Certa vez perguntaram a Jung, discípulo de Freud, se ele
acreditava em Deus; sua resposta foi clara: “eu não creio, eu sei!” Mais do que
crer, Jung tinha experimentado, também com o auxílio da psicologia, “a
evidência de Deus”, e a certeza de que nada se explica sem Ele. Freud era ateu;
e, no entanto, o seu brilhante aluno era o oposto.
Escrevi um livro intitulado “Ciência e Fé em Harmonia” (Ed.
Cleofas, SP, 2005) que para mim tem um sabor especial, porque de certa forma a
Ciência e a Fé sintetizam a minha vida e o meu trabalho.
Me formei em matemática e física e fiz meu mestrado na
Unifei, Universidade Federal de Itajubá, MG; doutorado no ITA e UNESP-SP, e pós
doutorado na UNESP. Trabalhei 35 anos como professor universitário na UNIFEI,
UNESP, EEL – USP (Lorena); nesta última fui Diretor Geral por quatro mandatos.
Não vejo oposição entre fé e ciência, ao contrário. Ao mesmo
tempo que cursava meu doutorado no ITA, em Ciências Aero-espaciais, com
orientação do Dr. Tadeusz Sielawa, cursei também teologia. Penso que muitos
alunos e professores universitários se tornam ateus, marxistas, materialistas,
etc., e muitos passam a odiar a Igreja católica, porque nunca estudaram
teologia e a História da Igreja, contado por bons historiadores como o francês
Daniel Rops, que ganhou o prêmio de Academia Francesa de Letras por sua coleção
de História da Igreja de 10 volumes.
Os cientistas crescem na intelectualidade mas atrofiaram na
espiritualidade, e portanto não conseguem entender as razões da fé; isto faz
com que muitos deles se digam ateus, agnósticos, etc.
O Papa João Paulo II, em 24 de outubro de 2004, nomeou dois
cientistas, pioneiros da física, para membros da Academia Pontifícia das
Ciências, do Vaticano: o professor americano William D. Phillips e o professor
de origem indiana Veerabhadran (Ram) Ramanatham. William D. Phillips, nasceu em
Wilkes-Barre (Pensylvania), é professor de Física na Universidade de Maryland e
é líder do Grupo de esfriamento com laser da Divisão de Física Atômica do
National Institute of Standards and Technology (NIST) de Gaithersburg (Estados
Unidos). Em 1997 recebeu o Prêmio Nobel em Física. Mais um Nobel no Vaticano!
Veerabhadran (Ram) Ramanathan, nascido em Chennai (Índia), é
professor de ciências da atmosfera na Universidade da Califórnia (San Diego) e
diretor do Centro para as Ciências da Atmosfera da Scripps Institution of
Oceanography, La Jolla (Estados Unidos) Isto mostra o quanto a Igreja católica
valoriza a ciência.
O Dr. Francis Collins, Diretor do maior projeto de
Biotecnologia já realizado no mundo, o Genoma Humano, é um homem de grande fé.
Ele escreveu o livro “A linguagem de Deus”. Em resposta aos cientistas ateus
como Daniel Dennett, Richard Dawkins, Sam Harris, e outros ele diz:
“Eu acredito que o ateísmo é a mais irracional das escolhas.
Os cientistas ateus, que acreditam apenas na teoria da evolução e negam todo o
resto, sofrem de excesso de confiança. Na visão desses cientistas, hoje
adquirimos tanta sabedoria a respeito da evolução e de como a vida se formou
que simplesmente não precisamos mais de Deus. O que deve ficar claro é que as
sociedades necessitam tanto da religião como da ciência. Elas não são
incompatíveis, mas sim complementares. A ciência investiga o mundo natural. Deus
pertence a outra esfera. Deus está fora do mundo natural. Usar as ferramentas
da ciência para discutir religião é uma atitude imprópria e equivocada. No ano
passado foram lançados vários livros de cientistas renomados, como Dawkins,
Daniel Dennett e Sam Harris, que atacam a religião sem nenhum propósito. É uma
ofensa àqueles que têm fé e respeitam a ciência. Em vez de blasfemarem, esses
cientistas deveriam trabalhar para elucidar os mistérios que ainda existem. É o
que nos cabe.” (Veja, Edição n. 1992 de 24 jan 07)
Para dar outro exemplo, gostaria de citar que um total de
210 astrônomos de 26 países do mundo participaram de 1 a 5 de Outubro de
2007, da Conferência internacional organizada pelo Observatório Astronômico do
Vaticano sobre a formação e evolução das galáxias.
A Conferência
apresentou um programa com 62 palestras e 132 apresentações no Centro Matteo
Ricci da Universidade Gregoriana. O Observatório Astronômico do Vaticano é um
dos mais bem equipados do mundo.
Tudo isto mostra que a Igreja sempre esteve longe da
mentalidade maldosa e errônea de que separou o mundo da Ciência. Muitos
cientistas do passado e do presente foram e são pessoas de fé.
Antoine Henri Becquerel (1852-1908), Nobel de Física em
1903, descobridor da radioatividade, afirmava que: “Foram minhas pesquisas que
me levaram a Deus”.
Erwin Schorödinger (1887-1961), prêmio Nobel de Física em
1933, pelo descobrimento de novas fórmulas da energia atômica, afirmou: “A obra
mais eficaz, segundo a Mecânica Quântica, é a obra de Deus”.
Desde o primeiro século a Igreja estima a razão e a fé.
Sempre valorizou a filosofia, que emprega a razão para encontrar o caminho da
felicidade. São Justino (falecido em 163), era filósofo, mas após a sua
conversão ao cristianismo disse: “somente então tornei-me filósofo”. Ele e
muitos defensores do cristianismo nos primeiros séculos usaram a filosofia para
apresentar a beleza do cristianismo.
Os Padres da Igreja, da época da patrística, como S.
Clemente de Alexandria (145-215), Orígenes (185-253) e muitos outros souberam
usar a filosofia aprendida dos gregos para defender a fé cristã. Santo
Agostinho (354-430) encontrou no neo-platonismo um caminho capaz de dar à
verdade revelada por Deus a fundamentação racional que faltava. São Tomas de
Aquino (1225-1274), o maior expoente da Escolástica, fez o mesmo a partir da
filosofia de Aristóteles, cujas obras não estavam disponíveis no tempo de santo
Agostinho. Esses gigantes da fé souberam usar a razão para crescer na fé. Eles
sintetizaram tudo dizendo: “Crer para compreender; e compreender para crer”.
Com a mesma alegria que ensino para os alunos as leis de
Newton da mecânica, ou a equação diferencial que rege a trajetória dos planetas
em torno do sol, ou as equações de Schorödinger da mecânica quântica, ou as
equações de Maxwell do eletromagnetismo, vejo, como Jung, a “evidência” de Deus
em todas essas coisas.
Eu Sei que Deus existe! O mundo é inexplicável sem Deus. O
próprio Voltaire, inimigo visceral da Igreja afirmava que “este relógio não
pode existir sem o Relojoeiro. Toda a beleza que a ciência nos revela seria
simplesmente impossível sem o Criador. Recuso-me, com todas as fibras do meu
corpo e com todas as faculdades da minha alma, a acreditar que tudo o que há no
universo possa ser obra do acaso cego. A ciência e a fé o rejeitam. Será que
“acaso”, não é o pseudônimo que dão a Deus aqueles que, por conveniência, não
querem pronunciar o seu nome?…
Um dia um famoso filósofo percebendo a evidência de Deus,
teve que confessar a um dos seus discípulos: “Deus existe… mas não espalhe!”
A maioria sabe que Deus existe; pois é muito mais difícil
provar que Ele não existe, do que o contrário. Mas, muitos, embora creiam, não
se esforçam para viver de maneira coerente com esta verdade: Deus existe! Se
Ele existe, tudo é diferente, e a vida tem que ser dirigia por Ele. “Se Deus
não existe, então, tudo é válido”, disse Dostoiewiski.
Deus existe, e tem um plano para nós. Se o homem desprezar
este plano e virar as costas para Deus, jamais poderá experimentar a felicidade
verdadeira. Mais do que o Criador do mundo, Ele é nosso Pai, é amor, é a nossa
meta.
A ciência e a fé se juntam para nos dizer que somos um
milagre do amor e da sabedoria de Deus; somos a meta fixada para toda a
evolução do cosmos, desde o Big Bang; somos o ápice de toda a obra visível do
Criador que se revelou em Jesus Cristo. Não compreendemos ainda toda a nossa
grandeza!
Prof.
Felipe Aquino
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