A Pessoa do Espírito Santo sempre acompanhou a historia da
salvação, desde o inicio da revelação Divina no Antigo Testamento. No inicio de
maneira velada, implicitamente: “O
Espírito de Deus pairava sobre as águas.” (Gn 1,2); “Por ventura não clama a Sabedoria e a inteligência não eleva a sua
voz? Eu, a Sabedoria, sou amiga da prudência, possuo uma ciência profunda”
(Pr 8,1.12); “A Sabedoria não entrará na
alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado; o Espirito Santo
educador (das almas) fugirá da perfídia, se afastará dos pensamentos
insensatos. Sim, a Sabedoria é um espírito que ama os homens, mas não deixará
sem castigo o blasfemador pelo crime dos seus lábios. Com efeito, o Espirito do
Senhor enche o universo e ele que tem unidas todas as coisas, ouve toda voz” (Sb
1,4-7); “Dentro de vós colocarei meu Espirito, fazendo com que obedeçais as
minhas leis e sigais e observais os meus preceitos” (Ez 36,27); Depois disso acontecerá que derramarei o meu
espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e filhas profetizarão; vossos
anciãos terão sonhos e vossos jovens terão visões” (Jl 3,1). Nestes tempos
o Espirito Santo só era dado aos Profetas, homens especialmente eleitos por
Deus.
O Espírito Santo como pessoa Divina só foi plenamente apresentado
no Novo Testamento, através de Jesus Cristo, com a revelação da Santíssima
Trindade: “Depois que Jesus foi batizado,
saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma
de pomba, o Espirito de Deus. e do céu baixou uma voz: ‘Eis meu filho muito
amado em quem ponho minha afeição” (Mt 3,16). A partir daí o Espirito Santo
nos é apresentado tal como o conhecemos.
Entretanto o Espirito Santo só se manifesta nos fiéis em
pentecostes. Aí também inicia a missão evangelizadora e catequética da Igreja.
No episódio narrado em Atos dos Apóstolos 2, versículos 1 a 4, o Espirito Santo
é derramado sobre os discípulos de Jesus, por extensão à Igreja, confirmando as
profecias de Ezequiel (Ez 36,27) e Joel (Jl 3,1). A partir daí o cristianismo,
guiado pelo Espirito Santo, cresceu em número e em graça, difundindo-se pela
pregação dos Apóstolos e seus enviados por todo o mundo.
Assim até hoje a igreja em seu múnus
apostólico difunde a doutrina da salvação por todo o mundo, daí sua
catolicidade, ou seja, universalidade. Isso só se torna possível com a
assistência, com a inspiração, a direção, o agir do Espirito Santo. Sem ele,
qualquer palavra ou ação, por bonita e envolvente que fosse não surtiria o
efeito desejado, pois seria atitude meramente humana que tocaria somente a
superficialidade da alma, o emocional. Contudo, na ação do Espirito todo
testemunho alcança o âmago, as profundezas do espírito humano, provocando as
transformações que levam à conversão, à metanóia, ao caminho da salvação, à
ascese, enfim, à santificação.
Quem afinal é essa pessoa com atributos tão notáveis? É
Deus. Simples assim. Teologicamente podemos dizer que é a terceira pessoa da
Trindade. Terceira não significa ordem de importância, hierarquia; as Pessoas
Divinas são iguais em tudo, pois são um único Deus. Primeira, segunda e
terceira representam a ordem em que foram reveladas: Pai (o Criador), Filho
(Jesus) e Espirito Santo. Podemos dizer que o Pai é Deus por nós (YAHWE –
Aquele que É), o Filho é Deus conosco (Emanuel) o Espirito Santo é Deus em nós
(nos foi infundido no batismo sacramental, tornando-nos sua morada). Assim
apresentamos o Espirito Santo na Santíssima Trindade.
No Antigo Testamento o Espirito de Deus era representado
pelo termo hebraico ‘ruah’ – em latim ‘spiritus’ – que significa vento, brisa,
tempestade. Esta palavra está associada a ideia de vida, portando ‘ruah’
significa força vivificante de Deus. É este Espirito que fortalece os homens,
capacitando-os a ações extraordinárias (Sansão, Elias), ouvir e falar com Deus
(Isaias, Jeremias, Ezequiel). O Messias prometido seria portador do ‘ruah’,
portanto pleno de poderes. No Novo
Testamento Jesus explicitou o Espirito Divino, ao falar do Pai e do Espirito,
que com o Filho formam o único Deus Uno e Trino. Na anunciação do anjo a Maria
(Lc 1,26-38) o Espirito Santo é apresentado como força que fecunda e gera vida.
Na visita de Maria a Isabel, o Espirito inspira e fortalece (Lc 1,39-45). No diálogo
com Nicodemos Jesus apresenta o Espirito Santo como fator de renovação, de
renascimento (Jo 3, 1-8). O Espírito Santo confere autoridade (Jo 20,22-23). O
Espirito Santo é força do alto, que revigora, encoraja (At 1,8). Finalmente é
quem nos move, nos concede os dons e carismas, nos anima, nos transforma em
anunciadores audazes de Sua Palavra (At 2,1-13)
O Espírito é concedido aos batizados, quando sacramentalmente
recebemos o Espírito Santo no batismo e posteriormente confirmado no crisma,
conferindo-nos os sete dons infusos. No “batismo no Espírito Santo” ou efusão
do Espírito nos são concedidos os dons carismáticos, os quais nos levam a uma
renovação espiritual tão intensa que somos realmente regenerados (o zelo pela
doutrina da Igreja, o amor a Maria, a leitura orante da Bíblia, a oração e o
louvor são nitidamente intensificados).
Concluindo
podemos afirmar que o Pai nos trouxe o Filho Jesus. Jesus nos dá o Espirito
Santo, para que através desse mesmo Espirito Ele seja apresentado e possa nos
levar ao Pai, num circulo virtuoso de amor.
Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais.
(Carlos Nunes)
Vinde Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os corações com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o
intercessor de Deus excelso, o dom sem par, a fonte viva, o fogo, o amor, a
unção divina e salutar.
Sois doador dos sete
dons e sois poder nas mão do Pai; Por ele prometido a nós; por nós seus feitos
proclamai.
A nossa mente
iluminai, os corações enchei de amor, nossa fraqueza encorajai qual força
eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli,
e concedei-nos vossa paz; se pela graça nos guiai, o mal deixamos para trás.
Ao pai e ao Filho
Salvador por vós possamos conhecer que procedeis do seu amor, fazei-nos sempre
firmes crer. Amém.
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