Recentemente fomos impactados
com as imagens que circularam na internet exibindo um vídeo divulgado pelo
Estado Islâmico em que 21 jovens cristãos são literalmente decapitados à beira
de uma praia. Estes jovens egípcios foram assassinados por serem cristãos e a
gravação revela a que nível de perseguição os cristãos do Oriente Médio estão
sendo vítimas. O crime, tornado público pelos próprios algozes, tem certamente
o intuito de intimidar outros cristãos, ferir as famílias das vítimas, e fazer
o mundo todo sentir o seu “poder”. Uma ação demoníaca, não temos dúvida!
Ontem e hoje, cristãos têm sido
alvo de perseguições. Desde os primeiros Profetas tem sido assim. E assim foi
com o próprio Cristo. Quanto mais não o será com os Seus discípulos... Ele
mesmo nos advertiu quando disse “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou
a mim. O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, perseguirão
também a vós” (cf. Jo 15, 18. 20).
Não menos forte é o testemunho
da família de dois dos jovens assassinados. Perguntados sobre os seus
sentimentos acerca do que sofreram, dizem que sentem orgulho de seus irmãos e
que eles também são orgulho para a cristandade. “O EI ajudou a fortalecer a
nossa fé”, disseram. E foram além, afirmando que “desde os tempos de Roma, nós,
como cristãos, temos sido alvo de martírios. Isso só nos ajuda a nos fortalecer
em certos períodos de crise, porque a Bíblia nos ensina a amar os nossos
inimigos e a abençoar os que nos amaldiçoam”. E, em seguida, eles clamam pela
salvação dos assassinos, pedindo que Deus abra seus olhos e livre-os da
ignorância. Grande é esta fé!
E o que toca a cada um de nós
quando assistimos a esses acontecimentos? Passaremos imunes e indiferentes a
tudo isso? Será mais uma notícia de jornal, em um lugar distante do mundo, com
pessoas que sequer conhecemos? Ficaremos apenas chocados com a brutalidade das
cenas, e deixaremos lágrimas de emoção caírem de nossos olhos sem que nos
penetre verdadeiramente a alma? O testemunho desta família é algo bonito de se
ouvir, mas “surreal” para nós?
Diante do martírio destes
cristãos e do testemunho desta família, o primeiro sentimento que deve brotar
em nós é o da vergonha da nossa pouca fé. Somos também chamados à radicalidade
da fé! Sem negociá-la, sem ocultá-la, sem nos intimidar diante das
circunstâncias que se nos apresentam. Vivamos a fé de forma integral em todos
os aspectos e âmbitos de nossa vida. Não existe fé pela metade, fé de
circunstância, de ocasião, nem, muito menos, fé interesseira.
Assumamos o nosso lugar de
cristãos e professemos a nossa fé no nosso modo de viver, na família, na
comunidade, no trabalho, no cargo que ocupamos, na Igreja e no mundo. Quem vive
autenticamente a sua fé cristã, pautando sua vida pelo Evangelho, amando,
perdoando, doando-se, sacrificando-se por amor, não corrompendo-se, este também
está vivendo uma espécie de martírio, não o de sangue, mas o martírio
silencioso de quem prefere aos outros do que a si mesmo, de quem não nega que
Cristo é o Senhor da sua vida, mesmo que para isso precise sacrificar tantas
coisas.
O que Deus está pedindo de
você, de nós? Como tem sido o nosso testemunho? Estamos vivendo a mediocridade
de uma “fé” circunstancial e de aparências ou estamos progredindo na busca da
intimidade com Deus que nos leva dia após dia à santidade e ao testemunho
verdadeiro?
Que o sangue dos Mártires não
seja derramado em vão! Que deles aprendamos a prosseguir até o fim na nossa
missão, com Deus, em Deus e por Deus. Que o Espírito Santo nos fortaleça diante
das batalhas, nos momentos desafiadores da nossa fé, naquelas horas que mais
precisamos de coragem para permanecermos firmes na Palavra e na Verdade. Nos
mártires do nosso tempo vejamos um grande exemplo, e no maior deles, Jesus
Cristo, tenhamos a certeza de que a Sua vitória é a nossa e de que nada do que
for feito por amor a Ele ficará sem a sua recompensa!
Unidos pelo testemunho da fé
até o fim!
Pe.
Eduardo Braga (Dudu) Presbítero da Arquidiocese de Niterói/RJ
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