Sobre os que
creem é derramada a plenitude do Espírito Santo com a mesma força com que foi
derramado em pentecostes; sobre todos que creem com fé expectante. Assim se
realiza em nós o chamado batismo no Espírito Santo, expressão que pode ser
substituída por efusão do Espírito Santo. Efusão porque na realidade é um transbordamento,
um derramar do Espírito em nós. Batismo porque somos mergulhados,
simbolicamente, no Espírito Santo. Não confundamos com o batismo sacramental;
BES não é um sacramento que é indelével, é uma relação pessoal de intimidade
plena com o Espírito Santo e que deve ser continuamente renovada. Podemos então
dizer que no batismo sacramental recebemos o Espírito Santo de modo infuso, ou
seja, Ele é insuflado em nós, os batizados. Já no chamado batismo no Espírito
Santo, Ele que já está conosco, age de modo efuso, movendo-se, preenchendo-nos
por completo e transbordando na manifestação dos carismas.
Contudo o
BES não é uma experiência emocional, mas uma experiência de fé. É a experiência
concreta da graça de pentecostes. Muitos após experimentar o BES nada percebem
de imediato, não se arrepiam, não sentem calor repentino, não choram, não
sentem um palpitar agitado do coração; pensam que nada de extraordinário
aconteceu. Mas se realmente foram dóceis ao Espírito Santo, abriram o coração e
se deixaram envolver nos momentos de oração pela efusão do Espírito, com
certeza, ao longo dos dias seguintes algo mudará. Serão atraídos pela Palavra
de Deus e passarão a ler a Bíblia com mais frequência, entendendo de modo
espontâneo as passagens que antes pareciam indecifráveis; terão mais zelo e
compromisso com a Eucaristia, na comunhão e adoração; intensificarão os
momentos de oração; perceberão em si a manifestação dos dons carismáticos, tais
como o dom de línguas, palavras proféticas, de sabedoria, de ciência. Para que
isso se efetive na vida do batizado (sacramento) é necessário o renovar constante
da efusão do Espírito Santo (movimento).
Podemos
afirmar convictos que todos somos carismáticos. Toda a Igreja é carismática. Só
que alguns não se dão conta disso; não se abrem a ação do Espírito Santo, não
vivem o múnus do batismo sacramental,
não se deixam alcançar pela efusão do Espírito e se fecham aos carismas.
Dons infusos (os sete dons concedidos no Batismo) são dons de santificação. Os
dons carismáticos (concedidos na efusão do Espírito Santo) são dons de serviço.
E muitos não querem se comprometer com a obra do Senhor.
Carismas são
dons de serviço, como ferramentas; não como ferramentas que usamos a nosso bel
prazer. Não temos os carismas numa caixa que transportamos, abrimos e usamos
como e quando quisermos. Na verdade somos nós as ferramentas nas mãos de Deus,
que nos utiliza quando e como lhe convém de acordo com os carismas que Ele nos
concede. É certo que há dons carismáticos que usamos livremente tais como o dom
de orar em línguas, o discernimento, palavras de sabedoria, fé carismática; porém
a maioria dos dons de inspiração e poder vem diretamente de Deus a nós quando
abrimos o coração e nos deixamos conduzir por Ele. Se formos impregnados pelo Espírito
Santo, como disse certa vez D. Alberto Taveira, não viveremos num fogo de palha
e sim na fornalha ardente do coração de Deus. Vivamos a experiência de
pentecostes e as consequências edificantes do batismo no Espírito Santo.
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