sábado, 29 de dezembro de 2012

A Verdadeira Face de Deus


 
O Deus do antigo testamento é cruel, vingativo, sanguinário. Só uma mente obtusa é capaz de pensar assim. Jesus não veio apresentar um novo Deus, um Deus renovado. Não; ele veio apresentar a verdadeira face do Pai Deus, corrigindo a imagem distorcida que faziam Dele.

Por questões conjunturais, no contexto histórico da época Deus se apresentava com severidade, porém nas entrelinhas se percebe o Deus amoroso que é. O povo de Deus no antigo testamento, este sim de coração empedernido, via então um Deus ciumento, irascível e ávido por sacrifícios e holocaustos penitenciais. A boca fala daquilo que o coração está cheio; assim as mãos escrevem, os olhos enxergam e por aí vai. Seria mais ou menos assim: Deus fala ao profeta que o mal deve ser exterminado. O profeta diz ao povo: exterminem o mal! O povo obediente, mas odiento, extermina os homens que eles julgam maus e não o mal que habita em si mesmo.

A Bíblia é verdadeira Palavra de Deus, porém escrita por mãos humanas; homens que viviam num contexto histórico diferente do nosso. Por isso a necessidade de uma exegese sistemática para o entendimento e visão verdadeira de Deus no antigo testamento. Numa leitura superficial, literal, enxergamos Deus como um ser ciumento e rancoroso; daí o grande perigo do fundamentalismo. Entretanto se aprofundarmos a leitura, buscando compreender o sentido da escritura num contexto histórico-literário da época, conforme o Magistério da Igreja nos ensina, veremos Deus completamente diferente, aí sim, o verdadeiro Deus.   

Jesus Cristo, rosto divino do homem e rosto humano de Deus, veio então mostrar o verdadeiro Deus como sempre foi desde sempre: amoroso, misericordioso, zeloso, bom, fiel a suas promessas, imutável, eterno, glorioso. Para selar definitivamente a aliança feita com seu povo, fez-se carne e habitou entre nós; doou-se. Não exigiu sangue alheio, deu em sacrifício cruento sua própria carne, Jesus, numa prova inconteste de amor.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal 2012


Não estamos publicando textos inéditos neste Natal. No entanto não fiquemos sem a devida reflexão neste dia; estejamos atentos a voz do Senhor. Para tanto sugerimos a leitura das seguintes postagens anteriores:

 

Ágape

Natal

Nem só de pão vive o homem    

Pureza de criança


A todos leitores e seguidores desse blog, nós da equipe de serviço e núcleo do G.O. Jesus Misericórdia e Paz desejamos as bençãos de Deus e um alegre e santo Natal.
Feliz Natal e um ano novo abençoado!
 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Um protesto esquisito




Penso que para que alguém faça algum protesto, mesmo que seja fora da lei e do bom senso, no mínimo que se tenha coerência com o que se diz e se faz.
No dia 19 de abril de 2012 uma pichação causou indignação para grande parte da população da cidade de Santa Helena no Paraná. Três frases escritas em vermelho foram pichadas na parede da Matriz da Igreja Católica desta cidade localizada na região Oeste do Paraná e que tem pouco mais de 23 mil habitantes: “Deus é gay”, “Pequenas Igrejas, Grandes Negócios” e “fuck the religions”. Também fizeram o símbolo da cruz de ponta cabeça, e um símbolo do anarquismo. A Polícia Militar prendeu os três suspeitos de terem praticado o ato de vandalismo.

Ora, Deus é puro espírito, não tem corpo, não é humano; não tem sexo; logo não pode ser heterossexual ou gay. Não sejamos ignorantes.
Sobre “pequenas igrejas e grandes negócios”, pode mesmo ser verdade para alguns casos de exploração do povo; mas não se aplica à Igreja Católica que é uma só: “Una, santa, católica e apostólica”, diz o nosso Credo. Temos um só chefe, o Papa, um Pastor, o bispo, por ele nomeado em cada diocese. Temos um só Credo, uma só Liturgia, e a sucessão apostólica que garante que essa única Igreja veio de Cristo e dos Apóstolos.
Sobre o palavrão escrito em inglês, “fuck the religions”, atacando todas as religiões de modo geral; é preciso dizer que nem todas são iguais. A Igreja católica salvou o Ocidente quando este desabou na mão dos bárbaros germânicos em 476; depois de seis longos séculos a Igreja construiu a mais bela civilização que o mundo já conheceu, eliminando a barbaridade das lutas de gladiadores, os infanticídios e crianças, a elevação do escravo, e chegou a beleza da Cristandade. Nenhuma instituição fez e faz tanta caridade na face da terra como a Igreja Católica. Só um exemplo atual: 25% de todos os centros de atendimentos de aidéticos que há no mundo, são da Igreja Católica.

Foi ela que a partir do século XII implantou as primeiras universidades do mundo Ocidental (Bolonha, Paris – Sorbone, Montepellier, Coimbra, Valladolid, Lisboa, Praga, Oxford, Cambridge, La Sapienza…), foi ela quem desenvolveu a arte, a música, a arquitetura, o direito, a economia, a astronomia, etc., etc., etc.. O cientista que pela primeira vez fez uma transmissão de rádio sem fio foi um padre da Igreja: Pe. Landel de Moura, brasileiro gaúcho, antes mesmo de Marconi. O cientista que descobriu o “Big Bang” é outro padre da Igreja católica, Pe. George Lamaitre, que recebeu um elogio de Albert Einstein por sua descoberta. O cientista que descobriu as leis da genética foi mais um padre da Igreja, Mendel.   Esses exemplos poderiam ser multiplicados e muitos se formos citar os grandes cientistas jesuítas na matemática, física, medicina, álgebra, trigonometria, cálculo diferencial e integral, teologia, música, etc.

Portanto, jogar o nome sagrado da Igreja fundada por Cristo em num “saco de gatos” sem saber discernir uma coisa de outra, é algo ridículo e anti-intelectual. Nem de brincadeira ou por protesto se pode fazer isso. Além do mais a Igreja nada tem contra os homossexuais, os ama como a todos os homens, e afirma no seu Catecismo que a tendência homossexual não é pecado, e sim a prática (cf. §2357). É preciso saber que Cristo ensinou a Igreja a amar todos os pecadores – e Ele deu a vida para salvá-los - mas não pode se calar diante do pecado.

Prof. Felipe Aquino (www.cleofas.com.br)




 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Querigma - Parte VI



Comunidade Eclesial

 

O Espírito Santo nos anima. Anima a Igreja e a assiste com dons e carismas.   Igreja concebida no coração do Pai desde o principio do tempo, prefigurada no AT pelo povo hebreu peregrino no deserto, nascida do sangue de Jesus no madeiro da cruz e apresentada ao mundo em pentecostes. Igreja santa e pecadora; santa porque assistida pelo Espírito Santo, pecadora porque formada por nós. Sancta Mater Eclesia. Mãe que nos gera para a vida no batismo, nos ensina na evangelização e catequese, nos lava na confissão, nos alimenta na eucaristia, zela por nós na unção dos enfermos, nos abençoa no matrimônio ou na ordenação, nos envia na missão.

Anunciamos o querigma. Kerygma (kerugma) palavra grega que significa anúncio; aqui o primeiro anúncio: nos foi revelado o imenso amor de Deus, fomos apresentados ao grande, único e definitivo Redentor, e nos foi oferecido o Espírito Divino.

Nós cristãos sabemos que a verdade revelada é única e foi consumada em Jesus Cristo. O Novo Testamento é a definitiva aliança de Deus com os homens. É Palavra de Deus e Palavra (assim com letra maiúscula, pois é o próprio Deus que se revela nela, é o Verbo que existe desde sempre e estava presente na criação) é verdade irrefutável. Quem nos atesta esta verdade? A Igreja com sua sabedoria milenar: Bíblia Sagrada, Tradição e Magistério. Bíblia, a Palavra de Deus infundida no coração de escritores inspirados pelo Espírito Santo. Tradição, a divulgação pelos Apóstolos de fatos e acontecimentos que confirmados por inspiração divina, levaram a compilação do novo testamento, pois estes foram escritos dezenas de anos após a crucificação do Senhor. Magistério, a atuação como mestre (Mater et Magistra: mãe e mestra); pelo magistério a Igreja confirma a tradição e faz a correta exegese bíblica.  

Assim sendo, não pode existir cristão avulso, autônomo; não existe católico sem igreja. Não podemos viver o evangelho pleno longe dos outros. Até porque precisamos uns dos outros para nos apoiar, para aprender mais a respeito da Palavra, para nos adestrar na sã doutrina. “Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia ajuntava outros, que estavam a caminho da salvação” (At 2,46-47).

Somos peregrinos nesta terra. Mas não caminhamos sozinhos, não podemos caminhar sozinhos, pois só, erramos o caminho e nos perdemos. O Espírito Santo nos conduz, é verdade, mas ele pede que nos unamos a outros, que caminhemos de mãos dadas: “Se um vem a cair, o outro o levanta. Mas ai do homem solitário; se ele cair não há ninguém para levantá-lo. Se é possível dominar o homem que está sozinho, dois podem resistir ao agressor, e um cordel triplicado não se rompe facilmente” (Ecle 4,9-10.12). 

 

 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Querigma - Parte V



O Espírito Santo
Fé seguida de conversão é roteiro seguro para a salvação. Não importa sermos apenas uma plantinha, um arbusto, ou uma grande e frondosa árvore, importa estar no caminho certo. Para estar e permanecer no rumo traçado por Deus em nossa vida é necessário um condutor, uma luz, um amparo, um suporte. E este suporte é o Espírito Santo, o Espírito Divino que nos guia, nos fortalece, nos mostra as minúcias do caminho, conduzindo-nos em segurança, livrando-nos dos riscos de desvios desnecessários e atalhos perigosos. Essa pessoa divina tão pouco conhecida é quem realmente nos convence a buscar a conversão verdadeira e optar pelo seguimento de Jesus. O Espírito Santo nos leva ao Filho, que por sua vez nos apresenta o Pai. Dito de outro modo, Jesus nos dá o Espírito que procede dele próprio e de Deus Pai, para que através desse mesmo Espírito, ele Jesus, nos leve ao Pai. Ninguém vai ao Pai a não ser por Jesus, e ninguém conhece Jesus senão através da ação do Espírito Santo. Ele nos revela sua vontade, ele nos motiva.

O que é o Espírito Santo? Na verdade quem é o Espírito Santo?  O Espírito é uma pessoa divina. É Deus onipresente que habita em nós. Deus que se faz presente em nosso coração, em nossa vida, em todo nosso ser. Santa Edith Stein nos confidencia: “Espírito Santo, mais intimo de mim que eu de eu mesma, mais profundo em mim que o âmago do meu ser”. Assim é o Espírito Santo, infundido em nós no sacramento do batismo, consolidado no crisma e atuante quando da efusão ou batismo no Espírito. O Pai, Aquele que É, é Deus por nós; o Filho Jesus, Emanuel, é Deus conosco; Espírito Santo, o Ruah, é Deus em nós.

A pessoa do Espírito Santo foi pouco conhecida, difundida, até mesmo relegada a segundo plano por longo tempo até o final do século XIX, quando a Beata Elena Guerra começa a divulgá-lo. Por incentivo de Elena o Papa Leão XIII consagra o século XX ao Espírito Santo.

Vinde Espírito Santo, enchei nosso coração com teu fogo abrasador, renovando-nos; enchei nosso coração frio, sem vida com tua ardente chama de amor, aquecendo-nos e reanimando-nos. Vinde Espírito Santo, lançai sobre nós águas puras que sejam refrigério para nossa alma tão inquieta, ardente de desejos pecaminosos; arrefecei nossa concupiscência, extingui em nós a chama das tentações. Vinde Espírito Santo, soprai sobre nós teu hálito puro de amor, seja vento impetuoso a nos impulsionar, ou seja brisa suave a nos afagar. Vinde Espírito Santo, incendiai nossa alma, reinflamai os carismas em nós!



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Querigma - Parte IV

Fé e Conversão


Jesus se doou numa cruz para nos redimir, cremos nisso. A salvação vem pela fé, porém sabemos que somente a fé em si não é suficiente; se faz necessário que com a fé venha também a conversão. Fé é crer, acreditar mesmo sem ter visto. A fé teologal é acreditar em Deus e crendo, confiar e esperar Nele. Conversão é mudança, de direção, de atitude.  Se cremos que Jesus Cristo morreu por nós e ressuscitou por obra divina, damos um grande, imenso e importantíssimo passo em direção a salvação. Se com isso mudamos nosso jeito de ser, nos tornamos pessoas melhores, pacientes, pacíficos, tolerantes, amáveis, portanto seguidores e imitadores do Cristo, nos colocamos no caminho da salvação; “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” diz Jesus. Prosseguindo: “Quem me segue não andará nas trevas; terá a vida eterna”.

Quando nos convertemos para Deus, convergimos todos para Jesus que é caminho. Caminho onde encontramos a verdade; verdade que nos traz vida. A conversão é consequência da fé, mas também decisão pessoal. Eu creio e a fé me induz a uma mudança, mas eu mudo se quiser, Deus não me obriga. Ele me dá a fé e concede liberdade, portando com a fé eu aprendo e o caminho me é proposto. Cabe a mim numa atitude de amor a Deus e aos irmãos mudar e assumir o Senhorio de Jesus em minha vida. Muitos têm fé e acham que isso basta. Ficam parados esperando as bençãos caírem do céu. Assim, estáticos, veem a graça passar ao largo e ficam e ficam a espera, não dando os passos necessários para alcança-las ou serem alcançados por ela. 

Conversão é mudança de rumo, tomar outro caminho; e para caminhar é preciso dar um passo de cada vez, um atrás do outro. Nossa conversão não se dá como num passe de mágica. Ninguém dorme pecador e acorda santo. Podemos comparar nosso processo de conversão como o crescimento de uma árvore; não plantamos uma semente pela manhã e vemos a árvore frondosa a tarde. É necessário preparar a terra, semear, regar, esperar germinar, brotar, cuidar da planta, vê-la tornar-se um arbusto, crescer, aguardar a floração, frutificar e então colher os frutos ou usufruir da sombra. Isto pode levar meses, anos, décadas até. Assim acontece conosco; nossa conversão é lenta e gradual como o desenvolvimento dessa árvore. Deus prepara nosso coração: a fé. Coloca lá sua semente: a Palavra. Depois é preciso regar, podar, eliminar as pragas, enfim cuidar. A rega e a poda são nossas práticas piedosas: oração, leitura da Palavra, formação doutrinária, participação nos sacramentos; renunciar as tentações, as superstições, as falsas doutrinas para nos livrar das pragas do pecado.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Querigma - Parte III




Jesus Senhor e Salvador
Vimos anteriormente que o salário do pecado é a morte. Sabemos que somos e nos reconhecemos pecadores. Estamos então perdidos? Sofreremos a morte física e pior, a segunda morte, a morte definitiva que é o afastamento eterno de Deus? Pela letra fria da lei, sim. Mas felizmente a justiça de Deus é a misericórdia, não a lei. São Paulo nos adverte: “a consequência do pecado é morte” (cf. Rm 6,23).   São João Evangelista nos conforta: “Deus amou tanto o mundo que deu seu filho único para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não o enviou para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (cf. Jo 3,16s).

Deus na sua infinita misericórdia veio a nós. Na plenitude do tempo o Verbo Eterno se fez carne e veio habitar em meio a nós. E veio com um propósito: nos reconciliar com o Pai, remir toda a humanidade que jazia nas trevas, apagar de nosso coração o pecado, restituir-nos a dignidade de filhos de Deus, vencer a morte. Jesus que pelo sacrifício da cruz nos ofereceu a salvação, pela milagrosa ressurreição nos apresentou a vida eterna e pela sua gloriosa ascensão nos abriu a porta do céu.

Jesus Nosso Senhor e Salvador, prova inconteste do amor imenso do Pai. Eterno, se fez presente em nosso tempo para mudar nossa história; invisível sendo Deus, tornou-se visível na carne; irrepreensível, imaculado, isento de pecado, assumiu o nosso, fazendo-se pecado ao deixar-se pregar na cruz. Por tudo isso temos a ousadia de rezar na Vigília Pascal: Oh feliz culpa de Adão que nos proporcionou tão grande Salvador!   

Jesus é salvador, mas também senhor. Esse senhorio tem que ser assumido para que tenhamos o direito à salvação oferecida. A oferta na cruz só é válida se junto a ela nos submetermos a vontade de Jesus. E sua vontade é que nos tornemos seus imitadores, que nos amemos, que sejamos mansos e humildes de coração, que nos conformemos a Ele, pois seu jugo é leve e suave, pois Ele não é senhor que subjuga na força e violência, mas que nos seduz no amor e doação plena. Jesus doou-se, entregou-se integralmente por nós. Que a recíproca seja verdadeira. Seguir Jesus; seguir Jesus até a cruz se for preciso. Para alcançar a glória Jesus passou pela cruz. Não há Tabor sem Calvário.  

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Querigma - Parte II


Pecado e consequências

Não há amor maior que aquele derramado do alto do céu sobre nós. Por que então às vezes não o sentimos? Porque estamos fechados a ele. Sob um guarda chuva não nos molhamos, mas quando o guarda chuva é fechado debaixo de um aguaceiro ficamos encharcados. Que bom nos encharcarmos do amor de Deus. No entanto, muitos de nós nos deixamos encharcar pelas águas sujas do pecado.

Somos reflexos do Criador. Somos obras primas nascidas do coração perfeito e amoroso do Pai. Porém desobedecemos, fomos renitentes e infiéis; daí nasceu o pecado. Quebramos o espelho e nos tornamos imagens distorcidas, nos desfiguramos; são as consequências do pecado.  O pecado vem quando deixamos de buscar nossa felicidade em Deus e a buscamos nas coisas materiais, quando nossa meta deixa de ser o céu e nos limitamos às coisas terrenas.

O Senhor nos oferece a eternidade, uma vida de delicias infinitas na sua presença. Mas o que fazemos com essa oferta de amor? Desprezamos, simplesmente ignoramos, damos-lhe as costas e mergulhamos num mar imenso, escuro e profundo. Quando viramos as costas para Deus damos de cara com o pecado.

Divagamos, divagamos, mas afinal o que é o pecado? Pecar é errar. Pecar é perder-se no caminho. Pecar é desobedecer. Quando desobedecemos erramos e quando erramos nos desviamos do caminho e nos perdemos. O pecado original não foi comer o fruto, foi o descumprimento da ordem de Deus. Desobedeceram, então pecaram. O ser humano foi criado e colocado no éden para a imortalidade e viver o paraíso celestial aqui na terra. Porém um dia sucumbiu ao pecado e com o pecado veio à dor, a doença, a morte.  O salário do pecado é a morte, nos diz o apóstolo Paulo na carta aos romanos 6,23.  

 

 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Querigma - Parte I


Amor do pai
“Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (cf. 1Jo 4,8). O amor mais que personificado, o amor na essência; assim é Deus. Deus Pai criador de tudo e de todos. O Pai que nos criou no amor, por amor, com amor. Amor infinito e eterno, amor abrangente, transbordante; e fomos criados no transbordamento desse amor, por isso, mais que criaturas somos filhos. Assim temos o direito pleno de chamá-lo de pai. Aquele que É; Abba, Pai!

Esse amor nos é demonstrado no esplendor da criação: numa flor que desabrocha, num sorriso de criança, no sussurro da brisa suave, no farfalhar das folhas num vento mais intenso, no canto dos pássaros, no murmúrio das ondas, nas torrentes impetuosas, na calmaria de um córrego, enfim listaríamos aqui tudo de belo que podemos contemplar na natureza. Nas maravilhas da criação enxergamos Deus e Deus é amor.

Toda essa beleza foi imaginada, planejada, concebida, com um único objetivo, ser oferta de amor à sua obra prima, nós seres humanos. Como tal tudo nos foi dado: “Deus criou o homem à sua imagem; criou homem e mulher e os abençoou; frutificai – disse Ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Deus contemplou toda sua obra e viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,27-28.31).

Não existe amor maior. Não, não há.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Perguntas e respostas sobre o dom de cura




Acompanhe algumas perguntas e respostas acerca do dom da Cura.


Em que consiste o dom de cura?

O dom de cura é um carisma como os demais carismas que se recebem gratuitamente para colocar a serviço dos enfermos. É possível dizer que os cristãos, quando oram pelos doentes, às vezes descobrem com surpresa que Deus responde à sua oração sarando enfermos e quando essas curas se repetem, já é um sinal de que Deus quer usar essa pessoa através de sua oração, para manifestar compaixão pelos enfermos. Então, neste carisma de cura, quem atua é Deus. É Jesus quem cura. E o cristão que recebe o dom da cura, é pela fé que o recebe e que manifesta através de sua oração e o Espírito Santo manifesta um carisma respondendo à sua oração. É isso realmente o importante: nós oramos e Jesus cura; nós não curamos a ninguém, quem cura é Jesus.

Para receber o dom da cura se deve ter qualidades especiais?

Não, pois é um dom gratuito. O Senhor não dá este dom de cura a uns privilegiados. O dá a quem Ele quer. Mas se deve aspirar a ter dons espirituais. O diz São Paulo: “aspirem aos dons espirituais”; se alguém não quer receber este carisma Deus não vai impor. Há que se ter compaixão pelos enfermos e desejar ajuda-los. E quando alguém começa a orar pelos enfermos, pode ser que se manifeste esse carisma.

De que modo alguém deve desejá-lo e logo o colocar em prática?

Há que se obedecer aos carismas, há que se aspirar aos carismas, aos dons espirituais, nunca o Senhor vai impor um carisma à força, nos disse São Paulo “os espíritos dos profetas obedece aos profetas", quer dizer, o Espírito Santo que está nos profetas os impulsiona a profetizar, não os obriga, respeita a liberdade do profeta, de maneira que se alguém não quer, o Espírito Santo não vai atuar através dele. Por isso, disse São Paulo, “não apaguem o Espírito”. Há pessoa que recebem um carisma, um impulso a orar, por exemplo, pelos enfermos, porém não o fazem, e Paulo diz: “não apaguem o Espírito...julguem tudo e fiquem com o que é bom”.

São Paulo disse que o amor é o essencial, então por que se dá tanta importância aos carismas?

O amor é o maior, o mais importante, porém, vocês se dão conta que aquele que pratica um carisma está praticando um ato de amor? Porque o amor não é uma coisa especulativa, o amor se exercita na vida concreta e quando alguém coloca a serviço da comunidade um carisma que recebeu está exercitando o amor. O amor se exercita através de serviço. O amor não é uma coisa emocional somente. Aquele que muito ama é capaz de fazer grandes sacrifícios pelo amado, diz o Senhor. Então, no exercício dos carismas tu estás ajudando seu irmão e é a ajuda que você lhe dá que manifesta o teu amor. Não há nenhuma contradição. Aquele que pretende ter muito amor e recusa os carismas, como vai exercitar seu amor, se não é servindo?
(www.rccbrasil.org.br)
Essas e outras perguntas você encontra no livro “Jesus Cura Hoje”, do Padre Emiliano Tardif, disponível pelo site da Editora RCCBRASIL ou através do telefone (53) 3227.0710.

sábado, 24 de novembro de 2012

Caminho Seguro

Quando o coração se entristece clamo a Deus que me consola.
Me aponta então o seu caminho, brilha a luz do meu viver.
Sinto em minha vida brisa mansa e uma paz que é verdadeira.
Creio, Deus me ama e cuidará de mim, não tenho o que temer.
Com Jesus caminho seguro, sou feliz.
Jesus é tudo prá mim. Jesus é tudo!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Eu Curarei Suas Feridas


Um método de oração para a cura das memórias


 

 

 

 

 

Nossa memória é uma grande dádiva de Deus. O problema é que somos pecadores vivendo num mundo pecaminoso e fomos todos feridos no passado. Essas feridas permanecem silentemente em nossas memórias e podem ser instrumentos para o desenvolvimento de medos e ansiedades dentro de nós – medos e ansiedades que nos constrangem e nos roubam a alegria e confiança no Senhor. Mas não importa quão tristes e desoladas essas memórias possam parecer. Nossa esperança é que Jesus morreu em razão de cada ferida e cicatriz e está sempre pronto para curar.

            Se você deseja buscar este tipo de cura, um bom caminho em principio, é examinar seus temores. Pergunte-se: de que tenho medo? Meus medos me impedem de caminhar, de fazer o que eu sei, de ouvir e obedecer a voz de Deus? Há algum acontecimento no meu passado que tenha contribuído para este temor?

            A seguir reapresente esses fatos passados em sua mente, da maneira mais clara possível quando começar a rezar. Tente visualizar Jesus perto de você quando este fato se revelar. Imagine-se você mesmo pegando a mão de Jesus e diga-lhe porque este acontecimento deixou você com tanto medo. Diga-lhe o quanto esses medos afetam você, e peça-lhe para livrar do mal e da dor.

            Quando você orar para este fato, memorize seus sentimentos e o que o Senhor está falando. Como Ele está agindo com você quando segura sua mão e observe tudo que está sendo esclarecido ou revelado. Faça isto repetidamente, conforme o tempo permita. Não se intimide em orar por longos períodos sem dizer nada. Apenas tente acalmar seu coração e sinta o que Jesus está realizando em você.

            Quando ao longo do dia você sentir seus medos surgindo novamente, faça agora bom uso de sua memória! Recorde-se do que sentiu quando orava em companhia de Jesus, onde Ele respondia à sua oração. Lembre-se das palavras de consolação, seus gestos de conforto e o sentimento de esperança quando você rezou. Ao longo do tempo você verá essas memórias dolorosas curadas e seus medos dissipados.
(Copiado de arquivo - sem autor especificado)

 

domingo, 18 de novembro de 2012

Purgatório



A Igreja chama de purgatório a purificação final dos eleitos

Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório.

Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo:

"Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu" (CIC, §1030).

Logo, as almas do Purgatório "estão certas da sua salvação eterna", e isto lhes dá grande paz e alegria.

Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II:

"Mesmo que a alma tenha de sujeitar-se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus." (Alocução de 3 de julho de 1991; LR n. 27 de 7/7/91)

O Catecismo da Igreja ensina que:

"A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438-1445) e de Trento (1545-1563)" (§ 1031).

"Este ensinamento baseia-se também sobre a prática da oração pelos defundos de que já fala a Escritura Sagrada: Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos".

Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas:

"Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado". (2 Mac 12,44s)

Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé.

Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, 1), e gozar de sua visão face-a-face. Mas, como Deus é "Três vezes Santo", como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: "sem a santidade ninguém pode ver a Deus" (Hb 12, 14). Então, a misericórdia de Deus dá-nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna.

O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva-o a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raiz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.

Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor "receberá uma recompensa"; mas, se não resistir, o seu autor "sofrerá detrimento", isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador "se salvará, mas como que através do fogo", isto é, com sofrimentos.

O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3). O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.

Pensamentos Consoladores sobre o Purgatório

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567-1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que "é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório". Eis o que ele nos diz:

1 - As almas ali vivem uma contínua união com Deus.
2 - Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.
3 - Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.
4 - Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.
5 - São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.
6 - Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.
7 - São consoladas pelos anjos.
8 - Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.
9 - As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.
10 - Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.
11 - O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.
Fonte: Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981








 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Século Violento


O século XX foi certamente um dos séculos mais cruéis e violentos da história. Vale dizer: teve lideres e grupos de poder mais sanguinolentos dos que todos que o antecederam.

Quase 500 guerras, massacres, insurreições, invasões, golpes de Estado, mutilações, bombas atômicas, ameaça nuclear, poder ilimitado do capital, genocídios e etnocidios, povos desaparecidos ou deslocados, mais de 200 milhões de pessoas mortas ou destituídas e exiladas, cerca de 2 bilhões sem liberdade política, perseguições religiosas, morte de civis alheios a guerra, máquinas poderosíssimas de destruição em massa, etnias praticamente varridas de sua terra, guerras intermináveis, guerras tribais, supervalorização do capital, pobres empobrecidos, banalização da vida, poder político e econômico dos marginais, terrorismo de Estado, terrorismo subversivo, grupos religiosos absolutistas.

Em menos de 100 anos uns poucos países quase desertificaram a terra, explorando-a de forma tão brutal que mudou o clima, falta água, falta chuva, faltam árvores, espécies vegetais e animais desapareceram, o mar foi poluído, enormes rios correm sem vida e sem capacidade de renovar-se, desertos se expandiram; o petróleo começa a escassear; paises que possuem riquezas são invadidos ou estrangulados para que os ricos as tenham. Aborto em massa, extermínio de fetos humanos para que a humanidade cresça menos. Desperdício dos recursos do planeta, envenenamento das águas, do solo, dos alimentos.

Novas enfermidades, medicina cada dia mais moderna, mas cada dia menos acessível aos mais pobres, descaso para com a infância e a velhice. Sexualidade e corpo banalizados. Animalizou-se a libido humana.

Nunca um século foi tão violento, tão mentiroso, tão cheio de alarmes e grades, tão ganancioso, tão intoxicado, tão atrevido, tão destruidor e tão materialista e desperdiçador.

Seus santos foram admirados, mas nunca foram ouvidos nem imitados. Suas descobertas cientificas e suas conquistas melhoraram a vida e deram mais conforto, mas geraram mais dependência. Parecemos livres, mas somos menos livres agora! Temos medo, muito medo!

 

Pe. Zezinho, scj

 

 

sábado, 10 de novembro de 2012

Milagres - Fé e Razão


A Santa Sé gasta anos para avaliar se o relato de um milagre é fidedigno. Ocorre que qualquer milagre abre espaço tanto para a gratidão fervorosa do beneficiado quanto para a desconfiança dos céticos. Na opinião dos incrédulos, o que a ciência não explica hoje poderá ser esclarecido no futuro. Para os crentes, os indícios de milagre são suficientes.

            A dúvida, porém, não se encaixa no primeiro milagre de Madre Paulina, que lhe rendeu a beatificação em 1991. Eluiza Rosa de Souza acha que Madre Paulina a livrou da morte. Em 1966, aos 23 anos, ela perdeu um filho no ventre. O feto ficou retido no útero por vários meses e provocou intensa hemorragia ao ser retirado, num hospital da cidade de Imbituba, Santa Catarina. A pressão arterial de Eluiza chegou a zero. Os médicos a desenganaram. Os familiares e as irmãzinhas da Imaculada Conceição, que trabalhavam no hospital, dirigiram preces a Madre Paulina. A circulação voltou. “O que me salvou foi a medicina do céu”, conta a devota, hoje com 59 anos. A cura foi considerada inexplicável por médicos; o caso era gravíssimo. Hoje , os hospitais revertem a hemorragia com medicamentos e transfusões. Eluiza não contava com esses recursos em Imbituba nos anos 60.

            Embora o Vaticano recorra a peritos para atestar milagres, a definição segue como questão essencialmente espiritual. A medicina e/ou outras ciências dá seu parecer, mas quem decide se houve intervenção divina são os teólogos. Pesquisadores e religiosos, hoje, convivem respeitosamente. Entendem que ambos trabalham para atender as necessidades humanas. A ciência é a resposta à sede de conhecimentos; a religião conforta a alma.

             O professor Eduardo Rodrigues da Cruz, do programa de história da ciência da PUC de São Paulo, é físico e teólogo. Garante que não há incongruência em sua formação. “Às vezes visto a camisa de teólogo, às vezes a de cientista”, brinca. Segundo Cruz, a teoria do big-bang, a explosão primordial que teria originado o universo, é apenas uma hipótese. Mesmo assim, não a julga incompatível com a idéia de Deus, porque pode ter ocorrido depois da criação divina a partir do nada, defendida pelo cristianismo e pelo judaísmo. “Existem especulações sobre a origem do universo mais absurdas do que acreditar que uma divindade criou tudo”. Propõe uma noção de milagre ligada a teoria das probabilidades. A ciência tradicional diria que é impossível que um copo estilhaçado no chão volte à mesa intacto. Os pesquisadores contemporâneos dizem que a probabilidade desse acontecimento é baixíssima – mas existe. O mesmo ocorreria com as chances de uma pessoa desenganada pelos médicos. A possibilidade de cura, embora reduzida, não é zero. Deus cabe no raciocínio matemático. “O Criador se utiliza dessas probabilidades para mostrar às pessoas que continua ao lado delas”, afirma Cruz.

             A descrição de milagres permeia todas as religiões. Moisés salvou o povo judeu ao abrir uma passagem de terra no Mar Vermelho. Maomé cegou adversários e fez brotar água e comida no deserto. Tais eventos encarnam um símbolo poderoso: a força de Deus sobre as leis da natureza e Seu rebanho. O catolicismo transformou esses feitos num pilar permanente de fé. Cristo operava milagres e o cristianismo nasceu de um deles: a ressurreição. As biografias dos santos católicos repetem, cada um a seu modo, a trajetória de Jesus. Muitos enfrentaram martírios para defender a fé ou levaram uma vida ascética. E muitos promoveram curas milagrosas. A sagração de santos e a exaltação de seus milagres são percebidos pelos fiéis como um sinal continuo da presença de Deus. Os fiéis são ávidos por milagres. “Diversas pesquisas mostram que oito em dez americanos acreditam que Deus está presente e ainda opera milagres”, diz o jornalista Kenneth Woodward, autor do Livro dos Milagres, lançado em 2000 nos Estados Unidos.

            Embora as religiões exaltem a salvação e a vida após a morte, a maioria das pessoas busca na fé as respostas para aflições cotidianas. No imaginário dos fiéis, a definição de milagre é elástica: pode ser grande, pequeno, reconhecido por todos, ou percebido apenas intimamente. Há milagres em toda parte, diz o Prof. Soubhi Kahhale, ginecologista e obstetra da USP. “Acontecem todos os dias e não nos damos conta”, diz ele. Kahhale nasceu cristão ortodoxo e participa das celebrações católicas. “Quanto mais me aprofundo na medicina, mais me aproximo de Deus”, diz. Ele acredita numa força superior que controla tudo e na intermediação dos santos. “Acabo de fazer o parto de um bebê de 600 gramas que passa bem e acho que isso é um milagre”.

            A avidez dos fiéis levou a Igreja a adotar uma postura cada vez mais cuidadosa em relação aos milagres. Até o século XVIII, os santos eram consagrados pelo povo e chancelados pelo papa. Os atuais critérios de classificação dos milagres foram fixados pelo Papa Bento XV, que morreu em 1758. Eles devem ser investigados no país de origem e por uma comissão internacional formada por especialistas, nem todos católicos, que compõem a chamada Consulta Médica da Congregação para a Causa dos Santos. A cura tem que ser instantânea, duradoura e inexplicável pela medicina. Como esse conhecimento está em evolução, os critérios vão se tornando cada vez mais rigorosos. Vitórias contra o câncer normalmente são rechaçadas, pois se sabe hoje que o risco de metástase é duradouro. Doenças que têm incidência elevada de remissão também estão fora. Milagres que vencem o crivo têm força para desafiar as convicções dos incrédulos. Em 1997, o Papa João Paulo II canonizou a Irmã Teresa Benedicta da Cruz, nascida Edith Stein, filosofa alemã de origem judaica que se tornou freira. Em 1942 foi identificada pelos nazistas e morta num campo de concentração. A canonização foi criticada por lideres israelitas, que acusaram o Vaticano de se apropriar de uma mártir judaica. Os protestos limitaram-se a Europa.

            Nos EUA, o que mobilizou foi o milagre atribuído à intercessão de Judith Stein, que lhe rendeu a canonização. No dia 20 de março de 1987, Teresa Benedicta McCarthy, uma menina americana de 3 anos, foi internada no Hospital Geral de Massachussetts, vítima de um acidente doméstico. Ela havia ingerido uma quantidade de Tylenol 16 vezes maior que a dose mortal. Foi desenganada pelos médicos, mas se recuperou em poucos dias. Um testemunho insuspeito garante que algo extraordinário ocorreu ali. O médico que atendeu Teresa foi o Dr. Ronald Kleinman, professor de pediatria da Escola de Medicina de Harvard. Além das credenciais de médico, Kleinman não tem vinculo com a Igreja Católica. É judeu, o que aumenta a credibilidade de sua opinião.

Resumo de reportagem de Época-nº 198- 04/03/02-sobre a canonização de Madre Paulina, primeira santa brasileira.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Os Sete Pecados Capitais



1) Luxúria: apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade e sexualidade, desrespeito aos costumes; lascívia.

2) Gula: comer somente por prazer, em quantidade superior àquela necessária para a manutenção do corpo humano.

3) Avareza: apego ao dinheiro de forma exagerada; desejo de adquirir bens materiais e acumular riquezas.

4) Ira: raiva contra alguém; vontade de vingança.

5) Soberba: Manifestação de orgulho e arrogância.

6) Vaidade: preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros.

7) Preguiça: negligência ou falta de vontade para o trabalho ou atividades importantes.

sábado, 3 de novembro de 2012

Luar sobre a colina


Imagine Jesus orando no alto dum monte. Imagine o luar incidindo sobre o Senhor em oração. Isto muito provavelmente acontecia, porque era costume de Jesus retirar-se, subir um monte e lá colocar-se em profunda oração, numa vigília durante toda a noite. Jesus Deus e homem.  A natureza humana de Jesus rezava e rezava muito. O Filho orava fervorosamente ao Pai, num diálogo de amor.

Da janela vejo a Capelinha de São José no alto do morro em frente. Em noites de lua cheia, a capela iluminada ao luar se torna uma bela visão. Que belíssima visão seria a de Jesus, envolto pelo luar, irradiando sua própria luz e mesclando-a à da lua. Caríssimos, quando estamos em Deus, com o Espírito Santo, somos mergulhados na sua luz, e como a lua reflete a luz do sol, refletimos também nós, a luz imensa do sol radiante da justiça que é Jesus.

O mundo tenta ofuscar nossa vista, tenta nos cegar com o brilho falso das luzes feéricas que nos cercam; brilho falso de joias falsas. O mundo corrompido, sedutor, não o mundo imaginado e criado por Deus; o mundo paradisíaco entregue a nós como habitáculo e manancial, o qual degradamos pela nossa desobediência e mal proceder. Esse mundo corrompido, dominado pela concupiscência humana exacerbada pelo maligno, dirigido pela iniquidade é que nos tenta, é que nos oferece lixo camuflado em belas embalagens, cavalos de Tróia, presentes de grego.   Não nos deixemos enganar, desarmemos as armadilhas, fixemos nosso olhar em Cristo, esse sim, a luz verdadeira. Um caco de vidro pode brilhar tanto quanto um diamante, mas continua sendo um caco de vidro. Ademais, se apertarmos na mão um diamante nada acontece, mas se apertamos um caco de vidro nos ferimos seriamente.  

Não permita que a falsa luz te inebrie, reanima-te com a luz verdadeira, fonte de vida e santidade. Não te firas com cacos de vidro, enriqueça tua vida com o diamante verdadeiro, com a joia preciosa, com o tesouro celestial: Jesus de Nazaré, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quarenta anos de Teologia da Libertação e desobediência


 
Leonardo Boff, escreveu um artigo publicado na internet falando dos 40 anos da TL de cunho marxista, com orgulho e satisfação, mesmo com as reincidentes condenações da mesma pelos papas João Paulo II e Bento XVI.

O teólogo da TL fala com euforia que entre os dias 7-10 de outubro aconteceu em São Leopoldo, RS, junto ao Instituto Humanitas, da Unisinos dos Jesuitas - infelizmente dominado pela TL - , a celebração dos 40 anos do surgimento da Teologia da Libertação, onde estiveram os principais representantes da América Latina, seu primeiro formulador, o peruano Gustavo Gutiérrez, Hugo Assman (Bolívia), Juan Luiz Segundo (Uruguai) e outros.

Em 1971 Boff teve seu livro "Jesus Cristo Libertador" condenado pela Congregação da Fé do Vaticano. Intimado a modificar as heresias que apareciam no livro, sobre Jesus, não aceitou mudar nada; acabou sendo punido em 1984 com "silencio obsequioso" e proibido de ensinar como teólogo católico. Tinha escrito um livro, "Igreja carisma e poder", que muda todas as bases da Igreja conforme Jesus a instituiu, e relativiza os dogmas, a hierarquia sagrada, etc. Uma lástima!

Mas como acontece com os hereges recalcitrantes, não mudou em nada e acabou deixando o ministério sacerdotal. Uma pena, pois é um homem inteligente e bom escritor; mas, infelizmente orgulhoso e desobediente à Igreja que o formou e nele investiu tantos anos e tantos recursos. Infelizmente Boff assumiu a direção da Editora Vozes e a destruiu como editora católica.

Há muitos anos essa triste teologia da libertação, hoje anêmica e se apagando cada vez mais, quis criar um novo Cristianismo, revirou a fé no avesso, fez uma releitura política e esvaziante do Evangelho e espalhou o joio no meio do trigo. Como disse Clodovis Boff, fracassou porque "colocou o pobre no lugar de Jesus Cristo" na teologia. O irmão de Leonardo, embora tardiamente, identificou o veneno na raiz da TL.

Em 1984 o cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI escreveu o célebre artigo que foi publicado também no livro de entrevista que deu a Vitório Messsori "A fé em crise?"; o artigo foi: "Eu vos explico o que é a teologia da libertação", nele o Papa desvenda, magistralmente, toda a sutileza, erros e o perigo da TL. Entre as afirmações, o então Cardeal Prefeito diz: "A gravidade da teologia da libertação não é avaliada de modo suficiente; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente; é a subversão radical do Cristianismo, que torna urgente o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela".

"A teologia da libertação é uma nova versão do Cristianismo, segundo o racionalismo do teólogo protestante Rudolf Bultmann, e do marxismo, usando "a seu modo", uma linguagem teológica e até dogmática, pertencente ao patrimônio da Igreja, revestindo-se até de uma certa mística, para disfarçar os seus erros". "Com a análise do fenômeno da teologia da libertação torna-se manifesto um perigo fundamental para a fé da Igreja. Sem dúvida, é preciso ter presente que um erro não pode existir se não contém um núcleo de verdade. De fato, um erro é tanto mais perigoso quanto maior for a proporção do núcleo de verdade assumida".

"Essa teologia não pretende constituir-se como um novo tratado teológico ao lado dos outros já existentes; não pretende, por exemplo, elaborar novos aspectos da ética social da Igreja. Ela se concebe, antes, como uma nova hermenêutica da fé cristã, quer dizer, como nova forma de compreensão do Cristianismo na sua totalidade. Por isso mesmo muda todas as formas da vida eclesial; a constituição eclesiástica, a Liturgia, a catequese, as opções morais..."

"A teologia da libertação pretende dar nova interpretação global do Cristianismo; explica o Cristianismo como uma práxis de libertação e pretende constituir-se, ela mesma, um guia para tal práxis. Mas, assim como, segundo essa teologia, toda realidade é política, também a libertação é um conceito político e o guia rumo à libertação deve ser um guia para a ação política".

Mais uma vez, em 2010, o Papa Bento XVI advertiu sobre os perigos da teologia marxista da libertação e pediu aos bispos e aos fiéis a superarem suas graves consequências. Falando aos Bispos do Brasil da região Sul 3 e Sul 4 em visita ad limina, o Santo Padre disse: "Neste sentido, amados Irmãos, vale a pena lembrar que em agosto passado, completou 25 anos a Instrução Libertatis nuntius da Congregação da Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, nela sublinhando o perigo que comportava a assunção acrítica, feita por alguns teólogos de teses e metodologias provenientes do marxismo. As suas sequelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas.

Suplico a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece de mão estendida; a todos recordo que "a regra suprema da fé [da Igreja] provém efetivamente da unidade que o Espírito estabeleceu entre a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, numa reciprocidade tal que os três não podem subsistir de maneira independente" (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 55)".

Apesar de tudo isso Boff e seus asseclas insistem no erro, fazem-se surdos ao Vigário de Cristo na terra e continuam a disseminar o joio no meio do trigo. Por fim, como toda heresia que já houve na história da Igreja, será vencida, mas como sempre, deixando um rastro de erros, divisão e enfraquecimento da Igreja. Sem obediência não há humildade, sem humildade não há santidade, sem santidade não há salvação.

Prof. Felipe Aquino

 

sábado, 27 de outubro de 2012

Tarde chuvosa no campo



Nada mais antiestressante que um dia no campo. Mesmo nos arredores das grandes cidades, na zona rural ainda existem refúgios de tranquilidade. Sítios e chácaras onde se pode descansar e apreciar a natureza; ouvir o canto dos pássaros, o mugir do gado, o sibilar do vento agitando a copa do arvoredo. Aí, mesmo próximo à metrópole, às construções humanas, podemos observar belíssimos por de Sol sobre os outeiros cobertos de mata verdejante. Assim contemplando o belo, louvamos ao Criador pelo esplendor de Sua obra.

Mas em dias de chuva? Quando numa tarde chuvosa somos obrigados a ficar portas adentro, impedidos de caminhar pelas trilhas e veredas, pois tudo se torna enlameado. Quando, enclausurados sem o que fazer, só nos resta olhar pela janela e apreciar a... chuva! Sim, apreciar a chuva. Já notaram como é diferente o chover na cidade e na roça? Na roça a chuva é benfazeja. A chuva molha o chão, nutre as raízes das plantas, reaviva as lavouras ressequidas, irriga as plantações.  Na cidade, argh! Que chuvinha chata; hoje não vai dar praia...

Contudo, a chuva como tudo na natureza também é obra Divina, como cita a Palavra quando Deus responde ao lamento de Jó: “Quem abre um canal para os aguaceiros e uma rota para os relâmpagos, para fazer chover sobre uma terra desabitada, sobre um deserto sem seres humanos, para regar regiões vastas e desoladas, para nelas fazer germinar a erva verdejante?” (Jó 38,25-27). Portando, no campo ou na cidade, Deus seja louvado pela chuva que cai, pois se ela não serve para regar cimento e asfalto, é refrigério no calor da cidade grande.

Nesse aspecto, em nossa vida intima, em nosso interior, é mais ou menos desse jeito. Ora um belo dia ensolarado, ora uma tarde chuvosa no campo. Quando tudo vai bem para nós é como um dia de lazer num sitio cercado de verde. Quando as coisas não vão tão bem como gostaríamos é como um aguaceiro que cai, frustrando nossas expectativas. Mesmo que nossos dias estejam nebulosos e chuvosos, lembremos que chuva faz germinar e/ou refrigera. Depois da tempestade vem a bonança; se hoje você vive uma tarde chuvosa, saiba que amanhã o sol irá brilhar e que o panorama que você vislumbrará será bem mais bonito; a vegetação estará mais viçosa, o verde mais verde.  

Quando Jesus vive em nosso coração, se caminhamos no Espírito Santo, se louvamos em toda circunstância, mesmo em dias chuvosos e nevoentos olhamos pela janela da alma e conseguimos enxergar a beleza da vida.