quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O Dogma do Purgatório


Fogo Purificador




                    Muitos fiéis não conhecem a doutrina do purgatório e, inúmeros não acreditam em sua existência. A grande maioria pensa que o purgatório é um lugar de castigo, mas se trata de uma purificação para as almas sem a perfeita comunhão. Infelizmente poucos conhecem a revelação do purgatório nas Sagradas Escrituras:
                    “Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: imbecil, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: idiota, será condenado ao fogo do inferno. Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e seja posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairá antes de teres pago o último centavo.”
(Mateus 5, 21-26)
                     Durante O Sermão da Montanha, Nosso Senhor consolida diretrizes aos cristãos para caminharem na fé e assim conseguirem participar da promessa eterna. Por sua vez, neste mesmo capítulo, Nosso Senhor deixa clara a existência de três níveis espirituais: o céu, o inferno e o purgatório. Depois de estabelecer normas para chegarmos ao céu e evitarmos o inferno, Nosso Senhor evidencia uma prisão espiritual temporária pela qual pagaremos nossos pecados (pagar pelas faltas não significa castigo, mas uma purificação). Nosso Senhor não poderia estar falando de uma prisão humana, simplesmente porque nunca tratou disso. Esta prisão, uma vez espiritual, não pode ser o céu, que é a glória eterna, e nem o inferno, que é o castigo eterno. A passagem é clara ao se tratar de uma prisão temporária e espiritual.
                    “No dia seguinte, Judas e seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao lado de seus pais. Ora, sob a túnica de cada um encontraram objetos consagrados aos ídolos de Jânia, proibidos aos judeus pela lei: todos, pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte. Bendisseram, pois, a mão do justo juiz, o Senhor, que faz aparecer as coisas ocultas, e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas.”
(2 Macabeus 12, 39 –46)
                     A oração pelos mortos intercede á grande aliança das almas do purgatório na beatitude celeste. Por isto, em especial, A Santa Igreja desde os primeiros séculos honra os mortos em um sacrifício expiatório durante a Celebração Eucarística. Se todos os mortos fossem para salvos ou estivessem perdidos, então não haveria necessidade de se fazer orações pelos mortos. Assim como Judas Macabeu, muitos séculos antes de Cristo, já acreditava que suas orações eram ouvidas em favor daqueles que depois da morte precisam de uma maior misericórdia divina, também nós temos que crer e professar nossa fé.
                    “Se não fosse assim, o que ganhariam aqueles que se batizam em favor dos mortos? Se os mortos realmente não ressuscitam, por que se fazer batizar por eles?”
(1 Corintios 15, 29)
                    Desde que, os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios do pai, os mortos, com toda certeza da nossa fé, também podem ser purificados por nossas orações, preces, suplicas, obras de caridade, penitências e indulgências. (cf. Jó 1, 5)
                   “Ora, se nós pregamos que Jesus ressuscitou os mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou; se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e também é vazia a fé que vocês têm. Se os mortos não ressuscitam, então somos testemunhas falsas de Deus, pois estamos testemunhando contra Deus, dizendo que Deus não ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não ressuscitam Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é ilusória e vocês ainda estão nos seus pecados. E desse modo, aqueles que morreram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Corintios 15, 12 –19)
                    

Mistério Passageiro


                    
                   “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.” 1030
                  “A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório, sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:
                    No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será  perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). “Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro.” 1031
                   “Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já  a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [(Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:
Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.” 1032
                    Almas mais felizes do que as almas do purgatório, somente aquelas que estão em comunhão com Deus no Reino dos céus. As almas que estão no purgatório passam por uma purificação dos pecados a fim de agradar plenamente a Deus. É como uma penitência. Este estado espiritual acontece para que as almas alcancem o perdão total de suas faltas e sejam santificadas na pureza necessária para entrar no Reino dos Céus. Estas almas têm a certeza de que, após a purificação estarão puras e em comunhão com Deus no seu Reino.
                  “Antigamente vocês eram estrangeiros e inimigos de Deus, por causa das obras más que praticavam e pensavam. Agora, porém, com a morte que Cristo sofreu em seu corpo mortal, Deus reconciliou vocês, para torná-los santos, sem mancha e sem reprovação diante dele. Há bem pouco tempo, sendo vós alheios a Deus e inimigos pelos vossos pensamentos e obras más, eis que agora ele vos reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais apresentar santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai. Para isto, é necessário que permaneçais fundados e firmes na fé, inabaláveis na esperança do Evangelho que ouvistes que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro.”
(Colossenses 1, 21-23)
                      
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