sábado, 27 de outubro de 2012

Tarde chuvosa no campo



Nada mais antiestressante que um dia no campo. Mesmo nos arredores das grandes cidades, na zona rural ainda existem refúgios de tranquilidade. Sítios e chácaras onde se pode descansar e apreciar a natureza; ouvir o canto dos pássaros, o mugir do gado, o sibilar do vento agitando a copa do arvoredo. Aí, mesmo próximo à metrópole, às construções humanas, podemos observar belíssimos por de Sol sobre os outeiros cobertos de mata verdejante. Assim contemplando o belo, louvamos ao Criador pelo esplendor de Sua obra.

Mas em dias de chuva? Quando numa tarde chuvosa somos obrigados a ficar portas adentro, impedidos de caminhar pelas trilhas e veredas, pois tudo se torna enlameado. Quando, enclausurados sem o que fazer, só nos resta olhar pela janela e apreciar a... chuva! Sim, apreciar a chuva. Já notaram como é diferente o chover na cidade e na roça? Na roça a chuva é benfazeja. A chuva molha o chão, nutre as raízes das plantas, reaviva as lavouras ressequidas, irriga as plantações.  Na cidade, argh! Que chuvinha chata; hoje não vai dar praia...

Contudo, a chuva como tudo na natureza também é obra Divina, como cita a Palavra quando Deus responde ao lamento de Jó: “Quem abre um canal para os aguaceiros e uma rota para os relâmpagos, para fazer chover sobre uma terra desabitada, sobre um deserto sem seres humanos, para regar regiões vastas e desoladas, para nelas fazer germinar a erva verdejante?” (Jó 38,25-27). Portando, no campo ou na cidade, Deus seja louvado pela chuva que cai, pois se ela não serve para regar cimento e asfalto, é refrigério no calor da cidade grande.

Nesse aspecto, em nossa vida intima, em nosso interior, é mais ou menos desse jeito. Ora um belo dia ensolarado, ora uma tarde chuvosa no campo. Quando tudo vai bem para nós é como um dia de lazer num sitio cercado de verde. Quando as coisas não vão tão bem como gostaríamos é como um aguaceiro que cai, frustrando nossas expectativas. Mesmo que nossos dias estejam nebulosos e chuvosos, lembremos que chuva faz germinar e/ou refrigera. Depois da tempestade vem a bonança; se hoje você vive uma tarde chuvosa, saiba que amanhã o sol irá brilhar e que o panorama que você vislumbrará será bem mais bonito; a vegetação estará mais viçosa, o verde mais verde.  

Quando Jesus vive em nosso coração, se caminhamos no Espírito Santo, se louvamos em toda circunstância, mesmo em dias chuvosos e nevoentos olhamos pela janela da alma e conseguimos enxergar a beleza da vida.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O coordenador e a formação doutrinária


A formação do coordenador tem por finalidade levá-lo a caminhar segundo o Espírito de Deus, no seguimento de Jesus, e tomar consciência de sua missão na Igreja, no Grupo de Oração e no mundo, vivendo carismaticamente na busca do crescimento à estatura de Cristo.

A formação cristã apresentada a seguir resume-se basicamente em dois aspectos: espiritual e doutrinário. O ensino sobre formação espiritual foi abordado na edição passada deste boletim. Neste mês, falaremos sobre a formação doutrinária.

Para que o ensino do coordenador seja sólido, consistente e eficaz, a sua fé deve estar firmada em três pontos:

a) A Revelação Divina Escrita - A Sagrada Escritura

Nós somos os destinatários da Palavra de Deus: "Toda a escritura é inspirada por Deus, é útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela o homem se torna perfeito, capacitado para toda boa obra" (2 Tm 3,16-17).

Devemos devorar, saborear e meditar a palavra para que possamos levá-la fielmente adiante com o coração cheio de fé, esperança e caridade, pois a "vossa Palavra constitui minha alegria e as delícias do meu coração, porque trago o vosso nome, ó Senhor dos exércitos!" (Jr. 15,16b).

b) A Revelação Divina transmitida oralmente - A Sagrada Tradição

Tradição vem do latim tradere que significa entregar e traditio que significa transmissão. "Por isto os Apóstolos, transmitindo aquilo que eles próprios receberam (cf. 1 Cor 11, 23; 15 3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. 2 Ts 2, 15) e a combater pela uma vez transmitida aos santos (cf. Jd. 3). Quanto à Tradição recebida dos Apóstolos ela compreende todas aquelas coisas que contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do Povo de Deus, e assim a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê".

"A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão, portanto, estreitamente conexas e interpenetradas. Ambas promanam da mesma fonte divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim. Com efeito, a Sagrada Escritura é a fala de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos para que, sob a luz do Espírito de verdade, eles em sua pregação fielmente a conservem, exponham e difundam. Resulta, assim, que não é através da Escritura apenas que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo que foi revelado. Por isso, ambas, Escritura e Tradição - devem ser recebidas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência" (DV 8).

c) O ensinamento da Igreja - O sagrado Magistério

A principal missão confiada aos seguidores de Jesus foi “ide e ensinai” (cf. Mc 15,16). Mas esse ensinamento muitas vezes está sujeito a interpretações subjetivas que descaracterizam a verdade, de modo que esse ensinamento foi confiado especialmente aos sucessores dos apóstolos, o papa e os bispos. O Magistério foi instituído pelo próprio Senhor para conduzir a sua Igreja, guardar o depósito da fé e vigiar contra as falsas doutrinas e contra as divisões.

Hoje temos acesso a inúmeros documentos escritos pelo Magistério tais como os Documentos pré-conciliares, conciliares, pós-conciliares, o Catecismo da Igreja Católica, os Documentos da Igreja da América Latina e os Documentos da CNBB que são fontes inesgotáveis de sabedoria e ensinamento.

O momento de formação deve ser um momento privilegiado de aprofundamento na fé e conversão do coração. E um tempo no qual Deus interpela o coordenador, suscita o discernimento, confirma o chamado e renova o ardor missionário. É um tempo de vigilância, jejum, oração, estudo e planejamento.

Hoje a RCC tem uma riqueza que são as apostilas de formações e que dão sustentabilidade aos nossos ministérios, coordenações e a todos àqueles que quiserem aprofundar no conhecimento da RCC.

Módulo Básico:
· Identidade da RCC;
· Carismas;
· Grupos de Oração;
· Oração, Caminho de Santidade;
· Santidade;
· Liderança em Serviço na RCC;
· Igreja;
· Doutrina Social da Igreja.

Módulo de Formação Humana:
· Relacionamento com Deus;
· Relacionamento com o outro;
· Relacionamento comigo mesmo.

Módulo Reavivando a Chama:
· O Reavivamento do Louvor;
· O Reavivamento do Grupo de Oração.

Módulo Formação de formadores:
· Encontro I;
· Encontro II;
· Encontro III.

Além das apostilas acima citadas existem as apostilas de formação de cada ministério.

CONCLUSÃO

No tempo de preparação o coordenador avança pela estrada da perfeição cristã crescendo em sabedoria e conhecimento, com a ajuda da graça de Deus prosseguindo decididamente rumo ao estado de homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (cf. Ef 4, 13).

Jamais esquecer que o formador é o Espírito Santo, pois é Ele quem forma o Cristo em nós. Ele molda nosso coração, purifica as intenções, fortalece nossa vontade e recorda o que aprendemos.


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O conteúdo deste ensino foi extraído da apostila Grupo de Oração - Tesouro de Deus, que faz parte dos materiais de formação produzidos pela Editora RCCBRASIL. Quem desejar, pode adquirir a apostila, na íntegra, na loja virtual na internet, acessando www.editorarccbrasil.com.br, ou ligando para (53) 3227-0710.

sábado, 20 de outubro de 2012

Família- Ninho de amor


 
O amor é fundamental e imprescindível para a boa formação do caráter e da personalidade de uma criança e depois, do adulto.  Aliás, é por isso que no projeto divino para a felicidade terrena do ser humano, Deus criou a família para ser um “ninho de amor”, onde o casal venha a se unir por amor e a viver uma longa vida de amor, e para que os filhos venham a esse ninho de amor para receber muito amor desde a concepção até a maturidade.  Quando a família é um ninho de amor, os pais e os filhos são mais sadios, felizes e realizados. Quando a família é desajustada, quando os pais não se amam ou vivem em constante discórdias ou até violências verbais ou físicas, são todos infelizes, tanto os pais como os filhos. Os mais prejudicados  porém são os filhos.

Nos planos do grande amor de Deus para cada ser humano se encontra  o desejo    d’Ele de fazê-lo feliz já na vida terrena,  e depois  divinamente feliz na outra vida, que será definitiva. Deus sabe que o ser humano só se realiza de fato quando se realiza no amor. Por isso Deus criou os laços de sangue para unificar as pessoas numa mesma família para que nela se criem os laços de amor. Por esse raciocínio compreendemos  porque Deus quer a união indissolúvel do casal.  Só a união estável com a vivencia do amor fiel e indissolúvel  é capaz de gerar um ninho de amor para que o próprio casal e os filhos  possam viver numa verdadeira atmosfera de amor.  E só esse amor pode fazer o ser humano feliz, realizado e uma personalidade bem formada.

A desagregação da família que assistimos hoje, a disseminação dos contra valores  da família com a exaltação dos vícios que a destroem, as leis que facilitam as separações, os divórcios,  mais uniões, a união de pessoas do mesmo sexo, tudo isso agride a família, a desestabiliza,  a destrói. Como consequência vemos as pessoas cada vez mais com problemas pessoais que revelam a infelicidade, as irrealizações, os mais diversos traumas, a depressão disseminada e presente até em adolescentes e jovens, problemas que exigem recursos a psico terapias e a medicações psiquiátricas. Uma família desajustada é uma “fábrica” de pessoas infelizes e doentes.

Toda essa constatação deveria levar os governantes, os formadores de opinião, os dirigentes da sociedade, os professores e mestres, as religiões e as igrejas a priorizarem a formação de ótimas famílias, como garantia de pessoas mais felizes, de uma sociedade mais favorável à realização de seus componentes. Mas o que vemos é o contrário.

Bons casais que vivem e cultivam o amor fiel e indissolúvel são a garantia de famílias “ninho de amor”. Famílias ninho de amor são a garantia de filhos ajustados, realizados e felizes. Casais com filhos felizes são a certeza de uma sociedade melhor, mais feliz.

Se o casal é religioso, se compreende a importância de Deus na vida dos filhos, e eles procuram levar um “Deus de amor” ao coração dos filhos, estes são evangelizados na “igreja doméstica”  e passarão a integrar a comunidade católica. Essa participação levará os benefícios das riquezas espirituais da Igreja para esses filhos.

A Igreja leva a sério a formação de boas famílias para que sejam “igrejas domésticas”. Mas também se empenha para dar melhor formação religiosa para as crianças que consegue atingir com suas pastorais. Formando famílias ninhos de amor e igrejas domésticas, a Igreja está dando a melhor contribuição para que a sociedade também seja muito melhor.
De artigo do Pe. Alirio Pedrini.
 

 

 

 

 

sábado, 13 de outubro de 2012

Familia - geradora de vida


Fomos criados e existimos como pessoas porque nos comunicamos uns com os outros. Temos mente, coração, voz, para nos relacionarmos entre si. Somos seres sociais e como tal, nascemos para viver em comunidade. E a primeira comunidade, formadora de nossos valores, é a família.

Deus nos criou homem e mulher para juntos povoarmos a terra: “Deus criou o homem à sua imagem; criou o homem e a mulher. Deus os abençoou; frutificai – disse ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn1, 27-28a). O matrimônio, união física e sentimental entre homem e mulher formando um casal, é o inicio de uma nova família: “Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher e já não são mais que uma só carne” (Gn 2,24). Assim começa uma nova família, família idealizada por Deus e aceita de modo natural e incutida em nós ao longo do tempo e da história da civilização. Não há outro meio de ser família, mesmo que alguns tentem perverter a moral desvirtuando o conceito básico de família. A estrutura familiar começa assim desde sempre.

A família é por natureza e vocação, geradora de vida. Não só de vida biológica, mas também de vida espiritual. No seio da família os valores da vida cristã (para os cristãos naturalmente) são formados. Da união carnal de nossos pais nascemos para a vida material, mas da união fraterna, do testemunho de amor, do ensino continuado por ações e por palavras, somos formados para a convivência com outros seres humanos. Da união do “eros com o filos” somos o que somos. Mas quando se soma o “ágape” nos tornamos ainda melhores. Quando junto à ética e moral universalmente aceitas para a convivência salutar, se junta a ética e moral cristã através dos ensinamentos bíblicos e catequéticos, nos tornamos cidadãos melhores.  Quando filhos são gerados e criados no amor, preparados para a vida e educados na fé, não são criados para o mundo, são criados para Deus.

No entanto, nos tempos modernos a família é aviltada, ignorada. O conceito de família é deturpado. Fala-se em “novas famílias”, “casais modernos”, “casamento aberto”, tudo isso para justificar conceitos modernosos onde se diz que casamentos e famílias tradicionais são instituições falidas. Como falidas se são idealizações de Deus? Deus é perfeitissimo, infalível, irrefutável!

Na sociedade erotizada de hoje busca-se tão somente a satisfação pessoal em detrimento do sentimento e do anseio do outro; amor é a posse transitória do corpo do parceiro. Existe uma cultura que deturpa o relacionamento homem-mulher. A maioria dos relacionamentos são vazios, desprovidos de afetividade e ternura e que duram somente enquanto houver atração física. Não tem mais “sex-appeal” não tem mais amor; o tempo passou, a beleza se foi, o amor também.  São relacionamentos egoístas, onde não se enxerga o outro como um ser amado, respeitado, contemplado no sentido amplo do que seja contemplação; mas sim como mero objeto a ser usado e descartado. Usou, enjoou, jogou fora. Daí a família aviltada, deturpada, vilipendiada.

Existem organizações e institutos, a grande mídia divulga, que lutam pela preservação das baleias, das florestas, do meio ambiente, dos direito humanos, entre outros. A mídia divulga e enaltece. Mas quando se trata de preservar os valores morais, a família tal qual ela é, a ética e a verdade milenar, as grandes e poderosas organizações midiáticas se omitem ou, pior, não poucas vezes atacam e denigrem aqueles que defendem tais valores, particularmente à Igreja. É a inversão dos valores, o certo pelo errado, a aversão pela intolerância e por aí vai. Se somos contra a promiscuidade sexual, somos retrógrados, temos pensamentos arcaicos, ainda estamos no século passado; se não aceitamos o homossexualismo, somos homofóbicos, intolerantes; se lutamos contra as drogas, somos caretas e antiquados. O que chamam de retroação, intolerância, fobias, caretice, é na verdade coragem. Coragem de nadar contra a corrente, de enfrentar as mentiras e ciladas de gente sem escrúpulos que querem a todo custo impor sua vontade usando de maneira vil e covarde, pessoas muitas vezes carente e sofridas, como massa de manobra.  Deus nunca dorme, mas Satanás descansa e até tira férias, pois tem quem aqui trabalhe por ele.      

Sejamos defensores dos valores universalmente aceitos e incutidos desde o inicio na memória subjetiva da humanidade. Sejamos defensores principalmente daquilo que aprendemos desde nossa infância de nossos pais, professores, catequistas: a convivência fraterna; a aceitação do diferente, mesmo que não concordemos com o fator de diferença; o diálogo franco e cordial, num debate de idéias e não de posições; enfim, sejamos educados como nos formaram nossos pais na primeira sociedade, na comunidade primária, onde fomos gerados para a vida e para Deus: a família.
(Carlos Nunes)
 

 

 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ninguém merece ser sozinho


O seu coração sabe disso, porque certamente já experimentou o amargo sabor da solidão.
 (Texto de Padre Fábio de Melo)
 
É no encontro com o outro que o eu se afirma e se constrói existencialmente. O outro é o espelho onde o eu se solidifica, se preenche, se encontra e se fortalece para ser o que é. O processo contrário também é verdadeiro, pois nem sempre as pessoas se encontram a partir desta responsabilidade que deveria perpassar as relações humanas.
 
Você, em sua pouca idade, vive um dos momentos mais belos da vida. Você está experimentando o ponto alto dos relacionamentos humanos, porque a juventude nos possibilita ensaiar o futuro no exercício do presente. Já me explico. Tudo o que você vive hoje será muito importante e determinante para a sua forma de ser amanhã.
 
Neste momento da vida, você tem a possibilidade de estabelecer vínculos muito diversificados. Família, amigos, grupos de objetivos diversos, namorados e namoradas. Principalmente esses últimos, que não são poucos. Namora-se muito nos dias de hoje, porque as relações humanas estão cada vez mais instáveis e, por isso, menos duradouras. Parece que o amor eterno está em crise.
 
 
Quando paramos para pensar um pouco, chegamos à conclusão de que o problema está justamente na forma como estabelecemos os nossos relacionamentos.
 
O grande problema é que geralmente investimos todas as nossas cartas naquela pessoa nova que chegou. Ela passa a centralizar a nossa vida, consumindo nosso tempo, nossos afetos, nossos pensamentos e nossas energias. Tudo passa a convergir para ela e, com isso, vamos reduzindo o nosso círculo de relações. O outro vai tomando tanto nossa atenção que, aos poucos, até mesmo a família vai sendo esquecida.
 
Porém, quando esquecemos de cultivar estes vínculos que até então faziam parte de nós, vamos criando lacunas afetivas dentro do nosso coração. É nesse momento que a confusão acontece, pois todas as necessidades começam a ser preenchidas pela pessoa enamorada.
 
Com o passar do tempo, ela começa a carregar um fardo muito pesado, pois passou a exercer a função de pai, mãe, irmão e amigo, quando na verdade ela é apenas um namorado, ou namorada.
 
Cada forma de amor no seu lugar!
 
 (copiado do site RCC/RJ)

domingo, 7 de outubro de 2012

Eu e minha casa serviremos ao Senhor


A frase é de uma das maiores personalidades do século XX, Mahatma Gandhi, que conduziu seu país, a Índia, assim como muitos outros, a encontrarem o caminho da independência e da democracia, através da não violência ativa: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Viver para servir! Proposta desafiadora, fonte de realização para todos os seres humanos, caminho de felicidade. Parece-nos encontrar aí uma das muitas Sementes do Verbo de Deus plantadas na sabedoria e na prática religiosa da humanidade, pois a própria Palavra Eterna do Pai encarnada, Jesus Cristo, mostrou a que veio, abrindo perspectivas novas para seus discípulos e para toda a humanidade: "Eu vim não para ser servido, mas para servir e dar a vida por resgate de muitos" (Mc 10,45). Jesus Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do Pai, para servir.

O Antigo Testamento reporta a história de Josué, a quem foi dada a tarefa de introduzir o Povo de Deus na Terra prometida. Como havia acontecido na chamada Assembleia do Sinai, quando Moisés, em nome de Deus, pediu ao povo, conhecido pela sua cabeça dura, a definição de rumos, diante da Aliança estabelecida, também em Siquém se reúnem todas as tribos de Israel (Js 24,1-18). A escolha de Josué, em nome de toda a sua família, é muito clara: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”! Nas diversas etapas da história da Salvação, retorna a provocação positiva que toca no mais profundo da liberdade humana. Trata-se de escolher o serviço a Deus, optar pela fidelidade à sua Palavra, cumprir seus mandamentos, assumir a missão confiada àquele povo escolhido. A resposta do povo de Deus a Josué é decidida: “Nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus” (Js 24,18). Durante os séculos que se seguiram, continuamente o Senhor enviou emissários que o chamaram de novo à fidelidade!

Veio Jesus, chamou discípulos, começou uma nova forma de viver, do meio deles escolhe apóstolos, cria relacionamento diferente, acolhe crianças, chama justos e pecadores, derruba barreiras culturais e religiosas, abre a estrada da fraternidade. Também o Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, entra no maravilhoso jogo de provocação à liberdade humana. Depois das primeiras etapas da pregação do Reino e da constituição de uma nova comunidade de irmãos, os chamados evangelhos sinóticos pede aos discípulos uma definição: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Cf. Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21). Já o Evangelho de São João, no texto que a Igreja proclama no vigésimo primeiro Domingo do Tempo Comum (Jo 6,60-69), traz uma pergunta altamente provocante, após a multiplicação de Pães e o Discurso de Jesus sobre o Pão da Vida: “Vós também quereis ir embora?” Vem de Pedro a resposta que continua a ressoar pelos séculos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus!” Os discípulos aprenderam a seguir Jesus, a partir da fé professada naquele que é o Santo de Deus, Messias, Cristo, Filho de Deus. A Igreja não se cansará de proclamar a mesma fé em Jesus Cristo, até o fim dos tempos.

Após a Ressurreição e Ascensão de Cristo e o Pentecostes, foi chamado aquele que, perseguidor implacável, veio a ser Apóstolo das gentes. É o próprio Paulo que conta, numa das narrativas de sua conversão, a pergunta que brota no coração de todas as pessoas que se encontram com Jesus Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 22,10) A graça do apostolado continua a se multiplicar na Igreja. Quantas pessoas são chamadas a servir ao Senhor no anúncio da Boa Nova da Salvação, nos ministérios e serviços existentes nas Comunidades Cristãs! Que profusão de carismas suscitados pelo Espírito no coração da Igreja, através dos quais as palavras do Evangelho são postas em prática e “lidas” nas inúmeras obras de caridade e de serviço existentes em toda parte! E como não reconhecer a beleza do serviço prestado por homens e mulheres, adultos e jovens, que desempenham a missão de catequistas em nossas Paróquias?

São todas pessoas que experimentaram a graça do seguimento de Jesus e não podem se calar. São leigos e leigas que nos serviços internos da Igreja, nas inúmeras frentes de trabalho apostólico e na caridade, podem dizer com o Apóstolo São Paulo: “Anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1 Cor 9,16). Por isso fixam os seus corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Com todas estas pessoas, agradecemos a Deus pelo mês dedicado às vocações. Em sua conclusão, temos o direito e o dever de acolher as novas e muitas vocações para o serviço ao Senhor e à sua Igreja.
(Dom Alberto Taveira Corrêa- Arcebispo de Belém/PA - Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL)
   

 

 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Mistério da Encarnação


Humildade é assegurada pela majestade, fraqueza pelo poder, mortalidade pela eternidade. Para pagar o débito de nosso estado pecaminoso, a natureza que é incapaz de sofrimento se juntou àquele que é capaz de sofrer. Assim, paralelamente com a cura de que necessitamos, único e o mesmo mediador entre Deus e o ser humano, o homem Jesus Cristo foi capaz de morrer em uma natureza e incapaz de morrer em outra. Ele que é o verdadeiro Deus, era antes do nascimento na completa e perfeita natureza de um verdadeiro homem, integro em sua própria natureza, integro na nossa. Por nossa natureza nos exprimimos, significamos que o Criador nos fez desde o inicio e nos tomou para si mesmo, a fim de nos restaurar.

            Ele assumiu a natureza de um servo sem marca de pecado, ampliando a natureza de nossa humanidade sem diminuir sua divindade. Ele esvaziou-se; ainda que invisível, tornou-se visível; ainda que criador e senhor de todas as coisas, escolheu ser um de nós, homens mortais. Entretanto, isso foi a condescendência da compaixão, não uma perda da onipotência.

            Assim, o filho de Deus entra nesse mundo medíocre. Desce do trono dos céus, apesar de não se separar da glória do Pai. Ele nasceu em nova condição, por um novo nascimento. Invisível em sua própria natureza, tornou-se visível na nossa. Fora do nosso alcance, escolheu vir dentro do nosso alcance. Existindo antes do tempo começar, começou a existir em um momento do tempo. Senhor do universo, escondeu sua infinita glória e assumiu a natureza de um servo. Incapaz de sofrer como Deus, não se recusou a ser um homem, capaz de sofrimento. Imortal, escolheu ser sujeito as leis da morte. Ele que é verdadeiro Deus, é também verdadeiro Homem.

            Um só e a mesma pessoa – isso deve ser repetido sempre – é verdadeiramente o filho de Deus e o filho do homem. É Deus devido ao fato de que “no começo era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, a Palavra era Deus”.Ele é homem, graças ao fato de “a Palavra fez-se carne e habitou entre nós”.  


(de uma carta de São Leão, o Grande)


Somos gratos a esse Deus maravilhoso que assumiu a nossa fraqueza, humildemente desceu do seu trono de glória e tornou-se como nós. Sofreu as nossas dores, sentiu nossas ansiedades e angústias e por fim, doou-se, esvaziou-se até o fim, por nós.

Oh Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, eu vos louvo por terdes vindo habitar entre nós para revelar o amor de vosso Pai!












terça-feira, 2 de outubro de 2012

Papiro sobre "esposa de Jesus" é falso


Vaticano, 28 de setembro de 2012 (ACIDIGITAL)- O jornal vaticano L'Osservatore Romano (LOR) assegurou que o papiro do século IV apresentado dias atrás em uma conferência no qual se afirma que Jesus teria tido uma esposa, é falso.

Em um breve artigo assinado pelo diretor do LOR, Giovanni Maria Vian, o jornal afirma a partir do seu título "De qualquer forma, uma falsificação", que o papiro analisado pelo perito italiano em língua copta, Alberto Camplani, professor de história do cristianismo da Universidade Sapienza de Roma não é fidedigno.

Essa casa de estudos foi um dos organizadores do congresso no qual realizou-se o anúncio da descoberta da inscrição da pequena parte de papiro de 3,8 x 7,6 centímetros.

Camplani assinala que "à diferença de outros papiros não foi descoberto em uma escavação, mas provém de um mercado de antiguidades, e requer a adoção de precauções, que excluam que este se trata de uma farsa".

O papiro em questão leva a frase "Jesus lhes disse, minha esposa" e foi apresentado pela investigadora do gnosticismo Karen L. King, da Universidade de Harvard, quem há anos tenta demonstrar uma tese feminista sobre um papel mais relevante das mulheres nas origens do cristianismo afirmando que os Apóstolos eram 11 homens e Maria Madalena.

Esta tese a mesma sugeriu em um livro titulado "As imagens femininas nos Evangelhos" que foi descartado por um prestigioso papirólogo alemão quem ao receber o manuscrito do texto assinalou que "não tenho mais o mínimo interesse neste texto por sua falta de seriedade".

Sobre o papiro do século IV, que circulou nos meios de comunicação com o questionamento do celibato de Jesus e portanto para os sacerdotes da Igreja Católica, o perito Camplani recorda ainda que a mesma King não acredita que ele seja uma prova de que Jesus esteve casado.

"Trata-se de expressões totalmente metafóricas, que simbolizam a consustancialidade espiritual entre Jesus e seus discípulos, que são ampliamente difundidas na literatura bíblica e na literatura cristã primitiva", explicou.

Por sua parte, Giovanni Maria Vian ressaltou que Karen L. King preparou toda uma estratégia para anunciar seu descobrimento "sem deixar nada ao azar: meios americanos foram advertidos e houve uma roda de imprensa prévia com King para preparar a exclusiva mundial, que, entretanto, foi posta em dúvida pelos especialistas".

Vian indica ademais que uma série de razões consistentes fazem pensar que o papiro é uma "torpe falsificação, como tantas que chegam do Oriente Médio".

"Fica uma imagem, absolutamente implausível, de uma leitura do fenômeno gnóstico, tendenciosa e infestada de uma ideologia contemporânea que não tem nada a ver com os fatos históricos do cristianismo antigo nem com Jesus. Em resumo, trata-se, em todo caso, de uma falsificação", conclui Vian.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=24218