“A Declaração
‘Dominus Iesus’ da Congregação para a Doutrina da Fé nos 15 anos da sua
publicação (2000-2015)” foi a primeira palestra da 24ª edição do Curso Anual
dos Bispos do Brasil, proferida na manhã do dia 27 de janeiro, pelo prefeito da
Congregação para a Causa dos Santos no Vaticano, Cardeal Angelo Amato.
Orientado pelas diretrizes do Concílio Vaticano II, nas
comemorações de seus 50 anos, o conferencista discorreu sobre a relação da
Igreja Católica com as outras religiões e as circunstâncias para a salvação
daqueles que não são batizados.
O documento base usado pelo Cardeal Amato foi a Declaração
“Dominus Iesus”, da Congregação para a Doutrina da Fé, subscrita pelo então
prefeito, Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI), e pelo secretário, arcebispo
Tarcisio Bertone, publicada há 15 anos (6/8/2000). O documento afirma,
primeiramente, que a salvação é para todos (universal) e defende a relação
inter-religiosa, com a ressalva de se manter, incondicionalmente, a identidade
católica.
Para o cardeal, apesar das críticas que a Declaração
recebeu, ela “não bloqueou ou condicionou negativamente os diálogos ecumênicos
e inter-religiosos, mas realçou-os a partir de uma precisa e reafirmada
identidade”. Ele explicou que a “Dominus Iesus” não propôs uma nova doutrina,
mas recolheu e organizou indicações do magistério do Vaticano II e da
“Redemptoris Missio” acerca da unicidade e da universalidade salvífica de
Cristo e da Igreja.
Salvação dos não cristãos
O conferencista abordou a legítima preocupação da Declaração
quanto à salvação dos não cristãos, das pessoas não batizadas, mas honestas,
compassivas, de consciência reta. Os textos conciliares falam de uma ação
divina, invisível, mas real e eficaz, a fim de que os não cristãos possam
alcançar a fé e vir a contatar com o mistério pascal por vias secretas e no
modo que só Deus conhece.
Entre as vias mediante as quais Deus oferece a todos a
possibilidade de ascender a Cristo e à Igreja, explicou o Cardeal Amato, estão
a ordenação à Igreja, como sacramento universal de salvação, a obediência à
reta consciência, o fazer o bem e evitar o mal, a adesão à verdade e a
coerência entre fé e vida.
“Estas indicações conciliares permitem superar a falsa
imagem de um cristianismo autoritário e arrogante e de uma Igreja fechada perante
aqueles traços de verdade e de bondade presentes fora desta. O mistério
redentor de Cristo tem valência universal e de um modo misterioso, mas real,
alcança as mentes e os corações não só dos batizados, mas de todos os seres
humanos. Se os meios de salvação são oferecidos com abundância na Igreja,
também fora desta não faltam vias através das quais Deus atrai as almas à graça
e à fé”, destacou o cardeal.
Clareza doutrinal e pastoral
Na conclusão, o Cardeal Amato destacou a importância do
diálogo inter-religioso e da missão da Igreja de proclamar o Evangelho,
convidando as pessoas à conversão e ao Batismo. Disse da necessidade de uma
reeducação teológica para o acolhimento do magistério, como herança dos padres
da Igreja e dos grandes teólogos de todos os tempos e, sobretudo, é o modo de
agir dos santos. “A “Dominus Iesus”, continua, é hoje, mais que nunca, um
válido apelo de clareza doutrinal e pastoral, como base da catequese, da nova
evangelização e da “missio ad gentes”, pontuou o Cardeal Amato”.
Fonte: ArqRio.org
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