sábado, 18 de julho de 2015

A Ciência e a fé podem conviver em harmonia


Certa vez perguntaram a Jung, discípulo de Freud, se ele acreditava em Deus; sua resposta foi clara: “eu não creio, eu sei!” Mais do que crer, Jung tinha experimentado, também com o auxílio da psicologia, “a evidência de Deus”, e a certeza de que nada se explica sem Ele. Freud era ateu; e, no entanto, o seu brilhante aluno era o oposto.
Escrevi um livro intitulado “Ciência e Fé em Harmonia” (Ed. Cleofas, SP, 2005) que para mim tem um sabor especial, porque de certa forma a Ciência e a Fé sintetizam a minha vida e o meu trabalho.
Me formei em matemática e física e fiz meu mestrado na Unifei, Universidade Federal de Itajubá, MG; doutorado no ITA e UNESP-SP, e pós doutorado na UNESP. Trabalhei 35 anos como professor universitário na UNIFEI, UNESP, EEL – USP (Lorena); nesta última fui Diretor Geral por quatro mandatos.
Não vejo oposição entre fé e ciência, ao contrário. Ao mesmo tempo que cursava meu doutorado no ITA, em Ciências Aero-espaciais, com orientação do Dr. Tadeusz Sielawa, cursei também teologia. Penso que muitos alunos e professores universitários se tornam ateus, marxistas, materialistas, etc., e muitos passam a odiar a Igreja católica, porque nunca estudaram teologia e a História da Igreja, contado por bons historiadores como o francês Daniel Rops, que ganhou o prêmio de Academia Francesa de Letras por sua coleção de História da Igreja de 10 volumes.
Os cientistas crescem na intelectualidade mas atrofiaram na espiritualidade, e portanto não conseguem entender as razões da fé; isto faz com que muitos deles se digam ateus, agnósticos, etc.
O Papa João Paulo II, em 24 de outubro de 2004, nomeou dois cientistas, pioneiros da física, para membros da Academia Pontifícia das Ciências, do Vaticano: o professor americano William D. Phillips e o professor de origem indiana Veerabhadran (Ram) Ramanatham. William D. Phillips, nasceu em Wilkes-Barre (Pensylvania), é professor de Física na Universidade de Maryland e é líder do Grupo de esfriamento com laser da Divisão de Física Atômica do National Institute of Standards and Technology (NIST) de Gaithersburg (Estados Unidos). Em 1997 recebeu o Prêmio Nobel em Física. Mais um Nobel no Vaticano!
Veerabhadran (Ram) Ramanathan, nascido em Chennai (Índia), é professor de ciências da atmosfera na Universidade da Califórnia (San Diego) e diretor do Centro para as Ciências da Atmosfera da Scripps Institution of Oceanography, La Jolla (Estados Unidos) Isto mostra o quanto a Igreja católica valoriza a ciência.
O Dr. Francis Collins, Diretor do maior projeto de Biotecnologia já realizado no mundo, o Genoma Humano, é um homem de grande fé. Ele escreveu o livro “A linguagem de Deus”. Em resposta aos cientistas ateus como Daniel Dennett, Richard Dawkins, Sam Harris, e outros ele diz:
“Eu acredito que o ateísmo é a mais irracional das escolhas. Os cientistas ateus, que acreditam apenas na teoria da evolução e negam todo o resto, sofrem de excesso de confiança. Na visão desses cientistas, hoje adquirimos tanta sabedoria a respeito da evolução e de como a vida se formou que simplesmente não precisamos mais de Deus. O que deve ficar claro é que as sociedades necessitam tanto da religião como da ciência. Elas não são incompatíveis, mas sim complementares. A ciência investiga o mundo natural. Deus pertence a outra esfera. Deus está fora do mundo natural. Usar as ferramentas da ciência para discutir religião é uma atitude imprópria e equivocada. No ano passado foram lançados vários livros de cientistas renomados, como Dawkins, Daniel Dennett e Sam Harris, que atacam a religião sem nenhum propósito. É uma ofensa àqueles que têm fé e respeitam a ciência. Em vez de blasfemarem, esses cientistas deveriam trabalhar para elucidar os mistérios que ainda existem. É o que nos cabe.” (Veja, Edição n. 1992 de 24 jan 07)
Para dar outro exemplo, gostaria de citar que um total de 210 astrônomos de 26 países do mundo participaram de 1 a 5 de Outubro de 2007, da Conferência internacional organizada pelo Observatório Astronômico do Vaticano sobre a formação e evolução das galáxias.
 A Conferência apresentou um programa com 62 palestras e 132 apresentações no Centro Matteo Ricci da Universidade Gregoriana. O Observatório Astronômico do Vaticano é um dos mais bem equipados do mundo.
Tudo isto mostra que a Igreja sempre esteve longe da mentalidade maldosa e errônea de que separou o mundo da Ciência. Muitos cientistas do passado e do presente foram e são pessoas de fé.
Antoine Henri Becquerel (1852-1908), Nobel de Física em 1903, descobridor da radioatividade, afirmava que: “Foram minhas pesquisas que me levaram a Deus”.
Erwin Schorödinger (1887-1961), prêmio Nobel de Física em 1933, pelo descobrimento de novas fórmulas da energia atômica, afirmou: “A obra mais eficaz, segundo a Mecânica Quântica, é a obra de Deus”.
Desde o primeiro século a Igreja estima a razão e a fé. Sempre valorizou a filosofia, que emprega a razão para encontrar o caminho da felicidade. São Justino (falecido em 163), era filósofo, mas após a sua conversão ao cristianismo disse: “somente então tornei-me filósofo”. Ele e muitos defensores do cristianismo nos primeiros séculos usaram a filosofia para apresentar a beleza do cristianismo.
Os Padres da Igreja, da época da patrística, como S. Clemente de Alexandria (145-215), Orígenes (185-253) e muitos outros souberam usar a filosofia aprendida dos gregos para defender a fé cristã. Santo Agostinho (354-430) encontrou no neo-platonismo um caminho capaz de dar à verdade revelada por Deus a fundamentação racional que faltava. São Tomas de Aquino (1225-1274), o maior expoente da Escolástica, fez o mesmo a partir da filosofia de Aristóteles, cujas obras não estavam disponíveis no tempo de santo Agostinho. Esses gigantes da fé souberam usar a razão para crescer na fé. Eles sintetizaram tudo dizendo: “Crer para compreender; e compreender para crer”.
Com a mesma alegria que ensino para os alunos as leis de Newton da mecânica, ou a equação diferencial que rege a trajetória dos planetas em torno do sol, ou as equações de Schorödinger da mecânica quântica, ou as equações de Maxwell do eletromagnetismo, vejo, como Jung, a “evidência” de Deus em todas essas coisas.
Eu Sei que Deus existe! O mundo é inexplicável sem Deus. O próprio Voltaire, inimigo visceral da Igreja afirmava que “este relógio não pode existir sem o Relojoeiro. Toda a beleza que a ciência nos revela seria simplesmente impossível sem o Criador. Recuso-me, com todas as fibras do meu corpo e com todas as faculdades da minha alma, a acreditar que tudo o que há no universo possa ser obra do acaso cego. A ciência e a fé o rejeitam. Será que “acaso”, não é o pseudônimo que dão a Deus aqueles que, por conveniência, não querem pronunciar o seu nome?…
Um dia um famoso filósofo percebendo a evidência de Deus, teve que confessar a um dos seus discípulos: “Deus existe… mas não espalhe!”
A maioria sabe que Deus existe; pois é muito mais difícil provar que Ele não existe, do que o contrário. Mas, muitos, embora creiam, não se esforçam para viver de maneira coerente com esta verdade: Deus existe! Se Ele existe, tudo é diferente, e a vida tem que ser dirigia por Ele. “Se Deus não existe, então, tudo é válido”, disse Dostoiewiski.
Deus existe, e tem um plano para nós. Se o homem desprezar este plano e virar as costas para Deus, jamais poderá experimentar a felicidade verdadeira. Mais do que o Criador do mundo, Ele é nosso Pai, é amor, é a nossa meta.
A ciência e a fé se juntam para nos dizer que somos um milagre do amor e da sabedoria de Deus; somos a meta fixada para toda a evolução do cosmos, desde o Big Bang; somos o ápice de toda a obra visível do Criador que se revelou em Jesus Cristo. Não compreendemos ainda toda a nossa grandeza!
Prof. Felipe Aquino


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