Conhecemos o amor de Deus. O incomparável e infinito amor
que só pode vir do coração inigualável do Pai Criador de tudo e de todos. Assim
fomos criados, nessa fonte inesgotável de amor, pois que Deus é o próprio amor.
Porém há um porém – assim mesmo com pleonasmo e tudo – muitos de nós não
conhecemos ou não queremos aceitar esse amor e assim nos desfiguramos. Nos
desfiguramos porque rejeitamos, desse modo, nossa condição de semelhantes e
imagem do Criador.
A causa maior dessa distorção é oriunda do pecado. Pecado,
que por definição é a transgressão às regras e preceitos; regras e preceitos
estabelecidas por Deus, da mesma forma que os pais estabelecem regras e limites
para os filhos. Pois bem, desobedecemos, transgredimos, erramos o alvo às vezes
até mirando no que julgamos certo, enfim, pecamos. E com o pecado nos afastamos da graça,
repudiamos na verdade a graça. Deus faz chover copiosamente sua graça sobre
todos, porém o pecado é como um guarda chuvas aberto. Se nos arrependemos, é
como se fechássemos a umbrela e a graça divina nos envolve e inunda. A Bíblia
diz que onde o pecado é abundante é superabundante a graça.
Basta o arrependimento e confissão dos pecados para sermos
perdoados? De certa forma sim. Como de certa forma? Porque o arrependimento e
confissão são condições, mas isso só é possível porque alguém carregou por nós
as nossas iniquidades, traições, nossos erros, faltas, nossa presunção, orgulho,
ingratidão, nossas mazelas. Sobre ele pesou o castigo que nos salva; espoliou
principados e potestades, venceu a morte, triunfou sobre todos pela cruz: “Mortos pelos vossos pecados e pela
incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele.
É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra
nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente ao encrava-lo
na cruz” (Colossenses 2,13-14).
Temos convicção através da fé, esse dom que nos faz crer
mesmo sem ter visto, que Jesus na cruz salvou a todos. A fé em Jesus Salvador é
primordial, mas a fé em si só não basta, é preciso vivê-la, experimencia-la.
Viver a fé é fazer a vontade do Pai por Jesus. Amar a Deus acima de tudo e ao
próximo como a si mesmo; doar-se, entregar-se sem reservas ao Senhor; perdoar e
ter a humildade de pedir perdão; despojar-se, aceitar a cruz quando esta se
fizer presente; por fim, render preito de gratidão e reconhecimento, louvando a
Deus em toda e qualquer circunstância. Assim mudamos o rumo de nossa vida
iniciando o processo de conversão, que deve ser renovado dia a dia.
Tudo isso, a fé carismática, a conversão diária, a submissão
ao senhorio de Jesus, só é possível pela ação do Espírito Santo. Quando nos
abrimos a ação do Espírito Santo; quando nos deixamos moldar, ser conduzidos,
ser iluminados pelo Espírito, tudo muda; somos renovados, nos tornamos novas
criaturas e como novas criaturas aceitamos o senhorio de Jesus em nossa vida e
com fé e atitude nos convertemos.
Convertidos, mais apropriadamente, a caminho da conversão
total que é a santidade, é necessária a inserção numa comunidade de fé. A
pertença a um movimento eclesial, uma pastoral, um serviço na paróquia, enfim,
desinstalar-se do comodismo e servir a Deus na Igreja do Senhor, anunciando-o,
fazendo seu santo nome conhecido e amado. Diz o Senhor a seus amados: A messe é
grande e os operários são poucos.
(Carlos Nunes)
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