Fogo Purificador
Muitos fiéis não conhecem a
doutrina do purgatório e, inúmeros não acreditam em sua existência. A grande
maioria pensa que o purgatório é um lugar de castigo, mas se trata de uma
purificação para as almas sem a perfeita comunhão. Infelizmente poucos conhecem
a revelação do purgatório nas Sagradas Escrituras:
“Ouvistes o que foi dito
aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal.
Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos
juízes. Aquele que disser a seu irmão: imbecil, será castigado pelo Grande
Conselho. Aquele que lhe disser: idiota, será condenado ao fogo do inferno. Se
estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que
teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.
Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com
ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu
ministro e seja posto em prisão. Em
verdade te digo: dali não sairá antes de teres pago o último centavo.”
(Mateus 5,
21-26)
Durante O Sermão da Montanha, Nosso Senhor
consolida diretrizes aos cristãos para caminharem na fé e assim conseguirem
participar da promessa eterna. Por sua vez, neste mesmo capítulo, Nosso Senhor
deixa clara a existência de três níveis espirituais: o céu, o inferno e o
purgatório. Depois de estabelecer normas para chegarmos ao céu e evitarmos o
inferno, Nosso Senhor evidencia uma prisão espiritual temporária pela qual
pagaremos nossos pecados (pagar pelas faltas não significa castigo, mas uma
purificação). Nosso Senhor não poderia estar falando de uma prisão humana,
simplesmente porque nunca tratou disso. Esta prisão, uma vez espiritual, não
pode ser o céu, que é a glória eterna, e nem o inferno, que é o castigo eterno.
A passagem é clara ao se tratar de uma prisão temporária e espiritual.
“No dia seguinte, Judas e
seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para
depô-los na sepultura ao lado de seus pais. Ora, sob a túnica de cada um
encontraram objetos consagrados aos ídolos de Jânia, proibidos aos judeus pela
lei: todos, pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte. Bendisseram, pois, a mão do justo juiz, o
Senhor, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração, para
implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à
multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o
mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida, fez uma coleta, enviando a
Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos
pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição,
porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e
supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa
aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis
por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de
suas faltas.”
(2 Macabeus
12, 39 –46)
A oração pelos mortos
intercede á grande aliança das almas do purgatório na beatitude celeste. Por
isto, em especial, A Santa Igreja desde os primeiros séculos honra os mortos em
um sacrifício expiatório durante a Celebração Eucarística. Se todos os mortos
fossem para salvos ou estivessem perdidos, então não haveria necessidade de se
fazer orações pelos mortos. Assim como Judas Macabeu, muitos séculos antes de
Cristo, já acreditava que suas orações eram ouvidas em favor daqueles que
depois da morte precisam de uma maior misericórdia divina, também nós temos que
crer e professar nossa fé.
“Se não fosse assim, o que
ganhariam aqueles que se batizam em favor dos mortos? Se os mortos realmente
não ressuscitam, por que se fazer batizar por eles?”
(1 Corintios
15, 29)
Desde que, os filhos de Jó foram purificados
pelos sacrifícios do pai, os mortos, com toda certeza da nossa fé, também podem
ser purificados por nossas orações, preces, suplicas, obras de caridade,
penitências e indulgências. (cf. Jó 1, 5)
“Ora, se nós pregamos que
Jesus ressuscitou os mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há
ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também
não ressuscitou; se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e também
é vazia a fé que vocês têm. Se os mortos não ressuscitam, então somos
testemunhas falsas de Deus, pois estamos testemunhando contra Deus, dizendo que
Deus não ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não ressuscitam Cristo também
não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é ilusória e
vocês ainda estão nos seus pecados. E desse modo, aqueles que morreram em
Cristo estão perdidos. Se a nossa
esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de
todos os homens.” (1 Corintios 15, 12 –19)
Mistério Passageiro
“Os que morrem
na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora
tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma
purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do
Céu.” 1030
“A Igreja denomina Purgatório esta purificação final
dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja
formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório, sobretudo no Concílio de
Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a
tradição da Igreja fala de um fogo purificador:
No que concerne a certas faltas leves,
deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que
afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma
blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente
século nem no século futuro (Mt 12,32). “Desta afirmação podemos deduzir que
certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no
século futuro.” 1031
“Este ensinamento apoia-se
também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada
Escritura fala: "Eis por que ele [(Judas Macabeu) mandou oferecer esse
sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos
de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a
memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o
sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão
beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as
obras de penitência em favor dos defuntos:
Levemo-lhes socorro e celebremos sua
memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai que
deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem
alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer
nossas orações por eles.” 1032
Almas mais felizes do que as
almas do purgatório, somente aquelas que estão em comunhão com Deus no Reino
dos céus. As almas que estão no purgatório passam por uma purificação dos
pecados a fim de agradar plenamente a Deus. É como uma penitência. Este estado
espiritual acontece para que as almas alcancem o perdão total de suas faltas e
sejam santificadas na pureza necessária para entrar no Reino dos Céus. Estas
almas têm a certeza de que, após a purificação estarão puras e em comunhão com
Deus no seu Reino.
“Antigamente vocês eram estrangeiros e
inimigos de Deus, por causa das obras más que praticavam e pensavam. Agora, porém, com a morte que Cristo sofreu
em seu corpo mortal, Deus reconciliou vocês, para torná-los santos, sem mancha
e sem reprovação diante dele. Há bem pouco tempo, sendo vós alheios a Deus
e inimigos pelos vossos pensamentos e obras más, eis que agora ele vos
reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais apresentar
santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai. Para isto, é necessário
que permaneçais fundados e firmes na fé, inabaláveis na esperança do Evangelho
que ouvistes que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual
eu, Paulo, fui constituído ministro.”
(Colossenses
1, 21-23)
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