus se transfigura e recebe Moisés, falecido há mil anos, prova
de que a alma é imortal:
“Passados uns oitos dias,
Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto
orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes
de brancura. E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias,
que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de
cumprir em
Jerusalém. Entretanto , Pedro e seus companheiros tinham-se
deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois
personagens em sua companhia. Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse:
Mestre é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para
Moisés e outra para Elias!... Ele não sabia o que dizia. Enquanto ainda assim
falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos,
vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor. Então da nuvem saiu uma
voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o! E, enquanto ainda ressoava esta
voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram
naqueles dias coisa alguma do que tinham visto.” (Lucas 9, 28-36)
A alma não poderia nunca estar dormindo, pelo
simples fato de que, o pobre Lázaro e o rico passaram por seus juízos
particulares logo após a morte e são destinados a lugares distintos na morte
terrena:
“Havia um homem rico que
se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquetes todos os dias. E um pobre,
chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. Ele queria
matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico... Até os cães iam
lamber-lhe as feridas. Aconteceu que o pobre morreu o e os anjos o levaram para
o seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. No inferno em meio aos
tormentos, o rico levantou os olhos e viu, de longe, Abraão com Lázaro ao seu
lado. Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar
a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. Mas
Abraão respondeu: ‘Lembra-se, filho: você recebeu teus bens durante a vida,
enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui e você é
atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém
desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam
atravessar até nós. O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa
de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabe
também eles vindo para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm
Moisés e os profetas; que os escutem! ’ O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se
um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se
eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite,
eles não ficarão convencidos’.” (Lucas 16, 19 –31)
Cristo Senhor garante a São Dimas (o bom
ladrão), primeiro santo canonizado pela Santa Igreja em 155 que, na separação
do corpo e da alma, esta alma passa por um julgamento particular, logo depois
que o corpo falece:
“Um dos malfeitores suspensos á cruz o insultava, dizendo: ‘Não és tu o
Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós. ’ Mas o outro, tomando a palavra, o
repreendia: ‘Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a
nós, é de justiça; estamos pagando por nossos atos; mas ele não fez nenhum
mal.” E acrescentou: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino. ’
Ele respondeu: ‘Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso.’”
(Lucas 23, 39-43)
Cheio do Espírito Santo. Portanto, com a ação do mesmo
Espírito, Santo Estevão, o primeiro mártir da Madre Igreja, viu Cristo a sua
espera para o juízo individual. O mártir ainda nos dá testemunho disto em vida. Ao ser martirizado
Santo Estevão entrega o espírito ao Pai Eterno, na separação do corpo e da
alma. E o corpo adormeceu. Enquanto a alma foi entregue ao Juiz Sumo para o
julgamento particular:
“Ouvindo tais coisas,
indignaram-se nos seus corações, e rangiam os dentes contra Estevão. Ele,
porém, repleto do Espírito Santo, olhando para o céu, viu a glória de Deus e
Jesus de pé á direita de Deus, e disse: ‘Eu vejo os céus abertos e o Filho do
Homem de pé á direita de Deus. ’ Dando grandes gritos, eles taparam os ouvidos
e, todos precipitaram-se contra ele, empurraram-no para fora da cidade e
puseram-se a apedrejá-lo. As testemunhas tinham dispostos suas vestes aos pés
de um jovem chamado Saulo. E enquanto era apedrejado, Estevão fazia esta
invocação: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito. ’ Depois dobrou os joelhos e
clamou em alta voz: ‘Senhor, não lhes imputes este pecado. ’ E ao dizer isto,
adormeceu.” (Atos dos Apóstolos 7, 54-60)
Todos nós ressuscitaremos para o juízo final com o
corpo e alma novamente unidos e, desta vez, em uma união eterna:
“Vi depois um grande trono
branco e aquele que nele se assenta. O céu e a terra fugiram de sua presença,
sem deixar vestígios. Vi então os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do
trono, e abriam-se livros. Também foi aberto um outro livro, o livro da vida.
Os mortos foram julgados conforme sua conduta, a partir do que estava escrito
nos livros. (Apocalipse 20, 11-12)
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