Dizem os santos que a
oração do terço pertence a vida da igreja. É uma oração que se tornou solo
fértil da vida espiritual de uma multidão de santos e tem seu valor particular
na espiritualidade cristã de nosso povo. Precisamos redescobrir o valor do
terço para nossa gente, como uma das maneiras ricas de rezar e viver o caminho
para nossa salvação.
O que a igreja ensina sobre o terço? Vejam
só: ao recitarmos o terço, rezamos várias vezes a mais bela e rica oração da
igreja que o próprio Cristo nos ensinou, o Pai Nosso. Ao recitarmos as dezenas
de Ave-Marias, nos servimos das próprias palavras bíblicas que nos recordam as
grandes verdades de nossa salvação e nossa redenção. Entre uma dezena e outra,
aclamamos o maior hino de louvor à Santíssima Trindade, a oração do Glória. Tudo
isso continua muito atual e importante para nossa fé e vida espiritual. Nos
mistérios gozosos meditamos o amor extremado de Deus Pai que se fez um de nós na
encarnação de Seu Filho amado, Jesus, nosso Salvador e Redentor. Através dos
mistérios dolorosos refletimos sobre o amor de Deus em Jesus, amando-nos ao
extremo de Sua Paixão, morte e ressurreição para nos salvar. Nos mistérios
gloriosos renovamos nossa esperança na ressurreição de Cristo como a esperança
de nosso futuro; e através dos novos mistérios da luz, na riqueza da vida nova
trazida por Cristo à Sua Igreja e ao mundo. Sem dúvida, a recitação do terço nos
convida a meditar no conteúdo central da nossa salvação e redenção.
Diante do acima descrito me pergunto: como
poderia alguém dizer que o terço não é uma autêntica oração, válida e atual na
vida da Igreja? Pergunto aos questionadores do terço ou aos que ignoram seu
valor: será errado usar a Bíblia para rezar, nos servindo da meditação dos
grandes mistérios de nossa salvação e redenção?
Ademais, a oração da Ave-Maria não é uma
invenção nossa e nem da Igreja. Ao rezarmos a Ave-Maria, usamos somente textos e
palavras bíblicas. Afinal, ao rezarmos “Ave, cheia de graça, o Senhor é
contigo...” (Lc 1,28), apenas repetimos o que o próprio céu disse através o Anjo
Gabriel, saudando Maria, convidando-a para ser a mãe de nosso Redentor. Ao
pronunciarmos as palavras “Santa Maria mãe de Deus”, nada mais fazemos do que
utilizar as palavras que Isabel usou para saudar Maria, proclamando “Donde me
vem a honra de vir a mim a mãe do meu Senhor” (Lc 1,43). E ao rezarmos “Rogai
por nós pecadores...” não é essa a nossa realidade de pecadores necessitados que
todos somos?
Na Igreja acreditamos no mérito da
comunhão dos santos, por isso rezamos uns pelos outros. Confiantes, pedimos que
a Mãe de Jesus e nossa Mãe – dada por Jesus ao pé da cruz – interceda junto a
seu Filho por nós, pela Igreja, pela humanidade. Se o céu saudou Maria, por que
não podemos nós saúda-la com as mesmas palavras que o céu a aclamou? Sim, é a
própria Bíblia que prediz que Maria seria bendita: “Desde agora me proclamarão
bem aventurada todas as gerações” (Lc 1,48). Como então, não recorrermos e
invocarmos a esta Mãe que o próprio Cristo ao pé da cruz entregou para todos
nós, na pessoa de São João?
Como devotos de Maria devemos rezar a
oração do terço com uma sadia espiritualidade para manter na mente, no coração e
no espírito, a meditação e contemplação dos mistérios de nossa salvação. A
devoção a Maria através do terço continua a fazer parte do autêntico patrimônio
místico da Igreja de Cristo, que deve ser incentivado, cultivado e amado, hoje e
sempre na vida do nosso povo e de nossas famílias cristãs.
(de um texto do Pe.
Evaristo Debiase)
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