sábado, 21 de junho de 2014

Tempo de Conversão


O perdão se torna cada vez mais uma experiência para místicos e santos do presente e do passado. Como é difícil perdoar, e como faz bem sentir-se perdoado.

O Papa Francisco recordou que para pecar não temos vergonha, mas temos vergonha de confessar o nosso pecado. "É verdade que nenhum de nós matou ninguém, mas tantas pequenas coisas, tantos pecados quotidianos, de todos os dias... E quando pensamos: 'Mas que coisa, que coração pequenino: eu fiz isto ao Senhor!' E envergonhar-se! Envergonhar-se perante Deus e esta vergonha é uma graça. 'Eu sou pecador e envergonho-me perante Deus e peço perdão.' É simples, mas é tão difícil dizer: Eu pequei."

Quando queremos agredir alguém o chamamos de sem vergonha, safado. Deus nunca agiu assim diante dos nossos pecados. Diante de Deus todos nós deveríamos sentir vergonha sim, de nossas malandragens e tirar as máscaras da nossa consciência e voltar ao amor misericordioso do Pai Deus numa vida nova, transparente, iluminada.

Deus ama o pecador, mas odeia o pecado. Pecador sim, corrupto não. A corrupção não deixa ver o pecado. Tudo é lícito e justificável.

Numa audiência pública o Papa Francisco disse: "A Quaresma é um tempo para 'arrumar a vida' nos aproximando de nosso Senhor. Ele nos quer perto de si e nos garante que "nos espera para nos perdoar", mas quer "uma aproximação sincera" e nos avisa do perigo da hipocrisia: "O que os hipócritas fazem? Eles se maquiam de bonzinhos: fazem cara de propaganda, rezam olhando para o céu, se mostram, se consideram mais justos do que os outros, desprezam os outros. 'Mas eu sou muito católico', dizem eles, 'porque o meu tio foi um grande benfeitor, a minha família é esta e eu sou... eu aprendi... eu conheci tal bispo, tal cardeal, tal padre. Eles se consideram melhores do que os outros. Esta é a hipocrisia. Nosso Senhor nos diz: 'Não, isso não'. Ninguém é justo por si mesmo. Todos nós temos a necessidade de ser justificados. E o único que nos justifica é Jesus Cristo."

Na sua mensagem o Papa reafirmava: "Temos que nos aproximar do Senhor 'para não ser cristãos disfarçados, que, por trás das aparências, na realidade, não são cristãos'. Como, então, não ser hipócritas e aproximar-se de Deus? A resposta vem do próprio Deus na primeira leitura: 'Lavai-vos, purificai-vos, afastai dos meus olhos o mal das vossas ações, deixai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem'". Este é o convite.

Mas Francisco pergunta: "Qual é o sinal de que estamos no bom caminho?" Envergonhar-se e alargar o coração. Que o Senhor nos dê esta graça. 'Socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva'. Ocupar-se do próximo: do doente, do pobre, de quem tem necessidade, do ignorante. Os hipócritas não sabem fazer isto, não podem, porque são tão cheios de si que estão cegos para olhar para os outros. Quando caminhamos um pouco e nos aproximamos de nosso Senhor, a luz do Senhor nos faz ver essas coisas e a ajudar os nossos irmãos. Este é o sinal da conversão."

Dom Anuar Battisti - Arcebispo de Maringá/PR



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