Pai
e filho têm mútua dependência para sua razão de ser, a começar
pelo Criador. A relação entre Ele e seu Filho, Jesus Cristo, é de
vital importância para que a paternidade e a filiação humana
encontrem respaldo na sua razão de ser. Ao contrário, temos apenas
a prole e a paternidade no aspecto físico. A relação de Deus nas
suas pessoas de Pai e Filho é de um amor inacreditável e absoluto.
A paternidade e a filiação no que se refere a nós humanos,
vinculada à ligação com Deus, torna-se fecundante e de vocação
realizadora para a família. Ao contrário, torna-se sem
finalização na consecução de seu objetivo existencial, que
repousa em Deus.
Nessa
perspectiva, a vocação da paternidade humana é realizadora quando
preparada e assumida como verdadeira missão de amor. Não pode ser
substituída apenas por um vínculo de geração física ou mesmo de
relação adotiva por pura sensibilidade emocional, pragmática ou
interesseira. Ser pai significa gerar um ser para uma vida
realizadora, com relação amorosa, amiga, compreensiva, terna e
promocional na vida humana transmitida e cuidada. Ser filho vem a ser
a recepção da vida com gratidão, retribuição do amor, exercício
do diálogo, da compreensão e da aceitação de um projeto
existencial, com vontade de caminhar no mútuo apoio da ação
paterna.
O
ser pai depende do ser da mãe para o exercício da paternidade, com
a responsabilidade de ação de dois corações que se interagem para
amar a criatura gerada por ambos. O amor mútuo e geracional do pai e
da mãe fazem com que os filhos aprendam que o amor em profundidade é
plural e complementar na conjugação do homem e da mulher. Assim
a filiação tem um amor plenificado pela masculinidade e
feminilidade. A filiação adotiva encontra também esse eco ideal de
amor no aprendizado de pai e mãe.
Jesus,
o Filho de Deus, sempre mostrou sua íntima relação de amor com o
Pai, de modo especial com seus momentos de preces especiais com Ele
em lugares apartados do povo. Ele quis mostrar também, de modo
humano, sua ligação com a mãe e o pai adotivo, que sempre agiram
em consonância com a vontade do Pai Deus. Desde antes do casamento
com José, Maria se manifestou ao anjo com o desejo de cumprir o que
Deus queria dela. Aceitou o casamento, para dar, à criança que
teria, o aconchego do lar ideal para o filho.
Mesmo
na pluralidade atual de formação de famílias, não fica diminuída
a família preparada com o ideal da vocação ao matrimônio, de
acordo com o original do Criador. Aliás, esta é a família
autêntica. Dentro dessa perspectiva, teremos uma sociedade de mais
filhos saudáveis física, psíquica, social e espiritualmente. Assim
formaremos melhor a família humana com os critérios já naturais de
plena realização e, o que se dirá do enfoque sobrenatural do
equilíbrio afetivo e realizador do Ideal que não se fixa apenas em
interesses físicos e de objetivos menores e passageiros! A família
humana, sem o transcendente de sua vocação, se animaliza e não é
capaz de enxergar o sentido da mesma com sua plena realização!
Dom
José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)